Hoje, como outro dia qualquer
Podia ser Primavera
Marulhar de seixos rolados
N' areia firme da baixa-mar
Na espuma de dias
Coleantes sem fim...
Assumo como passos na areia
Este destino
Imanente ilusão e
Real se misturam
Aqui estou;
Posso descrever, pintar,
Ou fotografar a paisagem
Mas, como fazê-lo
Com a paisagem interior?
Esta beleza que me mata
E me embala
Tenho fome de azul
O dentro está fora e fora o dentro
Sábio? Louco? - Eu sei lá
Gosto de pedras castanhas
Com laivos de roxo
Erodidas conchas encastoadas
Junto ao cristal
Podia ser noutro tempo
Podia, eterno instante
Ave cruzando o horizonte
A espuma e a rocha
A falésia intemporal
Naquele dia vi
Vi sempre com devoção
Recordarei
Sempre e sempre voltarei
Ao recôndito lugar
Do teu templo
Aqui neste preciso lugar
Da minha escrita
Um dia sonhei a minha morte
E fiquei tranquilo
Guardo imagens dela
sem igual no coração
e nos olhos quando se fecham
Meu pobre intelecto!
Sempre descrente
Sempre a duvidar
Da natural divindade
Da Natureza
Até sempre, doutor!
Apenas lhe desejo coisas boas,
Bom caminho, boa viagem!
Gosto de estar aqui
Não lamento aqui ficar
Aqui, além, noutro lugar,
Em ti mesmo estou
Estarei em ti somente
Tu... que sabes
Um simples calhau
Mais que todas as palavras
Deu eco à rocha
No calor do raio solar
Que me afaga o rosto
Neste instante preciso
Tudo é eterno
O tempo não existe
O mundo é vibração-onda
Eleva-se esvai-se
A onda sempre
Não se cansa e segue sempre
O sopro da respiração
Mar primordial
Te adoro e venero
Te dou e me dou
Mudo de encanto
S. Pedro do Estoril, 28-01-2018
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