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sexta-feira, 27 de abril de 2018

COREIA DO NORTE - COREIA DO SUL: CIMEIRA HISTÓRICA

                              

Estive recentemente na Coreia do Sul, com minha esposa de origem coreana e visitei a sua família. Não tive ocasião de falar em pormenor com os meus cunhados sobre o assunto  do dia, mas tive oportunidade de perceber que na sociedade sul-coreana existe um grande alívio, uma força muito particular, a das pessoas e povos que estão certos que o caminho que estão trilhando é aquele que devem fazer. 
Os coreanos, como confucionistas que sempre foram (pelo menos 99% deles), não se guiam pelo princípio do «prazer» mas do «dever». Eles sabem que o devem a si próprios, à sua descendência e à imagem que transmitem ao Mundo, que assim tinha que ser. Era o único caminho honroso.
Lembro-me de uma conversa amistosa que tive há cerca de vinte anos sobre o problema da resolução das relações entre as duas Coreias, com uns amigos coreanos que então estavam a trabalhar como quadros superiores em Portugal: disse-lhes nessa ocasião, que não me considerava um especialista do seu país, apesar da minha esposa coreana, mas que falava «do coração». Dizia eu, que tinha atrevimento de considerar o seguinte:
- Só poderia haver solução para o problema das Coreias, se houvesse um diálogo directo entre os dirigentes das duas Coreias. 
Coreia do Sul estava refém dos seus «amigos» americanos, assim como a Coreia do Norte, dos «amigos» chineses ( e russos)
Se não houvesse diálogo directo, as Coreias iriam manter-se num estado de «nem guerra, nem paz» indefinidamente, porque isso satisfazia os desejos das respectivas potências tutelares. 
Os meus amigos olharam-se uns aos outros, considerando o que dizer ... e, para minha surpresa, deram-me uma  subtil réplica, disseram-me que eu «falava como um coreano». Fiquei convencido - na altura - que a sua opinião era de que eu me tinha um bocado intrometido nos assuntos «internos» do seu povo, mas compreendiam que eu amasse a sua Pátria.

Chegou então o momento, como dizia ontem o Embaixador da Coreia do Sul em artigo de opinião do DN. Vai ser um processo longo e complicado, mas para as pessoas ou as nações se porem «a caminho», o essencial é dar o primeiro passo. Este já tinha sido dado afinal...  algures e em segredo. 
Eu estou convencido que as conversações iniciadas hoje, são um teatro diplomático, longamente negociado entre as duas partes, para consumo da media. Provavelmente, os pontos fundamentais já tinham sido acordados antes dos jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, este ano. 
Os últimos resquícios da guerra fria estão a fundir-se, como as últimas neves invernais se vão transformando em jovens e cantantes riachos primaveris!

