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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

MERCADO DE OBRIGAÇÕES SOBERANAS = ESQUEMA DE PONZI PLANETÁRIO

                

Para as pessoas não embrenhadas nas subtilezas dos mercados financeiros mundiais, a diminuição constante das taxas de juro das obrigações, nomeadamente as que são emitidas pelos Estados (obrigações «soberanas» ou «do tesouro»), pode parecer misteriosa(*). De facto, a media convencional faz tudo para ocultar a realidade, admitindo que os jornalistas económicos tenham um acesso, pelo menos igual ao meu, à informação sobre estas questões.



A explicação que é dada - normalmente - prende-se com o «relançar da economia». Com efeito, segundo o esquema clássico, um investimento em obrigações (a taxa fixa durante um certo número de anos) terá um retorno inferior ao investimento do capital num mercado mais dinâmico, como o das acções cotadas em bolsa. Em termos de rendibilidade /segurança, os investidores que tiverem um apetite maior para o risco, irão escolher investimentos com maior rendibilidade (as acções), em detrimento dos que ofereçam maior segurança (as obrigações). Se o ambiente económico geral é de optimismo, haverá maior tendência para os investimentos com maior risco, o inverso se passando quando se entra em recessão, ou quando a economia abranda e se perfila uma recessão no horizonte.

