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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

ABEL SALAZAR, CIENTISTA, ARTISTA E RESISTENTE


Abel Salazar foi muito acarinhado pela geração dos médicos e biólogos à qual pertenceram os meus Pais. Ele estava sempre disponível para ajudar jovens. Uma tal Georgette Banet trocou correspondência com ele sobre questões de Histologia, às quais respondeu gentilmente. Também lhe ofereceu uma obra sua de Histologia e Patologia, um importante recurso para o estudo da finalista ou jovem médica, que era minha Mãe. 
Guardo com muito carinho este livro científico do Prof. Abel Salazar, com uma dedicatória manuscrita à minha Mãe. Guardo também uma àgua-forte do Mestre Abel Salazar, oferecida aos meus pais, como afirmação da sua estima pelo trabalho do casal de jovens médicos. 

O tema da referida àgua forte é semelhante ao do quadro a óleo, visível abaixo, recentemente vendido numa leiloeira de Lisboa




Na casa-museu, existem muitas obras e recordações do Homem multifacetado que veio a ser homenageado, depois da queda da ditadura fascistóide.  Deram o seu nome a um dos centros de investigação e ensino mais dinâmicos do país, o «Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar», no Porto. 

O óleo abaixo (que se pode ver na Casa-Museu Abel Salazar) representa vendedeiras no mercado ao ar livre no Porto. 

                            


A preferência por cenas representando o povo trabalhador, humilde, faz dele precursor ou iniciador do movimento neo-realista. 
Porém, acho que é muito redutor - para qualquer artista - tentar enquadrá-lo dentro de uma determinada corrente. Qualquer artista verdadeiro é multifacetado, tem uma procura e uma evolução natural, intríseca, da sua arte. 
Aqui e agora, lamentavelmente, o realismo tem sido posto de lado, por críticos de arte que apenas se interessam e valorizam as ditas «vanguardas». Mas esta visão é tão parcial como a visão académica oposta, pois na nossa sociedade -como em todas - coexistem diversas correntes estéticas e isso, afinal de contas, é muito positivo. 
Porém, esse efeito de «moda» - ou seja, a obsessão com algumas correntes, apenas e a sistemática omissão do que esteja em contradição ou não se conforme com uma determinada visão da arte - não apenas é redutor, como empobrece e distorce aquilo que o grande público pode captar das principais correntes estéticas, num dado país.