Se quiser saber porque uma boa parte da Humanidade considera que os EUA é governado por loucos senis (tanto Trump como Biden), leia o seguinte artigo de Philip Giraldi! https://www.unz.com/pgiraldi/in-america-its-another-week-to-be-proud-of/

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Poesia: «TUDO...»

        Tudo*…


                    … Nasce, cresce e morre;
Se transforma,
Se vai escoando, se vai esvaindo
Se vai crescendo, se vai desenvolvendo
Se vai… …
… E tu, pra onde vais?
Tu, alma desvalida
Feres onde, vida?
Vives onde, ferida?
Do chão até às nuvens
Clamam vidas
Em seus quatro sentidos
Na água também,
Que é túmulo e fonte de Ti,

- Ó Vida!

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      (*)            Este poema, retirado de «Arqueologia», um pequeno ciclo de poemas escritos em meados dos anos oitenta, está bem dentro da forma de pensar e sentir que tinha nessa época. Continuo a perfilhar a mesma visão cósmica. Porém, não escreveria hoje desta maneira.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

SARAH VAUGHAN - CLOSE TO YOU



Não é fácil escolher uma canção para começar o ano, uma canção bela e simples, que nos entra no ouvido... A divina Sarah tem montes delas! 
Eu apenas aconselho que cada um se sirva desta coleção e que escolha a que se adapta melhor ao seu temperamento...                          

Seja qual for a escolha de meus leitores, que ela sirva para nos reconciliar través da beleza do mundo, dos seres humanos, da música, quer seja a dita «popular» ou «erudita», tanto faz.

Um ano de 2017 pleno de paz e amor!





domingo, 1 de janeiro de 2017

SHANTI MANTRA por RAVI SHANKAR & GEORGE HARRISON



Om, May we all be protected May we all be nourished May we work together with great energy May our intellect be sharpened (may our study be effective) Let there be no Animosity amongst us Om, let there be peace (in me), let there be peace (in nature), let there be peace (in divine forces).

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

PREVISÕES PARA 2017: geo-estratégia, economia, política

A Terra vai continuar a girar em torno do Sol, mas tudo resto que se passa neste mundo é sujeito a mudança. Não existe ciência certa, além da matemática e o critério de verdade desta será sempre referido a um sistema axiomático.
Noutro patamar, temos as ciências ditas «naturais» que proclamam «leis», mas que apenas estão ao nível de hipóteses ainda não invalidadas e admitidas como boas pela comunidade científica, porque nos confortam na nossa visão do mundo, porque não entram em contradição com o que sabemos ou julgamos saber.
Quanto às ciências humanas, estas têm um estatuto de cientificidade muito diferente pois - embora possam empregar técnicas e métodos das ciências ditas «duras» - na sua especificidade, carecem de uma metodologia inquestionável, havendo portanto lugar para todas as apropriações e derivas. Já me referi por extenso à Economia, tida como «ciência rigorosa», apenas para melhor vender a visão dum mundo neoliberal (Ver artigo: «A Grande Ilusão», no meu blogue).

Sabendo quão falíveis são as previsões, não abdico porém de olhar e de ver o que teremos coletivamente de enfrentar em 2017:
Antevejo desde já um perigo notório, o de uma escalada nas relações entre grandes potências nucleares, EUA, China e Rússia. A tensão advém principalmente do facto de que os EUA não se resignam a abandonar o papel de potência hegemónica, sendo esta a profunda causa das guerras lançadas pelos EUA, nas primeiras décadas deste século. 
Os EUA estão a perder influência a olhos vistos, do ponto de vista estritamente militar, apesar da sua postura agressiva, sozinhos ou usando a NATO. 
Mas, sobretudo ao nível económico e geoestratégico, com a mudança dum grande eixo de desenvolvimento: deixou de ser o eixo Atlântico, para ser claramente o eixo que vai do Pacífico, pela Ásia central, até ao oriente do Mediterrâneo.  
Além dos países deste eixo, cerca de 60 países aderiram a uma organização nova, misto Banco Mundial/ novo FMI, não controlados pelos EUA, antes pela China e outros seus aliados. Trata-se de um banco destinado a financiar infra-estruturas em todo o mundo. 

