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quinta-feira, 24 de maio de 2018

ITÁLIA: UM TRIUNFO EUROCÉPTICO

                            Les racines de la victoire des mouvements populistes en Italie: l’euro-crise de l’économie italienne
                             Retirado de :     https://francais.rt.com/opinions/50935-jacques-sapir-racines-victoire-mouvements-populistes-italie-euro-crise-economie
(verifica-se uma perda de produtividade da Itália, mais acentuada que a de Portugal, Espanha ou Grécia,  face à Alemanha)


O ARTIGO DE OPINIÃO BEM INFORMADO DE JACQUES SAPIR descreve, com rigor, como se chegou ao resultado político actual, pela constante destruição do tecido empresarial de Itália, formado pelas pequenas empresas dinâmicas, empregadoras da maioria dos trabalhadores e que têm sido castigadas pela eurocracia, embora a Itália não tenha sido sujeita a medidas tão drásticas como Portugal ou a Grécia. 

Este artigo recusa a utilização do papão da extrema-direita como explicação plausível para todos os fenómenos complexos que ocorrem na Europa. Infelizmente, este não é o posicionamento  da maioria dos analistas da media mainstream. O seu enviesamento leva-os a martelar constantemente que o eurocepticismo só pode equivaler a algo como «Marine Le Pen» etc. 
Isto é mais um exemplo em como a media corporativa, longe de nos informar, tenta incutir-nos preconceitos. Está, não a informar, mas a fazer propaganda (cada vez menos subtil) em favor da eurocracia, numa relação incestuosa (de longa data) com os políticos eurocráticos e os potentados económicos dominantes.

As pessoas deviam acordar e perceber que o «culto neokeynesiano», responsável por erros e por distorções tremendas, leva ao acentuar do domínio da grande banca e dos negócios sobre todos os outros aspectos da vida europeia. 

Depois, o resultado inevitável, com maior ou menor dramatismo, será a crise permanente das instituições, a paralisia das economias, a estagnação e inflação, a fuga de capitais para outras paragens e, finalmente, a desagregação/implosão, cujos contornos ou consequências não se podem conjecturar plenamente neste estádio. Quer seja de forma suave ou tempestuosa, o divórcio dos países do Sul e do Norte da União Europeia, já se perfila claramente no horizonte.

A União Europeia enferma de muitos males estruturais. 
Mas, afinal... uma instituição politicamente heteróclita, economicamente débil (veja-se se o caso do Deutsche Bank e da restante grande banca, vejam-se as políticas de monetização do BCE...) e culturalmente diversa, mas num sentido cada vez mais identitário...a quem beneficia? 

- A resposta é simples: não é às populações, não é à economia produtiva (a que dá emprego à imensa maioria), mas é uma forma de controlo pelas trans-nacionais e instituições financeiras mundializadas sobre este espaço europeu, assim como o pilar «civil» de uma NATO, aliança militar agressiva, arrogante, dominada pelos EUA. 

quinta-feira, 8 de março de 2018

EUROPA JUNKIE DAS INJECÇÕES DE LIQUIDEZ DO BCE

Com a redução para metade das compras mensais do BCE de 60, para 30 biliões em activos dos bancos e obrigações soberanas, os mercados do velho continente já estão a sofrer. O suposto estímulo não estimulou senão uma dependência, como um junkie, que depende da sua injecção quotidiana de heroína monetária, para continuar a fingir que está activo e que existe um mercado, que existem instituições financeiras solventes, que existem estados não falidos, para não falarmos da dívida sempre crescente de grande número de empresas, especialmente as empresas familiares, sobre as quais repousa 60 a 80 % do emprego e da produção nos países da Eurolândia.
Os analistas já prevêem, com razão, o arrefecimento da economia, para níveis equivalentes a uma estagnação. Teremos um novo ciclo de «estagflação» ou seja estagnação económica, com inflação, supostamente baixa, mas somente por manipulação dos índices pelas agências governamentais. O episódio anterior de estagflação foi nos finais dos anos setenta e princípios dos anos oitenta. Foi uma altura muito dura para as classes trabalhadoras de todos os países europeus. Foi também a altura em que as pressões, económicas, políticas, sociais começaram a fazer romper o «dique» dos países do Leste, do Pacto de Varsóvia.

