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domingo, 30 de janeiro de 2022

HUMILDE PLANTA PÕE EM CAUSA A VALIDADE DA GENÉTICA MENDELIANA?

Sim, é realmente uma planta muito comum, pode encontrar-se em vários habitats. Coloniza os bordos dos caminhos e das estradas. Chama-se Arabidopsis thaliana e tornou-se célebre há umas décadas atrás, quando foi escolhida pelo projeto de sequenciação completa de genomas, para representar as plantas superiores. É a «Drosophila» do Reino Vegetal. Foi o terceiro organismo eucariota a ter seu genoma totalmente sequenciado.




A publicação do estudo na revista científica Nature (*) é de molde a revolucionar o nosso entendimento dos mecanismos de seleção natural e portanto da própria evolução das espécies, pelo menos ao nível mais «baixo», da transmissão dos genes (e suas mutações) à descendência. 
Os investigadores do estudo em causa começaram por obter em laboratório uma série de mutantes em várias regiões cromossómicas. Esses mutantes não apresentavam qualquer desvio em relação ao que seria de esperar, para um modelo de mutação ao acaso. Estas mutações ao acaso, são um dos pilares da teoria da seleção/mutação, neodarwiniana. Mas, para sua surpresa, investigando bases de dados genéticas contendo milhares de mutações e suas localizações precisas, descobriram que certos genes e ADN na sua proximidade, possuíam como que uma proteção às mutações, pois que a frequência de mutações nestes locais  era bastante menor que noutras zonas cromossómicas, aparentemente, com as mesmas caraterísticas estruturais. Verificaram que as zonas protegidas de mutações eram aquelas que, em caso de mutação, tinham alta probabilidade de ter graves efeitos para a planta afetada, ou mesmo de serem letais. 
Esta proteção era obtida com a presença de determinadas proteínas nucleares, situadas sobre ou perto dos genes que era necessário proteger. Claro que este mecanismo não significa que as proteínas em causa tenham «vontade» de proteger as sequências genéticas referidas. A proteção é essencialmente resultante da afinidade preferencial de certos domínios das proteínas por determinadas sequências do ADN. 


A descoberta coloca, entretanto, um patamar suplementar na complexidade dos genomas. 
A investigação da expressão dos genes e a epigenética, têm-se desenvolvido muito nos últimos trinta anos, dando conta da subtileza e complexidade da regulação do genoma. A epigenética tem revelado, em várias espécies (incluindo a espécie humana), novos mecanismos hereditários, mas que não passam pelo ADN, que transmitem determinadas caraterísticas de uma geração para outra. 
A presente descoberta, quase de certeza, poderá vir a ser observada noutros eucariotas**. Ao nível do genoma, os animais, incluindo os mamíferos e a nossa espécie, diferem pouco nos mecanismos de transmissão e regulação dos genes. Há poucas diferenças até na regulação fina dos genes, por mais diversas que sejam a fisiologia e anatomia.   
Se as observações deste estudo vierem a confirmar-se, não só noutras espécies de Plantas, como no Reino Animal, a Genética Mendeliana, tal como a aprendemos na escola, tem de ser posta de lado, como aproximação demasiado grosseira dos subtis mecanismos da transmissão hereditária. Mas, este abandono implicará também a «machadada final» na teoria neodarwinista, que já estava seriamente abalada por descobertas anteriores. As mutações não seriam inteiramente ao acaso, havendo várias possibilidades de regulação interna, as quais «não são visíveis» perante a seleção natural.

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(*) Mutation bias reflects natural selection in Arabidopsis thaliana https://www.nature.com/articles/s41586-021-04269-6

(**) Os eucariotas são todos os organismos possuindo células com núcleo, contendo os cromossomas, separado por uma membrana: são os Protistas, os Fungos, as Plantas e os Animais.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

JEAN-JACQUES HUBLIN, sobre mudança climática e evolução da espécie humana

                                           


Consequências para a espécie humana do fim do período glaciar



J-J Hublin é um dos mais distintos paleoantropólogos franceses vivos.
Ele exemplifica, nesta curta intervenção, toda a complexa relação do homem com o clima.
Ele demonstra que esta relação não é passiva, pois o homem sabe adaptar-se às condições, através de estratégias de caça, do uso de certos instrumentos, das roupas quentes (em ambientes glaciares) mas, sobretudo do relacionamento cultural, fundamental para manter as comunidades em «boa saúde», ao permitir que as pessoas duma etnia ou cultura se reconheçam reciprocamente, não só pela língua comum, como por adornos e sinais diversos, que são como os «cartões de identificação» dos grupos pertencentes ao mesmo clã.
A maneira como ele aborda a arte rupestre também é muito interessante. Segundo Hublin, esta preenche uma função importante, enquanto marcação do território, afirmação da identidade de grupo, pela pertença simbólica ao mesmo animal-totem.


