Foto: Diante da tela «Isto não é um cachimbo» de R. Magritte
Renunciei a ler o real com as lentes deformantes dos media
Mas leio todos os dias o meu jornal feito de pássaros e de formigas
Nos jardins e nas ruas do meu bairro
Renunciei a compreender os humanos como entes racionais
Mais racional é a onda no mar, ou o trovão no céu
Renunciei a encontrar as razões dos políticos
Como, de qualquer maneira, são sempre discursos
Para enganar o eleitor, nada se pode extrair deles
Mas, um animal não finge, nem esconde
Só exprime o que sente; como a criança pequena
Afinal não renunciei a ler o real, devo autocorrigir
Porque o real é isso mesmo que leio; as produções
Dos humanos são apenas poluição de que nunca se fala
Muito perniciosa: a poluição mental
Ela a todos enjaula, tritura e embrutece
Só se mantêm livres os poetas, uns tipos estranhos
Mas, afinal sábios, prudentes, humanistas
[Eu a ninguém aconselho: quem quiser que escolha
Não despreze este escrito, pois pode ter mais sumo
Do que parece, à primeira vista.]
2 comentários:
Quando o real é demasiado sórdido, quando não queremos comparticipar no assassínio de outros humanos e da Natureza, o que fazer?
Fica aqui a pergunta; a resposta será aquela que ditar a consciência de cada pessoa.
Poesia de Manuel Banet aqui neste blog:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/poesias-2016-2021-obras-de-manuel-banet.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/poesias-de-manuel-banet-desde-2022.html
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