Hoje em dia, a China é quem irá beneficiar da fragilidade da economia europeia. Está a implantar as suas plataformas de troca de Yuan por moedas ocidentais, quer na City de Londres, quer no Luxemburgo, em Frankfurt ou ainda Zurique. 
Vai chegar um momento, não tarda muito, em que o «consenso» vai virar, será então muito melhor possuir algo sólido, algo que não seja um «activo financeiro», nem uma conta bancária, ou o mínimo possível... pois o grande «reset» está aí, à vista, é preciso ser míope para não o ver chegar. 
Os poderes (incluindo os orientais) estão em conluio para que esse tal reset tenha um mínimo de sobressaltos, de modo que apenas os pobres, ou as classes médias, sofram o embate principal. 
Os sistemas de previdência, os fundos das pensões de reformas, etc. tudo isso (o nosso capital acumulado, não esqueçamos) vai servir como combustível para a grande fornalha. 
Os Estados e outros «grandes devedores» sairão «magicamente» solventes de todos estes episódios, enquanto o comum dos mortais irá ficar ainda mais dependente do «Welfare State», com a falsa benesse do «rendimento incondicional».
Mas, talvez as coisas não se passem exactamente a contento dos oligarcas!


segunda-feira, 5 de março de 2018

ITÁLIA - O ESPELHO DO FRACASSO DA UE

                      The election results were a triumph for the Five Star Movement, led by 31-year-old Luigi Di Maio




Embora as pessoas tenham sido sujeitas à lavagem ao cérebro, em modalidade intensiva, com a cerimónia dos Óscares, o mais importante acontecimento deste fim-de-semana foi, sem dúvida, a eleição parlamentar italiana, com o movimento «5 estrelas» a obter uma maioria (relativa) face a partidos e coligações à direita e à esquerda. 

Embora eu não tenha nenhuma «fé» na política eleitoral, mesmo quando esta é protagonizada por pessoas muito jovens, desencantadas com as formações políticas tradicionais, que não receiam avançar com aquilo que lhes parece ser a via de salvação para as suas vidas, vejo que existem situações, cuja maturação e desfecho obrigam a que os restantes aspectos da realidade social (e não apenas política) se «alinhem» com elas. 

No caso de Itália, temos um país que vem sendo desgovernado pelas direitas e esquerdas, um país cujo crescimento económico tem sido posto em cheque, que tem de sofrer o embate - quase isolado - de ondas de imigrantes que afluem de África às suas costas, um país onde os jovens têm uma formação de qualidade e onde não encontram emprego correspondente às suas qualificações. 
No plano financeiro, a dívida italiana tem subido constantemente, os bancos italianos estão todos falidos, sendo sustentados «a braços», pelo BCE, que lhes compra a porcaria que detêm como «activos». 
Portanto, devemos encarar Itália como o elo mais fraco da UE, não porque outros não estejam em lençóis tão maus ou piores que os italianos, mas porque a dimensão de Itália faz com que uma crise de confiança que aí desponte, irá transmitir-se automaticamente à UE no seu todo.
Ora, tal como o resultado eleitoral de 04 de Março de 2018 foi traçado, ele desenha um quadro difícil de negociações, de compromissos, tendo no centro um movimento que tem rejeitado coligações e compromissos com partidos «do sistema» e que não estará em condições de formar um governo 100% «5 estrelas». Porém, não se vê que outras forças políticas se disponham a fazer passar um governo «5 estrelas» minoritário, sem que existam compromissos de parte a parte. 
O forjar de tais compromissos não me surpreenderia, pois a conquista do governo foi sempre um factor que atraiu as forças mais radicais a abdicarem da parte mais «intransigente» do seu ideário e programa de governo, para conseguirem alcançar o poder. Seria de admirar que isso não jogasse também no interior do movimento ora vencedor. 
Mas, por outro lado, do lado dos negócios, o que se pode esperar é que - embora não exista uma deliberada campanha de boicote contra o novo poder político que emergiu em Itália - as forças do capital «votem» para sair da «grande bota». 
Uma precipitada saída de capitais significa que a montagem da falsa solvabilidade das finanças públicas de Itália e, por extensão, dos países do Sul, construída pelo BCE, fica a descoberto. 
Se a opinião pública ficar com a noção clara -por fim - de que o papel do BCE tem sido de atirar biliões sobre biliões, para que governos continuem a pedir emprestado e a gastar mais do que as economias respectivas produzem, então a subida destas «5 estrelas», será um sinal mortal para aquelas outras «doze estrelas», que compõem a bandeira da União Europeia.

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Post scriptum: mapa pós eleições de 04-03-018
A azul, as zonas que votaram à direita, a vermelho à esquerda, a amarelo «anti-sistema»

                                          Foto de Pepe Escobar.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A GRANDE BANCA EUROPEIA JÁ SABE O QUE AÍ VEM

Nós  - quase todos - somos vítimas da subordinação dos Estados à grande banca. Desde a crise/quase colapso de 2008, que tenho analisado as consequências das medidas que governos, bancos centrais e entidades financeiras internacionais, têm tomado. Todas estas entidades e instituições, por mais que digam que tais medidas se destinam a «sustentar a economia», mais não fazem do que sustentar a grande banca. 
Mas o processo tem limites inultrapassáveis: a impressão monetária ao infinito, seria adotada universalmente desde há muito tempo e o Zimbabué seria a mais sólida e próspera economia do Mundo, se essa estratégia tivesse o anunciado efeito de «sustentar a economia».
Porém, do outro lado, no interior dos edifícios envidraçados das sedes dos grandes bancos europeus e mundiais, não se deixam enganar pelas propagandas destinadas às massas. 
No caso da Société Genérale, um desses mega-bancos ditos «demasiado grandes para falharem», chega a anunciar o fecho de 300 agências e despedimento de 3450 empregados.  
                          

