Tentarei fazer aqui a crítica dum artigo na revista suíça Bilan, «o CO2 Torna-se uma Matéria-prima», sobretudo da realidade subjacente ao mesmo. Este artigo revela algo típico de uma certa miopia, quando alguns só se interessam pelo ganho em termos monetários.
A natureza faz bem melhor em termos de recuperação do CO2 emitido:
As enzimas que presidem à fixação do carbono atmosférico e sua «fixação» em moléculas de glúcidos são enzimas cujo óptimo está bem acima daquilo que são as concentrações médias de CO2 atmosférico: 300-400 ppm (partes por milhão).
Para um funcionamento óptimo destas enzimas (PEP carboxilase e RuDP carboxilase/oxidase) seria necessária uma concentração dez vezes maior...
A razão da maior produtividade das estufas, advém da elevada concentração (por falta de dispersão) do CO2, na maioria originado no solo pelas raízes das plantas e pelos micróbios do solo. Não é a temperatura no interior da estufa que é benéfica para o crescimento das plantas. Esta seria benéfica, quanto muito, para o amadurecimento dos frutos.
Assim, um aumento da cobertura verde, não apenas terrestre, como também de fitoplâncton, irá aumentar a captação do CO2 em excesso.
As grandes causas contemporâneas do aumento do CO2 na atmosfera são a existência de fogos de grandes proporções, em simultâneo com o abandono da agricultura em vastíssimos espaços, por um lado e, por outro, diminuição da produtividade dos oceanos, causada pela quantidade de plásticos, detergentes, venenos químicos que são constantemente atirados aos mares...
Um retorno a uma agricultura, em termos modernos, com tecnologia apropriada, com os recursos disponíveis hoje em dia, que fazem com que a vida no campo possa ser tão ou mais confortável que nas melhores cidades mundiais, esta seria a aposta inteligente, mas ela não implica algo a ganhar pelas grandes multinacionais.
Não cultivaria a dependência dos indivíduos, mas pelo contrário a sua independência, pois um agricultor bem sucedido e - sobretudo - uma comunidade destes, tem auto-suficiência, autonomia.
Os políticos corruptos não querem isso, de forma nenhuma: querem as pessoas a depender deles, da distribuição dos apoios do Estado, o que lhes permite manter todos os tráficos de influência e corrupções.
Por esta razão, não se fala do retorno à agricultura em relação à geração do milénio, que seria uma dupla solução: em termos ambientais e em termos de acabar com a crise de emprego.
- Em termos ambientais, os jovens, na sua actividade agrícola, seriam consumidores líquidos do CO2 atmosférico, seriam produtores de biomassa, de produtos agrícolas, salvariam as paisagens e preveniriam os grandes fogos florestais, pois deixaria de haver grandes manchas de território, que se podem designar de desertos verdes, onde não existem povoações, apenas uma vegetação totalmente abandonada, crescendo sem cuidados (remoção da camada arbustiva, pistas de acesso para carros de bombeiros, etc).
- Em termos de emprego, seriam eles próprios os geradores de emprego, para si próprios e suas famílias, mas também fariam reviver o tecido de aldeias que houve em tempos, as infraestruturas que essa vida implica também iriam requerer muita mão de obra... Os desempregados nos grandes centros urbanos poderiam ser canalizados para zonas rurais carentes de mão-de-obra, especializada ou não.
Mas isto implicaria um outro modelo de sociedade, baseado na descentralização, na autonomia dos indivíduos e comunidades locais, na própria descentralização do poder, que tal transformação na distribuição demográfica traria em paralelo.
Mas tal «utopia*» (*entre aspas, pois ela existe e está realizada, é o modo mais antigo de as sociedades humanas se auto-organizarem, desde que abandonaram o modo de vida de caçadores-recolectores) deveria ser desejada, tornada apetecível, deveria ser cultivado o amor pela Natureza, mas um amor não platónico, não romântico, mas sim um amor feito de conhecimento profundo e verdadeiro da mesma, em todo o seu esplendor.
O maravilhoso das soluções naturais, da engenharia natural, deveria ser mostrado em todos os media de massas, ensinado de modo criativo nas escolas:
- Em vez de uma colectânea de «curiosidades» apenas, a Biologia deveria ser ensinada como a chave do nosso futuro.
