quinta-feira, 23 de outubro de 2025
JOHN MEARSHEIMER ANALISA A GUERRA UCRÂNIA-RÚSSIA [CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº50]
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
ROUBO DE JÓIAS DO MUSEU DO LOUVRE COLOCA MÚLTIPLAS QUESTÕES
MUSEU DO LOUVRE, 19 -10- 2025
O roubo, efetuado com grande profissionalismo e à luz do dia, mostra até que ponto as peças mais valiosas dos museus estão sujeitas a roubos.
Não há dúvida que o Museu do Louvre é um dos mais bem dotados, não apenas em financiamento estatal, como também por doadores privados. Logo, coloca-se a questão de saber porque motivo os museus com as peças mais representativas e valiosas do património nacional têm uma segurança bastante deficiente. Parece ser mais precária - a sua segurança - que a dos grandes bancos.
Basta ler o artigo «How The Louvre 'Heist Of The Century' Unfolded» para se compreender que os assaltos a museus e, em particular, a grandes museus como o Louvre, são frequentes. Por outro lado, a probabilidade de recuperar as peças roubadas é baixa, quer se trate de quadros, de objetos de arte ou de jóias.
As peças agora roubadas provavelmente nunca serão de novo vistas (*). Os profissionais, não apenas desmontam, como retalham as pedras preciosas, de modo que estas não possam ser detetadas.
Outro fator muito desfavorável para a eventual recuperação do produto dos roubos, é a facilidade em transaccionar com criptodivisas. Estes podem atingir enormes cifras, movimentadas de modo que é muito difícil identificar os intervenientes na transação.
No passado, na lavagem do dinheiro destas operações, usava-se «cash»; esta lavagem era mais difícil e arriscada para os ladrões de obras de arte e seus clientes. Com efeito, o mercado de obras de arte estava sempre estreitamente vigiado, havendo probabilidade de detecção das quantias avultadas.
Hoje, devido aos movimentos de dinheiro não passarem por sistemas bancários e devido à total confidencialidade das transações com criptodivisas, os pagamentos tornaram-se mais seguros para os ladrões, os receptadores e os clientes finais.
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terça-feira, 21 de outubro de 2025
COMO VIVERMOS NUM TEMPO DE CRISE
HAVERÁ UMA FATALIDADE PARA O COLAPSO DE «DIVISAS DE RESERVA» ?
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
UM RABI EXPLICA O QUE É E COMO NASCEU O SIONISMO
domingo, 19 de outubro de 2025
INICIAÇÃO - poema de Fernando Pessoa
INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes
Pois não há sono no mundo.
..........................
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser,
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
.........................
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.
.........................
Neófito, não há morte.
(Presença, nº 35, Maio de 1932)
sábado, 18 de outubro de 2025
VENEZUELA - NOBEL DA «PAZ» E «FRUTO PENDENTE*»
*Nota: A tradução mais comum para "hanging fruit" é «oportunidade fácil» ou «resultado fácil de alcançar». No entanto, preferi usar uma expressão mais literal, como "fruto pendente", pois esta é compreensivel no contexto deste artigo.
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O presidente Trump deve ter feito uma grande pressão para que o elegessem prémio Nobel da Paz. O juri do Nobel deve ter sentido alguns pruridos de consciência e decidiu antes escolher uma venezuelana, líder de oposição anti chavista e grande amiga dos EUA. Maria Corina Machado, eleita prémio Nobel da Paz, "não é nenhuma flor pacifista":
- Internamente, não cessou de fazer apelos incendiários à sublevação contra o regime de Maduro.
- Em relação ao estrangeiro, convidou os «pacíficos» Netanyahu e Trump, a invadirem o país, com a garantia de que, se o fizessem e a pusessem na presidência, teriam garantido o petróleo venezuelano e tudo o mais.
Não creio que estas tomadas de posição públicas sejam adequadas para quem está comprometida num caminho de paz e de oposição não violenta!
No entanto, a Venezuela tem forças militares e populares que não seria prudente ignorar. Se houvesse invasão pelos EUA ou forças mercenárias, a tarefa não seria fácil. Além disso, a Venezuela está hoje de boas relações com as potências mais significativas do ponto de vista económico e militar dos BRICS, a China e a Rússia. Tanto os chineses como os russos já deram discretos sinais de que não irão ficar passivos perante uma eventual tentativa de derrube do regime venezuelano.
Um império em decadência acelerada já não mete tanto medo, sobretudo após os fiascos militares deste século XXI: Afeganistão, Iraque, Líbia, assim como outras situações em que os americanos foram obrigados a recuar. Na verdade, as " guerras sem fim" que eles vão criando - incluindo a Ucrânia - são apenas causadoras de morte, destruição e dívidas colossais, além de criarem animosidade em muitos povos e governos diversos. Alienaram laços fortes com a Arábia Saudita, Indonésia e vários países africanos ou latino-americanos. O apoio incondicional ao governo de Israel, nestes dois anos de matança de civis indefesos em Gaza, também contribuiu para que muitos perdessem a ilusão sobre as intenções humanitárias e benévolas de Washington.
Maduro, vendo as provocações constantes, o assassinato dos tripulantes de lanchas, supostamente transportando droga para os EUA (creio que já afundaram 4 desses barcos), percebeu que as forças militares dos EUA se preparavam para uma invasão da Venezuela. Estas brutais execuções extra-judiciais de pessoas que os americanos nem sabiam ao certo quem eram, são mais uma prova da hipocrisia do poder imperial. Mas, sobretudo, revelam o intuito de criar o pretexto da agressão («casus belli») e derrube do governo de Maduro.
O fruto pendente das enormes reservas de petróleo e das minas de ouro da Venezuela, devem ter feito salivar os "neocons". Wolfowitz, um destacado neocon conselheiro de George W. Bush, argumentava (em 2003) que a invasão do Iraque "se pagaria a si própria" com as enormes somas obtidas na venda de petróleo deste país. Sabemos que não foi assim, mas também sabemos que pessoas gananciosas e estúpidas são capazes de cair duas vezes no mesmo erro.
De qualquer maneira, se houver guerra, não é a oligarquia dos EUA que irá pagar a fatura. São os pobres, que irão mais uma vez servir como carne para canhão em guerras do Império Ianque...

