Acordo, ainda e mais uma
vez de noite…
Estou a vogar num oceano
de música, sem rumo. A brisa vem-me acariciar as faces e sei que tudo isto é
impossível - mas aconteceu.
Pois é verdade que os
sons me transportam para os ambientes mais esquisitos, arrastado por movimentos
dos ares, onde se encontram as estranhas e envolventes figuras etéreas que nos
tomam e nos fazem viajar até às galáxias mais distantes.
Estou mesmo acordado no
sonho, agora.
Observo o estranho destino
do saltimbanco que atravessou a rua e nunca mais voltou… e que se lembrou de
abordar a vida pelo reverso, pela noite- mistério, pela poesia.
Gostou de ter ido parar à
outra margem: «Nunca mais irei voltar», declarou, convicto … «Sim, apenas pelo grito,
pelo sabor do instante e do beijo muito apertado … O rio também corre aqui,
deste lado.»
Dormi com uma estrela,
das que cintilam no céu, das que nunca alcançaremos… ela é a minha vida
verdadeira… Passo o dia a suspirar pelos seus braços.
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