- A Ecologia deveria ser central na formação científica dos jovens do novo milénio, através de um estudo dos ecossistemas, não na visão «fundamentalista» duma «ecologia New-Age».
O ponto central do artigo que mencionei é o do «mercado de carbono», ou seja, como transformar o ar, a atmosfera em mercadoria, e colocá-la numa Bolsa ...
Valentina Lisitsa interpreta neste video a sonata «Appassionata», de Beethoven.
Neste recital, a grande intérprete mostra sua máxima qualidade técnica e rigor de interpretação. Tem, além disso, a personalidade e o bom gosto que esta sonata - «clássica entre os clássicos» - exige.
Valentina estará presente em Portugal no próximo mês de Outubro, no festival de Sintra, para um recital único, totalmente preenchido com obras para piano solo de Tchaikovsky. De Tchaikovsky, interpretado por Lisitsa, deixo-vos a «Barcarolle», peça que corresponde a Junho, no ciclo das «Estações».
Estou impaciente por ouvir - ao vivo - a talentosa e versátil artista.
O termo «Segundo Império Britânico» refere-se à finança internacional. O centro da «Teia de Aranha» encontra-se na City de Londres.
Um interessantíssimo documentário sobre o significado, as origens, as particularidades, no passado e no presente, do mundo da finança e do papel desempenhado pela City de Londres.
Este grande «buraco negro» é - de facto - o maior paraíso fiscal do mundo, além de supervisionar outros paraísos fiscais, condomínios da coroa britânica, uma série de 14 territórios beneficiando de um estatuto especial.... desde as Ilhas das Caraíbas à Ilhas da Mancha, passando por Gibraltar...
"Não
importa o país para aonde eu vá, toda a gente aprecia a minha arte por uma
simples razão: é um reflexo da natureza", observa o mestre de imitação Hai
Yang, relinchando como um cavalo para ilustrar a universalidade de kouji, uma
arte tradicional de imitação sonora.
O nativo
de Henan, de 39 anos, teve um ano produtivo: em 2017, como membro da Sociedade
Acrobática de Beijing, passou um mês nos Estados Unidos a atuar à frente de
dezenas de milhares com o seu talento e sentido de humor. Após o seu regresso à
China, Hai foi convidado a integrar a equipa de efeitos sonoros do “Wolf
Warrior 2”, o filme chinês com o maior sucesso de bilheteira de
sempre. Para este filme de guerra, Hai Yang imitou explosões de mísseis,
tanques barulhentos e outros sons muito para além do repertório tradicional
desta arte antiga.
Aqui está
uma amostra do repertório moderno de Hai:
Os
registos históricos mostram que kouji (口技), literalmente "acrobacia da boca", existe na China
há mais de 2300 anos. Hai narra com entusiasmo a famosa história do
primeiro-ministro do Estado de Qin, Mengchangjun, um estudante de Confúcio que
viveu durante o Período dos Reinos Combatentes (475-221 AC).
Em 299
AC, Mengchangjun foi acusado de espiar no seu estado nativo de Qi e posto na
prisão, juntamente como os seus servos. O ministro buscou a ajuda da concubina
favorita do rei de Qin, Yan Fei, que, em troca, exigiu um casaco de pele de
raposa branca que Mengchangjun já tinha oferecido ao rei. Preso num dilema, um
servo jovem e leal, decidiu usar kouji. No meio da noite, depois de escapar da
sua cela, chegou à porta dos aposentos do rei e começou a imitar o som de cães
a latir, distraindo os guardas o tempo suficiente para que ele pudesse
infiltrar-se no quarto do rei e roubar o casaco.
Mas,
depois de fugirem das celas do palácio Qin, Mengchangjun e os seus servos deparam-se
com um outro problema ao chegarem à fronteira Qin-Qi (na atual província de
Shaanxi), bem guardada por uma base militar. Mas antes que as tropas do rei Qin
alcançassem os fugitivos, o jovem servo de Mengchangjun imitou o cacarejar dum
galo e todos os galos nos arredores seguiram. Os porteiros, não tendo nenhuma
espécie de relógio, pensaram que a manhã estava quase a chegar, abriram o
portão e deixaram Mengchangjun e os servos passar.