Se aceitamos a lógica tradicional, então esta descida constante das taxas de juro das obrigações soberanas, em paralelo com a subida das bolsas, seria sinal de que «tudo vai pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis».
Porém, o mercado das obrigações soberanas, como todos os mercados financeiros hoje em dia, sofre distorções, está viciado, é um jogo em que Estados, os bancos centrais e a grande banca exercem uma pressão constante.
Hoje sabemos que os bancos centrais de muitos países (cerca de 30), retomaram o caminho de «quantitive easing», ou seja, de fornecer dinheiro (aos bancos comerciais) em grande quantidade.
O banco central americano - a «FED» - tem estado ultimamente a fornecer 60 a 75 biliões (segundo Jeff Berwick, o montante diário é de $160 biliões) aos bancos comerciais, para que não «seque» o mercado inter-bancário de empréstimos a curto prazo («overnight lending»).
Este afluxo de dinheiro fresco é obtido pela compra de activos financeiros, que os bancos possuem em reserva, nomeadamente obrigações do tesouro desses mesmos países. Os bancos dos EUA terão uma grande quantidade de reservas sob forma de obrigações do tesouro americano, o banco central europeu e os bancos comerciais da zona-euro, têm uma percentagem elevada de obrigações do tesouro dos países membros da zona-euro, etc. Portanto, havendo procura elevada, mantida pela compra constante dos bancos centrais destas obrigações, os respectivos juros vão diminuir. Isto deve-se ao facto dos portadores de obrigações ficarem com uma maior garantia de que conseguirão facilmente vendê-las, havendo sempre compradores, quanto mais não seja, os bancos centrais.
Chega-se a um ponto em que a procura de obrigações soberanas aumenta, por parte de investidores particulares e institucionais, devido às incertezas da economia.
Nesta altura, aquelas obrigações são percebidas como investimento-refúgio, não são adquiridas com o objectivo de obter lucro, mas de garantir o capital. As obrigações começam a ter uma remuneração muito baixa, abaixo da taxa de inflação do país de emissão, para atingir, depois, uma taxa negativa: ou seja, chega-se à situação dos investidores comprarem obrigações, por exemplo, 1000 euros a dez anos, com a certeza de que, após dez anos, irão recuperar 998 euros.
Em artigo anterior, já tinha explicado como é que o mecanismo destas obrigações com juros negativos, se instalou: a incerteza dos actores institucionais, em relação aos mercados, a incerteza quanto à continuidade no longo prazo do Euro, tem levado a que as obrigações soberanas alemãs (e outras) sejam compradas com taxas de juro negativas. Com efeito, o marco alemão, no qual seria pago de volta o capital investido nas obrigações, no caso dum rebentamento da zona euro, seria cotado - segundo várias estimativas - muito acima (cerca de 20% acima, segundo alguns) do valor do euro, nessa altura.
Mas o investidor particular, que faz o cálculo e avaliação acima descritos, não pode ser responsável exclusivo da enorme quantidade de dinheiro aplicado em obrigações com rendimento negativo que existem hoje, ao nível mundial (cerca de 14 triliões de dólares).
Os diversos investidores institucionais são obrigados, pelas regras em vigor dos seus países, no que respeita à estrutura das suas reservas, a deter significativa percentagem de activos em «valores seguros».
Nestes, estão incluídas as obrigações do tesouro, nomeadamente, dos países onde estas instituições estejam sediadas. Tais imposições legais na estrutura dos activos detidos em reserva, dizem respeito a bancos comerciais, a fundos de pensões, a fundos das seguradoras, etc.
Nos EUA e noutros países, os governos têm estado cronicamente a pedir emprestado mais do que recebem sob forma de impostos. O resultado, é um crescimento da dívida soberana, ao longo dos anos. Com o aumento da dívida, dá-se o aumento dos juros da mesma, que tem de estar incluído nas contas dos orçamentos dos respectivos Estados. Se parte significativa do orçamento é destinada a pagar juros, estas somas não vão ser canalizadas para outros fins, investimentos - directa ou indirectamente - produtivos (e, portanto, não poderão gerar receitas de impostos).
Esta espiral descendente não pode prosseguir de modo indefinido: o dinheiro que é necessário subtrair para pagar os juros da dívida torna-se incomportável para a economia desses países.
Os Estados têm interesse em que baixem os juros da sua dívida soberana, pois assim podem liquidar com dinheiro recém-emprestado, as dívidas antigas, pagando juros mais elevados: por exemplo, se obtiverem um novo empréstimo com juro de 2%, poderão, com esse dinheiro, liquidar dívida que tinha um juro de 4%.