sexta-feira, 9 de março de 2018

A ÚLTIMA FRONTEIRA DA GUERRA FRIA

https://www.youtube.com/watch?v=KrAwyzZwcMc





Desde a brutal e inconclusiva guerra da Coreia, os dois regimes - a Coreia do Norte e Coreia do Sul - viviam numa situação de tréguas instável. 
A Coreia do Norte evoluiu para um curioso regime totalitário de carácter autárcico, uma «monarquia vermelha», com uma sucessão hereditária de líderes carismáticos, até ao actual líder, Kim Jong Un. 
A Coreia do Sul viveu intensa repressão anti-comunista e anti-trabalhadores, tendo-se libertado dos aspectos mais odiosos da repressão através de um levantamento popular, nos anos oitenta. Mas o regime foi sempre oficialmente anti-comunista, totalmente alinhado com os EUA, os quais tinham neste período - pelo menos, até há bem pouco tempo - ditado qual deveria ser a atitude da Coreia do Sul, sua aliada nominalmente, mas na verdade sua colónia. Os sessenta mil militares estacionados permanentemente  em diversas bases, dispunham de armamento sofisticado de defesa e de ataque. Sabe-se que passaram por estas bases ogivas nucleares americanas, sem que estes dessem conta aos políticos e militares do regime do Sul. 
Para a estratégia dos EUA,  a Coreia do Sul tem constituído uma peça-chave do seu dispositivo. Com efeito, a existência daquele outro Estado arque-inimigo - a Coreia do Norte- tem sido muito conveniente, como pretexto para manter forças importantes em estado operacional permanente desde há vários decénios, não apenas na Coreia do Sul, como também no Japão. Graças a este pretexto, os EUA dispõem de meios de exercer chantagem militar sobre a China, ou Rússia, visto poderem também alcançar com seus mísseis, o extremo oriente russo. 
Depois do fim oficial da «guerra fria» em 1991, com a dissolução da URSS e o desfazer-se do Pacto de Varsóvia, o regime Norte-Coreano, arcaico e super-repressivo foi mantido, não por milagre, mas porque todos os vizinhos encontravam aí algo a ganhar. 
A Coreia do Sul tinha um inimigo cuja ameaça tornava indispensável que o «Tio Sam» ajudasse e protegesse a «frágil democracia» do Sul, dos «constantes intentos subversivos» dos «comunistas» do Norte. 
Os Chineses, possuíam um aliado incómodo, mas apreciavam a existência de um «tampão» entre as suas fronteiras e os dispositivos militares dos EUA, em bases permanentes e dotadas de todo o arsenal bélico, para atingir o território da R.P. da China. 
Os russos, tinham os mesmos motivos que os Chineses, em relação ao papel da Coreia do Norte como «Estado tampão». 
Os japoneses também tinham vantagem, pois assim conseguiam manter a protecção dos EUA. Além disso viam com bons olhos que a Coreia do Sul, seu concorrente industrial,  continuasse a braços com este problema, obrigada a desviar somas colossais dos recursos do Estado coreano para a defesa, incluindo a manutenção dum exército em pé de guerra permanente, para enfrentar uma hipotética invasão, ou qualquer provocação vinda do «irmão inimigo» do Norte. 
A abertura da Coreia do Sul à R.P. da China, os laços de comércio (70% do Comércio Sul-coreano é actualmente com a R. P. da China) e as políticas de boa vizinhança, além da existência de um grande cansaço da população em geral e mesmo de parte da oligarquia sul-coreana, perante este estado de guerra suspenso «sem fim à vista», levou a que, no início do novo milénio, a liderança de um presidente da «esquerda moderada» levasse a cabo a «Sunshine Policy» de abertura à Coreia do Norte: através de pequenos passos, do levantamento de certas restrições, da implantação de uma zona industrial na Coreia do Norte, onde as empresas do Sul poderiam investir, aproveitando baixos salários e boas condições de funcionamento garantidas pelo regime do Norte, etc. Esta política foi posta em causa - embora não completamente - pelos governos conservadores que lhe sucederam. 
Apenas com este novo presidente, Moon, as coisas se modificaram. Desta vez, os Jogos Olímpicos de Inverno foram ocasião para uma grande operação de «degelo» e de diplomacia desportiva, como todo o Mundo pode testemunhar. Os contactos prosseguem actualmente. 
As duas Coreias finalmente dialogam entre elas, sem pedirem autorização a nenhum dos «protectores». A presidência dos EUA, apesar de uma série de afirmações deselegantes e provocatórias do seu vice-presidente, durante os jogos Olímpicos de Inverno, viu-se na obrigação de apoiar o novo rumo das relações, segundo o conhecido ditado «se não os podes derrotar, junta-te a eles».
Tudo isto vai evoluir; de uma forma ou de outra, nada ficará como dantes. 
O destino que o regime Norte Coreano tiver, oxalá dependa apenas e somente da vontade dos seus cidadãos. Não acredito que, face a uma maior abertura ao mundo, havendo uma garantia de não-ingerência, o status quo permaneça intacto  por muito tempo. 
Ocorreram outras transições de regimes totalitários, «vermelhos» ou não: nada garante porém que, no caso da Coreia do Norte, se caminhe para um maior respeito pelos direitos humanos, pelos direitos de participação política na sua plenitude. Mas não há dúvida que, no interior do próprio regime, se irão fazer ouvir vozes clamando por mudança. 
A minha natureza, essencialmente optimista, em relação à espécie humana, faz-me crer profundamente que os povos, quando deixam de estar sujeitos ao medo, encontram naturalmente o caminho próprio para a felicidade. 
A felicidade deles também é a nossa, pois significa - não  meramente em termos simbólicos - que a página da «guerra fria», esse longo período de grave ameaça para a Paz mundial,  estará definitivamente virada.