Imitar a
música deste tordo era uma das formas artísticas de representar beleza feminina
na China antiga.
Durante a
dinastia Song (960-1279), a arte de kouji recebeu patrocínio imperial. O
chilrear dos pássaros era um som que os cortesãos gostavam particularmente (de
acordo com Hai, o canto dos pássaros era uma das quatro metáforas naturais para
a beleza feminina, junto com as flores, o salgueiro e a lua).
A
capacidade dos artistas kouji de imitar este som deu-lhes um lugar permanente
nas festas de banquetes do Estado. Composições feitas exclusivamente de sons de
kouji, incluindo “O canto dos cem pássaros” (百鸟鸣), eram especialmente
populares devido à boa sorte simbolizada por 100 pássaros.
Hai
afirma que kouji alcançou tal nível de mestria nessa dinastia que o canto de
certos mestres de kouji superava o pássaro que eles estavam imitando.
Um tal
indivíduo, Zhang Kun Shan (张坤山) conseguia fazer com que
um tordo morresse de exaustação ao tentar cantar mais alto do que Zhang Kun
Shan, ganhando-lhe a alcunha de Hua Mei Zhang (画眉张), huamei sendo o nome chinês
para a espécie de tordo que Zhang Kun Shan conseguia imitar. O próprio Hai
lembra-se alegremente de exibir as suas habilidades à frente de tordos em
gaiolas, deixando-os num estado de frenesim, e o seu dono algo chateado.
Todos
os chineses com educação básica têm algum conhecimento da arte, graças ao
ensaio "Kouji", que faz parte do currículo do segundo ciclo. O texto,
escrito pelo erudito Lin Si Huan (林嗣环),
descreve vividamente uma atuação teatral de kouji: O público senta-se à frente
de uma tela, atrás
da qual o
artista de kouji conta uma história com efeitos sonoros - cachorros latindo, um
bébé horando, louça caindo - usando apenas a boca,
um bloco
de madeira e um leque. O público preenche as lacunas com a sua imaginação.
A ilustração de “kouji”
mostra como os sons
produzidos pelo artista
kouji conseguem criar
imagens vívidas nas
mentes do público.
Ao contrário dos seus antecessores imperiais, Hai não foi
preparado desde uma tenra idade para se tornar um mestre de kouji. Quando ele
ainda era
criança,
sentiu-se atraído pela imitação vocal puramente por diversão; a sua primeira
imitação foi de um galo na sua aldeia. Ele ri-se ao descrever
o seu
passatempo de imitar sotaques, como o do amolador, enganando os vizinhos que
saíam de casa segurando dezenas de facas só para descobrir
que não
havia ninguém na rua. Na escola, ele sentava-se ao lado da janela, ouvindo os
sons de fora e imitando-os, hábito ao qual os seus professores não achavam
piada nenhuma, especialmente quando se tratava da sirene de uma ambulância.
Foi
o programa de televisão, «Luo Sang Estuda Arte» (洛桑学艺), que
plantou as sementes do sonho que Hai perseguiria nos próximos 20 anos
da sua
vida. Apresentado pelo virtuoso mestre kouji Luo Sang (洛桑) e pelo comediante Yin
Bolin (尹博林), o programa forneceu uma plataforma nacional à arte de kouji.
Transmitido desde 1993 até ao final de 1995, quando Luo Sang morreu num
acidente de automóvel aos 27 anos, o programa fez Hai Yang aperceber-se que era
possível fazer carreira de imitar sons, por mais que os seus professores
dissessem que seu talento era inútil e infantil.
“Quando
vi pela primeira vez Luo Sang a fazer a sua imitação de trompete e trombone,
não achei que os seus sons eram difíceis de produzir, nem
achava
que meu nível estava abaixo do dele”, lembra Hai, que tinha 14 anos naquela
altura.
Acreditando
que a morte de Luo Sang tinha criado uma vaga para a sua subida ao palco, Hai começou
a estudar o reportório de Luo Sang, na
esperança
de eventualmente viajar para o norte, para Pequim, aí encontrar o ex-parceiro de
Luo Sang, Bolin, e começar um novo show juntos. Na era pré-internet, porém, era
mais fácil falar de tais planos do que os executar.
