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sábado, 4 de junho de 2022

DEMOCRACIA NÃO É «LOBBYISMO»

 


Estou agora a ler um livro sobre política: chama-se «Red Handed» (de Peter Schweizer) e mostra como as elites do dinheiro e do poder nos EUA, se entrelaçam com os interesses das hierarquias «comunistas» de Pequim. Explica-nos quando e como são montadas sociedades, grupos, joint-ventures, comités, etc. destinados a corromper figuras como Joe Biden, Dianne Feinstein, Nancy Pelosi, Mich McConnell e muitos outros. É evidente que este tipo de captura, para servir interesses de determinados grupos, países ou indústrias é um facto generalizado e aceite como «trivial», faz parte dos costumes políticos nos EUA.
Este método de exercer pressão sobre políticos no poder, através de lobbies, tem muito maior eficácia do que advogar as mesmas ideias, ou soluções, junto dos eleitores. De facto, a maneira tradicional de fazer política, que passa por seduzir os eleitores e mobilizá-los em torno de ideias, slogans, ideologias, para votarem em pessoas, supostamente capazes de as concretizar, é uma falsidade em si mesma. Para fazer esta política eleiçoeira, os candidatos vão tudo prometer, para obter o máximo de votos, sendo certo que a partir do momento em que cheguem ao poder, o «realismo político» impõe-lhes fazerem «compromissos», ou até «viragens de 180º», em relação às promessas eleitorais.
Mas, a política «por lobbies» vai mais além: serve-se de demagogia eleiçoeira, mas desenvolve-se num quadro de compromisso secreto/subordinação com altas esferas dos negócios. Quanto mais poderosos forem os financiadores, maior capacidade terão de corromper.
Os políticos, mesmo que comecem por ser generosos e idealistas, caem depressa nas malhas de redes de interesses entrecruzados. Chegam a cair em armadilhas, que permitem serem chantageados a preceito. Não tenho compaixão por eles/elas, porém: Estão conscientes do jogo e jogam-no. Não o fazem por idealismo mas, porque terão poder e fortuna. Se não se rebelarem, se servirem bem os interesses da oligarquia, poderão tornar-se membros da casta dos multimilionários.
Eu estou certo que este modelo está espalhado por todo o globo, obviamente também em países onde existam ditaduras: O livro acima mencionado, não deixa a mínima dúvida (com múltiplas provas) de que o poder, em Pequim, segue caminhos análogos. A única diferença, é que não é apenas o poderio do dinheiro que conta, mas a combinação deste com a posição hierárquica dentro do Partido Comunista da China.
O que as pessoas mal informadas não percebem, é que não existe qualquer superioridade moral das chamadas democracias do Ocidente. Não são menos corruptas, que os chamados regimes autocráticos ou totalitários: Na verdade, a vontade popular é posta de lado, a única «concessão», são as eleições. Porém, nestas, os candidatos não são os nossos: Eles já foram capturados previamente, por uma série de lobbies. Sem isso - sem esses grupos de interesses - não teriam exposição mediática, apoios financeiros, ou cumplicidades dos que também querem uma fatia do bolo do poder.
Uma questão política de fundo, no contexto das democracias ocidentais é a de saber-se como as pessoas se podem autoeducar, como se podem descolar duma visão ingénua, que é resultante da propaganda que se despeja sobre elas. Isso implica um sentido crítico elementar, um distanciamento. Mas as pessoas continuam a aderir aos discursos, às narrativas, da media mainstream.
Para haver uma democracia genuína, sem aspas, a condição elementar é as pessoas estarem esclarecidas e atentas às ações de governantes e parlamentares. Só assim poderão fazer escolhas, realmente. Só nestas circunstâncias haverá expressão da sua vontade. Só havendo uma educação política real, poderá existir democracia. Como este mecanismo foi sabotado, negado, eliminado, temos apenas «ficções de democracia».
A realidade é que os Estados são governados por uma aristocracia do dinheiro, usando «homens e mulheres de palha», que se prestam a fazer esse jogo de simulação. Este processo fraudulento é que permite explicar por que razão nos países ocidentais, pode haver uma liberdade aparente, mas - na verdade - estamos em ditadura totalitária «soft». Que haja outros países também em ditadura, soft ou hard, não impede que as pessoas no Ocidente sejam enganadas e espoliadas. Em especial, é-lhes negado o direito de participar e decidir sobre o rumo do seu país:
- Se a soberania reside no povo, isso não se nota. Então, é porque foi confiscada pela casta no poder!