sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

DON MIGUEL RUIZ, O ESPELHO DE NÉVOA ou A VOZ RESGATADA

A minha descoberta tardia de correntes Junguianas de psicanálise levou-me a este magnífico livro de auto-ajuda. Ele é muito mais do que isso. É todo ele um grande poema, épico, de fôlego amplo e muito humano também.

Pensei traduzir esta obra, mas depois cheguei à conclusão que não estava à altura de o fazer, pois preciso de ter mais domínio da língua multifacetada desse grande escritor e pensador, que é Don Miguel, um discípulo de Carlos Castañeda. Tenho de ler toda ou quasi toda a obra para poder dar uma tradução condigna.
Ou posso -  também - endereçar o hipotético leitor para o original em Castelhano, numa escrita escorreita, pura de maneirismos, pelo que qualquer estudante da língua de Cervantes poderá facilmente ler  compreender.

A vários níveis esta obra me fascina. 
O menos para mim, é que seja uma espécie de best-seller, uma espécie de lugar-comum. 
Por debaixo dos lugares comuns, estão milenares de várias civilizações e as palavras heuristicamente curativas dos profetas.

Mas a obra fala por si, esta é uma apresentação inútil: LOS QUATRO ACUERDOS por Miguel Ruiz





segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] ESTÂNCIAS



Hoje, como outro dia qualquer 

Podia ser Primavera
Marulhar de seixos rolados
N' areia firme da baixa-mar
Na espuma de dias
Coleantes sem fim...

Assumo como passos na areia

Este destino
Imanente ilusão e
Real se misturam

Aqui estou;

Posso descrever, pintar,
Ou fotografar a paisagem
Mas, como fazê-lo 
Com a paisagem interior?
Esta beleza que me mata
E me embala
Tenho fome de azul

O dentro está fora e fora o dentro

Sábio? Louco? - Eu sei lá
Gosto de pedras castanhas
Com laivos de roxo
Erodidas conchas encastoadas
Junto ao cristal

Podia ser noutro tempo

Podia, eterno instante
Ave cruzando o horizonte
A espuma e a rocha
A falésia intemporal

Naquele dia vi

Vi  sempre com devoção
Recordarei
Sempre e sempre voltarei
Ao recôndito lugar 
Do teu templo
Aqui neste preciso lugar 
Da minha escrita

Um dia sonhei a minha morte

E fiquei tranquilo
Guardo imagens dela
sem igual no coração
e nos olhos quando se fecham

Meu pobre intelecto!

Sempre descrente
Sempre a duvidar 
Da natural divindade
Da Natureza
Até sempre, doutor! 
Apenas lhe desejo coisas boas,
Bom caminho, boa viagem!

Gosto de estar aqui 

Não lamento aqui ficar
Aqui, além, noutro lugar,
Em ti mesmo estou 
Estarei em ti somente 
Tu... que sabes 

Um simples calhau

Mais que todas as palavras
Deu eco à rocha
No calor do raio solar
Que me afaga o rosto
Neste instante preciso

Tudo é eterno

O tempo não existe
O mundo é vibração-onda
Eleva-se esvai-se
A onda sempre
Não se cansa e segue sempre
O sopro da respiração

Mar primordial 

Te adoro e venero
Te dou e me dou
Mudo de encanto

 S. Pedro do Estoril, 28-01-2018






domingo, 28 de janeiro de 2018

ANGOLA SOB NORTON DE MATOS (documentário RTP, por Fernando Rosas)


                                   História a História África - Episódio 4 - RTP Play - RTP

Vale a pena conhecermos a nossa História. Nos períodos menos estudados ou conhecidos, ela não é menos interessante. 

O que significa para nós, hoje, conhecer a História de Angola nos tempos de Norton de Matos? 
- Teremos uma melhor compreensão de nós próprios, de onde viemos, que motivações e limitações tiveram os das gerações dos nossos pais e avós, como reagiram, etc. 
É um pouco como a História das nossas famílias. Um bocado difícil para alguns, suportar certas imagens, porque se misturam afectos. Mas, por outro lado, há coisas que são, há coisas que aconteceram. 
Nos conhecermos a nós próprios, é a chave da sabedoria individual; também é necessário conhecermos a História, o entorno, o ecossistema, compreender o que somos, de onde viemos... Saber o passado é andar com maior segurança nos caminhos do futuro!