Foi no
exército que Hai esteve próximo de se transformar num artista kouji a tempo
inteiro. Ele candidatou-se para a trupe de artes da sua região, mas ficou
surpreendido ao não ter sido escolhido na primeira ronda de entrevistas.
Determinado,
dirigiu-se sozinho ao prédio onde as selecções estavam a decorrer. Pondo-se à
frente da porta da sala, surpreendeu os líderes da trupe lá dentro ao “tocar” a
famosa banda sonora do filme de guerra francês “Adieu l'ami” (1968). Ele foi convidado
imediatamente a juntar-se à trupe, recebendo ordens para fazer as malas e
tratar das despedidas. Mas pouco depois de chegar à sua nova divisão, um jipe
chegou e trouxe-o de volta para a sua antiga divisão. Nesse momento ele soube o
motivo de ter sido deixado fora da lista de candidatos: o seu sargento estava
tentando
impedi-lo
de deixar sua divisão. Hai, como subordinado, não teve escolha senão aceitar.
Quatro
anos depois, outra tentativa foi frustrada pela mesma cadeia militar de
comando, e o desiludido Hai acabou por tornar-se um trabalhador de colarinho
branco em Pequim.
Anos mais
tarde, Hai ouviu falar de um famoso mestre kouji que fazia parte da Sociedade
Acrobática de Pequim, Niu Yuliang (牛玉亮). Através de uma combinação de favores e de sorte, Hai
conseguiu acesso a um evento da Sociedade onde Niu estaria presente. Seis meses
depois, ele tomou uma ausência injustificada do trabalho para poder assistir a
um ensaio que contava com a presença do velho mestre, que já passava dos 70
anos. Hai Yang ofereceu-se para ajudar o mestre a caminhar e a descer e subir
ao palco. Finalmente, aos 33 anos, Hai tornou-se aprendiz do velho mestre. Em
2014, Hai recebeu o título formal de "estudante" de Niu, entrando
numa linhagem de artistas que perdura à mais que 2.000 anos.
Mais de
20 anos depois de ter visto pela primeira vez “Luo Sang Estuda Arte”, Hai
começou a sua carreira como artista kouji. O tour da Sociedade
Acrobática pelos Estados Unidos levou kouji a lugares como o Kennedy Center, em
Washington D.C., onde Hai, de 36 anos, foi um sucesso, atraindo fãs que o
seguiam em todas as suas actuações na capital. Ele até recebeu elogios de Ivanka
Trump, filha de Donald Trump, que nomeou a actuação de Hai como uma das suas favoritas da festa do Ano Novo Lunar organizada pela Embaixada chinesa
em Washington. Enquanto trabalhava na pós-produção de “Wolf Warrior 2”, o
desempenho de Hai recebeu orientação da maior especialista de efeitos sonoros
da China, a amiga de Steven Spielberg, Wei Junhua.
Hai Yang (extrema direita), numa foto de grupo com Ivanka, a sua
filha Arabella e outros dois artistas
Hai diz
que tornar-se num mestre de kouji se baseia em 98% de esforço e 2% de sorte.
Todos os dias Hai explora todos os movimentos possíveis da sua boca e garganta,
todas as formas de inalação e exalação e todas as possíveis combinações de
sons. O essencial é dominar todas as variações dum som: Hai demonstra as suas
diferentes imitações de animais caninos, começando com o uivo dum lobo faminto,
terminando com o ganir dum cachorrinho deprimido.
Hai está
agora preparando-se para assumir as responsabilidades do seu mestre, que fará
80 anos no ano que vem. Isso envolve aprender certas composições clássicas,
assim como encontrar novos sons que nunca tinham sido imitados antes, como o
xun (埙), um
antigo instrumento de sopro em forma de ovo, o bawu (巴乌)
instrumento tocado pelas minorias étnicas da província de Yunnan no sul da
China e até mesmo o canto estridente da ópera pequinesa.
