Esta canção lindíssima é escrita em «argot», ou seja, na linguagem popular, que tinha e tem vários «dialetos», sendo difícil ao não iniciado perceber realmente do que se está a falar. Esta, é uma das razões pelas quais se fala em argot*.Mas, ela reenvia-me diretamente para memórias da infância, quando ouvia (e aprendia de cor) as canções populares interpretadas por Montand, Piaf, etc., num gira-discos em casa dos meus pais. https://www.youtube.com/watch?v=AmBrVpYOWFs
Il vivait comme un rupin
Habillé comme un gandin
Il ronflait dans de beaux draps
Mais n'oubliez pas
Dans la vie on est peau de balle
Quand notre cœur est au clou
Sans amour on n'est rien du tout
On n'est rien du tout
Il guinchait dans les salons
Il baffrait comme un cochon
Et lichait tous les tafias
Mais n'oubliez pas
Rien ne vaut une belle fille
Qui partage notre ragoût
Sans amour on n'est rien du tout
On n'est rien du tout
Pour gagner des picaillons
Il fut un méchant larron
On le saluait bien bas
Mais n'oubliez pas
Un jour on fait la pirouette
Et derrière les verrous
Croyez-moi on n'est rien du tout
On n'est rien du tout
Esgourdez, tous les galants
Soyez fiers de vos vingt ans
On ne les a qu'une fois
Et n'oubliez pas
Plutôt qu'une cordelette
Mieux vaut une femme à son cou
Sans amour on n'est rien du tout
On n'est rien du tout
Et voilà mes braves gens
La goualante du pauvre Jean
Qui vous dit en vous quittant
Aimez-vous!
------------(*) Argot: É literalmente «Arte Gótica».
02 Les Trompettes De La Renommée
03 Brave Margot
04 La Mauvaise réputation
05 Le parapluie
06 Le petit Cheval
07 Le Gorille
08 J'ai rendez-vous avec vous
09 Les amoureux des bancs publics
10 Pauvre Martin
11 Il n'y a pas d'amour heureux
12 Auprès de mon Arbre
13 Le Pornographe
14 Le vieux Léon
15 Marquise
16 Les copains d'abord
17 Les sabots D'Hélène
18 Chanson pour l'auvergnat
19 La Prière
20 Gastibelza
21 La mauvais herbe
22 Une jolie fleur
23 Je suis un voyou
24 Putain de toi
A reificação*, que refiro no título, é a transposição da ideia abstrata - a morte - para o mundo social. É uma objetivação, ou seja, a passagem do abstrato ao concreto.
Na nossa época, a morte é personificada como o mal absoluto, como algo que se deve evitar a todo o transe. As pessoas chegam a estimar-se como muito "heroicas" por sobreviverem a uma série de doenças e conseguirem chegar a uma provecta idade. Considera-se um prodígio chegar-se a viver muito para lá dos noventa anos, como se isso fosse - em si mesmo - um bem.
Simultaneamente, a quantidade de pessoas que se suicidam vai aumentando, ano após ano. Sabe-se que, diretamente, não está correlacionado com o estado da economia pois, ao contrário do que se diz, a maior parte dos suicídios não se deve a motivos económicos, mas a fatores de natureza afetiva e psíquica, a depressões não tratadas ou mal tratadas, por exemplo, ou a casos passionais.
A existência da morte é ocultada, negada: as pessoas - cada vez mais - morrem sós, muitas vezes rodeadas de aparelhos de reanimação e outras maravilhas da medicina, mas sem o conforto de estar junto de alguém próximo, cônjuge ou filho(s).
A publicidade utiliza toda a espécie de argumentos envolvendo «saúde», para vender seus produtos ou serviços. Se tivéssemos que avaliar os sectores da economia, exclusivamente, pela publicidade produzida, então o sector da saúde e cuidados com o corpo, seria - de longe - o maior. Empresas com relação à saúde, não só à medicina, como ao «bem-estar», à «nutrição saudável», ao «corpo em forma», etc., multiplicam-se.
Porém, nota-se um aumento exponencial de doenças ditas de civilização, como o tabagismo, o alcoolismo, adição a diversas drogas. Mas não só aquelas: é assustador o aumento da obesidade, associada a outras doenças, desde a diabetes, às doenças cardiovasculares, às doenças do foro psíquico, etc.
