Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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domingo, 12 de maio de 2019

TRUMP JÁ PERDEU A GUERRA COMERCIAL COM A CHINA


                                 O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita na mesa), e o presidente da China, Xi Jinping, durante encontro da cúpula do G20 em Buenos Aires — Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Agora mesmo começou e já estou a anunciar a derrota, mais que certa, desta guerra de tarifas (comerciais) entre o maior exportador de bens manufacturados (a China) e o maior importador dos mesmos (os EUA). 
É que o presidente dos EUA está rodeado de conselheiros tão patéticos como Bolton e Pompeo, que pensam que intimidando tudo e todos com sanções, conseguem manter a hegemonia e, sobretudo, esta traduz-se pelo famoso petro-dólar. 
Mas, cada vez mais, o dólar deixa de ser uma reserva indispensável, à medida que se expande a rede de trocas «win-win» entre a China e um número considerável de parceiros, nas famosas Novas Rotas da Seda. 
As nações não são muito diferentes de cada pessoa individual, pelo menos no que toca a cálculo de vantagens e inconvenientes: 
Se tivesse uma oferta de negócio sólido, em que tivesse boa probabilidade de tirar vantagens concretas, acompanhado pela anulação das suas dívidas, sem o risco de vir a perder algo essencial, como a casa onde vive, o que faria? 
- Muitos países endividados, mantidos num estado de infraestruturas muito deficiente, têm agora a possibilidade de desenvolver projectos de vias de comunicação, rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aéreas. 
Estes países têm possibilidade de obter créditos em dólares. Estes empréstimos da China, são também uma boa jogada para ela se ver livre do excedente em dólares (mais de um trilião) que tem vindo a acumular. Assim ela coloca esses dólares à disposição dos referidos países. Estes podem pagar-lhe de volta em yuan, ou noutra divisa  com circulação internacional ou através de fornecimento de matérias-primas. 
Haverá portanto uma parte do mundo, que será cada vez mais a esfera do yuan; a guerra comercial apenas vai acelerar o processo.
Por outro lado, são o povo e os negócios americanos que serão prejudicados:
- irão sofrer a aceleração da inflação, sabendo-se que os actuais valores de inflação apregoados pelo governo e media corporativa são falsos.
- irão sofrer por não conseguirem escoar certos produtos e matérias-primas: Os agricultores do Mid West, já não conseguem escoar a sua soja e outras produções para o seu comprador tradicional (entretanto, a China passou a comprar ao Brasil). A China também deixou de ser cliente do petróleo resultante de fracking, vai abastecer-se noutros mercados, incluindo o iraniano. Perante isto, os ultra-imperialistas de Washington não poderão fazer nada.

Curiosamente, a China é agora como as grandes potências industriais de meados do século XIX, que eram produtoras e exportadoras de produtos manufacturados para os país pobres e periféricos. 
Quem está na posição dos países fracos, agora, são os orgulhosos países industrializados do Ocidente, durante o século XIX, os EUA, a Grã-Bretanha, a França... 
Estupidamente, desindustrializaram-se e agora não conseguem ser autónomos para muitos produtos industriais, electrónica, informática, robótica, etc (que têm de comprar no extremo-oriente) e também não possuem - dentro de fronteiras - a capacidade de produzir alimentos em quantidade e diversidade necessárias para nutrir a sua população. 
Quanto à energia, embora a Grã-Bretanha possua algum petróleo e gás natural, essa fonte (do mar do Norte) está a diminuir acentuadamente. Os Estados Unidos, com a indústria do fracking, por agora conseguem ser autónomos, mas este processo é extremamente prejudicial em termos ambientais e deixa de ser rentável se o petróleo for a um preço demasiado baixo, durante um certo tempo (o limite de sustentabilidade seria 75 $ por barril, segundo especialistas).