“A
transmissão do kouji tem os seus limites, pois só pode ser transmitida
oralmente”, observa Hai, resumindo o desenvolvimento da arte usando o
ditado, 青黄不接 (“a safra antiga e a nova não se juntaram”). Hoje, há
apenas um punhado de artistas kouji treinados na China e cultivar novos
talentos não é fácil: ao contrário dos ginastas que atuam ao lado de Hai, os
artistas kouji atingem o nível de artista muito mais tarde, e só alcançam o
status de “mestres” após décadas de treino.
No
entanto, Hai tem começado a treinar alguns alunos e a sua crença no valor
intrínseco do kouji cresceu à medida que ele tem recebido mais acolhimento
positivo de públicos estrangeiros.
"Você
não precisa falar uma palavra de chinês para desfrutar da minha arte,” diz Hai,
imitando uma solene trombeta de um funeral militar.
“O Kouji
não tem fronteiras, tudo o que desejo é continuar a mostrar esta arte ao mundo
inteiro”, declara ele. Logo a seguir, exibe uma amostra da sua composição mais
recente, terminando como a sirene de ambulância que o punha de castigo quando
era criança.
O género Homo evoluiu ao longo de muitos milhares de anos; se apenas considerarmos o referido género Homo, ele surge há mais de 2,5 milhões de anos, com Homo habilis (o primeiro da série).
Quando passamos para o Homo sapiens antigo, com cerca de 300 mil anos (segundo reavaliação de fósseis descobertos em Marrocos), verifica-se que efectuou desde muito cedo migrações para fora de África, quer pela travessia do estreito que separa a África Oriental da Península da Arábia, quer pela ligação terrestre entre o Egipto e a Palestina, ou ainda pelo Norte de África, através do Estreito de Gibraltar, para a Península Ibérica.
Ora, em vários períodos, houve encontros, fecundos - no sentido literal - entre os vários representantes do género Homo, incluindo a nossa própria espécie.
Houve hibridação há 50 mil anos entre neandertais e denisovanos (estas duas espécies surgiram entre 500 e 400 mil anos relativamente ao presente): é bastante provável que tenha havido também cruzamentos de H. erectus com denisovanos. Os diversos representantes do género Homo cruzaram-se entre si e com humanos modernos, Homo sapiens, saídos do berço africano em várias migrações.
A construção da espécie humana é, portanto, o resultado de uma partilha de genes entre várias estirpes, raças e espécies que se cruzaram e produziram híbridos. Muitos deles eram portadores de variantes vantajosas de determinados genes, pelo que essas mesmas variantes foram conservadas e difundidas, pelo mecanismo da selecção darwiniana.
As variantes neandertais de certos genes presentes nas populações de origem europeia ou asiática, mas não nos africanos negróides, foram estudadas. O facto destas partes do genoma neandertal terem sido conservadas no nosso genoma, mas não outras, mostra que a sua conservação teve e tem um papel importante, em termos de selecção natural.
As populações africanas subsarianas actuais não possuem genes de origem neandertal. Porém, sabe-se que nos seus ancestrais também houve hibridações com raças ou espécies hoje desaparecidas, cujos vestígios se podem retraçar em certos genes destas populações sub sarianas.
Um dos grupos actuais com maior percentagem de ADN denisovano é a população nativa da Papua-Nova-Guiné, o que mostra que não existe população, hoje em dia, que apesar de bastante isolada, não tenha tido uma contribuição de hibridação vinda de outras raças ou espécies.
Está, assim, validado um modelo polifilético de evolução da humanidade: ou seja, em que os ancestrais provêm de vários filos ou origens genéticas. Isto não exclui, evidentemente, que tenha havido uma série de adaptações decorrentes da selecção natural. Mas, a «matéria-prima», os genes sobre os quais esta selecção se exerceu, teve várias origens.
O racismo é falso, completamente. Contudo, não foram precisos estudos com o ADN neandertal e denisovano, recentemente, para o demonstrar: já os estudos de genética «clássica» utilizando plantas ou animais, nos inícios do século passado tinham demonstrado que as raças ou linhagens ditas «puras» (obtidas experimentalmente) eram as mais deficientes ou frágeis, em termos de sobrevivência, enquanto os híbridos eram dotados de maior vigor e robustez.
