A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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sábado, 5 de outubro de 2019

ROTEIRO PARA ESCAPAR DA MATRIX/LABIRINTO [parte III]





Nas espécies animais mais próximas da espécie humana do ponto de vista evolutivo, os grandes símios antropóides, a existência de comunidades estruturadas de modo muito idêntico, de geração em geração, reforça a noção de que existe uma determinação genética nos seus modos de se relacionarem e de se estruturarem em sociedade. 

Nos gorilas, a estrutura social é diferente da sociedade dos chimpanzés, e nestes difere grandemente da dos seus «primos», os bonobos. Porém, a distância genética entre eles não é muito elevada. 
Estão todos muito dependentes do grupo para a criação e integração dos infantes e dos jovens. A sociedade está estruturada de modo hierárquico e familiar nos gorilas, hierárquico e supra-familiar ou de família alargada nos chimpanzés, e não-hierárquico,  sexualmente promíscuo, nos bonobos.

A estruturação dos grupos pré-humanos - ou homininos - pode ser inferida pelos vestígios quer da anatomia, quer de restos arqueológicos, permitindo inferir a estrutura dos bandos, a partir de uma série de parâmetros. 
Mas, só podemos ter a certeza sobre os detalhes dos modos de organização social, na nossa espécie - o Homo sapiens - a qual terá cerca de 300 mil anos, segundo as descobertas mais recentes.
A estrutura familiar foi - em muitos casos-  o único nível de complexidade que muitos humanos das épocas mais remotas conheceram. 
Isto não invalida a existência de agrupamentos supra-familiares, como os clãs ou as tribos, mesmo nas etapas anteriores ao «homem anatomicamente moderno». 
Porém, a estruturação das sociedades em conjuntos maiores é típica das épocas pós-paleolíticas: neolítico, calcolítico, bronze, ferro..
Nas sociedades agrárias e pastoris iniciais, já existia uma hierarquia dos géneros, das idades, do poder e da riqueza. 
As relações eram - no entanto - quase «cara a cara», havia um conhecimento directo dos chefes pelos súbditos e vice-versa. A complexidade crescente e o tamanho dos conjuntos humanos, veio trazer uma distância cada vez maior entre os dominantes e seus subordinados. 
Nas sociedades do paleolítico e do início do neolítico, aquele que se impunha pessoalmente como chefe do bando, do clã ou da tribo, seria quase sempre um homem forte e respeitado pela sua coragem e argúcia. 
Nas sociedades agrárias mais tardias, como no Egipto, a casta de sacerdotes dominava o poder, pondo e dispondo de monarcas divinizados. 
Irrompe, nas sociedades humanas, a partir de há cerca de oito mil anos, a religião organizada e de estado, um elemento decisivo de organização da sociedade. Nesta, o exercício do poder estava integrado na ordem cosmológica havendo, portanto, uma vinculação comum a esse poder, como emanado directamente da ordem divina. 
Só num período muito curto e recente a humanidade não esteve submetida a um poder patriarcal, autoritário, fortemente apoiado na religião. 
O restante, foi o período das sociedades pré-históricas (cerca de 300 mil anos), mais o  longuíssimo período superior a 5 milhões de anos, em que os homininos se foram afastando do ancestral comum a estes e aos grandes símios. 
Claramente, isto mostra-nos que os comportamentos sociais têm uma profunda raiz na nossa história propriamente biológica. 
Também as formas de organização das sociedades humanas, ao longo da História e que antecederam a nossa civilização contemporânea, mantiveram, de alguma forma, relação com este fundo comum da espécie.