O mais estranho disto tudo, é que os conselheiros da Casa Branca pensam que o jogo das trocas comerciais é um jogo em que «eles ganham e nós perdemos» ou vice-versa! 
Não, o jogo do comércio é logicamente um jogo «win-win», pois os que compram, ou os que vendem, fazem-no porque têm vantagens ao fazê-lo: o «perdedor ou vencedor», numa troca comercial normal, simplesmente não existe, pois a mercadoria -ou o serviço- foi transaccionada por uma soma  apropriada, por ambas as partes, caso contrário, não aconteceria. 
Isto é a norma das trocas, tanto ao nível dos indivíduos, como de grandes compras e vendas entre países. 

São pessoas embriagadas de poder, que estão a causar um prejuízo enorme no mercado mundial, fazendo com que vários países estejam já a sofrer consequências. Por exemplo: se determinada matéria-prima é fundamental para fabricar um produto industrial; se houver uma diminuição significativa da procura desse produto, também - a montante - a procura dessa matéria-prima será menor.
Todos os países, mas - em especial - os países mais fracos, serão afectados pela diminuição do comércio mundial. 
Oxalá que as contradições se avolumem, de tal maneira que, o próprio povo dos EUA ponha um termo a esta política de brutalidade arrogante e primária.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

NUM CONTEXTO DE CRISE, O OURO SERÁ DE NOVO MONETIZADO

Durante cerca de 5000 anos, o ouro e a prata foram usados como metais monetários. Além disso, também eram usados em joalharia. 
O único período em que os metais ouro e prata foram desmonetizados corresponde à janela estreita temporal, em termos históricos: desde que Nixon, em 1971, decidiu unilateralmente  e «provisoriamente» cancelar a convertibilidade do dólar em ouro, conforme constava dos acordos de Bretton Woods (1944)... até hoje! 
Num intervalo de tempo de mais de 40 anos, o ouro (e a prata) tem sido relegado ao papel de matéria-prima. Curiosamente, neste mesmo espaço de tempo largo, o ouro tem-se comportado como o melhor investimento, ultrapassando os índices de acções (Dow Jones, Nasdaq, etc...). Além disso, o dólar está constantemente a desvalorizar-se em relação ao ouro: estava a 35 dólares a onça de ouro, em 1971; agora, ronda os 1250 dólares.

Aproxima-se uma outra grande crise que, segundo muitos analistas dos mercados, fará com que a crise de 2008 se pareça com «um passeio no parque», não apenas em termos de destruição de capital, como de vidas e de capacidades produtivas... 
Os grandes bancos e os fundos que gerem as fortunas dos bilionários, já se estão - há muito tempo - a precaver, comprando ouro o mais barato possível, em grandes quantidades. 
Os bancos centrais, sobretudo dos países do Oriente, estão a fazer o mesmo. 

                  

               

O BIS (o banco internacional que funciona como entidade reguladora da actividade dos bancos centrais no mundo inteiro) já tinha instaurado de novo o papel do ouro, através das regras ditas de «Basel III» (O referido BIS tem sede em Basel = Basileia, na Suíça).


    Gold: Zero-Risk Monetary Asset | Bank of International Settlements

Mas, para que os grandes bancos possam adaptar-se a essas regras, elas são postas em prática 6-7 anos após terem sido acordadas. Basel III está plenamente em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2019. 

Com estas novas regras, o ouro é de novo monetizado, em certa medida, visto que passará a poder ser parte das reservas próprias dos bancos, ao mesmo nível que obrigações do tesouro (treasury bonds) e dinheiro líquido (cash), o que se designa por «Tier 1» ou seja, activos com risco zero (1) ... 
Num sistema em que os bancos podem emprestar apenas numa certa percentagem dos activos que possuem em reserva, a inclusão do ouro nestes activos, contabilizado para esse fim, terá - com certeza - efeitos a longo prazo, tanto no comportamento dos bancos em relação ao ouro, como na própria cotação do ouro, que deverá subir consideravelmente.

Não se admirem que estes factos não estejam nas primeiras páginas dos jornais económicos: sem essa discrição, os bancos e negócios teriam de pagar muito mais caro pelo ouro.  

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