Infelizmente, uma versão ideológica da Teoria da Evolução que não era propriamente devida a Darwin, atribuía uma "escala de evolução" às diversas etnias humanas, designando-as de «grupos raciais». Esta visão totalmente falsa da biologia humana serviu como «justificação» para os maiores crimes contra a humanidade: o Colonialismo, o Apartheid, o Nazismo, etc.
Em termos populacionais, a existência simultânea de várias versões de um mesmo gene é vantajosa, pois tal população terá maiores hipóteses de sobrevivência em circunstâncias de grande fragilidade para a maioria, para os portadores da versão mais comum do mesmo gene. Nomeadamente, se um determinado gene conferir resistência a um agente infeccioso, ele será conservado na população, mesmo que tenha ligeiras desvantagens para os portadores desse gene, quando o referido agente infeccioso não esteja presente. Mas, de tempos a tempos, pode haver uma epidemia e os portadores do gene ficarão em vantagem, relativamente aos restantes.
As ciências biológicas, em particular a biologia evolutiva, devem ser ensinadas com rigor, mesmo que esse ensino se faça dum modo adaptado à idade dos alunos. É grotesco que sejam os professores de História, no nosso sistema de ensino, a ter a incumbência de ensinar aos adolescentes as primeiras etapas da evolução humana, um assunto de biologia humana, de paleo-antropologia, não de história ou pré-história.
Os alunos portugueses, salvo excepções, saem do ensino secundário com um grau de conhecimentos em Biologia Evolutiva muito baixo, por comparação com outros temas de Biologia.
Mas a Biologia, toda ela, só faz sentido hoje em dia à luz da Evolução: compreende-se que eu me tenha batido (e continue a bater-me) para que haja uma mudança de visão nos programas do ensino básico e do secundário.
Acresce que poucos alunos vão ter uma «exposição» a um estudo mais aprofundado da Evolução, pois isso somente poderá acontecer nos 3 anos do secundário, para aqueles que escolheram áreas/ramos onde a Biologia é matéria obrigatória. Todos os outros não têm aulas de Biologia no secundário: Ficam estes com os conceitos que aprenderam até ao 9º ano; isto é muito pouco, de facto. ------ Um esquema-resumo muito bem construído, no link abaixo: https://www.nytimes.com/2018/03/20/science/david-reich-human-migrations.html
DISPLACING THE NEANDERTHALS
As modern humans moved through Eurasia, they eventually displaced the Neanderthals, who were extinct by around 40,000 years ago.
EUROPE
European
hunter-
gatherers
NEANDERTHAL
RANGE
MIXING WITH NEANDERTHALS
Dr. Reich helped prove that a wave of modern humans leaving Africa interbred with Neanderthals, likely in the Near East 54,000 to 49,000 years ago. Living humans outside Africa still carry traces of Neanderthal DNA.
AFRICA
BANTU EXPANSION
A migration from West Africa beginning about 4,000 years ago spread agriculture to southern Africa. Bantu-speaking farmers displaced some hunter-gatherers and mixed with others, such as central African pygmies and the San in southern Africa.
DENISOVANS
A finger bone from a Siberian cave yielded the genome of a previously unknown lineage of humans called Denisovans, a diverse group who split from Neanderthals roughly 400,000 years ago.
Denisova
Cave
TO THE AMERICAS
Genetic evidence suggests there were at least four prehistoric migrations into North America, with the first at least 15,000 years ago and the last around 1,000 years ago.
CHINA
ASIA
East Asian
hunter-
gatherers
Ancient
shorelines
INTO AUSTRALASIA
Modern humans had arrived in Australia by at least 47,000 years ago.
Aboriginal
Australians
Dr. Reich helped show that this group interbred with a branch of Denisovans, probably somewhere in Southeast Asia, 49,000 to 45,000 years ago.
O VÍDEO ACIMA, SOBRE OS EXERCÍCIOS MILITARES de VOSTOK enfatiza a dimensão dos meios envolvidos e a presença dum contingente e de equipamento chineses.
O artigo sobre o FÓRUM DO LESTE DA ÁSIA EM VLADIVOSTOK descreve a integração em curso das economias e dos caminhos comerciais terrestres, que em breve permitirão o trânsito de mercadorias da península coreana, através da Sibéria, até aos mercados da Europa.