Temos sido amnésicos e isso tem um preço. A ignorância do passado tem um preço, um custo muito elevado para o presente e para o futuro.

sábado, 27 de janeiro de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] O cuidar das coisas efémeras...


O cuidar das coisas efémeras...

As essências que de nós emanam, são acaso mais que os dias?
A nossa procura é sempre brincadeira de criança solitária

Colhemos rosas em Setembro, sem qualquer malícia
Visitámos recônditos antros e neles buscámos o sonho
Porém, da ausência se fez presença e do silêncio, brado

Soubemos -por fim- a sabedoria:  nossas naus,
ardidas em praia calcinada,     olhando para elas
nos acordámos.



I.
Alvejavam já os cortinados, soprados pela brisa; as aves não buliam
Pelas pálpebras dormentes, um frémito perpassou
Depois, voltou a mergulhar em sono profundo
Por dentro do secreto casulo de seda 
O sonho desenrolava-se, denso, incompreensível

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II.

Estava deitado, olhando a abóbada celeste
Perto de mastros destroçados e velas rasgadas
Mas, seu olhar não podia ver as estrelas
Nem, tão pouco, seu ouvido podia ouvir 
Estas vagas suaves que se enrolam na areia

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III.

Caminheiros das estrelas
Fomos enganados por fogos fátuos
as centelhas do nosso ego
que nos desviavam da rota de vida
Nós estávamos no seio do Universo
A vida veio e abriu-nos os corações
simples momento de iluminação
despidos de morte
só luz e entendimento
da palavra «amor»

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] «DOZE RONDEIS PELA PAZ» (1982) E UMA PRECE DE PAZ*


Nunca estivemos tão perto do holocausto nuclear, segundo associação de cientistas

Doze rondeis pela paz



I.

Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes
Dos donos impacientes

Estes tiranos, no fundo
Só querem de suas gentes
Despedaçar num segundo,
As vidas dos inocentes
Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes...

Mas o sentido profundo
Da paz arrasta torrentes
Que romperão as correntes
Do cativeiro imundo
Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes
Dos povos impacientes


II.

Na guerra os vencedores
Julgarão que os vencidos
Ficaram desfalecidos
Depois de tantos rigores

Mas estes nunca esquecem
Nas desgraças da derrota
A chaga de que padecem
De onde o sangue brota
E não haverá valores
Que valham ser merecidos
Podem ficar convencidos
Pois sofrem as mesmas dores
Na guerra os vencedores

III.

Já bastam nossos tormentos
Já nos ferem tais cadeias
Que mordendo nossas veias
Nos provocam sofrimentos

Para quê os monumentos
Às guerreiras epopeias?
Já bastam nossos tormentos
Já nos ferem nossas cadeias

Destroem tudo em momentos
Nossas vilas e aldeias
As selvagens alcateias
Dos ferozes regimentos
Já bastam nossos tormentos!

IV.

De que serve termos vindo
Todos do ventre duma mãe
E nos procriarmos também
Se logo dermos por findo
Nosso viver, destruindo
Esse tão precioso bem
-          A paz?

Da lei natural fugindo
Com que direito um homem
Abusa do poder que tem
E estrangula sorrindo
-          A paz ?!

V.
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta,
Planam na cidade deserta

Não há nada que os suprima
Cada ogiva encoberta,
Cada míssil visto de cima
É arma logo descoberta
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta

Não há força que se exprima
De forma mais dura, mais certa
Sua alma sempre desperta
Merece a nossa estima
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta
Planam sobre a cidade deserta

VI.

Armas de plástico perfeitas
Imitações das verdadeiras:
E assim já nas brincadeiras
Se aprende como são feitas

Nos programas de televisão
Violência por rotina:
Dando já ao moço a visão
Da arte a que se destina

Sociedade que enfeitas
Os teus berços com caveiras
Ficarás, mesmo que não queiras,
Com as tuas crias desfeitas
Por armas de aço perfeitas

VII..

Desde sempre há memória
De cobiça vã pelo poder
De lutas, de imenso sofrer
Sem proveito e sem glória

Como reza a História
É costume ouvirmos dizer
Desde sempre há memória
De cobiça vã pelo poder

Quem consegue a vitória
Não são os pobres, podemos crer,
Mas a Justiça há de vencer
Paz não será ilusória
Bem de que não há memória.

VIII.