Mas, se este movimento descendente dos juros alivia as contas dos Estados, do ponto de vista da poupança, ele é lesivo. As taxas de juro dos depósitos e dos fundos de poupança estão indexadas à taxa de juro das obrigações soberanas. Se o juro da dívida pública diminui, a remuneração do dinheiro, mantido nas contas a prazo, irá diminuir, mais ou menos na mesma proporção. Os particulares e os investidores institucionais são induzidos a procurar maior rendibilidade do capital, investindo em fundos especulativos, portanto com muito maior risco associado.
Mas, o pior de tudo é o comportamento de risco, induzido nos investidores institucionais: observa-se o aumento do risco, na procura de maior rendimento na Segurança Social pública, ou nos fundos de pensões privados, pois estas instituições têm uma pressão muito grande pelo aumento de pessoas que atingem a idade da reforma, enquanto devido ao desemprego elevado e à baixa natalidade, há cada vez menos pessoas a descontar para estes fundos. Isto significa que a bolsa e os mercados de derivados vão ser áreas financeiras com maior peso destes grandes investidores, como forma de manterem os pagamentos das reformas presentes e futuras, a que estão obrigados.
Devido a isto, quer os fundos de pensões públicos, quer os privados, estão demasiado expostos; corre-se o risco das pensões não serem pagas, por falência. Já ocorreram situações destas em fundos de empresas (privados) e públicos (fundos municipais e outros) nos EUA. Numa eventualidade de crise severa, os sistemas público e privado de pensões irão à falência, nos países de economia de mercado.
A diminuição das taxas de juro da dívida pública, sendo um «alívio» para as finanças públicas, por um lado, por outro é uma catástrofe em perspectiva (cuja dimensão se vai avolumando com o tempo) para as instituições que são garantes das nossas pensões ...
Existe portanto uma contradição insanável entre o interesse da generalidade das pessoas (os pensionistas de hoje e os de amanhã) e o interesse dos que governam os Estados. Estes, são entidades orientadas pela classe política, essencialmente, para ela própria se manter no poder. «Custe o que custar» e «depois de mim, venha o dilúvio» são estes os motes que norteiam a classe política. Evidentemente, ela não diz isso ao seu eleitor!
O esquema de redução da dívida, por redução das taxas de juro das obrigações soberanas, tem sido praticado por todos os Estados europeus sobre-endividados graças ao BCE. São realmente muito poucos, os que não têm precisado de pedir dinheiro emprestado.
Se os empréstimos fossem destinados ao investimento produtivo, o lançamento de dívida pública não seria um problema, desde que a rendibilidade dos investimentos públicos fosse garantida, dentro de um certo prazo. Neste caso, as dívidas contraídas seriam pagas pelo acréscimo de receitas em impostos, em consequência do maior desenvolvimento económico. Porém, não é nada disto que se passa, na generalidade dos casos.
- Em muitos casos, trata-se de cobrir despesas do próprio serviço da dívida, os juros e o capital em dívida, com o novo empréstimo contraído, o que significa - ao fim de certo tempo - uma acumulação incomportável de dívida e de juros.
- Muitos governos lançam programas ambiciosos, mas sem sustentabilidade, para agradar aos eleitores. Depois, têm de cobrir os défices do orçamento com mais empréstimos.
- Noutros casos, «têm de» socorrer instituições bancárias ou outras, que entram em incumprimento. Os governos preferem ter perdas severas, a terem de gerir a situação de bancarrota de um banco, causando pânico generalizado. Por exemplo, tal foi o caso em Portugal, com a falência do BES [Banco Espírito Santo] e de vários outros bancos...
Quando as dívidas públicas e privadas se acumulam de forma exponencial, os Estados e respectivos bancos centrais emitem mais moeda, para «pagar» a dívida, arriscando deste modo fazer disparar a espiral da inflação. Desta maneira, estão a diluir o poder de compra da divisa, ou seja, o seu valor real. É assim que ocorre a perda do poder de compra dos salários, das pensões, das poupanças. Em suma: rouba-se os pobres. É este o caminho que os Estados do Ocidente, mesmo os mais poderosos, têm trilhado, após a crise de 2008.
Agora, nos EUA, na UE, na China, foi retomado ou ampliado o «quantitive easing» (ou seja, impressão monetária, use-se este ou outro eufemismo!). Esta impressão monetária destemperada não é uma escolha dos bancos centrais. Estão encurralados a fazer isso, pois a alternativa era deixar o sistema evoluir sem intervenção. Eles temem que, se não houver intervenção, os valores inflacionados desçam bruscamente, desencadeando um crash e uma brutal recessão mundial. Como se vê, estes banqueiros centrais e governos, entalaram-se a si próprios, colocaram-se a si próprios num beco sem saída.
Globalmente, este estado de coisas é insustentável e a próxima recessão não vai ser suave e passageira, mas antes uma longa depressão, em que muito vão sofrer as classes menos abonadas. Mesmo uma fatia significativa das classes médias será duramente afectada.