  


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

GUERRA NUCLEAR POR ACIDENTE?


                                

A escalada de tensões entre potências nucleares, levada a cabo, essencialmente, pelos Estados Unidos, com a cumplicidade ou -pelo menos- a complacência dos seus aliados na NATO, é propriamente uma política suicida. 
A prová-lo estão numerosos relatórios, alguns dos quais vindos da Grã-Bretanha, fiel aliada dos EUA, que mostram que uma guerra nuclear, mesmo entre potências secundárias como o Paquistão e a Índia, causaria milhões de mortos diretos e indiretos, estes últimos por rutura dos recursos alimentares em consequência do arrefecimento brusco causado pela emissão de grande quantidade de partículas, que ficariam em suspensão na atmosfera interferindo com a luz solar (inverno nuclear). Claro que num cenário entre os EUA e a Rússia, ou entre os EUA e a China, os resultados ainda seriam mais catastróficos.
A proliferação de armamento nuclear, veja-se o caso mais recente da Coreia do Norte, é decorrente da atitude de bullying de uma super-potência, neste caso os EUA, que estão constantemente a ameaçar (e/ou efetivar) com agressão militar os Estados que não se conformem com a sua hegemonia.
Esta política dá efectivamente alento para estes países, decretados «Estados párias», se munirem da arma nuclear, pois ela funciona como salvaguarda ou dissuasora contra as ambições imperialistas. 
Porém, abandonou-se a política oficial de tentar uma redução e progressiva eliminação de armas nucleares, que foi a doutrina oficial, da ex-URSS e dos EUA, nos anos setenta e oitenta do século passado. Esta doutrina e os tratados de redução de armamentos estratégicos, com toda a série de protocolos destinados a evitar uma guerra «acidental» entre super potências, foram sendo postos em causa, um a um, no presente século. 
É preciso que as pessoas tenham consciência que esta mudança de cento e oitenta graus, na política dos EUA, não foi o resultado de um movimento de massas, duma mudança da opinião pública, ou mesmo, nos principais partidos políticos, no seu conjunto.  

Esta mudança - com potencial catastrófico - deveu-se a um grupo obscuro chamado «Neo-Cons», que advoga no seu documento fundador PNAC ( projeto para um novo século americano, 1997) exatamente todas as políticas que vêm sendo seguidas desde o início do século XXI. 
Isto não pode ser coincidência, tanto mais que este grupo tem peões seus em vários sectores da administração, qualquer que seja o «partido» no poder (Noam Chomsky costuma dizer, nas suas entrevistas, que o poder, nos EUA, é de um partido único, com duas alas, a democrata e a republicana). 
Os neocons conseguiram capturar alavancas essenciais da administração, mormente nos sectores da defesa, espionagem (CIA, NSA, etc.) e diplomacia (ex.: Victoria Nulan, que promoveu o golpe na Ucrânia, com o pleno acordo de Obama).

O clima de suspeição e de constante bullying às potências nucleares menores, ou com capacidade de se tornarem nucleares a breve trecho, não apenas vem contrariar a doutrina da não proliferação de armas nucleares e de destruição massiva, adotada pela ONU e pelos Estados que têm assento permanente no Conselho de Segurança, vem também aumentar a probabilidade de «guerra nuclear por engano», ao fazer subir a tensão a níveis nunca antes vistos, mesmo no auge da guerra-fria, no início dos anos 60, aquando da crise dos mísseis de Cuba.

