A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
Duas versões de um sucesso de Fats Waller: uma vocal, pela imortal Sarah Vaughan, outra ao estilo do ragtime, em voga nos anos 20 e 30 do século passado, na interpretação brilhante de Stephanie Trick.
São duas versões tão belas, uma como a outra, pelo que não faz sentido hierarquizar.
I'm gonna sit right down and write myself a letter,
And make believe it came from you.
I'm gonna write words oh, so sweet
They're gonna knock me off of my feet,
A lot of kisses on the bottom,
I'll be glad i got 'em.
And close with love, the way you do.
I'm gonna smile and say,
"i hope you're feeling better,"
«Anything Goes» do musical do mesmo nome, numa interpretação pelo compositor, Cole Porter
Cole Porter era compositor de muitos musicais da Broadway em 1939, quando Carlos Botelho pintou a tela a óleo abaixo. Muitas canções de Porter tornaram-se «standards» de jazz, sendo parte do reportório de inúmeros artistas interpretes, nessa altura e nas décadas seguintes.
Se queres ver a vida a sorrir, é fácil! Vê e ouve o imortal Satchmo, neste excelente vídeo musical, ao vivo em Berlim- Leste
Louis Armstrong, Tyree Glenn, Eddie Shu, Billy Kyle, Arvell Shaw, Jewel Brown and Danny Barcelona, live at the East Berlin Friedrichsstadt Palast, March 22, 1965.
First set:
When It's Sleepy Time Down South
Indiana
Black and Blue
Tiger Rag
When I Grow Too Old to Dream
Hello, Dolly
Memories of You
Lover Come Back to Me
Can't Help Lovin' Dat Man
When The Saints Go Marchin' In
Second Set:
Struttin' with Some Barbecue
The Faithful Hussar
Royal Garden Blues
Blueberry hIll
Without a Song
How High the Moon
Mack the KNife
Stompin' at the Savoy
I Left My Heart in San Francisco
My Man
Mop Mop
When It's Sleepy Time Down South
Hello, Dolly
Esta publicação tem a ver com a minha longa paixão pela poesia posta em música e pela música que não se deixa encerrar em categorias convencionais. É a minha modesta homenagem a Kurt Weil.
SPEAK LOW - UTE LEMPER
As raízes do jazz são múltiplas, assim como a nossa civilização «ocidental» (mas tão bem representada no Oriente!).
A música popular de qualidade vai construindo a sua tradição, por selecção e eliminação das escórias. Só nos parece efémera porque nós estamos mergulhados no instante.
Mas existe uma fusão entre a música popular e a «erudita» em alguns poucos compositores, entre os quais K. Weil.
Only make believe I love you Only make believe that you love me Others find peace of mind in pretending Couldn't you? Couldn't I? Couldn't we?
Make believe, our lips are blending In a phantom kiss or two or three Might as well, make believe I love you For to tell the truth, I do.
The game of just supposing Is the sweetest game I know Our dreams are more romantic Than the world we see.
And if the things we dream about Don't happen to be so That's just an unimportant technicality.
You and I have never met We need not mind convention's P's and Q’s.
If we put our thoughts in practice We can banish all regret Imagining most anything we choose.
Joséphine Baker (1906-1975), por nascimento Freda Josephine McDonald, foi uma cantora, dançarina, actriz, estrela de revista e resistente francesa.
Foi a primeira vedeta negra. Começou a ficar famosa em Paris, em 1925 dançando semi-nua, na «Revue nègre».
Avec
Un tout petit, petit rien de rien
Les femmes
Obtiennent tout ce qui leur convient
C'est formidable!
Avec
Leurs tout petits, petits, petits moyens
Elles savent
Troubler le sexe masculin
Mine de rien
Elles attrapent même les plus adroits
Croyez-moi
Avec
Leur tout petit je-ne-sais-quoi
Qu'elles viennent de Rome ou de Brooklyn
Ou même de Copenhague
Qu'elles veuillent une paire de ballerines
Ou même une simple bague
Un peu de charme, un peu de larmes
Et l'affaire est dans l' sac
Avec
Un tout petit, petit rien de rien
Les femmes
Obtiennent tout ce qui leur convient
N'est-ce pas, Mesdames?
