O título que dei a este vídeo, prende-se com o último dos 7 pecados mortais da indústria automóvel ocidental :«Alimentando o dragão».
Esta saga da indústria automóvel no ocidente não é mais do que um exemplo, por muito importante que seja. Toda a transformação que ocorreu a partir da liberalização reaganiana e theacheriana nos anos 80, teve como resultado de que o capitalismo dominante dos EUA (e dos países afluentes da Europa e alguns não-europeus: Japão, Coreia do Sul, Austrália) foi meter-se «nas goelas do dragão». Foi deslocalizar a produção industrial para a China (sobretudo), em busca de menores custos e ambiente favorável para a indústria dita «de ponta», com alta tecnologia incorporada (baixíssimos salários, ausência de estruturas sindicais independentes, poucas restrições ambientais, etc).
Agora, a China está em condições de domínio mundial em muitos sectores industriais, tomando cada vez mais partes de mercado, sobretudo, em países ditos «do Sul global», mas também em países bem do «centro» histórico do capitalismo. A China utilizou de forma criativa as lições que aprendeu sobre o funcionamento da economia capitalista, usando todos os instrumentos à sua disposição para se desenvolver.
Como não existem «milagres» realmente para o desenvolvimento industrial, a estratégia chinesa pode (e será) aplicada (adaptada) por vários países com problemas crónicos de (subn)desenvolvimento. Para que esta via emancipatória pelo desenvolvimento se estenda o mais possível - neutralizando o papel dos países ex-coloniais e neocoloniais - a China lançou em 2013 as «Novas Rotas da Seda» e foram forjadas no seio dos BRICS as instituições alternativas das criadas pelo Ocidente após a IIª Guerra Mundial (FMI, Banco Mundial, OCDE, BERD, etc).
As sucessivas mutações que atravessou a indústria automóvel são realmente uma excelente ilustração da evolução do capitalismo industrial, da internacionalização do mesmo (a globalização capitalista) e daquilo a que se pode assistir hoje, a transformação de países antes sujeitos a opressão colonial e neocolonial, em Estados poderos, capazes de fazer valer a sua soberania. Isso já está a acontecer em larga escala na América Latina, Ásia e África: desenvolvem-se segundo um modelo «misto» (Estatal/Privado) de capitalismo industrial, que poderá desembocar em sociedades mais ricas, com maiores oportunidades para as suas populações.
Ao fim e ao cabo, a China e os BRICS, adotaram o que há de positivo nos conceitos liberais clássicos, a liberdade de comércio, a prioridade à iniciativa privada, um mercado com regras (livre, mas sujeito a regulação pelo Estado), etc.
Os países do Ocidente, pelo contrário, estão a mergulhar no retrocesso a todos os níveis e mesmo na barbárie. As oligarquias e os governos ocidentais só pensam em dominar, por todos os meios: em particular, guerra, rapina dos recursos naturais e a intensificação das exploração das suas próprias classes trabalhadoras nacionais, têm sido métodos utilizados com maior frequência pelos países da órbita americana (países da OTAN e associados na Ásia). Para tal, precisam internamente dum «Estado forte», dum aparato repressivo reforçado, do esvaziamento completo da democracia «representativa» e do reforço da propaganda, através do controlo corporativo e estatal dos media.
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1 comentário:
O Estado, na China tem apoiado decisivamente os sectores que considera prioritários, isto inclui a indústria automóvel EV: https://www.youtube.com/watch?v=UdurccnStSc
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