Mas porque fariam eles uma coisa destas, agora? Não é verdade que a economia europeia tem estado a melhorar paulatinamente desde 2009? 
- Eles sabem que a política de «quantitative easing» ou seja, de impressão monetária, a compra de obrigações do tesouro de países muito endividados, como a Grécia, Itália, Portugal, pelo BCE não  pode trazer senão uma enorme distorção do mercado. Ora, no capitalismo, se o mercado não funciona, nada funciona.
Temos de compreender o que sustenta o Euro: tem havido transferências massivas de dinheiro do norte para o sul da Europa, nomeadamente Portugal, Espanha, Itália e  Grécia. 
A crise do Euro, está toda ela contida na medida de conversão das dívidas prévias desses países em Euros, seguida de uma duplicação do valor do Euro. O sul viu-se a braços com uma dívida insustentável e para cumprir os compromissos exteriores, as suas economias sofreram um golpe brutal, que teve como consequência que as jovens gerações têm 60% de desemprego, nalgumas regiões. 
Esta «geração do milénio» tem sido a geração perdida, sacrificada, para satisfazer o poder de Bruxelas, a todo o custo, assim como os seus súbditos nos respetivos países do sul, fieis cumpridores dos decretos do império bruxelense. 
 Tanto a UE como o BCE são completos fracassos. O resgate da Europa do Sul criou uma pseudo-valoração do Euro e das obrigações soberanas denominadas em Euros, que não poderá sobreviver ao sopro de uma crise anunciada, mas cujo desencadear tem sido evitado... até agora. 
Os bancos europeus de grande dimensão sabem - melhor do que ninguém - qual o estado verdadeiro da economia da Europa e do Mundo. Eles tomam medidas preventivas de contenção de gastos, porque sabem que não irá haver expansão ou normalização da economia nos próximos anos. Estão já a tomar as precauções devidas. 
Todos os economistas sabem que é impossível a Grécia jamais pagar o que deve. 
Além disso, tornou-se claro que a Itália está no limiar de uma nova crise e  que as despesas do Estado Espanhol não estão sob controlo. 
Mas nada disso é tido em conta, na media «maistream»: eles especializam-se em dar uma imagem cor-de-rosa, «positiva», do descalabro da UE, porque estão visceralmente ligados ao «establishment» político e económico, na sua grande maioria. 
Vozes como a minha e como a de alguns analistas dispersos pela Internet, não terão - pensam eles - um efeito massivo de contrariar a narrativa dominante. Os oligarcas e seus lacaios pensam que a sua teia de mentiras nunca será desmascarada perante o grande público.
É nisso que eles apostam.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

HOMEM DE MÃO DA GOLDMAN SACHS

       GATO ESCONDIDO COM RABO DE FORA... 

Por outras palavras:
- Pode-se fingir que não se sabe de nada, durante algum tempo, mas não constantemente. 
Draghi, num sistema transparente e democrático, nunca seria escolhido como cabeça do BCE. Durante quanto tempo mais ele será intocável? Talvez enquanto a eurocracia e os governos corruptos forem tolerados pelos respectivos povos.



               
                   veja AQUI o artigo de Martin Armstrong
Quando Draghi, o actual presidente do Banco Central Europeu (BCE), foi presidente do banco de Itália soube que o Banco Monte dei Paschi di Siena SpA escondera um prejuízo de quase quinhentos mil milhões de dólares usando derivados, dois anos antes dos procuradores terem conhecimento das transacções complexas, de acordo com documentos revelados no tribunal de Milão. 
Mario Draghi, estava perfeitamente ao corrente de que os derivados estavam a ser usados para esconder perdas. Não esqueçamos que Draghi foi um homem da Goldman Sachs e que esta ajudou o governo grego a esconder a situação real das finanças do país, com vista a entrar no «clube» do Euro. O esquema ficou a descoberto com a crise de 2010, de consequências trágicas para o povo grego e para outras economias frágeis da eurozona. 

Agora vê-se claramente que Draghi tinha plena consciência dos problemas decorrentes das operações arriscadas do Deutsche Bank AG, que ajudaram a precipitar o grande colapso de 2008. 