Para inúmeras gerações, a questão central da vida não era a liberdade do individuo, mas a subsistência. O conseguir alimento suficiente para si e para os filhos, era a preocupação quase exclusiva de inúmeras gerações de homens e mulheres.  
A questão da submissão ao grupo ou gregarismo nasce dessa situação. 
Nunca foi fácil o ser humano ou hominino sobreviver. Nos primeiros milhões de anos, os homininos tinham de contentar-se com o que os grandes carnívoros deixavam das carcaças das prezas mortas por eles. 
Existem muitas indicações de que a humanidade (e as formas que a antecedem) vivia na carência ou no limiar desta, além de que eram muito mais frequentemente presas do que predadores: não faltam evidências disso, desde marcas de dentes de grandes carnívoros nos ossos fossilizados de homininos, até às composições isotópicas dos dentes, que nos dão uma ideia da composição da sua dieta. 
As estimativas da densidade populacional, correlacionadas com a  abundância ou escassez de alimento, mostram uma humanidade no limiar da fome em vastos períodos históricos. 
Tem de compreender-se então o gregarismo como uma tendência forte, no ramo da evolução animal ao qual pertencemos. Forte, no sentido de ter havido muitas forças no entorno dos indivíduos, que favoreceram este comportamento, que até o reforçaram com dispositivos sociais (as castas, as classes, as ordens...) e com uma super-estrutura ideológica (as crenças, os mitos, as religiões, as ideologias...). 
Mas, as coisas são muito mais complexas, pois em simultâneo, surgem forças que se exercem no sentido contrário. Estou a referir-me à  plasticidade do comportamento humano, que alguns assimilam ao «livre arbítrio» mas que - afinal - se pode resumir à capacidade de auto-determinação do indivíduo, em relação ao grupo no qual está inserido. Esta liberdade face ao grupo, obviamente, tem mais oportunidade de se exprimir e desenvolver numa sociedade onde exista uma certa abundância, ou onde os indivíduos não estejam tão constrangidos, tão dependentes do entorno social, para a sua simples subsistência. 

Os ideólogos do individualismo colocaram as liberdades e garantias individuais como direitos inerentes e inalienáveis de todos os humanos, claramente acima de quaisquer direitos de grupos. 

Os direitos humanos foram assim entendidos como coisa absoluta, independente das sociedades. Nalguns filósofos, foram tidos como independentes da contribuição dos indivíduos para as mesmas sociedades.

Porém, pouco tempo depois, desenvolveram-se regimes totalitários, como o nazismo e o bolchevismo, em que o indivíduo era subordinado ao Estado todo-poderoso.  

As guerras e enormes destruições ocorridas conduziram ao Direito Internacional, aos princípios da ONU, à sua Carta e Convenções, aos organismos supra-nacionais. Infelizmente, todo o edifício está fortemente posto em causa pela própria utilização abusiva dos poderes dominantes, que violam impunemente esta legalidade internacional. 

O gregarismo é um mecanismo biológico e não adianta muito contrariá-lo. Mas, deve-se compreender que a manipulação deste gregarismo, que está na nossa biologia, é um dos ingredientes da propaganda ou das «relações públicas». Esta manipulação está integrada no âmago das nossas sociedades, condicionando de forma inevitável praticamente todas as pessoas. 
Através de mecanismos psicológicos infundem a ilusão nas pessoas de uma liberdade no consumo, na política, na religião, etc. Isto consiste, claro, num processo hábil de neutralizar as salvaguardas racionais e a verdadeira autonomia dos indivíduos, sem que estes tomem consciência disso. 
A questão da propaganda (ou «public relations») na sociedade contemporânea será tratada, em pormenor, noutra parte.   



sexta-feira, 4 de outubro de 2019

ROTEIRO PARA ESCAPAR DA MATRIX/LABIRINTO [parte II]

                           

Quando me decidi a escrever algo do «sumo» da minha experiência, relativamente a questões que só superficialmente são tidas como do foro íntimo - a consciência, a autonomia do indivíduo, a responsabilidade individual e social - não estava querendo dar «lições de moral», mas antes motivado pelo desejo de arrumar - na minha própria cabeça - conceitos e experiências. 
Depois descobri que, ao arrumar este conjunto de questões, estava a tornar tudo muito mais claro, na minha mente. Este era um «fio de Ariadne» que me poderia conduzir, no futuro, para fora de situações embaraçosas e de constrangimento, como acontece nas vidas de quase todas as pessoas. 
Este «fio» talvez seja demasiado frágil e talvez apenas uma hipótese. Porém, se tal hipótese se confirmar, mesmo que só eu consiga recorrer a ele para sair do labirinto, já é muito. 
Para si, leitor/a, isso significa que o/a leitor/a pode encontrar o seu próprio método, também! Não será isto uma boa notícia?  

