A economia chinesa já se tinha contraído de modo significativo com os lockdown de Xangai e de Pequim e de muitas outras cidades industriais e portuárias. Agora, na nova vaga de confinamentos, surgem situações trágicas como o incêndio, relatado na notícia abaixo, que desencadeiam protestos.
https://www.zerohedge.com/covid-19/covid-lockdown-protests-erupt-beijing-xinjiang-after-deadly-fireEm Urumqi, estima-se que cerca de 4 milhões de habitantes têm estado sob «lockdown» (confinamento), um dos mais longos do país, impossibilitados de abandonar as casas por períodos até 100 dias. Nesta cidade, houve ontem um incêndio num prédio de 10 andares. As portas de entrada do edifício estavam seladas, o que atrasou a intervenção dos bombeiros. Teme-se que mais de uma dezena de pessoas pereceram no incêndio. Esta tragédia desencadeou uma manifestação espontânea, em que se ouvia «Somos seres humanos», «Acabem com os lockdown». Algumas estrofes do hino nacional chinês eram cantadas pelos manifestantes e também eram agitadas bandeiras da Rep. Popular da China, assinalando que eles não estavam contra a China, nem contra o seu sistema político, mas contra a burocracia e a política «zero covid», que se abateu sobre eles.
Em Pequim, também houve manifestações face a um renovo dos «lockdown». Em breve se saberá mais detalhes do que se passou na capital e nas províncias.
Com efeito, a economia da China estava centrada nas exportações e grande parte destas para países desenvolvidos, da Europa e América do Norte, que agora entraram numa profunda crise. Logo, tem de haver uma brusca redução das exportações chinesas para esses destinos, mesmo que não existam bloqueios ou sanções. A economia chinesa não conseguiu ainda adaptar-se a um contexto mais centrado no próprio país, de satisfazer mais o mercado interno, de exportar mais para países que não sejam do «Ocidente».
Penso que a política de «zero-COVID» tem sido um expediente para um controlo social acrescido, perante as possíveis perturbações decorrentes de desemprego, falta de certos produtos, de dificuldades alimentares em certa zonas do país, etc.
Esperemos que as autoridades chinesas tenham flexibilidade para diluírem as medidas draconianas, em face destes resultados desastrosos.
ATUALIZAÇÃO 1:
Insurreição operária na FOXCOMM (fabrica os smartphones para a Apple) a 22-23 de Novembro
Veja o vídeo no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=zFA_c9PjBEIATUALIZAÇÃO 2:
Os protestos em Pequim incluem os estudantes da universidade de Tsinghua, uma das mais célebres instituições universitárias da China. Houve também protestos em Wuhan e Xangai. No site de «Zerohedge» podes ver a notícia contendo um vídeo da manifestação dos estudantes, em Pequim (univ. de Tsinghua) em 27 de Nov.
Atualização 3: Uma flexibilização das medidas contra o COVID e a constatação de que a economia sofreu pesadamente com a política de «Covidd Zero»:
8 comentários:
Algumas notícias sobre a China publicadas neste blog:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/10/sobre-o-xx-congresso-do-partido.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/05/depois-de-xangai-e-vez-de-pequim.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/04/xangai-sofre-mais-um-lockdown-para.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/se-china-implode.html
https://www.youtube.com/watch?v=_H-9uE0zbNE
A política de «zero-covid» pode ser um «tiro pela culatr» pra o poder de Pequim
Veja reportagem em francês sobre a situação: https://www.youtube.com/watch?v=04099mtCMms
Quando o povo perde o medo e os protestos se generalizam...
https://www.armstrongeconomics.com/international-news/china/civil-unrest-explodes-in-china-over-lockdowns/
A população está farta da política «zero-Covid», disso não tenho dúvidas:
https://www.youtube.com/watch?v=kAQNlLmqYY8&t=32s
https://www.zerohedge.com/geopolitical/apple-accelerating-supply-chain-retreat-china-after-iphone-factory-chaos
Após os acontecimentos, a Apple planeia localizar mais a sua produção fora da China, na Índia e no Vietnam.
O perigo para o poder em Pequim não é o COVID, é a revolta das pessoas:
https://www.youtube.com/watch?v=E_fPyew8WiQ&t=76s
Parece que o abandono da política «zero COVID» está garantido, a recuperação económica depois das ruturas causadas pelos lockdown está na ordem do dia:
https://macropolo.org/beijing-covid-coexistence-here-to-stay/?rp=e
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