A quebra do dólar não é corretamente equacionada. Realmente, as pessoas em geral, não sabem que o dólar US teve uma quebra de 78% do seu poder aquisitivo desde 2016. As estatísticas da inflação, em dólares ou noutra divisa, não dão conta, nem de longe, da perda do poder aquisitivo das divisas. A desvalorização constante e silenciosa do dinheiro está entre as causas do empobrecimento da imensa maioria e do enriquecimento dos políticos e dos muito ricos. Eles escondem-nos a realidade, para seu proveito próprio! https://substack.com/home/post/p-161522355?source=queue

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

WAGNER E O NAZISMO

Estas notas são um comentário após leitura do muito bem documentado ensaio de Brenton Sanderson: 

Evil Genius - Constructing  Wagner As Moral Pariah


Aprecia o belo, naquilo que ele tem de mais espiritual.

Despreza a pequenez, a necessidade dos medíocres em rebaixar o génio humano, de o transportar para a trivialidade de suas paixões «de cozinha». 

Como sabemos, existem inúmeras obras-primas da escultura, arquitetura, ou doutras artes, das quais não sabemos - nem teremos jamais conhecimento -  sobre quem as fez, muito menos que vida levou e quais os seus pensamentos. Mas, nós apreciámo-las sem nos preocupar com outra coisa senão com a estética. 

Por que motivo, temos de apensar o cunho, o ferrete, de uma ideologia, às obras de autores que viveram em tempos não muito recuados? 

Sabemos muitos detalhes biográficos sobre artistas que viveram há duzentos anos, ou há menos tempo. É natural que muito tenha permanecido, que os eruditos tenham conseguido desenterrar vários documentos sobre génios ou talentos celebrados. 

Temos curiosidade em conhecer as biografias dos nossos compositores preferidos. Construímos uma imagem das personalidades que estiveram na origem das obras-primas que mais apreciamos. Não são imagens reais; são apenas imagens que satisfazem os estereótipos, que permitem reforçar o mito em torno de tal ou tal artista. 

Através de tais biografias, os seus autores contemporâneos (ou não), dos artistas cuja vida eles descrevem, vão tentar moldar os acontecimentos para se coadunarem melhor com a imagem que eles próprios possuem dos tais ídolos. 

Também surgem casos de personagens biografados, quase sempre, de um modo negativo. Um caso extremo, é o de Wagner e do seu (real) antissemitismo

«Hitler foi o grande inspirador de Wagner» seria tentado a dizer ironicamente, para caracterizar as inúmeras biografias que enfatizam Wagner como um «precursor» do nazismo. 

Nada mais idiota, não mostram uma mínima compreensão da ideologia antissemita, tão disseminada e tão evidente, em grande parte dos meios intelectuais e de elite no século XIX. É um anacronismo absurdo, um erro crasso, se nós quisermos acreditar na boa-fé dos autores. 

Porém, tal não é possível, na verdade. Não podemos ingenuamente «perdoar» os tais críticos. Pois, realmente, para estes, trata-se de afirmar o «politicamente correto» de uma forma  bem pouco arriscada, indo ao encontro do preconceito, reforçando-o. 

Por exemplo, que a música de Wagner era «adorada» pelos nazis, é falso, totalmente. E depois, mesmo que tal fosse o caso, que culpa teria Wagner disso, tendo ele vivido no século XIX e morrido em 1883? 

Aquilo que me cansa é a constante etiquetagem que outros fazem e as pessoas aceitam como sendo «cultura», quando afinal não é mais do que transposição de preconceitos, ódios e amores, frustrações e desejos, pessoais do próprio crítico, para o campo da crítica de arte. 

As opiniões de certos críticos sobre tal ou tal artista do passado ou presente, são muito reveladoras, mas da personalidade de quem emite estes juízos críticos!

Eu adoro Wagner, em particular, as canções a Wesendonck , a abertura da ópera de «Die fliegende Hollaender/ The Flying Dutchman» e o prelúdio a «Tristão e Isolda»

Isso faz de mim, um nazi? Só totalitários, afinal (quaisquer que sejam as ideologias que afixem) podem pensar tal coisa!

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