terça-feira, 8 de outubro de 2024

OPUS VOL. III, nº 24: VERSOS RECOLHIDOS NOS ESCOMBROS




Tantas luzes se consumiram

Nos fogos fátuos, na escuridão

Tantos corpos se quebraram

Num sopro, rente ao chão

Tantas vidas viveram

No Universo eterno

Tantos amores escolheram

Serem felizes no instante

Tantos falharam. Dizem

Aqueles que nem tentaram

Descolar os pés do chão

Promessas de Prometeus

Brotaram obras nos cumes

Que os deuses para si

Mesmos reservavam

Por tudo isto e muito

Mais, nos confrontam

Águias depenadas

Mas com fortes garras;

Dominam

Ovelhas humanas

E aos penhascos as lançam

Pelo prazer de rasgar

Suas carnes tenras

Algum dia virá o fim

Das pulsões de morte

Algum dia chegará

Em segredo, o Eros

Que vencerá o obscuro

Dentro dos humanos

Algum dia regenere

A Terra-Mãe

Dos estragos

Causados apenas

Por alguns, poucos

Mas que todos

Estamos sofrendo

Só há dois possíveis:

Ou projetas teu ser,

Tua energia no futuro

Ou constróis, instante

A instante, o presente

De cada um e de todos

A construção, aqui e agora

Do Mundo Humano

É sempre possível

Mas fizeram-nos descrer

Homens, desta saída

Atirando a felicidade

A justiça e igualdade

Para o futuro incerto

Os poderosos enganam

Os povos, arrastados

Por novas/velhas utopias

Á procura de paraísos

Na Terra ou no Céu

Só se podem libertar

Aqueles que percebem

Como seus corações

Foram escravizados

Logo, libertos

No cosmos infinito

Voarão como anjos

Mas de carne e osso

Ensinando aos outros

A voarem, também
































1 comentário:

Manuel Baptista disse...

Na página seguinte, estão recolhidas as poesias de Manuel Banet, escritas e publicadas ao longo do ano de 2024:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/opus-vol-iii.html