O banco italiano Monte Paschi fez exatamente o mesmo que o DB. Estava a perder cerca de €370 milhões de euros numa transacção anterior, que eles designavam por «Santorini» (esta é uma ilha no Mediterrâneo que ficou destruída com a explosão de um vulcão). Um novo negócio rendeu mais ou menos uma quantia equivalente e permitiu distribuir as perdas por um período de tempo maior. Estas fraudes são usadas para reduzir os impostos a pagar pelo banco.

O relatório, datado de 17 de Setembro de 2010, foi classificado de «reservado», o que mostra que o Banco de Itália sabia que, ao não incluir esse negócio nas contas com o seu valor real, Monte Paschi estava a esconder uma perda. Se o banco tivesse usado a quantificação «mark-to-market» no quarto trimestre de 2008, teria colocado, no relatório respectivo, as perdas resultantes da crise de crédito que estava a sofrer.
Sabendo tudo por detrás do pano de cena, Draghi também soube tudo sobre o uso de derivados para mascarar as perdas excessivas de certos negócios e fazer de conta que elas não existiram. 
O problema grego foi também todo ele construído com base em derivados, para fazer crer que a Grécia preenchia os critérios para estar na Eurozona.
A Grécia entrou no Euro em 2001, com Costas Simitis presidindo ao governo. Nessa altura, devia €3.4 milhares de milhões de euros, que tinha pedido emprestados. A Goldman fabricou um «swap» de divisas, graças ao qual a dívida grega, denominada em dólares  e em yens, passou a ser devida em euros, mas estes eram cotados a um preço inteiramente fictício. 
A dívida grega, denominada em euros de 2000, quando o euro estava a 0.82 do dólar. Isto teve como consequência que esta dívida duplicou, com a subida do euro para $1.60, em 2008. Obviamente, a Goldman não ofereceu uma saída, mas estruturou um novo negócio de que apenas podia beneficiar ela própria, pondo a Grécia a vender dólares, na baixa desta divisa. 
A Goldman também montou um «swap» para pagamento dos empréstimos fora da contabilidade; sendo uma operação sobre divisas, portanto escapando à categoria de «empréstimo», não pesava contabilisticamente na dívida. 
Este negócio foi mantido fora da contabilidade pública e escondida dos mecanismos de controlo do Euro. Assim, criou-se a ideia falsa de que a Grécia se estava a aproximar dos critérios de Maastricht. 
A Goldman sobre-cotou o negócio, de tal maneira que, no orçamento grego, dos $6.35 milhares de milhões de trocas comerciais e de rendimentos, em 2001, 12% vinham da tal reestruturação via «swap». 
Eles - Goldman - ganharam com este negócio uns $300 milhões. Fez pressão para que a Grécia utilizasse os aeroportos e os rendimentos da lotaria, como parte da transacção para garantir a rentabilidade desta operação de agiotagem sobre a Grécia. 
Apenas três meses depois de assinado o acordo, os mercados da dívida (obrigações soberanas) mudaram completamente, em consequência dos atentados do 11 de Setembro.  
Além disso, o dólar desceu e o euro aumentou. Os governantes gregos começaram a ver que o negócio não estava a correr bem. A dívida nacional grega quase duplicou em tamanho e, em termos reais (ajustando as divisas), ela iria novamente duplicar por volta de 2008, em termos nominais, em Euros. 
A Grécia enfrentou uma outra crise financeira em 2005, que poucos compreenderam. A Goldman Sachs voltou a «reestruturar» o acordo, mas desta vez vendendo um «swap de taxa de juro» ao Banco Nacional Grego, sob o novo governo Karamanlis, que chegou ao poder em 2004. Isto aumentava ainda mais a dívida, estendendo os pagamentos para lá de 2032. 
A Goldman  conseguiu obter assim, outros $500 milhões de dólares dos gregos, como foi largamente noticiado na imprensa ( Independent Friday 10 July 2015; Greek debt crisis: Goldman Sachs could be sued for helping hide debts when it joined euro).
A Goldman «nem pestanejou» quando Atenas tentou vender outro pacote de «swaps». O então presidente da Goldman Sachs, Gary Cohn, foi lá pessoalmente e ofereceu-se para financiar a dívida do sistema de saúde do país, empurrando ainda mais dívida para o futuro. A Goldman não se limitou a recolher chorudos honorários, como terá colocado grandes apostas em como a Grécia iria falhar, baseado em informações internas. Têm estado fora do alcance da lei, em qualquer parte. 
Entretanto, devido ao facto de que o ECB vai cortar seu programa de compra de obrigações soberanas em 50% no próximo ano, Draghi não poderá auxiliar o governo italiano. 
As regras relativas ao resgate (interno e externo) de bancos poderão vir a ser aplicadas em força no próximo ano, em todo o lado, não apenas na Itália.


terça-feira, 25 de abril de 2017

BANCOS CENTRAIS E CRISE TERMINAL DO CAPITAL



Tenho seguido regularmente a actualidade da economia e finança globais, no intuito de compreender melhor as forças que moldam o nosso mundo. 
Fiquei surpreendido, há alguns anos a esta parte, com a minha própria ignorância sobre estes assuntos, aliás partilhada com vasto conjunto de pessoas, não conscientes de que lhes faltava um elemento-chave para compreenderem o que se passava à sua volta.

