Ontem, Michael Pompeo, o
Secretário do Governo Trump, decretou a retirada de todo o pessoal diplomático
da Venezuela. Não creio que isso inclua os operacionais da CIA e das outras
agências que estão apoiando as forças de oposição ao governo Maduro. Este é um sinal muito mau,
em termos de perspectiva de uma actuação militar, em grande escala e com
possibilidade de muitos mortos, como um bombardeio de Caracas, por exemplo.
Numa circunstância dessas, o governo dos EUA não iria ter a possibilidade
efectiva de garantir a segurança dos seus funcionários.
A agressão
sob todas as formas, contra o governo legítimo de Maduro, atingiu o patamar
mais elevado, com a sabotagem da rede eléctrica, cujo significado é muito
claro; pretendem assim tornar a vida impossível aos milhões de cidadãos,
pretendem propiciar o saque a supermercados e comércios, por forma a que a vida
de todos os dias seja impossível, dado os comerciantes se irem embora;
pretendem sobretudo, mostrar que têm capacidade em sabotar do interior as
estruturas vitais de um país, mensagem sobretudo endereçada a um todo-poderoso
exército, que se tem mantido do lado da legalidade, mas poderá (como no Chile!)
bascular para o lado dos golpistas.
Acima: Uma artéria de Caracas durante o «apagão»
A estratégia do imperialismo em
relação à Venezuela tem sido clara:
- Criar uma série de obstáculos através de sanções
económicas e outras, sem porém cortar relações diplomáticas (fase do
processo que tem já mais de uma dezena de anos).
- Estrangular economicamente a Venezuela através de
embargos de todo o género de mercadorias, desde material com uso militar
até artigos de medicina e alimentos.
- Fomentar o mercado negro desses produtos, que
somente poderão ser adquiridos a troco de dólares. Assim, colocam em
ruptura o abastecimento normal do país, infelizmente demasiado dependente
de compras ao exterior, para toda a espécie de bens e mesmo de alimentos.
Por outro lado, o desenvolvimento do mercado negro provoca a descida
acelerada do Bolivar – a divisa do país – e inicia-se a fase de híper
inflação.
- A oposição, constantemente apoiada e financiada,
exige eleições; estas têm lugar, mas a mesma oposição boicota-as, alegando
que não são «democráticas». Isto passou-se assim, apesar dos observadores
declararem que as eleições tinham sido regulares e de – aliás – ter havido
uma candidatura de oposição, que se apresentou a escrutínio.
- Uma campanha internacional insistente para
deslegitimar o governo do presidente Maduro, em paralelo com o fomentar de
manifestações de rua, cada vez mais violentas.
- A declaração, em perfeita coordenação com
Michael Pence, vice-presidente dos EUA, de que Guaidó – que
fortuitamente, era presidente do parlamento- seria, daqui por diante, o
Presidente-interino da Venezuela. Esta manobra tinha como objectivo criar
um movimento de deslegitimação de Maduro, pelos acólitos dos EUA
(dignamente, a Itália recusou).
- A política de sanções e de guerra económica atinge
o cúmulo, com o roubo de mais de 20 biliões de dólares, pertencentes ao
Estado Venezuelano, assim como a recusa pelo Banco de Inglaterra em autorizar
o repatriamento de ouro venezuelano, do qual tem a custódia. Estes actos
são tipicamente pirataria económica, são actos totalmente ilegais face à
lei internacional.
- A recente sabotagem
da rede eléctrica pública da Venezuela, mostra como os
imperialistas dispõem de meios de sabotagem, que poderão ser ainda mais
gravosos e instaurarem o caos. O que fizeram agora tem a seguinte mensagem
explícita: «Ou derrubam Maduro, ou nós fazemos ainda mais e pior, tornando
a Venezuela um inferno ingovernável». Esta mensagem dirige-se sobretudo à
casta militar.
- A ordem de saída de todo o pessoal diplomático da
Venezuela, por Pompeo, surge como preparação para uma invasão ou um ataque
militar aéreo ou algo semelhante, em preparação e na eminência de ser
executado. Retiram o seu pessoal diplomático – também- para evitar que
este possa servir como refém, se a guerra com tiros e bombas rebentar.