Ao nível financeiro, Wall Street, a City de Londres e Frankfurt têm os seus dias contados: o sistema do petro-dollar está a desfazer-se diante dos nossos olhos. É significativo que a Arábia Saudita se entenda com a Rússia, sem pedir licença a Washington, para limitar a produção e fazer aumentar o preço do crude nos mercados internacionais.

Estou um bocado inquieto pelo facto de o Estado profundo, tanto nos EUA como em países da NATO, estar decidido a desencadear uma confrontação armada com os seus competidores. 
Na verdade, a guerra já existe, se considerarmos a corrida aos armamentos, iniciada e acentuada pelos EUA, que renegaram os acordos dos mísseis antibalísticos, firmados por Reagan e Gorbatchov, aumentando a despesa com armamento, actualizando o arsenal nuclear com bombas chamadas «tácticas», etc. 
A guerra já existe, se considerarmos o regime de sanções económicas e diplomáticas contra da Rússia, a pretexto da «invasão» da Crimeia, episódio que, na verdade, correspondeu a um processo democrático de escolha do seu povo (maioria de russos étnicos; cerca de 70%) para reintegrar a nação Russa, à qual pertenceu desde o século XVIII até que nos anos 50 do século XX, Krutchev decidiu «oferecer» esta península à Ucrânia, então uma das Repúblicas Soviéticas. 

Muitos ataques de falsa bandeira foram realizados em solo europeu, no ano que passou, claramente servindo-se de elementos djihadistas que, consciente ou inconscientemente, se deixam instrumentalizar pelos serviços secretos para cometer os seus atentados terroristas. 
Uma indicação segura de que assim é: os serviços especiais de polícia, com atiradores de elite, matam sempre os terroristas, seja qual for a circunstância em que se dá a perseguição e cerco. 
Não querem que eles se tornem incómodos num processo, dando indicações precisas sobre quem encomendou os actos terroristas. Pois bem, se as polícias tivessem como objectivo neutralizar mas capturar com vida os terroristas, isto seria indicação de que os poderes políticos - que controlam as polícias- desejam obter informações sobre as tais redes terroristas. Mas não querem, pois sabem muito bem que são meros instrumentos ao serviço dos globalistas.

Quantas mortes mais por actos terroristas ou por crimes de guerra e quantos mais países arruinados veremos no futuro próximo?
- Não se pode saber. Mas é bem possível que a situação mude um bocado, caso a liderança colectiva que no fundo dirige o governo Trump adopte uma visão estratégica global multipolar, com uns EUA deixando de tentar fazer de «polícia mundial». 
Apenas observando os actos da nova administração nós poderemos saber. A retórica não nos diz nada pois, como sabemos, é destinada a enfeitar discursos e convencer os ingénuos das boas intenções de quem governa.

Na Europa a descida do Euro aos infernos vai continuar, vai haver uma rotura em várias dimensões, como já se verificou neste ano que acaba, mas agora no interior de cada país, também; a instabilidade política e institucional vai crescer, à medida que a crise económica se agrava.

Em termos gerais, não haverá crescimento da economia mundial; haverá uma retracção, com vários países periféricos a sofrerem severamente, principalmente os exportadores de matérias-primas. 
Os países do extremo-oriente, China, Japão e Coreia irão experimentar dificuldades muito grandes, devido ao aprofundamento da crise das zonas para onde tradicionalmente exportam.

No plano financeiro global, a subida dos juros dos bonds do tesouro americano pode atingir ou ultrapassar os 3%: isso vai trazer consigo inúmeras falências e o esvaziamento das bolhas especulativas nas bolsas de acções e no imobiliário; pelo contrário, haverá uma subida dos metais preciosos e uma descida dos metais e matérias-primas industriais.

A mudança na Europa será - em geral - no sentido do extremo conservadorismo, nacionalismo e xenofobia, a par duma total dissociação da maioria das pessoas em relação aos que - supostamente - os «representam». 
A chamada democracia representativa continuará em crise e isso é desejado pelos oligarcas, pois assim podem fabricar um «consenso» manipulando os média, controlados pelos grandes grupos. Haverá um acentuar da tendência de criminalizar a dissidência sob todas as formas. 