Nos anos mais recentes, após o colapso de 2008, que levou o sistema capitalista mundial à beira da implosão, os bancos centrais dos diversos países do Ocidente têm-se esmerado em programas «não convencionais», supostamente para «salvar» a economia mundial e prevenir nova catástrofe. 

Porém, a realidade é completamente diferente: os programas ditos de «estímulo» à economia são apenas um inflacionar de bolhas, que dão a ilusão aos investidores e às pessoas em geral de que existe crescimento económico, de que há recuperação, quando, em boa verdade, apenas são aumentados os activos de toda a espécie, nas folhas de balanço dos referidos bancos centrais.

Antes de mais, é necessário esclarecer que os bancos centrais dos países ocidentais, contrariamente à crença das pessoas, não são instituições públicas detidas pelos respectivos Estados. 
Tanto no caso da Fed (Federal Reserve Bank), como do Bank of England, ou da BCE... são consórcios de grandes bancos, com participação de entidades públicas, mas onde o capital maioritário é privado e portanto a gestão, é largamente em função dos interesses privados dos bancos, não dos interesses nacionais das respectivas nações.

O mecanismo pelo qual criam moeda é também ignorado por um grande número de pessoas. Eles criam moeda a partir do nada. Não existe contrapartida à criação monetária, pelo que, se houver um excesso de moeda em circulação, poderá desencadear uma inflação, muito difícil de controlar, uma vez disperta. 

Poderíamos interrogar que sentido tem aquele objectivo de obter inflação da ordem dos 2% anuais? Este objectivo, largamente partilhado pelos bancos centrais ocidentais, parece absurdo, se pensarmos bem. Claro que, enquanto consumidores, não teremos qualquer vantagem em ver o poder de compra do nosso dinheiro diminuir em 2% ao ano. 
Mas essa política destina-se a «dar a ilusão» do  crescimento, que tarda em surgir espontaneamente, por um lado. Por outro, destina-se a aliviar a carga da dívida que pesa sobre grandes actores financeiros e os Estados, cada vez mais endividados. 
Os devedores terão de pagar - daqui a uns decénios - quantias que, nominalmente, correspondem ao capital em dívida, sem porém que isso corresponda a valor real, porque a moeda em que pagam nesse momento, entretanto se desvalorizou muitíssimo. 

Não há contemplações para os reformados, para os aforradores, para todos os que tiveram uma gestão responsável das suas economias domésticas: para estes, trata-se da «eutánasia do rentista» como dizia Keynes, só que os tais «rentistas» são pessoas modestas na sua imensa maioria, dependentes das pensões da segurança social para sobreviverem. 
Estas, estão baseadas em modelos predictivos, em que haveria um determinado crescimento permitindo uma média de rentabilidade de 6-7 % do capital acumulado. 
Além disso, conta com determinado nível de contribuições dos trabalhadores no activo para os cofres da Segurança Social. 

Como sabemos, tal modelo está completamente posto em causa, devido à diminuição da natalidade, ao aumento exponencial do desemprego e das formas precárias de relações laborais, que obrigam a um constante despêndio de subsídios de desemprego.

Os fundos de pensões, quer geridos pelos Estados, quer geridos em termos privados, estão calculados para gerar pensões mensais a partir de um certo número de anos de participação dos titulares baseados em taxas de juro médias da ordem de 6%. 
Ora, como estamos num ambiente em que as taxas de juro de obrigações e de depósitos a prazo são negativas, ou abaixo do valor estimado de inflação, vemos os referidos fundos a envolverem-se em operações arriscadas, pois têm de ir buscar rendimento aos activos especulativos, como sejam ações cotadas em bolsa, fundos mobiliários, etc... cuja rentabilidade depende de factores muito imprevisíveis, correndo o risco de não obterem rendimentos, mas antes perdas que os levam à falência. 
Isto explica as declarações de falência de fundos (privados, municipais ou mesmo estaduais) de pensões de funcionários nos  EUA, havendo tendência para se acentuar e alargar a muitos países ocidentais. 

Os bancos centrais geram um excesso de massa monetária ao comprarem activos diversos; obrigações soberanas, obrigações de empresas, acções... 
Os mercados deixam de funcionar enquanto mercados, no sentido de atribuirem valor aos activos em função da oferta e procura. O peso dos bancos centrais é tal que os valores dos juros de obrigações estatais de Portugal, país sobreendividado, são agora muito baixos, a um nível comparável aos países de economia muito mais forte. 