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(*) NOTA: Pode-se pensar que o aumento da dívida vá fazer subir as taxas de juro. Porém, é exactamente o contrário. 
Harry Dent, cita o economista Lacy Hunt, que explica o fenómeno:
 https://www.silverdoctors.com/headlines/world-news/harvard-trained-economist-what-higher-debts-do-to-bond-rates/

terça-feira, 4 de junho de 2019

CRISE DO SISTEMA FINANCEIRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Todos sabemos que o dinheiro, seja ele em que divisa for, vai perdendo valor com o tempo. Por valor, pode-se entender a capacidade aquisitiva. Assim, se um dólar US de 1913  valer 100, um dólar US de hoje vale apenas 4: houve uma desvalorização de 96%. Isto, em relação à moeda mais poderosa, em princípio, visto que tem sido a moeda mundial de reserva e a moeda preferida no comércio, durante o período que vai desde o fim da 2ª Guerra Mundial (os acordos de Bretton Woods), até ao presente.
Sabemos também que os bancos centrais, todos eles, sejam do ocidente ou oriente, sejam de países pobres ou ricos, imprimem (ou o equivalente digital disso...), tanto quanto achem que a economia dos seus respectivos países precisa. Mas, esta abundância de divisas, apenas tem como efeito, aumentar a inflação, que vai retirar poder de compra aos salários e pensões, assim como vai desvalorizar as poupanças em dinheiro, quer estejam no banco, quer «debaixo do colchão». 
Uma coisa que poucas pessoas sabem, é que os bancos comerciais são os principais criadores de dinheiro, nas diversas economias. Quando o banco empresta - por exemplo, para adquirir uma casa ou um carro - vai criar a soma correspondente a partir de nada: vai creditá-la na conta do cliente, que - a partir desse momento - tem a dívida e terá de pagar juros sobre ela... pelo menos, era assim no passado! Agora, os bancos estão a dar (literalmente) empréstimos a juro negativo, ou seja, estão a pagar para o cliente aceitar ficar devedor de uma soma! 
Por exemplo, isso passa-se com o banco dinamarquês Nordea que propõe empréstimos a MENOS 0.12% de juro, ou seja, o banco paga para o cliente ficar devedor. Se isto lhe parece uma coisa sem sentido, não será a única pessoa que assim pensa! 
               O estímulo ao gasto atinge um paroxismo nas sociedades ocidentais, todas elas, não apenas na Dinamarca... Pelo contrário, a poupança é fortemente desencorajada, pois os juros pagos pelos depósitos a prazo, são demasiado baixos, tendo como efeito que as pessoas sentem que mais vale «gastar agora», do que esperar dois anos, para obter um juro da ordem de 1%, ou menos. 
A loucura é tal que as empresas das mais deficitárias e que  não conseguem equilibrar os seus balanços, têm subidas espectaculares na bolsa de valores de Nova Iorque: Tesla, Netflix, Uber...
Os governos europeus, mesmo os que estão insolventes, conseguem obter empréstimos a taxas ridiculamente baixas, taxas claramente inferiores à inflação. E isso não ocorre apenas com nações europeias, pois a Argentina, por exemplo, consegue obter empréstimo a 100 anos (!) pagando quase nada. Sabemos que a Argentina entrou em bancarrota duas vezes, apenas nos últimos 30 anos!
Nada disto parece fazer sentido.
Porém, o sistema da dívida pressupõe que existem duas espécies de dinheiro:
A - O que é efectivamente fornecido por  entidades bancárias (sejam elas bancos centrais ou bancos comerciais) que têm a possibilidade de criar dinheiro a partir de nada.
B - O que resulta de actividades económicas, das remuneração de trabalho, de lucros das empresas, das transacções comerciais, de imobiliário, etc. 
Muito do dinheiro gerado pelo processo B está destinado a pagar (com juros, maiores ou menores) às entidades emprestadoras, as quais são normalmente bancos comerciais, ou entidades autorizadas a emitir empréstimos.
Ora, a existência do depósito fraccionário, que todos os bancos têm autorização para realizar, significa que as instituições bancárias têm o direito de fazer uma «alavancagem» de 1 para 10 (ou maior), com os nossos depósitos. Isto quer dizer que um banco tem o direito de fazer um total de empréstimos aos clientes dum valor X, desde que estejam depositados no banco 1/10 de X. Note-se que é do nosso dinheiro que se trata; aqui, não se trata do dinheiro do banco, que este possui como capital próprio. A operação que os bancos (todos) fazem, consiste em emprestar aquilo que NÃO TÊM: seria considerada crime passível de prisão, caso fosse feita por um particular.
Por outro lado, desde a época pós 2008, com o chamado «Quantitative Easing», os bancos obtiveram dinheiro gratuito disfarçado, fornecido pelos bancos centrais respectivos. Os pacotes de obrigações hipotecárias e outros papéis - sem valor  - de dívidas incobráveis, foram dados como aval, pelos bancos comerciais, aos bancos centrais. Ficaram estes com as dívidas, pelo seu valor nominal, não pelo seu valor de mercado, visto que este seria de zero. Estes activos têm contabilização positiva no balanço dos bancos comerciais; é assim que se apresentam com «solvência» e «solidez»! 
Os bancos são estimulados a emprestar este dinheiro «emprestado» a juro zero, mas que não precisam sequer, na prática, de devolver aos seus bancos centrais respectivos! Se não devolverem o empréstimo, o banco central apropria-se dos tais papeis sem valor, dados em garantia! 
Os bancos centrais, mesmo nominalmente independentes do Estado, acabam por repercutir as suas perdas nas contas dos Estados respectivos. 
Contabilisticamente, «está tudo certo», porém é tudo uma fraude total, com a conivência das direcções dos bancos centrais, dos governos e de todas as «entidades supervisoras ou controladoras» do mercado, que existam.
Sendo as coisas realmente assim, como as pessoas minimamente informadas sobre as políticas monetárias e financeiras o sabem, o resultado é que os clientes dos bancos estão a pagar com «dinheiro a sério», o seu dinheiro que resulta de actividade económica propriamente dita, empréstimos contraídos junto de entidades que criaram «dinheiro de fantasia», ou seja, houve uma criação monetária sem qualquer esteio, sem realidade económica tangível, «tendo ido extrair o dinheiro do éter...».