Se o quadro é sombrio, não é porém sem esperanças, pois existe consciência cada vez maior - em particular na juventude - de que o sistema instaurado não se destina a servir os cidadãos e que terá de ser a própria população a tomar nas mãos o seu destino.

  


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

NÃO ESCOLHO EFEMÉRIDES POR FASTIO...


Pessoa vive, na singela representação e dicção do saudoso Mário Viegas.

Pessoa vive, passado um século, com todo o seu cortejo de heterónimos, semi-heterónimos e até os vários Pessoa ortónimos, o nosso poeta mais cosmopolita e mais português, mais espontâneo e mais reflectido, a contradição encarnando a não-materialidade da poesia, a espiritualidade da Natureza, a Divindade do Verbo. 
Gostava que Pessoa descesse em 2017, numa manhã brumosa, à Baixa que ele conhecia como a palma da sua mão, e nos viesse fazer afinal o retrato deste povo sonhado antes que vivido, sempre pronto para partir, e sempre saudoso de ter partido...

Escrevi esta homenagem em 1985, ano em que houve um congresso internacional pessoano, que significou a consagração na Europa e no Mundo de um poeta português e universal. A minha homenagem, nesse tempo ou hoje, é a de um menino que deposita um ramo de flores campestres (açucenas?) aos pés da estátua de bronze.



                                   SINAIS*
     HOMENAGEM A FERNANDO PESSOA   
                  
 (* texto inédito, in ESTÓRIAS DE ESTAR E DE SER- 1985)  

Os sinos da tua aldeia do Largo de S. Carlos ouviam-se e não te restava outro remédio senão o de escrever.

-          O corpo complexo esvai-se de raiva quando o fogo retira o canto


-          O segredo não se resolve na poça em torno do menino deitado... Sabe-se lá se dormindo ou sonhando, pois seus olhos vazios azuis fitam o azul.

-          Não queria tornar a descer o rio do silêncio e, por isso, todas as portas cercadas de palmas eram refúgio ou ancoradoiro do vapor da Real Companhia Britânica.

-          E... porém há sempre uma esperança feita de estrelas, coroando a fronte de Ti em odes mordidas e rasgadas no ventre

-          Não guardei rancor às ovelhas que desciam o monte em manhãs de neblina ...
... Os cais socorriam o meu andar funâmbulo como se fossem ignorantes do morticínio das baleias

-          Há sempre um além .. o que não fica inscrito no momento ... o que sonhamos para nunca atingir ... o que pesa, soturno, os contornos de Aurora.

-          “Bum! Truz! Catrapuz!”
“Sou eu, o Gigante Adamastor! Sou eu, o Novo redentor da Pátria!
Hei de varrer as cobardias que enlutam as Quinas da Bandeira, ó única mortalha virginal!
Fujam aves de bico longo! Fujam!
Deixem-me mover a rápida locomotiva em perseguição do Século!

-          “Deixei o tabaco sobre a mesa, repare, não tanto por esquecimento, mas antes
      como marca ou sinal do fumo que me contém!”

....

E, todavia …

                 “I know not what tomorrow will bring” (**)

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(**últimas palavras de Fernando Pessoa, no leito de morte...)


domingo, 25 de dezembro de 2016

TESTEMUNHOS DE UM PASSADO LONGÍNQUO

Sonhei, há alguns anos, que visitava povos da civilização megalítica. Este sonho fez-me pensar intensamente. 

Cheguei à conclusão de que a civilização mundial de hoje, que se constroí pacientemente, apesar dos brutais recuos episódicos ... resulta afinal da gesta dos nossos antepassados, da distante civilização megalítica, que ergueram os dolmens, menhirs e outros monumentos, que cobrem uma vasta extensão de território, desde os brumosos recantos da Irlanda e da Escócia até aos territórios do Extremo-oriente. 

