Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ASSIM SE PERPETUA O PODER


As dinâmicas da política, especialmente neste início de milénio, embora já muito patentes no século anterior, têm mais que ver com «soundbytes» do que com argumentos racionais. O efeito global da hegemonia da média corporativa de massa é o de relegar o discurso político à sua mais simples nudez.
Transforma-se o debate numa fantasiosa listagem de defeitos ou virtudes, apresentando os candidatos em tons carregados ou róseos, consoante se pretende demonizar ou promover os mesmos.
Assim, na imprensa que se autointitula «de referência», as pessoas que se arrogam o papel de «opinadores», não fazem uma discussão minimamente séria das medidas preconizadas nos programas dos candidatos: limitam-se a «pintar» o retrato e a opinar sobre a «personalidade» de A ou B. Esta atitude mostra como se chegou ao «grau zero» do debate e reflexão políticos, pelas bandas do poder. Evidentemente, isto leva a maior parte das pessoas, qualquer que seja a sua sensibilidade política, a entrarem dentro do jogo, a reproduzir e amplificar o fenómeno. A coisa política deixa de ser uma luta em torno de diversas ideias, de diversas soluções, para uma «avaliação» de qualidades e defeitos ao estilo da imprensa «people». Quando os «opinadores» vêm que os seus candidatos preferidos são rejeitados pelas massas, justamente porque eles têm a «marca do poder», ficam indignados, ofendidos, são transportados pela retórica do poder omnipresente e omnisciente, pelo pensamento único.

Poderia parecer, à primeira vista, que - ao contrário das políticas- as dinâmicas naturais e as macroeconómicas estão essencialmente independentes do discurso.
São forças naturais que impelem as variações climáticas. Mas, o contributo humano nas alterações climáticas é indiscutível segundo uns, enquanto é uma espécie de artimanha para outros. Longas polémicas, apaixonadas e nada fáceis de seguir – mesmo para alguém com formação científica razoável – substituem-se ao debate entre especialistas. Também aqui os «soundbytes», o conseguir trazer para seu lado um número maior de órgãos de comunicação e de «fazedores de opinião», parece ser a atitude típica dos contendores.

No caso da macroeconomia, as explicações mais banais das causas das disfunções presentes nas economias mundial e dos diversos países não fazem mais do que reproduzir as versões daqueles que estão – por assim dizer – com a mão na massa.
Não existe, nem nunca existiu «ciência económica» propriamente dita, existe sim, uma série de discursos, de narrativas, que tentam racionalizar o que é essencialmente caótico, mantendo o mito da existência de mercados, como «deuses», como se fossem os mercados autorregulados e sempre capazes de fazer com que o sistema capitalista tenha um «progresso» indefinido, mesmo que destrua alguns!
No mesmo espírito, atribuem-se «leis» aos mercados… Mas estas narrativas, já de si míticas, estão – elas próprias - assentes sobre ficções tais como o PIB, taxas de inflação e de desemprego, dados completamente viciados, fabricados, manipulados, ao ponto de não servirem para estabelecer um diagnóstico de um país, de um setor produtivo. 
Quando se sabe isto, assistir a um «debate» sobre as «realidades» da economia tem uma dimensão de algo grotesco e absurdo, pois se baseia em premissas carentes de rigor. Além do mais, quaisquer especialistas sabem muito bem que isso é assim. Ficam, portanto, os tais «economistas» a perorar entre eles, perante as câmaras, avançando previsões e análises decorrentes de «modelos» que utilizam estatísticas, gráficos, etc.
São «científicos, rigorosos, matemáticos» somente para as pessoas mais ingénuas, que se deixam impressionar pela parafernália que acompanha esses discursos. Porem, tal como no caso das alterações climáticas, é um facto que a economia se transforma, há forças produtivas que se desenvolvem, que impelem as sociedades, etc. Somente, esse substrato real não é analisado no mainstream. Uma pessoa comum teria de fazer um grande esforço, para procurar ativamente em fontes alternativas, diferentes formas de avaliar as realidades económicas: normalmente, não tem tempo e/ou paciência para o fazer.

O fluxo incessante de pseudoinformação anula a informação verdadeira. O que pode ser significativo enquanto elemento para a nossa análise fica afundado numa catadupa de «notícias» sem valor. O cidadão atual não está informado, de modo nenhum. Está manipulado. Esta manipulação é apresentada como «informação». Os cidadãos não são totalmente ingénuos, têm suspeitas, têm desconfianças. Eles percebem que estão a ser manipulados, mesmo que não saibam analisar exatamente em quê e como. Mas sabem que não podem confiar nestas informações. Há um hiato entre a cidadania e as «lideranças», quer face aos órgãos de governo, quer aos da opinião pública.
O facto de que muita gente se desinteresse, não participe, se concentre nas coisas mais imediatas da sua vida privada, não é um fracasso do sistema. Pelo contrário, é um sucesso, é uma condição para se perpetuar.
Há algum tempo, compreendi que a não participação, a incultura cívica, são desejadas, proporcionadas pelo poder. Assim, os políticos podem clamar que tudo está «nas mãos» dos eleitores, etc. quando na realidade sabem que não é assim.