Se não houver uma inflexão política entre os aliados da NATO, limitando e depois eliminando a influência desta tenebrosa máfia dos «neocons» nas administrações dos EUA, sejam elas democratas ou republicanas, o mundo continuará à beira da destruição. 
Como indicam muitos relatórios oficiais sobre questões de defesa, a probabilidade de uma tal ocorrência é maior envolvendo pequenas potências nucleares e/ou por um encadeamento de falhas, de acidentes infelizes, nos dispositivos de controlo, do que num cenário onde as principais potências se confrontam diretamente e acabam por recorrer às armas nucleares, na sequência de uma escalada bélica.

As pessoas de boa vontade, que lutam pela transformação das políticas no sentido de uma proteção do ambiente, preocupadas com o efeito de estufa antropogénico (não irei discutir aqui se ele é, ou não, tão grave como advogam, apenas me refiro à mobilização que este tema desencadeia) deveriam pensar que, sem segurança global, sem eliminação metódica e controlada dos armamentos de destruição massiva, todo o futuro do planeta, da espécie humana, está posto em causa. 
Assim sendo, que sentido tem não fazerem com que todo o peso das campanhas de opinião e de movimentações de massas se oriente para a urgente tarefa de desativar o perigo de uma guerra nuclear?
Não serão eles cúmplices, por estarem objetivamente a dar campo aos que advogam e produzem um retorno às políticas de «guerra fria»? 
A política, seja em que domínio for, mede-se pelas prioridades que se dá: é escrutinando essas prioridades que se consegue conhecer as verdadeiras intenções. 
Eu, sinceramente, já não acredito na sinceridade de certos ecologistas, os que advogam a mudança para um modo de viver saudável, a redução da «pegada de carbono», etc.,  mas que não se emocionam, não fazem nada, viram a cara e assobiam, quando se coloca a questão da guerra e da paz, dos esforços que têm de partir da cidadania para pressionar governos a mudar o rumo de suas políticas. 

Também bastante ridículos me parecem os que se dizem radicais anti-autoritários, que não aceitam entrar em coligações (sem dúvida limitadas, mas efetivas) com outros, com genuína boa-vontade, para erguer um poderoso movimento pacifista. Com efeito, mesmo que não existissem armas nucleares e que a ameaça de destruição global não se colocasse, o facto é que os sistemas de organização de guerras, de militarismo, de exércitos, tanto para flagelar os exércitos inimigos, como populações indefesas, incluindo as próprias, sempre foram o essencial  do autoritarismo.

O fracasso ou a não-priorização dos ecologistas e dos anti-autoritários, com outros grupos e tendências, para erguerem um sólido movimento pacifista, é a maior falha que aquelas correntes exibem. É com imensa tristeza que verifico esta situação, muito ao contrário das tradições e dos valores próprios das referidas correntes.  


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

PROFECIAS AUTO-REALIZADAS?

Será que o facto de se esperar que um dado acontecimento ocorra (e afirmá-lo), aumenta a probabilidade deste mesmo ocorrer? Será que por se gritar «vem aí o lobo!» ele acaba por vir?

Estas interrogações vêm a propósito da guerra anunciada dos EUA com a Coreia do Norte, que certos arautos de um imperialismo sem limites, não se cansam de chamar. 
Estes têm interesse em fazer com que esta guerra rebente.
Veja-se a situação completamente artificial nos EUA: 
 - uma economia fracamente produtiva, realmente dependente de importações daqueles que - oficialmente - são potência rival, para não dizer inimiga (R. P. China); 
- uma finança completamente distorcida por uma dívida monstruosa, impagável, com tendência para se acumular e nenhum incentivo a qualquer medida de contenção; 
- com o prestígio dos EUA completamente de rastos, quer pela patética prestação de Trump enquanto presidente, quer sobretudo, da errática estratégia de Washington em que grupos rivais no Estado profundo se degladiam, ora levando a melhor um sector, ora outro.

