Tenho o grande privilégio de ter herdado muitos quadros deste meu tio pintor. A sua arte acompanhou-me sempre, em todas as etapas da minha vida, seja na casa de meus pais, seja na de minha avó Louise, seja mais tarde, quando tive casa própria.
É com alguma mágoa, porém, que verifico que seu génio não tem grande público, hoje em dia! Não existe público para apreciar o realismo tranquilo, sereno, o domínio da técnica pictórica e a capacidade de transmitir a «vibração» do mundo.
No entanto, as suas obras educaram o meu olhar. Se posso olhar esse mundo, directamente e usufruir do seu espectáculo como obra de arte natural, muito o devo ao meu Tio-avô.
- Como poderia eu ser quem sou sem ti, Ton-Ton querido? Morreste quando eu tinha apenas oito anos. Porém, a tua influência em mim e teus ensinamentos ficaram para sempre.
Olho para a arte, hoje em dia, com um sentido não construído pela frequência de cursos em faculdades ou academias.
Porém, a fruição da arte, toda ela, e todos os estilos, é para mim coisa espontânea e natural; talvez porque internalizei a arte de um pintor, assimilei-a profundamente, puramente, por intuição. Compreendi a sua maneira de olhar o mundo, a natureza, e pessoas.
Em 2009, já com a sua Filha Huguette muito doente, atrevi-me a fazer o catálogo da Obra do meu tio-avô.
Eu sinto o dever (e tenho prazer) em preservar o património, não só familiar, mas de toda a gente, pois afinal a arte não se deveria deixar espartilhar por limitações de propriedade, pelo menos no que toca ao usufruto da mesma e do cultivar do gosto.
Oxalá outras pessoas, que possuem em casa ou têm acesso a património artístico com valor, o publicitem como eu o fiz, em relação à obra de meu tio-avô.
Pode-se visitar uma «exposição virtual» no blogue IN MEMORIAM.
Acompanhei o lançamento do blog e do catálogo com um livrinho de divulgação, que mostrava uma pequena selecção de sua obra e fazia um esboço de biografia, como introdução.
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(Lisb. 1886 - Lisb. 1962)
Retratos
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