              

Fica assim explicado o mecanismo pelo qual se caiu nesta situação de juros negativos ou juros de facto negativos, porque abaixo da taxa de inflação. Os bancos comerciais pedem de volta dinheiro que resulta do trabalho, tendo emprestado dinheiro contabilístico. Por outras palavras, pedem de volta dinheiro verdadeiro, tendo emprestado dinheiro fictício. Para isso, têm conivência plena dos governos e bancos centrais. 
Todos os bancos comerciais fazem, portanto, operações muito lucrativas e sem risco (para eles). 
Pelo contrário, praticamente todo o risco recai sobre o público, devedor aos bancos de créditos para aquisição de casa, de carro, para estudos, para consumo e sobre a sociedade em geral, que irá sofrer as consequências do colapso do sistema financeiro.
Mas a gula de capital não acaba aqui, pois vamos assistir à aceleração da inflação, sempre minimizada pelas estatísticas oficiais. As pessoas serão pressionadas a gastar mais, a endividarem-se mais, a desfazerem-se de suas parcas poupanças, porque o dinheiro vai perdendo valor, à medida que o tempo passa. 
Uma das indicações mais seguras disso, é a inversão das taxas de juro das obrigações do Tesouro dos EUA (por exemplo, obrigações a 10 anos, com juros inferiores para termo a 5, ou a 2 anos). Isto já ocorre agora e seu significado é o de que o próprio mercado está convencido de que uma crise está perto. 
Eu prefiro precaver-me duma tempestade, ou dum tsunami, antes que estejam em cima de mim. De nada servirá esperar até ao último minuto, pois já será demasiado tarde.
Não digam que não vos avisei: a única maneira de salvar o valor  dos activos financeiros, incluindo o dinheiro líquido, é retirar AGORA o máximo dinheiro possível dos bancos e de investimentos financeiros (acções, obrigações, fundos...) e aplicá-lo em bens como comida, água, sistemas de geração de electricidade... e outros bens de primeira necessidade. 
Pode-se armazenar alimentos, que podem ficar  comestíveis durante bastante tempo, se devidamente condicionados. Medicamentos, produtos de higiene e muitos outros bens ditos «consumíveis», podem ser mantidos por períodos longos (dentro do seu prazo de validade). Pode-se fazer uma gestão desses stocks, consumindo aqueles próximo do termo da sua validade, e adquirindo novas unidades para substituir as consumidas. 
Para enfrentar a fase de hiperinflação, convém ter moedas de ouro e de prata; podem ser extremamente úteis. 
Podemos ver que, nas situações de hiperinflação, como a Venezuela, as pessoas tomaram medidas para salvaguardar seu poder de compra: muitas delas compraram dólares no mercado negro. 
Porém, neste caso, se houver uma crise sistémica, não existirá divisa em papel que resista. Umas mais cedo, outras mais tarde, todas elas irão perder o seu valor, numa espiral hiperinflacionária global, até atingirem o seu valor intrínseco, de bocados de papel, ou seja, zero.



PS1 - Uma entrevista que ilustra claramente a situação:

PS2 - Paul Craig Roberts explica em pormenor por que razão a percepção que se tem da economia está falseada, intencionalmente: 








sexta-feira, 3 de agosto de 2018

JAPÃO, CENÁRIO DA PRÓXIMA CRISE?

Muitas pessoas, mesmo relativamente instruídas em termos de políticas financeiras, ignoram tudo das contas públicas e finanças do Japão, a terceira economia mundial.