Tanto num caso como noutro, existe um efeito de «blackout» na media ocidental. Não são noticiados ou são, mas de forma tão secundária, que é como se não tivessem nenhuma importância, os factos que podem fazer duvidar da adequação das medidas punitivas dos EUA em relação a potências concorrentes. Entretanto o reinado do dólar com tudo o que ele implica, está a chegar ao fim, como se atreve a dizer cada vez maior número de personalidades do mundo da finança.
Os «neocon», os «falcões», os lacaios do império, não querem que o público saiba isto; estão desesperados porque todos os planos de domínio mundial estão a ir por água abaixo. Num mundo onde o controlo da média se tornou tão importante, eles tentam desesperadamente controlar a percepção das massas, tentam controlar a narrativa, mas já não conseguem.
Tornou-se inviável uma censura generalizada, apenas lhes resta a lavagem ao cérebro generalizada, mas mesmo isso é muito difícil de alcançar: Neste contexto, a possibilidade de uma guerra generalizada, apenas pode ser mitigada pela exibição de força militar, do lado oposto.
A loucura do império anglo-americano é mais aparente do que real: segundo George Galloway ela obedece a uma lógica. Esta loucura será do tipo «frio», ou seja, dos sociopatas que os chefes têm demonstrado ser.
Entretanto, a criminalização da Rússia prossegue, tendo o coro da imprensa «mainstream», como prostituta de serviço, feito tudo para que o público esteja completamente informado sobre quão «mau» é Putin e o seu regime!
Mas nenhuma encenação é perfeita e a cadeia de televisão russa RT conseguiu desmascarar um pseudo ataque, que tinha sido preparado pelos «White helmets» (supostamente humanitários, na realidade, membros do ramo da Al Quaida síria). Preparavam-se para fabricar outro falso ataque químico, em coordenação com John Bolton, o neocon que fanfarronou que «um novo ataque da Síria com armas químicas iria receber outra resposta».
Pergunta-se, face à completa montagem, absurda e inverosímil, do envenenamento dos Skripal e da atribuição do mesmo a agentes russos, o que não poderão os anglo-americanos tramar numa situação realmente impossível de avaliar, pelo menos no curto prazo, como o cenário da guerra na Síria?
O verdadeiro motivo da reviravolta da administração Trump em relação à Síria tem a ver com a chantagem exercida pelos lobbies dos sionistas e do armamento em Washington.
Em troca de não concretizarem a ameaça de impeachment (um bluff, porque realmente não existe base legal, jurídica, para o fazer) querem obrigá-lo a inflectir a sua política externa, que inicialmente se caracterizava por uma retirada das tropas e conselheiros dos vários teatros de guerra em que os EUA se envolveram nos mandatos dos dois anteriores presidentes, tendo para isso que realizar um apaziguamento com os russos, para conseguir um grau mínimo de coordenação, aquando das retiradas da Síria e do Afeganistão. É este plano estratégico que os neocon (todos eles notórios pró-sionistas) que dominam desde há duas décadas, pelo menos, os meandros da política externa do Império, tinham de sabotar.
Não se pode saber agora - a 12 de Setembro 2018 - qual o resultado dos esforços de uns e de outros. Se houver um apaziguamento e a operação de limpeza de Idlib for coroada de sucesso, sabemos que em Washington prevaleceu a linha fiel ao desígnio inicial de Trump. Se houver uma escalada, com um crescendo de agressividade verbal de lado a lado, seguido eventualmente de um «incidente», seja ele uma acção de «falsa bandeira» ou não, e uma confrontação generalizada,então os neocon venceram.
Chamo a atenção para as análises de pessoas corajosas e lúcidas, como Paul Craig Roberts, sobre o funcionamento do poder em Washington: eu não estou especulando, estou a fazer uma síntese de informações sobre assuntos que acompanho.
Com esta divulgação de dados e o desmascarar das manobras espero contrariar a narrativa permanente que a media corporativa tem despejado. A perda completa de objectividade, a propaganda de tipo «Big Brother» (Orwell), é que me faz crer que a guerra esteja iminente. É que as guerras modernas são precedidas por salvas de propaganda mortífera, antes de haver salvas de artilharia.