As pessoas todas precisam de um «vestido aureolar», uma roupa invisível que proteja a nudez do seu ego. Elas deslocam-se na sociedade, exibindo esse traje, embora estejam nuas, face a alguém com o olhar ingénuo duma criança. 
É curioso ver as pessoas imbuídas das suas roupagens e adereços, como se fossem personagens de teatro, ou de ópera. Serão elas capazes de descolar de suas próprias «representações teatrais», verem-se a si próprias e o papel que estão desempenhando?
- Os personagens da história (os monarcas, chefes militares, etc) construíram deliberadamente um «avatar» de si próprios, um ser mítico, que os súbditos adoravam, um símbolo, algo que não tinha realidade, senão na imaginação dos seus adeptos.
Assim procedem, igualmente, os «ídolos» do desporto, do cinema, da música pop, da política-espectáculo, enquanto manipulação hábil desse «vestido-aureolar». 
Do lado dos adeptos, do lado das massas, existe um desejo, não-satisfeito, de amor, de um amor impossível de satisfazer porque é o amor que uma criança com poucos meses de vida possui/recebe do seio materno, que o nutre e lhe dá tudo, calor, carinho, segurança, prazer. 
A nostalgia dos humanos pelo seio materno é universal. 
Aquilo que não é tão universal é um desejo sôfrego pela satisfação do retorno ao seio materno, mesmo que seja de modo totalmente simbólico, ou o mais  irrisório, até. 
Mas devemos compreender que, em larguíssima escala na sociedade, existe uma regressão infantil de certo número de pessoas. São estas pessoas com grande pulsão para «se entregarem», que procuram uma identificação com um ídolo. Elas colocam-se (interiormente) na postura do «bebé que mama o seio materno». Isto não deveria surpreender, pois estas pessoas não conseguem encontrar na sua vida - que, elas próprias desprezam - algo que supere a quase perfeita felicidade do bebé. É como uma droga, como a «soma» do romance de Aldous Huxley.  E a isto, pode chamar-se alienação.

Note-se que, quanto mais frustradas, mais se agarram à sua «droga» preferida: numas, pode ser  mesmo «droga» no sentido usual de substância aditiva. Noutras, pode ser a identificação com e adoração do ídolo. 
Tal mecanismo é patológico, na medida em que vai escamotear a realidade: o ídolo, não é assim na realidade, mas é essa a imagem retida pelos adeptos que o adoram. 
Além disso, o reforço constante da imago do ídolo, na media popular de massas, cria e alimenta em permanência, o mecanismo de identificação com ele: os adoradores recebem através da imago, um pouco de sua aura, do seu poder mágico, etc, etc.

As pessoas podem estar de tal maneira reprimidas ou anuladas, que não têm a coragem - nem pensam sequer - de viver a sua vida, construindo os seus projectos, aceitando desafios, lutando pelos seus objectivos. Assim, um pequeno grupo consegue perfeitamente manter controlo das restantes pessoas, dominadas. A receita é simples e muito velha: 
- Fazer com que a imagem da(s) pessoa(s) dominante(s) coincida com um mito pré-existente, vestindo a mesma roupagem do mito, ou levemente diferente mas facilmente reconhecida pelas massas, o vestido-aureolar de que falei acima.

Mas, nada disto seria possível se não houvesse, profundamente, em todos nós, uma tendência genética, hereditária, para o gregarismo. 
Esta tendência já está presente, antes do aparecimento dos humanos, no mundo animal, não sendo portanto uma contribuição original da evolução humana, mas antes uma herança ancestral, transportada pelos homininos até  Homo sapiens e presente em todas as culturas humanas, passadas e presentes. 