Não existe real cidadania, existe uma «massa» amorfa, que é preciso manipular (normalmente, pelo medo), levando-a a fazer aquilo que os poderosos pretendem. Assim se perpetua o poder.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

OFENSIVA CONTRA O «CASH» E CONTRA A LIBERDADE

A elite globalista costuma levar as massas ovinas ao corral, para a tosquia, dizendo coisas que as assustam. Não importa a sua lógica ou verozimilhança sequer. Mas o efeito da propaganda massiça e demonização de todas as vozes críticas tem tido o seu efeito. As ovelhas - medrosas - vão aonde a oligarquia as quer.

Vem isto a propósito da guerra feita ao «cash» ou dinheiro líquido, um pouco em todo o mundo.

Quando nos debruçámos sobre as justificações dadas pelos «opinadores» main-stream e pelas autoridades, quer na política quer nos bancos centrais, vemos que o argumento se resume ao «combate à fraude, à evasão fiscal, ao crime...». Esta lenga-lenga é destinada às pessoas apressadas e dispostas a engolir tudo. 
Elas pensam que isto nada tem de grave, não equacionam a perda de liberdade que pode ocasionar um mundo em que as trocas económicas estejam inteiramente digitalizadas. 

Não digam que isso é ignorância, pois muitas pessoas europeias são cultas, mas aceitam sem hesitações um deslize para uma sociedade onde as trocas económicas são todas digitais. O método seguido pela oligarquia aqui, na Europa, é o dos pequenos passos. 

Começaram por anunciar a retirada de denominações mais elevadas, como as notas de 500 € nesta zona do globo.
Mas, de facto, a digitalização completa da economia já está muito mais adiantada na Noruega e na Suécia, e virá a tomar conta da zona Euro, caso a cidadania não compreenda, a tempo, o que está em jogo.

Um grupo decidiu pesquisar uma eventual correlação entre o nível de criminalidade e de corrupção e  a existência ou não, de notas de elevadas quantias. 
Observou que a correlação que existe é inversa, ou seja, os países com mais altos índices de criminalidade e corrupção são aqueles em que a maior nota bancária tem um valor muito baixo (Brasil, Nigéria, África do Sul, Venezuela...) e os países que têm em circulação notas bancárias de valor mais elevado são países onde existe mais baixa criminalidade, maior segurança dos cidadãos, menores níveis de corrupção (Suíça, Singapura, Japão...). Também se aplica o mesmo quanto à evasão fiscal: os países com menos evasão fiscal têm denominações de notas mais elevadas, os países em que não existem notas com elevadas quantias são aqueles em que a evasão fiscal é maior.

Claro que ninguém gosta de negócios escuros, ou criminosos, ninguém quer que alguns fujam ao fisco, tendo a maior parte das pessoas que pagar aquilo que lhes exigem. 

Porém, a questão da eliminação das notas físicas prende-se sobretudo com outros aspectos fundamentais: 
- Se temos dinheiro físico, temos liberdade de movimentos, temos possibilidade de nos deslocar sem ter de deixar rasto, como é o caso se usamos cartões de débito (Multibanco) ou de crédito (Visa, MasterCard, etc). 
Não estou interessado que o Estado e/ou o banco onde tenho conta, saibam exatamente o que eu gastei, onde e quando. 
Não é só uma pessoa criminosa ou que deseje fugir ao fisco, que tem razões para temer esta ingerência. Também uma pessoa sem qualquer atividade criminal ou fraudulenta deve manter a confidencialidade das suas transações, deve ter direito ao sigilo do que compra e onde o compra. 
Alguém que só faça despesas por via digital pode ser seguido de perto, os seus hábitos devassados, as suas andanças cartografadas; tudo fica exposto aos olhares de uma qualquer polícia ou dos funcionários do fisco. 
Note-se que alguém pode ter as suas contas bancárias devassadas por causa de uma simples denúncia. No banco, ninguém irá dar o alarme: todos os funcionários estão proíbidos de avisar o indivíduo cuja conta está a ser investigada! 
É assim, agora, nos países ditos democráticos. 
Havendo uma deriva autoritária do governo, este nem terá que mudar nenhuma lei: já está tudo preparado.
Um indivíduo dissidente poderá ter as suas contas bloqueadas, sem apelo nem agravo, tornando a sua vida impossível. 
Isso seria menos eficaz se ele pudesse contar com dinheiro líquido (dele ou de pessoas solidárias) permitindo-lhe continuar a viver durante algum tempo. 