Por outro lado, a ascensão dos BRICS e sobretudo da China, tem como corolário a descida do dólar e, em especial do petrodólar, a moeda reserva mundial, que é um dos sustentáculos da política dos EUA, sendo o outro o seu enorme poderio militar. 

Mesmo no campo estritamente militar, as guerras eternas em que os EUA se envolveram (e envolveram seus aliados da NATO) no Médio-Oriente, nada corre bem. Estes fracassos mostram que a força militar, por mais poderosa que seja, não é capaz de tudo: está limitada pela sua incapacidade em ser vitoriosa contra forças de guerrilha, desde que estas estejam determinadas e tenham uma base real na população onde actuam.


Jim Rickards é um homem familiarizado com as altas esferas da finança (FMI, etc.), do complexo militar (Pentágono) e dos serviços de informação (CIA): 
Por isso, preocupa-me esta  entrevista dada por Jim Rickards a Greg Hunter
Avisa sobre a alta probabilidade da Coreia do Norte disparar um novo míssil, aquando do aniversário (10 de Outubro) do partido comunista Norte-coreano. 
Igualmente preocupantes são os exercícios militares planeados pela Coreia do Sul para 21 deste mês. 
Rickards vê uma janela entre 10 e 21 de Outubro, em que algo poderá acontecer. É verdade que ele não deseja que algo aconteça, mas está - de certa maneira - a avisar o seu público, sobretudo do mundo dos negócios.  
Embora ele não o afirme taxativamente, o facto é que nestas ocasiões, se as forças do Estado profundo quiserem, elas podem accionar um ataque de falsa bandeira, como o tem feito noutros momentos.
Não serão as pessoas em torno do presidente Trump, nem ele próprio, que irão fazer recuar os «neocons» nos seus intentos, como aliás vimos, com a comédia da suposta interferência da Rússia na eleição de Trump. 
Hoje, é por demais evidente que se tratava de um estratagema para colocar embaraços ao presidente eleito, logo a seguir à sua eleição, como aviso de que ele não conseguiria realizar nada, a não ser que aceitasse seguir, no essencial, a estratégia desse mesmo «Estado profundo»...
Seria bom que houvesse consciência internacional de que há forças interessadas em desencadear uma guerra «a quente», não apenas com a Coreia do Norte, pois pensam -loucamente - que há reais hipóteses de que uma tal guerra possa ser vitoriosa para o «Ocidente». 
Sabemos, infelizmente, que há mais hipóteses de que, partindo de uma guerra dita «limitada», se possa chegar a um holocausto nuclear, que eliminará a civilização e talvez até a vida na Terra.

domingo, 24 de setembro de 2017

Milhões de vidas estão em jogo, diz a organização «Veteranos Pela Paz»


                                                        

Veteranos pela Paz é uma organização que agrupa membros das forças armadas dos EUA que lutaram em várias guerras. 
São uma voz incómoda para o poder de Washington. 
Para nós, pessoas comuns quer sejam ou não de nacionalidade americana, eles deveriam ser escutados com imensa atenção. 
- Quem melhor do que os que passaram pelos horrores da guerra pode compreender a injustiça que qualquer guerra constitui quando se abate sobre um povo, seja ele qual for? 
- Quem sofreu, sabe que as guerras deixam marcas muito profundas, arrasam famílias e destroem a felicidade dos sobreviventes para todo o sempre. 
É sintomática a elevada taxa de suicídios nos veteranos. É que muitos sofrem de stress pós-traumático, que não é sempre diagnosticado a tempo.  