Irei desenvolver este tema no capítulo seguinte.

sábado, 20 de outubro de 2018

DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (Parte I)

                                  

“I am especially interested by one issue: It is possible, maybe even likely, that an important fraction of the genetic medical variation that we find in our species arose in the last 10,000 years. Such variation/adaptation may be the result of the intense cultural development that led to agropastoral economies, a lifestyle that introduced major differences in the lives of large sections of humanity in almost every part of the world.”

Cavalli-Sforza (1922-2018)


Penso que não podia haver citação mais apropriada para encabeçar o tema em estudo, que a de Cavalli-Sforza, que morreu a 31 de Agosto deste ano.
Com efeito, ele liderou um projecto internacional em que se tentava fazer a «história dos povos sem história». Tendo, por um lado, marcadores genéticos (de amostras sanguíneas de populações contemporâneas)  e por outro, as famílias linguísticas a que pertencem esses mesmos povos; suas afinidades, quer genéticas, quer linguísticas, permitiam fazer uma gigantesca árvore da família humana. 
Era notória a sobreposição das árvores construídas apenas com dados de genética, com as que utilizavam os dados da linguística. 
O conhecimento das migrações, por outro lado, era a dimensão geográfica indispensável, quer para compreender as afinidades e diferenças genéticas, quer as de língua e cultura. 

O processo de isolar, purificar e sequenciar ADN antigo, desenvolvido pelo Prof. Svante Pääbo no laboratório de Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck de Leipzig, permitiu um avanço espectacular na paleo-antropologia e trouxe-nos uma maior compreensão dos mecanismos de humanação: 
- quais foram os processos genéticos, populacionais, evolutivos, que levaram as espécies ancestrais - homininos - a se transformarem na nossa espécie? 
Pelas estimativas mais recentes, a espécie Homo sapiens existe há cerca de 300 mil anos, enquanto as várias espécies da linhagem «Homo» surgiram há milhões de anos. 
A grande surpresa decorrente dos trabalhos de Pääbo e colaboradores, sobre ADN de Homo neanderthalensis é a de que parte significativa do seu ADN (1 a 3%) está presente  nas populações europeias e asiáticas contemporâneas. Isto significa claramente que, num passado remoto, houve cruzamento dos humanos «modernos» com os neandertais. 
Além de neandertais, existem provas de que houve cruzamento com outras espécies... O nosso ADN é, afinal de contas, um «puzzle» de ADN originário de várias espécies ancestrais.

No entanto, o desenvolvimento da tecnologia com ADN antigo não se ficou pelas formas mais ancestrais da nossa espécie, ou das espécies extintas aparentadas. A inovação técnica permitiu recuperar e purificar ADN fortemente danificado e contaminado e isso permitiu estudar genomas de muitos restos humanos  fósseis, contendo ADN em más condições de conservação, o que antes seria impossível. 
Assim, ADNs de ossos fossilizados de muitos e diversos povos, com 12 mil a  4 mil anos em relação ao presente, correspondentes ao neolítico (idade da pedra polida), ao calcolítico (idade do cobre) e à idade do bronze, foram sequenciados e fizeram-se estudos estatísticos da disseminação de variantes de genes e de «loci» particulares, os SNPs (Single Nucleotide Polimorphisms). 
As partes mais interessantes do genoma, para este género de estudos de genética, correspondem a dois tipos particulares de material genético: 
- O ADN mitocondrial, de transmissão materna exclusivamente: somente recebemos mitocôndrias, com seus genes próprios, das nossas mães; dos espermatozóides, apenas recebemos o ADN dos 23 cromossomas nucleares.
- O ADN do cromossoma Y, que apenas é transmitido de pai para filho. 
Isto tem a ver com a possibilidade de isolar tais moléculas, relativamente pequenas, por isso, menos danificadas, mesmo quando o ADN cromossómico restante está demasiado danificado. Por outro lado, este ADN permite traçar linhagens em intervalos de tempo longos. Com efeito, não existe, nem no ADN do cromossoma Y, nem mitocondrial, possibilidade de recombinação.

