O horizonte está entrecortado por colinas, onde tufos incertos
de bosquedos teimam em assinalar a sua presença. O rio está quase seco, apenas
serpenteando um fio de água por entre pedras e juncos. Oiço gritos ao longe, de
uma aldeia ou quinta a duas léguas do ponto onde descanso. O cavalo entretém-se
com os raquíticos pastos, ressequidos pelo longo Verão da meseta. O calor ainda
é demasiado para nos pormos a caminho. Não consigo pregar olho, pois as moscas
zumbem em torno de nós, sem descanso. O Sol ainda está acima do horizonte;
quando o crepúsculo chegar, retomarei caminho na estrada de Toledo.
Penso no que acabo de deixar para trás, os olhos humedecem-me.
Desterrado, por mim próprio, para o todo sempre, condenado pelo amor impossível
que me atormenta. Leal e dignamente, apenas me resta a opção de tomar o hábito
de monge numa ordem religiosa.
Ela sabe onde me irei acolher, somente ela e mais ninguém.
Ao
entrar nesta fraternidade monástica irei receber um nome, atribuído pelo
superior: somente ele saberá a minha identidade, o meu nome civil, o título nobiliárquico de que sou portador,
desaparecerão. As minhas propriedades, todos os meus bens terrenos, pertencerão
à ordem monástica.
Isto custa-me infinitamente menos do que o facto de nunca mais vê-la, a Dona e Senhora de meu coração, a única.
Isto custa-me infinitamente menos do que o facto de nunca mais vê-la, a Dona e Senhora de meu coração, a única.
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