Redigiram uma carta aberta aos presidentes dos EUA e da Coreia do Norte. Porém, ela também é dirigida a todas as pessoas que desejam a paz e que estão conscientes da gravidade do momento:

Dear President Trump and Supreme Leader Kim Jong-un,
You have both made your point.The world has seen that neither of you will back down before the threats of the other.  For the sake of the world’s people, it is now time for good faith negotiations.
President Trump, you have engaged in reckless rhetoric and threatened to “totally destroy” North Korea with “fire and fury like world has never seen.”  We can tell you right now that you do not speak for millions of veterans in this country.  We know firsthand the horrors of war, and we don’t want to see them again, not even from a distance. 
Supreme Leader Kim Jong-un, your threats to target Guam and the United States with nuclear weapons are deeply disturbing. We understand that you must defend your nation from threats of U.S. intervention.  However, your words and actions, like President Trump’s, are causing a very unstable and dangerous situation.
You both have shown the other, and the world, that you have the capability of causing calamitous destruction in a distant country.  You have also shown that through the strategy of “deterrence,” which holds millions of people hostage to the threat of nuclear war, you have so far been able to fend off an attack by the other.
The point has been made.  Now is the time to start backing off.
It is time for each side to clearly state its conditions for negotiations. Not conditions that are deliberately designed to be impossible for the other side to accept.  But conditions that are “negotiable.”  There should be no unilateral “pre-conditions” for talks to begin.  The people of the world are demanding peace.
The name-calling and bluffing game must stop, before someone, somewhere, makes a tragic mistake, a mistake that could never be undone.  Millions of people would die a horrible death, not only in Korea, the U.S. and Japan, but also in Okinawa, Guam, China, Russia - and who knows where else.
Millions of lives are in the balance, as is the future of the human species. For the sake of our mutual survival, it is time for diplomacy.  It is time to negotiate.  It is time for peace.  As veterans of too many wars, we beg you to start talking now.
Please let us know if we might be of assistance.  We will help in any way we can.
Peace for All Koreans!  Peace for All the People of the World!

Most sincerely,
Veterans For Peace

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A (NOVA) GUERRA DA COREIA NÃO TERÁ LUGAR...

... Pelo menos, é isso que - parece - os coreanos do Sul pensam. 
Ou será antes que tal frase é expressão da indiferença da comunidade internacional? 
- Sim, porque a indiferença em relação a procurar compreender o que se está a passar é abismal! Os media, o principal instrumento de propaganda dos globalistas, estão interessados em fabricar notícias sensacionalistas, não em explicar os «como» e «porquê» das crises.

O regime da Coreia do Norte poderá estar a ser empurrado, pelos americanos, com o seu arsenal de sanções, a ripostar com aperfeiçoamento do seu arsenal de misseis e de bombas nucleares. Pois isto é - pensam eles - a única forma de evitar que os EUA desencadeiem um ataque surpresa, supostamente preventivo, para eliminar as armas nucleares norte-coreanas. 
Felizmente, o recém eleito presidente Moon da Coreia do Sul, já se pronunciou claramente no sentido de não permitir que seja desencadeada (iniciada) uma guerra contra o Norte. 
O Norte tem baterias de canhões apontadas a Seul: são cerca de 25 milhões de cidadãos da Coreia do Sul, ao alcance dessa artilharia, caso haja um ataque de surpresa. 
Não haverá hipótese de aniquilar de uma penada este dispositivo, que inclui unidades móveis, outras em esconderijos e bunkers, o que torna praticamente impossível que um ataque-surpresa fique impune, não sofra uma riposta, uma retaliação. 
Os americanos mantêm grande parte dos seus quartéis bem próximo (ou dentro) de Seul, para se assegurarem que - se eles forem atacados - a população civil sul-coreana também o será!

De qualquer maneira, vemos que esta crise está a fortalecer ao regime da Coreia do Norte, mostra que não receia o papão: a maior potência nuclear mundial. Mostra que não receia o império global militarista, cujo orçamento da defesa é muito maior do que os orçamentos conjugados das restantes grandes potências (China, Rússia, etc...). 
Esta crise mostra também  que o sistema das Nações Unidas está caduco e foi desenhado ou, pelo menos, manipulado para servir como instrumento de pressão e de chantagem ao serviço dos americanos. Não será por acaso que a sede está em Nova Iorque. 

