sexta-feira, 29 de março de 2024

OPUS. VOL. III 9. AS AÇÕES TÊM CONSEQUÊNCIAS (*)

 


  Há sempre um depois, isso tens de aceitar 

quer gostes ou não, tuas ações têm consequências

Assim, quando te lamentas de que não «esperavas»

estás a enganar-te pois já sabias que nada é garantido

O que pode uma mente e uma vontade em face

do destino? Pode muito ... mas não lamentar-se

Na tua postura reside o problema; tomas-te 

por outro, imaginas um personagem que não és tu

Mas vem o dia, um certo dia em que o teu sonho

se desmorona; podes tentar construir nova ilusão

ou varreres os escombros e construir algo novo

ou estás sempre a reproduzir os mesmos erros

ou tomas o leme e pões o teu ser noutra rota

A escolha é tua, mesmo que não te agrade escolher

sabes, no fundo, que podes sempre escolher

Embora fazer as escolhas no tempo certo seja o ideal

as oportunidades são mais que as marés

sobretudo para reerguer a tua vida e navegar

As escórias que nos dificultam o caminho

são fáceis de eliminar, só guardar o que tem valor

Os sentimentos e atitudes vitais e comuns 

que permitem potenciar a vida em comum

A vida social, a transação não comercial

entre pessoas chama-se amor

Mas está-se numa época muito contrária

a este simples elemento da vida humana

Só podemos viver a vida em plenitude,

ultrapassando as imposições exteriores

que nós interiorizamos e são muitas!

Reconhecer quais são essas, examiná-las

rejeitando as que nos amesquinham,

aproveitando as que sejam de disciplina

pessoal saudável, selecionando

aquilo que há de bom e suspendendo

o nosso julgamento do que não sabemos

ao certo,  ou com grau de certeza suficiente

sabendo que, se esperarmos, saberemos.

Poderemos deslindar e avaliar o valor

de ações, de juízos, de teorias, etc.

mas, não é possível avançar sem grande trabalho

sobre si próprio. Talvez esse seja o significado

profundo do mito de Sísifo. Ele rolava sempre

a pedra para o cume da montanha

Não foram os Deuses que o condenaram 

a fazer isso e a repeti-lo incansavelmente

Era a lei da vida; de se procurar acumular 

energia potencial, 

que se dissipa, inevitavelmente,

rolando pela encosta abaixo. 

Porém, nada nos pode demover de fazê-lo

ainda assim; porque se trata da lei da vida

e nós queremos estar vivos. Se perdemos 

esta vontade de rolar a pedra encosta acima

então só nos resta nos deitarmos e morrer.

E o dia depois de morrermos, como seremos?

Não haverá energia para «rolar a pedra»

por isso precisa a natureza de fabricar

novos seres vivos, substituindo

os que se foram.

Mas os que se foram deixaram uma obra

ela existe, em torno de nós

e chama-se sociedade, civilização, cultura

Então, este é o verdadeiro potencial,

transcendendo várias gerações. 


Por isso, devemos opor a nossa energia às forças de destruição

de anulação do potencial, construído pelas gerações presentes

e passadas; quem quer destruir tudo, são tresloucados

não se constrói, destruindo! 

Sim, é preciso escavar para construir um edifício, 

mas não se faz senão deslocar terra e rocha de um sítio para o outro! 

A destruição que eu falo é bem pior,

traiçoeiras bombas que eliminam vidas, que as ceifam

a destruição de incontáveis gerações humanas

quer sejam edifícios, quer sejam vidas e todo seu potencial

As destruições que se tem diante dos olhos não são sentidas

verdadeiramente pelos que não estejam debaixo das bombas

A solidariedade real, escasseia: a indiferença e egoísmo

face ao sofrimento alheio é uma destruição do que existe

de humano em nós. Colocam-se as imagens de violência, 

nos écrans das televisões e dos computadores, estão a ser

veiculadas ao nível subliminar como «espetáculo», 

mesmo os corpos mutilados e as cenas de desespero 

perante as câmaras, não são vistas como algo que nos diga respeito,

no mais íntimo. É precisamente neste aspeto, além do imediato

que a guerra (todas as guerras) tem um efeito global destruidor: 

Se a humanidade das pessoas desaparece, fica embotada, elas estão 

transformadas em robots «de carne e  osso», não são seres humanos,

pois deixaram de ter empatia, a capacidade de se colocar na pele do outro.

Tanto para os criminosos como para as suas vítimas, existe o depois:

Depois de feito o abjeto e criminoso ato, ele não será nunca apagado

seja qual for a sentença de tribunais humanos

O espírito universal não será condicionado por isso.

As consequências são incalculáveis para nós, humanos.


(*Inicialmente publicado a 16 de Jan. 2024)

2 comentários:

Manuel Baptista disse...

A arrogância dos assassinos e seus cúmplices não tem limites:
https://www.voltairenet.org/article220637.html

Manuel Baptista disse...

https://www.moonofalabama.org/2024/04/two-israeli-actions-misfired-pushed-netanyahoo-into-retreat-.html#more
O massacre de 7 auxiliares humanitários de nacionalidades ocidentais em Gaza, assim como o assassínio de generais e outros militares iranianos num ataque às instalações consulares do Irão na Síria (Damasco), foram as gotas que fizeram transbordar o vaso. Agora, em ano eleitoral os EUA negociaram um acordo com o Irão em que este não retaliaria do ataque à sua embaixada na Síria, a troco de obrigar o governo de Netanyahou, de fazer um cessar-fogo em Gaza.