A economia real não cessa de se degradar como se constata com uma série de sintomas, como a diminuição do Baltic Dry Index, que quantifica o volume de fretes marítimos internacionais, o fecho de um enorme número de lojas de comércio de retalho nos EUA, ou a constante diminuição do poder de compra dos salários, nos países ditos «desenvolvidos». 

Muitos dados apontam para uma verdadeira depressão: os valores de PIB, revelando um crescimento anémico, no melhor dos casos, são corrigidos usando um índice de inflação manifestamente incorrecto. 
Se o crescimento nominal for de 2% e a inflação descontada for de 1%, o crescimento real será de 1%. Porém, a inflação real anual tem sido de 4-6%, pelo menos. Isto atira o crescimento real para valores negativos...

Os bancos centrais estão apostados em disfarçar o problema, não em solucionar seja o que for. Contam com os Estados, com o FMI e com outras instituições que monitorizam a economia mundial, para que se mantenha a ilusão duma economia em «recuperação», quando - na verdade - está em depressão desde 2008, sem nunca ter verdadeiramente retomado os níveis anteriores.

A compra desenfreada de activos pelos bancos centrais, vai fornecer aos grandes bancos uma massa monetária em quantidades abismais. Eles deixam de estar insolventes, mas não têm incentivo para emprestar às empresas e particulares, o que seria o processo - clássico, no capitalismo - para fazer arrancar a produção, pelo estímulo da procura, pelo maior poder de compra. 

Não há alargamento do crédito à economia real. As tais somas colossais fornecidas aos grandes bancos vão parar a contas detidas pelos bancos privados nos bancos centrais, como sendo «reservas em excesso», tendo um juro muito baixo, mas sem qualquer risco. 

Por este motivo, não existe uma inflação na economia real. Porém, na economia de casino, ou seja, na bolsa, existe inflação: os grandes actores, bancos, seguros, hedge funds, as grandes companhias, usando crédito praticamente gratuito, vindo dos bancos centrais, têm feito grandes compras de títulos bolsistas. 
Em particular, as grandes empresas têm adoptado programas de auto-compra de acções: estas aplicações não são benéficas para o desenvolvimento das empresas, não correspondem a um investimento produtivo; servem somente para manter os bónus dos gestores, visto que contribuem para que os accionistas recebam elevados dividendos.

Neste contexto, a implosão estrepitosa do sistema monetário e económico global não é uma questão de «se» acontecer...é apenas uma questão de «quando».

Quanto mais não fosse, os activos que incham as folhas dos balanços dos bancos centrais estão hipervalorizadas, muitos deles são tóxicos (ex. fundos hipotecários, papel sem nenhum valor) ou com um valor de mercado muito diferente daquele sob o qual estão contabilizados, nos cadernos de activos dos bancos centrais. Por exemplo, as obrigações soberanas portuguesas, não correspondem ao valor pelo qual o BCE as comprou, visto que, se acabar o programa de compra sistemática de activos (60 biliões de euros mensais) dos países do Euro em dificuldades, os valores das obrigações desses países caem a pique, elas só serão vendáveis com um enorme desconto.

Um dia, os bancos centrais tentarão aliviar a carga absurda de activos que detêm. Verificarão que não têm maneira, senão colocando estes activos à venda por alguns cêntimos por cada euro do valor de compra.

                              


[Figura 1: activos dos bancos centrais. No 1º trimestre deste ano já adquiriram 1 trilião de  dólares, em termos anualizados, cerca de 3,6 triliões de dólares] 

O próprio mecanismo que está no cerne do funcionamento da economia capitalista, nomeadamente a descoberta do «valor» dos activos através do mercado, está completamente posto em causa. 

A falsa atribuição de valor a uma série de activos tóxicos, ou hipervalorizados, a existência de entidades beneficiando de acesso a crédito praticamente gratuito, o não confronto das empresas com os mercados... tudo isso faz com que as bolhas sejam insufladas e se avolumem, em múltiplos sectores. 
A bolha das acções, das obrigações (um mercado dez vezes maior que o das acções), do imobiliário... tudo isso está a começar a esvaziar-se. Esta fase pode parecer suave, pela simples razão de que a média é omissa sobre grande parte da realidade, temerosa de que isso tenha efeitos negativos no negócio dos seus principais accionistas. 
Os apartamentos de luxo em várias cidades sofrem uma quebra de 50 %, isso não é trivial, porém ainda afecta directamente pouca gente. Os títulos das bolsas já estão em franca queda, mas isso não se reflecte ainda nos índices, devido ao modo como estes são construídos; umas quantas empresas - Microsoft, Apple, Google, etc. - compensam, com suas subidas, a descida generalizada. Ainda não tem um efeito de pânico. Fundos de pensões entraram em falência recentemente em Nova Iorque, no Texas, no Michigan e em Altanta, mas poucas pessoas fora dos EUA sabem disso, etc... 

