A série de assassinatos (ou tentativas de) a que vimos assistindo e continuaremos a assistir, são operações da CIA, do MI6 e doutros serviços da OTAN, que contratam «homens de mão» para atentados terroristas. Desde 07 de Outubro de 23 assistimos a um horrível massacre contínuo de população inocente às mãos do exército IDF de Israel, cometendo crimes de guerra. Mas, também há uma multiplicação de atos de terrorismo contra alvos especiais, pelo «Grande Hegemon».

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

COLAPSO DA LIRA TURCA: LIÇÃO SOBRE (HIPER) INFLAÇÃO


 A forçada manutenção da taxa de juros muito baixa, por ordem direta de Erdogan, foi desencadear uma aceleração da inflação. Há, neste momento, uma inflação de 18-19%. É um ponto de fuga para a perda total de controlo da divisa e, portanto, o crescer da espiral da hiperinflação. 
Temos um povo ansioso por vender as suas liras e comprar moedas «fortes» (dólar, euro, etc.). Há uma fuga maciça de capitais. 
A ausência de «tampão monetário» como, por exemplo, abundantes reservas em divisas estrangeiras no banco central turco, conjugada com uma dívida externa importante, podem levar a uma falta de pagamento (os sovereign bonds deixam de pagar juros, ou o principal).
A possibilidade de reversão desta situação dramática implica que o banco central decrete uma subida muito acentuada dos juros (da ordem dos 20%), para tornar rentável o investimento nos «bonds» turcos e para estancar a hemorragia de capitais. 
Esta hipótese seria viável, dado que nos últimos anos a Turquia comprou (o seu banco central, sobretudo) muito ouro. A venda do ouro no mercado internacional pode fornecer suficientes divisas estrangeiras de que tanto carece. Veremos o que acontece nos próximos dias/semanas.
Mesmo assim, não há garantia de sucesso, pois a situação agora criada acompanha-se da grande quebra de confiança quer do público turco, quer internacional. 
Se não houver uma rápida e significativa descida da inflação, haverá consequências políticas: é matemático.

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PS1: Note-se que a posição de Erdogan, no fim de contas, não é qualitativamente diferente da posição da FED e dos principais bancos centrais ocidentais: Pois, estes estão constantemente a fazer engenharia financeira (Q.E. e outras manobras) para baixar artificialmente os juros. Dizem sempre, para «justificar» as suas políticas inflacionárias, que é para «estimular a economia». 
Portanto, se é absurdo para o caso da Turquia, por que razão não o é também para os bancos centrais dos principais países ocidentais? 
- Penso que há apenas uma variável que difere, nas 2 situações: É o fator mais instável e caprichoso, a confiança do público nas divisas, nos seus governos e bancos centrais. O volume de divisas em circulação não pode ser um justificativo. Onde é mais provável que haja uma avalancha de neve: Quando o montão acumulado for gigantesco, ou quando for moderado?

PS2: O caminho para a hiperinflação está bem encetado, com as pessoas a comprar o que podem, não o que precisam, com muita pressa em verem-se livres das liras, antes que estas desvalorizem ainda mais. Se o fenómeno da inflação é sempre, em última análise, um fenómeno monetário, também é verdade que é intensificado pela psicologia das massas.

PS3 (17-12-21): Erdogan não está a revelar o real propósito da sua política económica e financeira (e cambial). As «justificações» de que as taxas de juro altas é que «causam a inflação» ou os argumentos religiosos, são «camuflagens» da sua verdadeira política.  A real motivação seria outra: embaratecer o custo do trabalho na Turquia. Assim, os produtos turcos podem vencer os competidores, embaratecendo seu custo de produção. Ele aceita, em troca, que a lira se desvalorize muito... Esta é tese defendida pelo blog «MoA». 
Em todo o caso, Erdogan não poderá facilmente recuperar os capitais perdidos na sangria, por ele provocada, neste último ano. Estou cético em relação à explicação dada por MoA. O meu palpite é que, independentemente das intenções, esta política vai penalizar demasiado o povo turco e vai causar redemoinhos políticos.

PS4: Erdogan, numa manobra desesperada, faz  a promessa de que os depositantes em liras nos bancos receberão uma compensação igual à perda de juros causada pela desvalorização. Assim, provocou a corrida para compra de lira, que teve uma espetacular subida.
No entanto, a bolsa, cujas ações tinham compensado, pela sua subida, a perda de valor resultante da desvalorização da lira, começou por subir e, logo de seguida, sofreu um «crach» de 7.1% na mesma sessão. 
Penso que a Turquia está a seguir o mesmo percurso que a Venezuela, para a hiperinflação.

7 comentários:

Manuel Baptista disse...

As impressões de Pierre Jovanovic sobre a Turquia, numa entrevista, Outubro 2021:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/10/grande-entrevista-de-j-j-seymour-pierre.html

Manuel Baptista disse...

https://www.zerohedge.com/commodities/turkeys-currency-crisis-leads-anti-government-protests
Os protestos contra Erdogan crescem, o que não surpreende, pois os turcos tê estado a sofrer com a brutal inflação

Manuel Baptista disse...

Como preservar o nosso dinheiro, antes que seja expropriado?
https://www.youtube.com/watch?v=IAVhmVPtgJ0

Manuel Baptista disse...

Na ausência de subidas das taxas de juros, a lira vai continuar a descer:
https://www.zerohedge.com/markets/turkish-lira-craters-new-record-low-central-bank-burns-billions-futile-attempts-halt-crash

Manuel Baptista disse...

https://www.zerohedge.com/markets/turkey-halts-all-stock-trading-currency-disintegrates-central-bank-powerless-halt-collapse O colapso da lira turca e a suspensão da bolsa, dão a imagem de uma economia em implosão. Segundo Zero Hedge, Erdogan causou isto propositadamente para disfarçar com este colapso o seu roubo de biliões... Veremos o que acontece a seguir!

Manuel Baptista disse...

Um choque hiperinflacionário é uma crise de confiança na moeda(divisa):É quando os detentores dessa divisa deixam de ter confiança nela, no seu valor e querem-se desfazer dela, para a adquirir algo «sólido», algo cujo valor não «funda como neve ao sol». A intensificação da impressão monetária costuma acontecer antes dessa crise de confiança; não é suficiente para haver hiperinflação; é preciso também - haver perda radical e célere da confiança por parte do público.

Manuel Baptista disse...

Turquia, um documentário que tenta explicar a não resolução da sua crise de hiperinflação:
https://www.youtube.com/watch?v=O4stI2TVPIc