Eu penso que esta sociedade está a viver numa espécie de «esquizofrenia civilizacional», devido a uma perda de referências. O que supostamente conta, na vida das pessoas, com a forte pressão social para «ser-se competitivo», é a imagem. É também a ideologia inculcada, do que é ser «um vencedor na vida» ou «um perdedor». Um sem fim de estereótipos, que conduzem os indivíduos a consumir produtos e serviços, que os seduzem e os empurram para ainda maiores excessos e desequilíbrios. Perversamente, inculcam-lhes uma ideia de «saúde», que envolve uma imagem ideal do corpo, da beleza, do equilíbrio, mas apenas enquanto desejo hedónico. Algo que deve ser obtido imediatamente. Vive-se na pulsão, no desejo, na satisfação imediata dos instintos.
A «ciência médica» transformou-se também. Ela está ao serviço da sociedade do consumo hedónico, não está preocupada em prevenir (por mais que o diga), mas em "tratar" ou "curar", o que pode ser fonte inesgotável de negócio.
O medo da morte atinge o paroxismo: O desencadear da paranoia do Covid, instaurou um clima social doentio, uma psicose coletiva.
A ideia de morrer, qualquer que fosse a causa, era assaz banal no tempo dos nossos avós. Morrer aos 50 ou 60 anos, não tinha nada de especial. Morriam muitos recém-nascidos e crianças de tenra idade. O número médio de filhos por mulher era maior, porque a mortalidade infantil era elevada. O número de nascimentos necessários à manutenção do equilíbrio populacional (em torno de 2,1 filhos por mulher fértil, em média), já não existe hoje, na maioria de países ditos «desenvolvidos».
Estes factos acima significam que há meio século ou mais, a família europeia era normalmente maior do que o núcleo «mãe-pai-filhos»; e que ela sofria frequentemente a morte de alguém.
As estruturas hospitalares e os meios tecnológicos eram escassos. O saber médico também era menor, em absoluto, embora os médicos tivessem maior capacidade de atender às mais diversas situações: Tinham, quase todos, de atender a situações de urgência, por vezes em condições sem grandes meios ao seu dispor, e tinham de decidir por si próprios o que fazer, nas situações de risco de vida para o paciente.
As pessoas morriam maioritariamente em casa, tanto nas classes abastadas, como nas mais pobres. Morrer em família, foi experiência humana comum (recorde-se Charles Aznavour, «La Mamma»).
Haveria, com certeza, para os familiares uma grande dor associada. Mas, morrer só, no hospital hipertecnológico, mesmo que o pessoal médico e de enfermagem seja muito atencioso e humano, será isso um «progresso» da medicina, da civilização, do respeito pelo ser humano?
As pessoas são (ou tornaram-se) de uma cobardia incrível, muitas vezes escondida com argumentos especiosos. Isto indica-nos que elas não foram adequadamente formadas. As pessoas deviam estar moralmente preparadas para as dificuldades da vida, para enfrentar situações penosas. Estão simultaneamente fechadas aos outros, dentro dum casulo egoístico, porém não se coíbem de pedir (ou mesmo exigir) toda a atenção e ajuda, em caso de sofrimento de algum tipo.
A passagem do estado vivo ao estado morto, é a coisa mais banal e natural deste mundo.
É de todo estranho que os humanos de hoje evitem o contacto com pessoas moribundas e isso, mesmo quando se trata dos seus entes queridos.
Verdadeiramente civilizado e humano, seria proporcionar as melhores condições possíveis, incluindo nos ambientes hospitalares, aos familiares mais chegados para estes poderem assistir e consolar, nos derradeiros momentos, um ente querido.
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*Esclarecimento sobre os vários significados de «reificar»
Françoise Hardy tem uma posição ímpar na canção francesa pela sua qualidade de autora, compositora e interprete, com um nível bem acima da média.
A canção «L'amour s'en va», foi apresentada no festival da Eurovisão de 1963. Não ganhou (ficou em 5º lugar) mas, nem por isso deixa de ser uma das canções que marcam uma geração.
Talvez seja esta a canção que mais aprecio neste extraordinário cantor/compositor, pela intensa qualidade do texto, inteligível e profundo, mas também pela melodia muito bela e adequada ao texto.
Jacques Brel, Georges Brassens, Léo Ferré... e muitos outros. Esta «colheita» de grandes cantores-autores ... faz-me pensar que os anos sessenta foram, na criação artística, na cultura, a época de ouro do século XX ... embora não o tenham sido na economia, ou na política!
Para mim, este fenómeno demonstra a imbecilidade de pretender reduzir a vida social, a cultura de uma época, aos seus aspectos materiais ou institucionais!
Um amor nunca é só prazer, também é renúncia a uma liberdade, renúncia bem assumida, no caso de haver compreensão recíproca.
A canção de Moustaki não é apenas um hino à liberdade, mas uma reflexão de um libertário sobre a renúncia assumida de uma parte da nossa liberdade individual, para partilhar um destino comum...