Os bancos centrais têm feito tudo para adiar o rebentamento das bolhas que eles próprios desencadearam. O resultado desse adiamento, será fatalmente um agravamento dos seus efeitos. 

Existe o mito de que a economia de guerra pode solucionar estes problemas. 
Nada mais falso! A corrida armamentista, uma nova Guerra Fria, nunca fará senão adensar problemas; o armamento e despesas militares são essencialmente improdutivos, quando não destrutivos das economias. É sempre nefasto para a economia real, mesmo quando é apenas armazenado; no caso pior, quando é utilizado, serve para destruir vidas e capital - sob forma de edifícios, de estruturas, etc.  
Pelo contrário, os investimentos em infraestruturas como estradas, edifícios, portos, aeroportos, etc, são potencialmente multiplicadores do capital aplicado, pois ajudam a criar riqueza. 


quinta-feira, 13 de abril de 2017

A BOLHA IMOBILIÁRIA MUNDIAL ATINGIU O PONTO DE DESTRUÍÇÃO DA VIDA URBANA

A impossibilidade presente das classes médias em vários países (Portugal é apenas um exemplo) poderem adquirir habitação própria em zona urbana, ou até mesmo alugar um apartamento a um preço razoável, causa preocupação, mas não tem havido esclarecimento suficiente sobre as CAUSAS PROFUNDAS E GERAIS  do fenómeno.

Aquilo que está a acontecer nos países do Sul é consequência do programa de compra de activos do BCE. O efeito dessa compra é baixar artificialmente os juros, principalmente da dívida soberana. Emprestar dinheiro deixou de ser uma maneira cómoda e segura de extrair lucro, visto os juros estarem ridiculamente baixos. Logo, o capital vai se investir muito mais nos activos que garantem essa rentabilidade; a bolsa e o imobiliário. Sobre o tema, consultei com proveito um artigo muito esclarecedor de Philipe Herlin.



A «turistificação» que se observa nas zonas históricas de Lisboa, Porto e noutros centros urbanos do Sul europeu e mediterrâneo é uma modalidade de destruição da vida urbana com a agravante do turismo ser um fenómeno essencialmente volúvel. Toda a economia urbana acaba por ficar refém do afluxo turístico. Este afluxo pode deixar de existir, a qualquer momento, por variadísssimas razões. Todas as infraestruturas, todo o comércio, hotelaria e imobiliário adaptados a essa procura ficarão em falência pois é inerente ao fenómeno «indústria turística» ser sujeita a modas. 

A ausência de um verdadeiro debate nacional sobre este fenómeno torna difícil a tarefa de certos grupos, com uma certa consciência cidadã, que tentam furar o muro de chumbo do silêncio mediático, aproveitando a pré-campanha eleitoral para as autárquicas em Portugal. 
De novo, verifica-se que a media faz o jogo dos grandes interesses instalados, o imobiliário, a indústria turística, etc. Ficam sempre de fora os «sem voz»: os desalojados, os excluídos, os jovens sem hipótese de acederem a habitação (própria ou alugada), etc.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ESTRATÉGIAS GLOBALISTAS

A economia mundial está em estado muito mais grave agora do que há 8 anos.