A existência de uma sociedade «sem cash» significa que um indivíduo poderá ser sujeito a «assassinato económico», em silêncio, sem mecanismo legal que o proteja. Estamos a deixar que se instale uma autêntica sociedade do Big Brother.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOBRE O PORQUÊ DO FRACASSO DE TODOS OS MODELOS

Na minha modesta opinião, a sociedade é sempre o espelho de si própria. 
Nesta época também, ou não se vê que o sublime e o mesquinho se confundem, o genial e o efémero são colocados lado a lado, o criativo perde toda e qualquer notoriedade e o bobo monopoliza a plateia?

Parece que estamos em pleno no reino do relativismo...

Dois textos que analisam o papel dos média, de forma diferente, mas convergente: 




(*) Interessante... só que o uso e abuso da «Liberté guidant le peuple» obriga a que eu faça uma pequena nota de roda-pé. 
Pois, é que o genial Eugène Delacroix, não era assim tão revolucionário como o célebre quadro pode fazer crer: ele simplesmente reproduziu o entusiasmo das jornadas de Julho de 1830, que depuseram um rei absolutista e entronaram um rei constitucionalista, depois de um povinho republicano ter morrido nas barricadas! É a suprema ironia, este símbolo pictórico da revolução liberal, ser obra de um burguês, realista (no pincel e nas ideias políticas), perfeitamente integrado no status-quo...

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

AFINAL, O QUE É POESIA?

Peço desculpa ao espírito de Fernando Pessoa, por utilizar, talvez de forma muito pouco fiel, a sua iluminada/iluminante abordagem do fenómeno poético, num dos seus textos em prosa. 
Creio que, segundo Pessoa, são 3 os grandes géneros de poesia, o épico, o lírico e o filosófico:

- O épico está relacionado com uma gesta coletiva, de tradição oral, mesmo se depois foi recolhida por escrito por alguém. 

- A poesia lírica tem a ver com o sentimento amoroso e todas as suas vertentes, todo o complexo de sentimentos e movimentos gerados pela paixão amorosa, no sentido mais lato. 

- A poesia filosófica, preferida de Pessoa - embora ele tenha dimensão épica na «Mensagem» e em muitos dos seus poemas esteja presente o lírico - está centrada numa reflexão, num pensar o mundo, a natureza, Deus, o homem. Mesmo quando parte de uma experiência pessoal, aspira ao geral.

domingo, 27 de novembro de 2016

CONVOCATÓRIA: MOV. PELA PAZ, 08/12/2016


Amigos, amigas!
Não se pode continuar a enterrar a cabeça na areia.
As pessoas de boa vontade têm sido sistematicamente enganadas pela máquina propagandística da média corporativa, disfarçada de «comunicação social», na realidade, propaganda.
Estão a roubar-nos - a pouco e pouco - os nossos espaços de liberdade, a nossa possibilidade de expressão livre. Já não podemos exprimir a nossa opinião em muitos locais, sem risco de sermos censurados, de sermos considerados «terroristas» ou outra etiqueta infamante, porque o poder já não suporta ser confrontado com a verdade, com aquilo que ele é...
As pessoas podem continuar a fazer os seus projetos - nos quais encontram razões para viver, para lutar, para serem ativas - e isso é muito bom e positivo. No entanto, é menos bom e positivo que andem completamente dissociadas das lutas mais gerais e mais decisivas. Se desistem de lutar, serão fatalmente derrotadas, já estão sendo derrotadas, agora.
Mas há esperança de se fazer algo positivo se quiserem, se considerarem - como nós consideramos - que já chegou o momento de dizer «basta!»
 Propomos nos reunir, em breve, no âmbito do Movimento pela paz, para delinearmos estratégias, que não conflituam de modo nenhum com vossas e nossas prioridades, mas que quebrem a apatia das pessoas que são o alvo deste trágico resvalar para uma sociedade totalitária global.
Assim, no dia 8 de Dezembro,  pelas 18H00um feriado em Portugal que assinala o «dia das forças armadas», iremos realizar uma nova Assembleia do Movimento pela paz  nas instalações da Fábrica de Alternativas,  para refletir sobre os caminhos do anti-militarismo, da paz, da resposta cidadã à tentativa globalista de instaurar uma «ordem» mundial, com um governo único, uma moeda única, um poderio militar sob comando único...

Contamos com a tua presença e participação ativa.

Saudações de paz