Tive consciência clara desta realidade ao deparar-me, alguns anos depois, com os monumentos da civilização megalítica na Coreia


Esta península mágica preserva ciosamente os vestígios dum tesouro de sabedoria. 


                                          
                                                  Círculo de Menhires em Portugal, Évora

                                           
                                                        Dólmen numa ilha da Coreia

                                       
                              Monumento funerário, Normandia, França

A ciência megalítica dos povos euroasiáticos é igualmente a ciência dos astros, da verdadeira comunhão universal. 
Sabiam alinhar as pedras pelos solstícios, conheciam técnicas para transportar imensos blocos a grandes distâncias. 
Tinham uma devoção profunda, como se pode inferir pelo trabalho árduo, oferecido à Divindade, para erguer seus templos e outros locais de culto...

Pensei que, estudando e divulgando esta civilização megalítica, verdadeiramente transcontinental, iria abrir a compreensão de que, sem anular as variadas culturas, existe uma grande unidade na imensidão do espaço continental Euro-Ásia. A tomada de consciência destes factos poderia facilitar um horizonte de paz, de abundância e de trocas frutíferas entre povos. Se isso ocorreu há 3000 ou mais anos atrás, por que não agora?

A civilização megalítica partilhava as mesmas tecnologias da pedra e do metal em toda a extensão do Continente Euro-Asiático. Os mesmos processos técnicos resultaram em formas notavelmente semelhantes. 

Existem diferenças culturais nas decorações, mas são pouco relevantes para o nosso olhar de hoje. Não existem diferenças notáveis entre muitos artefactos da mesma época, recolhidos nas margens do Atlântico ou do Pacífico

Trata-se de um contínuo étnico, cultural: tal é o sentido da existência de obvias semelhanças nos monumentos ou utensílios produzidos na mesma época e separados por dezenas de milhares de quilómetros!

- Então, como foi possível, na ausência de meios seguros e rápidos de comunicação, estabelecer-se tal unidade? 

A transmissão cultural é muito rápida e vários fatores podem ter sido propícios: Houve grandes migrações dentro do continente Euroasiático.  Nota-se a existência de um corpo de mitologias comuns, ou interconectadas. Verifica-se uma transmissão célere tanto dos saberes técnicos, como de crenças religiosas. 
Os mitos e as narrativas heroicas, as tradições orais, as línguas, os Deuses e seus atributos, são muito semelhantes e não podem ser fruto do acaso. Têm de resultar de tradições comuns ou afins, que se foram cristalizando em cultos, ciclos épicos, lendas, em práticas e ritos... Estas diversas manifestações de cultura dos povos têm tal ar de parentesco que não podem ser devidas a uma «convergência evolutiva». 
É muito mais sensato postular uma origem comum, pois não se trata de escassas coincidências pontuais; as culturas que brotaram nos espaços euro-asiáticos foram realmente todas descendentes do mesmo substrato, da civilização megalítica.
  
As sociedades desse tempo tinham uma densidade populacional fraca; quaisquer humanos que surgissem no seu território, se tivessem intenções pacíficas, como o comércio, eram bem-vindos.

Penso que o Continente Euroasiático é uno, não apenas em termos físicos, mas também de geografia humana. As montanhas dos Urais não constituem um verdadeiro obstáculo às migrações. Na Eurásia existem povos muito diversos, mas um elo ténue une os seus povos, de um extremo ao outro; ele existiu no passado e continua no presente, nunca se quebrou. 
A emergência de Estados e de impérios, impostos pela violência, veio ofuscar - transitoriamente- esta profunda unidade cultural.  

Porém, agora podemos viajar pelo vasto mundo, podemos nos maravilhar e nos reencontrar, numa escala nunca antes sonhada. 

Devemos celebrar este feito, mas não atribuí-lo ao «globalismo», que é uma ideologia. O respeito pela diversidade cultural é o contrário dele. O globalismo é destruidor da diversidade dos povos e das culturas, é a imposição dum modelo cultural único.

O meu voto para 2017 é que a luz do espírito e da fraternidade dos povos seja capaz de superar as forças da destruição e obscurantismo.