Ver, em complemento, «A Arte nas Origens»

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

TRANS-HUMANISMO - Engenharia genética nos humanos através de vacina

O trans-humanismo, a humanidade 2.0, passam de filmes e romances de ficção científica, para o presente. Oiça a Drª. Carrie Madej neste vídeo, que nos explica a relação da engenharia genética nos humanos com a vacina para COVID-19, da Moderna. Ela denuncia o que eugenistas como Bill Gates querem fazer, usando esta vacina.

NOTA: O VÍDEO INICIAL FOI CENSURADO.
                  
                  (censurado no Youtube)
 INFELIZMENTE, TUDO O QUE ELA DIZ É ABSOLUTAMENTE RIGOROSO. EXPLICA A BIOTECNOLOGIA QUE SE PRETENDE UTILIZAR PARA A VACINA DE ARN MODIFICADO DA EMPRESA «MODERNA».
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APRESENTO EM BAIXO OUTRO VÍDEO, MAIS ANTIGO, UMA ENTREVISTA QUE TRATA DAS QUESTÕES TÉCNICAS E ÉTICAS RELACIONADAS COM A VACINA DA «MODERNA»:


VEJA TAMBÉM O VÍDEO RECENTE DA ENTREVISTA DADA PELA DRA CARRIE MADEJ:


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

INVENTOR DA TÉCNICA DE CRISPR APELA A MORATÓRIA NOS HUMANOS

 Dois artigos sobre os bébés chineses com os genes corrigidos e meu comentário em baixo:




O escândalo deu a volta ao mundo. Um cientista chinês realizou uma manipulação em embriões humanos, da qual nasceram duas meninas. A manipulação consistiu em modificar certo gene, com a técnica de CRISPR, uma técnica muito precisa que permite modificar uma sequência de ADN da forma que se queira. Neste caso, o gene manipulado foi de uma proteína de membrana que se exprime na superfície dos leucócitos e constitui a «porta de entrada» do vírus HIV, causador da SIDA, no seu interior. As pessoas cuja tal porta de entrada esteja modificada terão uma resistência ao vírus. O cientista argumenta que as meninas terão uma vantagem em terem essa resistência à doença auto-imune. Mas o facto é que esta modificação pode conferir fragilidades em relação a outras doenças. Os críticos apontam o facto, revelado pelo próprio cientista chinês, de que uma das duas gémeas apenas possui uma cópia modificada do gene. Nestas circunstâncias, esta não terá qualquer vantagem, pois continuará susceptível à infecção com HIV, mas ficará com uma fragilidade que poderá ter consequências. Em particular, certas doenças auto-imunes ou uma deficiência na panóplia de combate às infecções de que os leucócitos são os protagonistas. Pessoas que eram deficientes (naturalmente) no gene para esta proteína tinham uma maior susceptibilidade ao vírus do Nilo Ocidental que pode originar gripe mortal. 
Mesmo que tudo corra perfeitamente, existem muitos meios para prevenir a infecção com HIV, sendo ela muito tratável, hoje em dia, caso ocorra. Outras manipulações genéticas no ser humano envolveram genes cuja presença ou deficiência conferia doenças graves, potencialmente mortais. Nestes casos, a substituição pelo gene normal, ao ser posteriormente transmitida à descendência, caso esses indivíduos tivessem filhos, não iria acrescentar uma versão modificada de um gene.  Não é o caso da modificação efectuada nas gémeas. Se estas se reproduzirem, irão transmitir (apenas uma cópia) do referido gene. Sendo altamente provável que a outra cópia seja normal, pode-se desde já afirmar que os indivíduos da descendência terão uma susceptibilidade ao vírus HIV praticamente igual às pessoas em que ambos os genes são normais. 


O inventor desta técnica de manipulação dos genomas, que é aplicável a qualquer ADN, seja ele de planta, animal  ou mesmo humano, na sequência deste caso, fez uma declaração no sentido de propor uma moratória da sua aplicação a seres humanos.
Penso que no mínimo deveria ser necessário avaliar por um comité de peritos independentes a justificação ética de tais intervenções no futuro. Parece-me desejável que técnicas seguras sejam aplicadas aos humanos quando isto tenha reais e indiscutíveis benefícios para os pacientes, como no caso de reparação de genes conferindo doenças muito debilitantes, por exemplo a hemofilia. O grande perigo destas técnicas será a sua aplicação por técnicos pouco éticos para satisfazer o capricho dos pais, «desenhando» a preceito o futuro ser humano.