Neste século já vivemos
Duas grandes guerras mundiais
Inúmeros conflitos locais
Milhões de mortos e enfermos;
Afinal de que valeu termos
Ido em voos espaciais
À Lua!?
Não há nesta Terra animais
Tão cruéis ; e é por nós sermos
Tais ... que apenas herdaremos
Áreas desérticas iguais
À Lua!



IX.

Indochina, Egipto, Coreia,
Guatemala, Cuba, El Salvador
Passos na escalada do horror

Congo, Rodésia, Eritréia
Sempre novos cenários de dor
Terceira guerra na Galileia
Da bomba atómica o pavor

A morte violenta campeia
Na Argentina e no Equador
O Brasil vive a lei do terror,

Na Irlanda, nação europeia,
Indochina, Egipto, Coreia,
Guatemala, Cuba, El Salvador
Passos na escalada do horror.

 X.

Enquanto se enchem os arsenais
Morrem as pessoas aos milhares
Com fome e sem que seus olhares
Demovam os ricos dos bacanais

Em que esbanjam despudorados
Os mil produtos da exploração
E que foram pela escravidão
Com enormes lucros arrancados

Estas imagens tornam-se banais
De tanto as vermos aos jantares
Em família nos nossos lares
Enquanto se encham os arsenais


XI.

Vem... A paz no mundo é urgente
Vem connosco. Dá-nos as tuas mãos
Nesta ronda somos todos irmãos
Sejas do Leste, do Ocidente

Norte ou Sul, é indiferente
Rejeitemos os preconceitos vãos
Vem, a paz no mundo é urgente
Vem connosco, dá-nos as tuas mãos

Vai-se erguendo um rôr de gente
Contra a guerra que torna órfãos
Os filhos e inválidos os sãos
Vem, a paz no mundo é URGENTE!

XII.

Os impérios vão desaparecer
Como de Roma ou o da China;
Há de fraquejar quem nos domina
E há de se curar quem padecer.
Para tal lutamos sem esmorecer
Contra essa fera assassina
- A guerra!

Por fim teremos direito de ver
A recompensa que nos destina
Naturalmente a nossa sina
De humanos e felizes viver
- Sem guerra!

(1982)




UMA PRECE DE PAZ *

Aos de coração sincero dirijo uma prece. Sois vós que tendes o dever e responsabilidade de realizar a urgente tarefa da Paz.
Ela constrói-se no dia a dia, está dentro de nós, no mais profundo recanto dos nossos corações. Ela existe em todos os seres, pois ela se equaciona com a vida. Ela não agride, não viola, não invade, mas está em intercâmbio criativo com o outro, escuta a sua canção, a sua música, aprecia a sua arte.




É isto que vós sabeis fazer no dia a dia; é isto que vos ensinou a natureza (e a cultura, a civilização, a religião...)
Então, porque virais a cara em relação à rude e árdua tarefa (indispensável tarefa!) de «por na ordem», de «chamar à ordem» os dirigentes dementes e demagogos que, aqui e acolá, a norte, sul, leste ou oeste, se «divertem», atiçando ventos da discórdia? Porque razão não sentis como vossa, a responsabilidade evitar que mais destruição, miséria, catástrofes venham ao mundo?
 - Serão fatalidades da natureza como um terramoto, o que estou falando? 
- Não... 
Claro que a guerra e o conflito são coisas de humanos. Se são de humanos devem os humanos remediar, ou curar. 

- Está nos «genes»? 
- Mas que enorme disparate! A pseudo ciência de «darwinismo social» deveria ser vista por todos como aquilo que é: uma desculpa esfarrapada para a cruel barbárie do domínio, da guerra e de todos os ídolos guerreiros!

Não se pode continuar a ter medo e a fingir que «está tudo normal» vamos acordar para a real situação que estão vivendo os povos, sob a batuta de poderes imperiais e seus vassalos...

Não vos direi o que deveis pensar, nem fazer, no concreto: apenas vos digo que sois tão responsáveis pelos actos dos vossos dirigentes, políticos, governantes, etc., como eles próprios.

....

*Quem tiver dúvidas sobre a gravidade da situação, é favor ver a seguinte notícia:

http://www.sciencemag.org/news/2018/01/scientists-doomsday-clock-heralds-world-s-darkest-hour?utm_campaign=news_daily_2018-01-25&et_rid=377420373&et_cid=1812121