                       Banco de Japón transforma su política monetaria

O Japão, essencialmente, leva a cabo uma política de impressão monetária desde os anos noventa, com zero de sucesso. A sua política monetária consiste em tornar o yen muito barato, por forma a que os investidores internacionais procedam ao «carry trade» com o dólar ou outras divisas «fortes». Com isso, aumenta a competitividade dos seus produtos, sendo um dos maiores exportadores mundiais de  produtos industriais sofisticados. Mas, o modo como «embaratece» o yen é muito importante compreender, também: o banco central do Japão compra essencialmente toda a dívida em obrigações do tesouro, sendo um papel com um rendimento virtualmente zero (0,3%). Quando se está num ambiente em deflação, manter em carteira um activo com juro próximo de zero é aceitável, pois ainda assim o valor do activo não desce, mas quando a inflação começa da despontar, como agora, com 1% sendo previsto que atinja os 2% dentro de pouco tempo, qualquer investidor quer livrar-se das obrigações japonesas da dívida que apenas lhe trazem prejuízo. 
Ora, a situação presente é de que o serviço da dívida (pagamento do capital mais os juros) ascende a 24,1% das receitas de impostos, sendo que a inflação agora é somente de 1%. O BCJ (Banco Central do Japão) está a comprar todas as obrigações que aparecem no mercado, tendo para isso que imprimir triliões de yen. É certo que os juros pagos com o dinheiro do orçamento irão quase todos para detentores japoneses, o próprio Banco Central, fundos de pensões, investidores particulares... Porém, o  peso crescente da dívida no orçamento, torna o próprio funcionamento do Estado e da economia muito frágil: Bastaria a subida de 0,3% de juros para 1% de juros - provável, numa situação onde a inflação cresce -  para que praticamente a totalidade da receita de impostos seja devorada pelo serviço da dívida. Seria um cenário catastrófico. Caso a situação atinja esse ponto, a realidade do endividamento extremo das principais economias e Estados ao nível mundial será impossível de esconder do grande público. Pois, a realidade é que essa situação já existe e os governos e bancos centrais têm-se limitado a disfarçar o descalabro. Mas a ignorância do público, em geral, que se verifica mesmo nas economias mais afluentes, é o único facto que nos distancia de um colapso geral neste cenário, em que se acumularam triliões de dívida ... essencialmente impagável! 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ESTRATÉGIAS GLOBALISTAS

A economia mundial está em estado muito mais grave agora do que há 8 anos.