Avec
Leurs tout petits, petits, petits moyens
Elles savent
Troubler le sexe masculin
Mine de rien
{x2:}
Elles attrapent même les plus adroits
Ho ho ho... Croyez-moi
Avec
Leur tout petit je-ne-sais-quoi
Adoptou a nacionalidade francesa em 1937 e desempenhou um papel importante, durante a II Guerra Mundial, na resistência.
Utilizará depois sua enorme popularidade para lutar contra o racismo e pela emancipação dos Negros.
Vejam o documentário abaixo; «A Primeira Super-Estrela Negra»:
Esta canção de amor extraída do filme «The Sandpiper» de 1965, com Liz Taylor e Richard Burton, tornou-se muito famosa e foi cantada por inúmeros intérpretes.
The shadow of your smileWhen you have goneWill color all my dreamsAnd light the dawnLook into my eyes my love and seeAll the lovely things you are to meOur wistful little starIt was far, too highA teardrop kissed your lipsAnd so did INow when I remember springAll the joys that love can bringI will be rememberingThe shadow of your smile
Aqui, mais um exemplo da portentosa voz de Sarah Vaughan, da sua sensibilidade artística e bom gosto, que tornam qualquer melodia ou canção por ela interpretada, algo muito pessoal...
No final desta gravação, extraída de um documentário, ouve-se também comentar que Sarah fumava, bebia, etc. e não se importava de afirmá-lo.
O single mais famoso de Julie London, "Cry Me a River", tornou-se um sucesso de um milhão de vendas, logo após a sua publicação em Dezembro de 1955. London cantou esta canção no filme «The Girl Can't Help It» (1956). Foi retomada por inúmeras cantoras e cantores de jazz e pop, ao longo de mais de sessenta anos, tais como Shirley Bassey, Barbra Streisand, etc. Curiosamente, a canção - escrita em 1953 - foi inicialmente composta para ser cantada por Ella Fitzgerald, no filme sobre os anos 20 «Pete Kelly's Blues», mas acabou por não ser incluída.
Dinah Washington, no vídeo abaixo, interpreta a canção com uma intensidade que põe em relevo suas qualidades expressivas.
Now you say you're lonely You cried the long night through Well, you can cry me a river Cry me a river I cried a river over you Now you say you're sorry For being so untrue Well, you can cry me a river Cry me a river I cried a river over you You drove me, Nearly drove me out of my head While you never shed a tear Remember? I remember all that you said Told me love was to plebeian Told me you were through with me Now you say you love me Well, just to prove you do Cry me a river Cry me a river I cried over you You drove me Nearly drove me out of my head While you never shed a tear Remember? I remember all that you said Told me love was to plebeian Told me you were through with me... And now you say you love me Well, just to prove that you do... Come on! Come on! Cry me a river... Cry me a river... I cried a river over you I cried a river over you...
Jerome Kern e Oscar Hammerstein II compuseram e uma pleiade de interpretes deram vida a este clássico do jazz.
Aqui deixo duas interpretações; são - para mim - modelos! São perfeitas em si mesmas!
You are the promised kiss of springtime That makes the lonely winter seem long You are the breathless hush of evening That trembles on the brink of a lovely song You are the angel glow that lights a star The dearest things I know are what you are Some day my happy arms will hold you And some day I'll know that moment divine When all the things you are, are mine
There are many many crazy things
That will keep me loving you
And with your permission
May I list a few
The way you wear your hat
The way you sip your tea
The memory of all that
No, no they can't take that away from me
The way your smile just beams
The way you sing off key
The way you haunt my dreams
No, no they can't take that away from me
We may never never meet again, on that bumpy road to love
Still I'll always, always keep the memory of
The way you hold your knife
The way we danced until three
The way you changed my life
No, no they can't take that away from me
No, they can't take that away from me
Written by Ira Gershwin, George Gershwin
Esta célebre canção dos anos 30, composta por Ira e George Gershwin, foi interpretada por quase todas as celebridades do jazz, como Billie Holiday, Frank Sinatra ou Ella Fitzgerald.