Haverá mais profundo hino ao amor...?
Ma liberté Longtemps je t'ai gardée Comme une perle rare
Ma liberté C'est toi qui m'a aidé A larguer les amarres Pour aller n'importe où Pour aller jusqu'au bout Des chemins de fortune Pour cueillir en rêvant Une rose des vents Sur un rayon de lune
Ma liberté Devant tes volontés Mon âme était soumise Ma liberté Je t'avais tout donné Ma dernière chemise Et combien j'ai souffert Pour pouvoir satisfaire Tes moindres exigences J'ai changé de pays J'ai perdu mes amis Pour gagner ta confiance
Ma liberté Tu as su désarmer Toutes mes habitudes Ma liberté Toi qui m'a fait aimer Même la solitude Toi qui m'as fait sourire Quand je voyais finir Une belle aventure Toi qui m'as protégé Quand j'allais me cacher Pour soigner mes blessures
Ma liberté Pourtant je t'ai quittée Une nuit de décembre J'ai déserté Les chemins écartés Que nous suivions ensemble Lorsque sans me méfier Les pieds et poings liés Je me suis laissé faire Et je t'ai trahi pour Une prison d'amour Et sa belle geôlière
Boris Vian foi um poeta, compositor, romancista, autor de scripts para filmes, trompetista de jazz... ímpar na sua actividade múltipla, na sua vida curta e plena de sensações fortes.
Embora tenha morrido em 1959, a sua influência estende-se, na música e na literatura, até aos dias de hoje.
Das canções de sua autoria, O Desertor (Le Déserteur) será porventura a mais conhecida, muitos são os seus interpretes.
Escreveu grande número de canções destinadas a cantores e cantoras seus contemporâneos. Além desses, em sucessivas gerações, novos interpretes retomaram suas canções, que reflectem um humor surrealista, anárquico e rebelde.
Vários dos seus romances, escritos sob pseudónimo, deram escândalo, na época.
A sua morte, por paragem cardíaca, ocorreu durante a projecção do filme «J'irai Cracher Sur vos Tombes» baseado no seu romance homónimo.
Poderia seleccionar muitas canções da autoria de Boris Vian para ilustrar o seu talento.
Porém, a meu ver, basta apreciar esta «Complainte du Progrès», cheia de humor e de conteúdo crítico dos costumes, para nos dar vontade de descobrir as outras.
Canção* composta em 1956, no início do período de prosperidade marcado pelo crescimento económico e pelo aparecimento de novos produtos de consumo (carros, telefone, electrodomésticos, frigorífico, máquina de lavar roupa e televisão) que vão revolucionar os modos de vida.
* Embora não tenha pensado nisso antes, agora lembro-me que amanhã é dia de São Valentim: um piscar de olho CÚMPLICE aos namorados!
Autrefois pour faire sa cour On parlait d’amour Pour mieux prouver son ardeur On offrait son cœur Maintenant c’est plus pareil Ça change ça change Pour séduire le cher ange On lui glisse à l’oreille
Ah Gudule, viens m’embrasser, et je te donnerai… Un frigidaire, un joli scooter, un atomixer Et du Dunlopillo Une cuisinière, avec un four en verre Des tas de couverts et des pelles à gâteau ! Une tourniquette pour faire la vinaigrette Un bel aérateur pour bouffer les odeurs Des draps qui chauffent Un pistolet à gaufres Un avion pour deux Et nous serons heureux !
Autrefois s’il arrivait Que l’on se querelle L’air lugubre on s’en allait En laissant la vaisselle Maintenant que voulez-vous La vie est si chère On dit : « rentre chez ta mère » Et on se garde tout
Ah Gudule, excuse-toi, ou je reprends tout ça… Mon frigidaire, mon armoire à cuillères Mon évier en fer, et mon poêle à mazout Mon cire-godasses, mon repasse-limaces Mon tabouret-à-glace et mon chasse-filous ! La tourniquette à faire la vinaigrette Le ratatine-ordures et le coupe friture
Et si la belle se montre encore rebelle On la fiche dehors, pour confier son sort… Au frigidaire, à l’efface-poussière A la cuisinière, au lit qu’est toujours fait Au chauffe-savates, au canon à patates A l’éventre-tomate, à l’écorche-poulet !
Mais très très vite On reçoit la visite D’une tendre petite Qui vous offre son coeur Alors on cède Car il faut qu’on s’entraide Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois !
MÉNILMONTANT Ménilmontant mais oui madame C'est là que j'ai laissé mon cœur C'est là que je viens retrouver mon âme Toute ma flamme Tout mon bonheur...