Mas a incapacidade das potências em controlarem o problema da proliferação das armas nucleares está inteiramente dependente do grau de empenhamento, dos esforços concretos que estas mesmas potências tenham em relação à paz. Será o seu papel e dever, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, em resolverem os conflitos por via pacífica, em realizarem passos concretos na via do desarmamento, em relação às armas nucleares, em primeiro lugar; depois, às outras armas de destruição maciça (biológicas e químicas) e a reduzirem os arsenais das armas ditas convencionais, por fim.

Assim, a crise com a Coreia do Norte deve ser vista como uma crise do sistema da hegemonia mundial unipolar. Os EUA só sabem usar a força; a diplomacia não desempenha papel no seu «arsenal», senão como propaganda interna e internacional.
O seu modo de proceder é fácil de compreender: tudo o que questione a sua hegemonia é  visto como ameaça à «ordem globalista». A sua reação típica nestes casos, tem sido - neste terceiro milénio que se iniciou com uma hegemonia de Washington  - de desencadear guerras ditas «preventivas» (absolutamente proibidas e condenadas pelos próprios princípios da Carta da ONU!). 
Estas guerras não têm hipótese de ser "ganhas" (vejam-se os casos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Ucrânia, da Síria), mas devem ser geradoras do caos, através do qual Washington continuará a manipular e beneficiar das riquezas dessas regiões.

Veja-se também como as guerras, instigadas pelos EUA, se têm concentrado junto das fronteiras, ou nas zonas de influência, da grande potência rival, a Rússia. Esta política de atear fogos nas fronteiras dos que ameaçam a sua hegemonia estende-se também à China. 

O facto é que, nem a China, nem a Rússia, podem consentir que a população norte-coreana seja vítima dupla: dos que a governam (Kim Jon-un parece-me ser apenas porta-voz da junta político-militar) e dos que pretendem manter, por todos os meios, incluindo a guerra, a sua hegemonia mundial.

Não podem consentir por várias ordens de razões:
- Razões humanitárias: estariam a cometer o crime de genocídio, de punição coletiva da população civil indefesa, ela própria vítima. 
- Razões políticas: o completo isolamento do regime Norte coreano dificultará quaisquer iniciativas de apaziguamento, de resolução pacifica do conflito.
- Razões da sua própria segurança: A Coreia do Norte faz fronteira com ambas, Rússia e China. O precipitar duma guerra «a quente» irá desestabilizar as zonas fronteiriças, com milhares de refugiados, o que irá obrigar, numa ou noutra fase, à intervenção militar direta dum dos vizinhos, ou de ambos. Não esqueçamos que existem acordos de assistência mútua em vigor entre a Coreia do Norte, a China e a Rússia.
- Razões de estratégia mundial: Pois se os EUA querem tanto desencadear uma guerra com a Coreia do Norte, é precisamente para continuarem a sua política de instabilidade permanente, com focos de tensão nas fronteiras das potências rivais: o objectivo é sempre o mesmo, enfraquecer a China e a Rússia. 
Estas, estão claramente empenhadas em fazer emergir uma nova ordem mundial multipolar e isso é anátema para a potência hegemónica decadente.

Veja-se também o vídeo abaixo, mostrando as capacidades próprias da Coreia do Sul:




Eu posso conhecer factos, veiculados por fontes várias, sem adotar suas conclusões. Tem sido esta a minha postura e tenciono continuar nela, o mais possível.
Tenho-me inspirado bastante, ultimamente, na obra de F. William Engdahl, no site Strategic-Culture.org e noutras fontes: são um meio de nos mantermos informados e de lermos análises que saem da rotina da media prostituta ocidental.