Também estrelas do jazz instrumental - como Art Tatum e outros - nela se inspiraram para executarem originais improvisos.
Mas, ao fim e ao cabo, a versão que gosto de ouvir repetidas vezes é esta, a de Erroll Garner.
De novo, estava neste baile,
tentando ver, entre o nevoeiro de fumo, onde se encontrava a moça com quem
tinha já dançado, mas que me escapou, no torvelinho dos corpos suados...
Os pares evoluíam pela pista, um
soalho de madeira gasta, envolvidos numa atmosfera irreal. Uns tímidos,
outros apaixonados, sem nunca perder a compostura, dançavam enlaçados os
slows e os swings.
A orquestra, do cimo do palco,
dominava tudo. Punha essa gente toda a rodar, a voltear, e revoltear, sem
quebra de ritmo. Eram marionetas de tamanho natural, puxadas por invisíveis
cordas, deslizando na pista sem nunca se cansarem.
Assim que ela me viu, esboçou um
sorriso encorajador; compreendi que me concedia a próxima dança. Um pouco
de conversa, uns passos de dança, um convite para tomar um refresco no bufete,
era o máximo que podia esperar. Talvez houvesse um encontro posterior... Mas,
haveria mesmo?
Muitos anos depois, encontrei-a
de novo. Não, não estava envelhecida... mas era como saída de sonho
sonhado há séculos.
Agora... nem sei se continuo a
sonhar, ou se estou acordado, saído duma longa hibernação...
Fools rush in Where angels fear to tread And so I come to you my love My heart above my head
Though I see The danger there If there's a chance for me Then I don't care
Fools rush in Where wise men never go But wise men never fall in love So how are they to know
When we met I felt my life begin So open up your heart and let This fool rush in
Como a sua voz permanece jovem, como a sua música soa familiar aos nossos ouvidos, até se compreende a surpresa de se cumprir um centenário do nascimento da mais versátil cantora de jazz...
O filme de 1960 «Let no man write my epitaph» foi um enorme flop. Porém, são (continuam a ser...) enormes sucessos, as canções que Ella Fitzgerald cantou para este filme.
Ouça-se, especialmente, nos momentos de intimidade (Intimate Ella):
«I cried for you, now it is your turn to cry over me...»
O que podem uma cantora impar e um igualmente grande do jazz, interpretando uma obra imortal de Gershwin? - Oiçam a resposta, aqui:
Para se perceber melhor a transformação operada pela criatividade dos músicos de jazz, oiçam agora a primeira gravação em disco (de 78 rpm) com excertos da famosa ópera «Porgy and Bess».
«It ain't necessarely so..» pode ouvir-se a partir de 18:35
Estou a vogar num oceano
de música, sem rumo. A brisa vem-me acariciar as faces e sei que tudo isto é
impossível - mas aconteceu.
Pois é verdade que os
sons me transportam para os ambientes mais esquisitos, arrastado por movimentos
dos ares, onde se encontram as estranhas e envolventes figuras etéreas que nos
tomam e nos fazem viajar até às galáxias mais distantes.
Estou mesmo acordado no
sonho, agora.
Observo o estranho destino
do saltimbanco que atravessou a rua e nunca mais voltou… e que se lembrou de
abordar a vida pelo reverso, pela noite- mistério, pela poesia.
Gostou de ter ido parar à
outra margem: «Nunca mais irei voltar», declarou, convicto … «Sim, apenas pelo grito,
pelo sabor do instante e do beijo muito apertado … O rio também corre aqui,
deste lado.»
Dormi com uma estrela,
das que cintilam no céu, das que nunca alcançaremos… ela é a minha vida
verdadeira… Passo o dia a suspirar pelos seus braços.