O que os bem informados não se apercebem, é que, em contraste com a «Guerra Fria Nº1», os poderes usam os avanços da tecnologia e da I.A. para fabricar uma falsa realidade, uma informação «cientificamente» manipulada. Isso, é uma situação inteiramente nova.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

PIERRE-CHARLES COMTE (1823- 1895) UM MESTRE POUCO CONHECIDO


         Pierre Charles Comte *(1823-1895) - Auto-retrato


Se consultarmos a página da Wikipédia que lhe é dedicada, verificamos que foi um artista muito bem inserido na cultura e nos gostos do século XIX. Em particular, várias obras referentes a episódios da história são realmente notáveis.

Gosto, em particular, de duas:

- A coroação de Inês de Castro (presente no Museé de Beaux-Arts de Lyon), quadro a óleo de cerca de 1849, mostra uma cena esplendorosa, no paço real, com toda a pompa e a múmia de Inês. Um nobre ajoelhado, beija a mão cadavérica, como gesto de submissão ao poder de D. Pedro I.


                       

                         

O contraste do luxo palaciano com a imagem da morta não poderia ser mais surpreendente e faz tremer com o horror da cena. 

A história de Inês e Pedro é um episódio da história de Portugal sobejamente conhecido, descrito por poetas e prosadores, até mesmo usado como tema para ópera.   

O outro quadro, relaciona-se com a história de Inglaterra, o Processo de Jeanne Gray (Lady Jane): Lady Jane, rainha de Inglaterra por 9 dias, foi vítima das intrigas que levaram ao seu encerramento na torre de Londres e ao seu julgamento, tendo a rainha Mary feito executar Lady Jane, por uma suposta conjura, destinada a derrubá-la do trono. 

                   

Esta tela tenta descrever uma cena do processo, como se lá estivéssemos: De pé, Lady Jane, dá a mão a beijar a um cortesão. Este, terá sido encarregue pela rainha Mary de endereçar ao tribunal a acusação de conjura, mas ele sabe perfeitamente que esta é forjada. Isso explica o facto de se ajoelhar diante de tanta nobreza e inocência da jovem Jane Gray. É assim que interpreto a cena, dado que tanto juízes, como eclesiásticos, estão numa postura de expectativa surpreendida.


A pintura histórica foi o forte de Pierre-Charles Comte, mas tal não deve surpreender, se virmos a abundância desta temática, quer na época napoleónica, quer na época imediatamente a seguir. David, Gros, Géricault, Ingres, Delacroix ... foram todos eles pintores célebres e produtores de quadros com temas históricos.
O que me impressiona mais nas obras de Pierre-Charles Comte é o seu tratamento da cor, o seu claro-obscuro e a teatralidade das cenas. O resultado pode ser impressionante, ainda nos nossos dias, pelo seu realismo, como se o artista tivesse presenciado as cenas que pintou.


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*Autoretrato, guardado na família Gandon-Banet.



2 comentários:

Manuel Baptista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Baptista disse...

A canção «Lady Jane» dos Rolling Stones, não está relacionada com Jane Grey, mas com outras personagens, embora a instrumentação utilizada dê um toque de maneirismo:
https://en.wikipedia.org/wiki/Lady_Jane_(song)