A crise financeira foi «curada» graças a uma impressão monetária, sem contrapartida de quaisquer acréscimos de riqueza real. Os que tiveram o privilégio (os grandes bancos, essencialmente) de obterem dinheiro grátis, fornecido pelos bancos centrais, ou colocaram esses excessos de liquidez a render nas contas dos próprios bancos centrais, obtendo assim um juro, pequeno, mas sem qualquer risco, ou fizeram apostas muito arriscadas, nomeadamente em derivativos, seguros de que tinham as costas quentes graças ao estúpido princípio de que há «bancos demasiado grandes para falirem».
Este princípio é afinal uma distorção monstruosa do capitalismo, pois permite que os maus investimentos, as más apostas, sejam protegidas de falência, com prejuízo de toda a sociedade, que é obrigada, sem qualquer contrapartida, a suportar os erros dos «cavaleiros de indústria», dos «senhores da finança».
Ao contrário do que autoproclama (de ser um «estímulo à economia») esta política tem o lastimoso resultado de destruir capital acumulado. Que acontece quando se joga uma determinada quantia de capital, um dado investimento e não se permite que falhe? O sinal para os investidores é a «impunidade» de tal investimento, a possibilidade de ganhar, sem o inconveniente de perder. Assim, a quantidade de capital desperdiçado, aplicado em maus projetos, que normalmente não deveriam estar a ser financiados, vai crescendo.
As sucessivas bolhas, nos setores imobiliário, nos empréstimos aos estudantes, na aquisição de carro e nos créditos diversos ao consumo em geral, vão crescendo, e aumenta o número e volume de créditos malparados, sendo que quando existe um crédito que não é honrado, do outro lado está alguém que perde o seu investimento.
Infelizmente, o mais vulgar, no contexto presente, é o perdedor ser o Estado! Nós, os contribuintes, somos realmente os emprestadores de último recurso.
Enquanto isto acontece, a dívida soberana dos Estados vai crescendo, sem quaisquer sinais de inversão de tendência, nem mesmo de abrandamento.
A maior bolha de todas é a bolha das obrigações soberanas (dívida pública) dos diversos Estados. Apesar de pesados, os juros da dívida são suportáveis, porque os bancos centrais (nomeadamente, o BCE) compram uma parte da dívida soberana, fazendo assim baixar os juros da mesma.
No Japão, há mais tempo que é seguida tal política pelo Banco Central, a cada emissão de dívida: o Banco Central japonês é comprador na ordem de 90% dos títulos...
Quanto à percentagem de dívidas emitidas pelos Estados membros do Euro, que são compradas pelo BCE, é da ordem de 50%.
Tal comportamento dos bancos centrais é totalmente anátema em termos de ortodoxia neoliberal, visto que é uma intervenção intempestiva, distorcendo o mercado. Mas o desplante não se fica por aqui, pois o BCE e bancos centrais de vários países decidiram adquirir obrigações de empresas e estuda-se a hipótese de intervir nas Bolsas de ações
O termo «Capitalismo de Estado» foi utilizado noutros contextos, mas não para designar a ação dos bancos centrais dos países capitalistas; porém, o referido termo aplica-se muito bem agora!
 Quem são as vítimas? São as pessoas comuns dos diversos países, que vêm a qualidade e disponibilidade dos serviços públicos a descer porque não têm financiamento adequado.
Por outro lado, os governos e poderes públicos não efetuam os investimentos em infraestruturas que poderiam arrancar a economia do marasmo, desde a crise financeira de 2008, que nunca foi superada.
Além disso, quando as pessoas põem de lado algum dinheiro, são castigadas, não apenas com uma taxa de juro muito inferior à taxa de inflação, mas já com taxas de juro negativas, ou seja, são obrigadas a pagar para terem o dinheiro no banco.
Paralelamente a este cenário, que desincentiva a formação de capital, pelo desincentivo constante à poupança, querem banir as transações em numerário («justificada» com o falso pretexto do branqueamento do dinheiro de negócios criminosos…).  Todas as transações seriam eletrónicas.
Assim, o Estado e o banco têm toda a possibilidade de saber - até ao pormenor- da vida de cada um, sem possibilidade de qualquer privacidade, como também e sobretudo viabilizam os juros negativos; de outro modo, ninguém quereria ter o dinheiro no banco… No fundo, trata-se da política de «bail in» permanente só para as pessoas comuns, que não podem parquear os seus capitais em paraísos fiscais …
Quando os juros das obrigações do tesouro subirem, quando retomarem valores mais próximos do normal, o que vai acontecer?
- Muitas falências vão ocorrer, cortarão de maneira mais impiedosa ainda as verbas para gastos sociais, para poder pagar-se os juros da dívida. Uma enorme quantidade (estima-se em múltiplos do PIB global!) de derivativos vão ser acionados, agravando a espiral recessiva.
Ou seja, está a construir-se o cenário para uma falha catastrófica no sistema financeiro e económico, sabendo-se muito bem que existe esse risco, mas ocultado do público.
Conclusão: em desespero, o que eles temem, os responsáveis globalistas de todas estas loucuras, é que as pessoas compreendam quem levou a economia mundial a esta situação.  
Para eles, é uma «saída» desencadear uma 3ª guerra mundial, para ocultar as causas do enorme colapso financeiro que vem aí.  
O colapso é inevitável, porém, se houver uma guerra mundial, as oligarquias globalistas poderão «culpar» a guerra como causa do colapso e não recairá sobre eles o odioso da situação.
Além disso, esperam «desbastar» de humanos um planeta «sobrepovoado» e assim, refazer o Mundo à sua medida, quando saírem dos seus bunkers.
Pode o leitor estranhar que esta seja a visão dos elitistas, porém, em várias ocasiões, aquando de encontros, como de Davos ou do Clube de Bilderberg, ou até através da média ao serviço, é este o cenário que tem transparecido.
Eles decidiram que a «Nova Ordem Mundial» será a deles. Para construir algo de novo é necessário destruir o antigo. É nisso que estão apostadas as «elites».

Tal mudança não poderá ter lugar sem «algo» que mude a face do Mundo. Esse «algo» é a guerra, com todos os seus horrores. Isso não importa para eles. A loucura deles, dos sociopatas que nos governam, é para ser levada a sério, pois são demasiado poderosos e são destituídos que qualquer compaixão.