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terça-feira, 22 de maio de 2018

CASAMENTOS REAIS E COMO OS PRÍNCIPES E PRINCESAS PERPETUAM O STATUS-QUO



Sendo Portugal uma república há mais de cem anos, existe ainda assim um número não insignificante de monárquicos assumidos. Para além destes, o número dos que consideram ser a realeza uma coisa «boa» ou positiva, não deve ser pequeno. Isto porque, em muitos países, a aura da realeza exprime-se através do fausto e pompa dos casamentos seja nas casas reinantes, seja nas casas de dinastias que perderam os tronos. Este espectáculo ajuda a perpetuar a mitologia da monarquia como forma governativa não apenas «civilizada», como até ideal.
Estas pessoas que olham maravilhadas o «conto de fadas» dos casamentos dos príncipes e princesas, deviam pensar que este aparato todo se faz à custa do erário público. Toda esta despesa se faz por «boas razões», num determinado regime político e económico. Destina-se, sobretudo, a manter  o status: 
É a forma subtil de induzir as pessoas à submissão, à «naturalidade» de existirem pessoas que - apenas por razões genéticas, ao fim e ao cabo - estão «destinadas» a exercerem o poder. 
Note-se que se trata do poder propriamente dito, não apenas os símbolos do mesmo. A rainha de Inglaterra também é chefe de Estado de uma série de ex-colónias britânicas... além de figurar individualmente entre as mulheres mais ricas do Mundo, ela é detentora de uma fortuna globalmente maior do que não poucos Estados. 
Ela é também o chefe supremo das forças armadas, o que significa que um militar possa ser destituído, ou mesmo preso, se recusar «jurar fidelidade» pessoalmente ao Monarca.
Os verdadeiros beneficiários deste sistema são os próprios monarcas e respectiva família,  assim como um pequeno número de pessoas que gravita e é beneficiado  pelas benesses ou empregos geridos pela coroa.
Mas o sistema político, numa monarquia, fica impossibilitado de evoluir, a não ser por revolução, coisa que não é fácil de imaginar e ainda menos de concretizar nos tempos que correm, de controlo Orwelliano das sociedades. 
Quem tem vantagens na manutenção do regime, não vai emitir juízos de valor desfavoráveis à monarquia, em geral: os muito ricos, os aristocratas, os privilegiados...

Cinicamente, a classe dominante aceita os luxos e o esbanjamento de dinheiro dos impostos, causados pela existência de uma monarquia, sabendo muito bem quanto isto custa ao Estado. Mas, para eles, o papel que representam, é muito mais útil do que o dinheiro gasto em mais ou melhores creches, hospitais, serviços às comunidades, etc.
Eles sabem que as monarquias são garantes da manutenção da ordem burguesa, senão todas as monarquias teriam sido varridas do mapa da Europa no decurso do século XIX, o século das revoluções nacionais burguesas. 
Muitas vezes, os pobres morreram julgando que estavam a lutar pelo advento da «república social», quando na verdade, após o triunfo dos revoltosos se instaurava um regime constitucional monárquico, satisfazendo assim a componente burguesa dessas revoluções.