David Reich e sua equipa trouxeram dados muito interessantes nesta investigação: compararam o ADN ancestral proveniente de sítios arqueológicos da região do Cáucaso, onde se crê que foi originada a grande migração «indo-europeia», com amostras de diversas populações contemporâneas, por toda a Europa, Médio-Oriente, Pérsia e Índia.

A propósito das migrações destes povos nómadas, já se possuíam dados sobre disseminação linguística, assim como artefactos e técnicas (cultura material), indicando que uma nova cultura «invadiu» o espaço europeu, num espaço de tempo breve. 
Mas não se podia discriminar, com as técnicas tradicionais da arqueologia, se tinha havido apenas uma propagação cultural ou, em alternativa, migrações propriamente ditas. 

                   Bronze Age warriors


- Como é que surgiram e se disseminaram as práticas agrícolas, como viviam as primeiras comunidades agro-pastoris?
- Como se transformaram estas, de forma que tenham surgido as primeiras cidade-Estado, das primeiras civilizações propriamente ditas, com poder centralizado, com religião formalizada em templos, com castas, etc.? 

... Sobre a  «revolução neolítica», estas e muitas outras questões se podem colocar...

quinta-feira, 12 de julho de 2018

EVOLUÇÃO HUMANA: «OUT OF AFRICA»... OU «OUT OF ASIA»?

                                    


As escavações no planalto central da China, em Shangchen, têm revelado instrumentos de pedra como o da foto acima, cujas datações indicam idades de mais de dois milhões de anos. 
Os 96 objectos até agora encontrados, junto com fragmentos de ossos de antílope, porco e veado, mostram que os homininos - membros do género homo que antecedem o aparecimento da nossa espécie - já ocupavam a China, mais de 250 mil anos antes do que anteriormente se pensava. 
Com efeito, os restos de homininos mais antigos, até agora encontrados na China e Indonésia, tinham cerca de um milhão e 500 mil a um milhão e 700 mil anos. 

                            Lantian Man hominin

Ao fazer-se recuar a presença de homininos na Ásia para uma data não inferior a 2 milhões e cem mil anos atrás, está-se perante uma data de saída de África muito recuada. 
Os primeiros homininos surgiram há 2 milhões e 800 mil anos na Etiópia. Os mais antigos restos de Homo erectus, até agora encontrados fora do continente africano, em Dmanisi na Geórgia, são mais recentes que dois milhões de anos. 
Isto implica que a presença de Homo erectus (ou seus antecessores) no continente asiático, se deve considerar muito precoce. De tal maneira, que se vê reforçada a hipótese de homininos terem evoluído na Ásia durante um período longo e depois, terem regressado ao continente africano. 
A favor desta tese, pode alegar-se o muito grande intervalo de tempo durante o qual a espécie Homo erectus esteve nas várias partes da Ásia. Isso trouxe diferenças morfológicas, «raças» identificáveis pela variação anatómica de fósseis, assim como adaptações ecológicas importantes. Dmanisi trouxe a revelação (através dum número de indivíduos sem precedentes, no que toca a restos fósseis desta época), da enorme variabilidade intra-grupo. 
Agora, vemos que os homininos na Ásia tinham já uma grande capacidade de adaptação a várias condições geográficas, como provam as  descobertas de Shangchen, a qual está situada mais ou menos no mesmo paralelo que Kabul. Isto significa que no Inverno a temperatura é muito baixa, o que implica uma capacidade de fabricar abrigos e roupas quentes. 
A paleoantropologia está permanentemente em mutação, ao ponto de aquilo que ontem era considerado fantasista, a recolonização de África por homininos que se tinham diferenciado ao longo de milénios na Ásia, tem hoje um alto grau de verosimilhança.