A crise financeira foi «curada» graças a uma impressão monetária, sem contrapartida de quaisquer acréscimos de riqueza real. Os que tiveram o privilégio (os grandes bancos, essencialmente) de obterem dinheiro grátis, fornecido pelos bancos centrais, ou colocaram esses excessos de liquidez a render nas contas dos próprios bancos centrais, obtendo assim um juro, pequeno, mas sem qualquer risco, ou fizeram apostas muito arriscadas, nomeadamente em derivativos, seguros de que tinham as costas quentes graças ao estúpido princípio de que há «bancos demasiado grandes para falirem».
Este princípio é afinal uma distorção monstruosa do capitalismo, pois permite que os maus investimentos, as más apostas, sejam protegidas de falência, com prejuízo de toda a sociedade, que é obrigada, sem qualquer contrapartida, a suportar os erros dos «cavaleiros de indústria», dos «senhores da finança».
Ao contrário do que autoproclama (de ser um «estímulo à economia») esta política tem o lastimoso resultado de destruir capital acumulado. Que acontece quando se joga uma determinada quantia de capital, um dado investimento e não se permite que falhe? O sinal para os investidores é a «impunidade» de tal investimento, a possibilidade de ganhar, sem o inconveniente de perder. Assim, a quantidade de capital desperdiçado, aplicado em maus projetos, que normalmente não deveriam estar a ser financiados, vai crescendo.
As sucessivas bolhas, nos setores imobiliário, nos empréstimos aos estudantes, na aquisição de carro e nos créditos diversos ao consumo em geral, vão crescendo, e aumenta o número e volume de créditos malparados, sendo que quando existe um crédito que não é honrado, do outro lado está alguém que perde o seu investimento.
Infelizmente, o mais vulgar, no contexto presente, é o perdedor ser o Estado! Nós, os contribuintes, somos realmente os emprestadores de último recurso.
Enquanto isto acontece, a dívida soberana dos Estados vai crescendo, sem quaisquer sinais de inversão de tendência, nem mesmo de abrandamento.
A maior bolha de todas é a bolha das obrigações soberanas (dívida pública) dos diversos Estados. Apesar de pesados, os juros da dívida são suportáveis, porque os bancos centrais (nomeadamente, o BCE) compram uma parte da dívida soberana, fazendo assim baixar os juros da mesma.
No Japão, há mais tempo que é seguida tal política pelo Banco Central, a cada emissão de dívida: o Banco Central japonês é comprador na ordem de 90% dos títulos...
Quanto à percentagem de dívidas emitidas pelos Estados membros do Euro, que são compradas pelo BCE, é da ordem de 50%.
Tal comportamento dos bancos centrais é totalmente anátema em termos de ortodoxia neoliberal, visto que é uma intervenção intempestiva, distorcendo o mercado. Mas o desplante não se fica por aqui, pois o BCE e bancos centrais de vários países decidiram adquirir obrigações de empresas e estuda-se a hipótese de intervir nas Bolsas de ações
O termo «Capitalismo de Estado» foi utilizado noutros contextos, mas não para designar a ação dos bancos centrais dos países capitalistas; porém, o referido termo aplica-se muito bem agora!
 Quem são as vítimas? São as pessoas comuns dos diversos países, que vêm a qualidade e disponibilidade dos serviços públicos a descer porque não têm financiamento adequado.
Por outro lado, os governos e poderes públicos não efetuam os investimentos em infraestruturas que poderiam arrancar a economia do marasmo, desde a crise financeira de 2008, que nunca foi superada.
Além disso, quando as pessoas põem de lado algum dinheiro, são castigadas, não apenas com uma taxa de juro muito inferior à taxa de inflação, mas já com taxas de juro negativas, ou seja, são obrigadas a pagar para terem o dinheiro no banco.
Paralelamente a este cenário, que desincentiva a formação de capital, pelo desincentivo constante à poupança, querem banir as transações em numerário («justificada» com o falso pretexto do branqueamento do dinheiro de negócios criminosos…).  Todas as transações seriam eletrónicas.
Assim, o Estado e o banco têm toda a possibilidade de saber - até ao pormenor- da vida de cada um, sem possibilidade de qualquer privacidade, como também e sobretudo viabilizam os juros negativos; de outro modo, ninguém quereria ter o dinheiro no banco… No fundo, trata-se da política de «bail in» permanente só para as pessoas comuns, que não podem parquear os seus capitais em paraísos fiscais …
Quando os juros das obrigações do tesouro subirem, quando retomarem valores mais próximos do normal, o que vai acontecer?
- Muitas falências vão ocorrer, cortarão de maneira mais impiedosa ainda as verbas para gastos sociais, para poder pagar-se os juros da dívida. Uma enorme quantidade (estima-se em múltiplos do PIB global!) de derivativos vão ser acionados, agravando a espiral recessiva.
Ou seja, está a construir-se o cenário para uma falha catastrófica no sistema financeiro e económico, sabendo-se muito bem que existe esse risco, mas ocultado do público.
Conclusão: em desespero, o que eles temem, os responsáveis globalistas de todas estas loucuras, é que as pessoas compreendam quem levou a economia mundial a esta situação.  
Para eles, é uma «saída» desencadear uma 3ª guerra mundial, para ocultar as causas do enorme colapso financeiro que vem aí.  
O colapso é inevitável, porém, se houver uma guerra mundial, as oligarquias globalistas poderão «culpar» a guerra como causa do colapso e não recairá sobre eles o odioso da situação.
Além disso, esperam «desbastar» de humanos um planeta «sobrepovoado» e assim, refazer o Mundo à sua medida, quando saírem dos seus bunkers.
Pode o leitor estranhar que esta seja a visão dos elitistas, porém, em várias ocasiões, aquando de encontros, como de Davos ou do Clube de Bilderberg, ou até através da média ao serviço, é este o cenário que tem transparecido.
Eles decidiram que a «Nova Ordem Mundial» será a deles. Para construir algo de novo é necessário destruir o antigo. É nisso que estão apostadas as «elites».

Tal mudança não poderá ter lugar sem «algo» que mude a face do Mundo. Esse «algo» é a guerra, com todos os seus horrores. Isso não importa para eles. A loucura deles, dos sociopatas que nos governam, é para ser levada a sério, pois são demasiado poderosos e são destituídos que qualquer compaixão.