É que chegámos mesmo ao grau zero;
O grau zero absoluto:
Não da Física. Esta tem limites
Mas, nas Ciências Sociais e Humanas.
O grau zero da reflexão política,
Da filosofia, da sociologia e de tudo
O que implica esforço, trabalho
Interior, aprofundamento do que
Havia antes da nossa ínfima existência.
Mas, isso é demasiado esperar
Dos espertos que por aí abundam
Conhecimento do passado? - Sim,
Vão buscar citações, fica bem,
Mostra «cultura»...
A ética, a coisa mais declamada
E mais negada. Seria caso de dizer,
Estamos na nulidade transcendente
Do zero à potência zero, ou ao infinito.
A arrogância e o cinismo vão de par.
Acompanham, ou adiantam-se
Às nulidades que se passeiam,
E cientes da sua importância,
Vão polindo, solenes, cadeirais
Académicos...
Hoje em dia, são inúmeras as instâncias
De nulificação no plano intelectual
Mas, também nas coisas materiais.
A qualidade do que é feito
É só aparente; se queres qualidade,
Terás que procurar objetos da era
Industrial; não os frívolos dejectos
Desta enganosa «pós-modernidade».
Serei reaccionário? - Sim, porque reajo!
À estupidez eregida em saber
À fraude de vender falsas jóias
À mentira como maior virtude!
Tudo isto mereceria um simples
Encolher de ombros, se...
Fosse apenas o trági-cómico
Folclore duma pseudo elite.
Ela vai-se babando e cacarejando
Medíocre, boçal e obscena
A conspurcar o quotidiano
Disse e redigo: A melhor resposta
Perante a estupidez cósmica
É de compôr uma muralha
Real contra a fealdade
Não apenas exterior, mas do espírito
Senão, acabamos afogados,
Entascados no lodaçal imundo
De vaidades e canalhices
Onde prosperam exemplares
Típicos da pseudo-civilização.
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