Manuel Banet, ele próprio

Reflexão pessoal, com ênfase na criação e crítica

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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

O NOVO TOTALITARISMO


O totalitarismo é um termo associado a regimes cruéis, que ocorreram no passado recente, no século XX. Porém, nós estamos a mergulhar num novo totalitarismo, com características semelhantes aos do passado. Mas com outros traços, inéditos, seja na forma, seja nos meios repressivos, seja ainda na consciência (ou ausência dela) do público.

Tenho escrito neste blog sobre o totalitarismo, em que é que ele diverge de ditaduras «clássicas».
 Acontece que coincidem três leituras, sobre aspetos deste novo totalitarismo, por autores que eu estimo, pessoas muito diversas, mas que estão associadas no meu espírito com a integridade que qualquer jornalista, cientista social ou psicólogo, deveria possuir, embora seja cada vez menos frequente.

A seguinte abordagem vem de uma psicanalista, Ariane Bilheran: Ela detalha, numa entrevista em francês, como é que a língua é moldada para incutir nas pessoas uma certa forma de pensar, sem que elas se apercebam. Só com a análise fina das distorções de sentido das palavras, dos neologismos, e as distorções na gramática, se consegue decifrar o pensamento do poder totalitário. Este impõe a toda a sociedade a sua «nova normalidade». Esta é uma característica própria do totalitarismo, o não se contentar com uma coerção exterior (como numa banal ditadura), mas querer mudar as pessoas por dentro.
 
Oiçam a entrevista (em francês): 



Na «Guerra Cognitiva no Ocidente», Thierry Meyssan descreve a arbitrariedade com que são perseguidos e encerrados órgãos de comunicação, só porque são russos, ou de origem russa.  Esta censura extrema esconde-se por detrás de «atos administrativos», nunca são levantados processos por infrações supostamente cometidas. Evidentemente, tais atos arbitrários dos governos ocidentais destinam-se a impedir que outras perspetivas, outros pontos de vista, ou dados objetivos sobre o que se está a passar, cheguem ao conhecimento do público. 
«A liberdade de informar e ser informado não se aplica a eles» dirão alguns, no que estão a legitimar a mesma censura que existia nas ditaduras totalitárias e incluindo no fascismo de Salazar e Caetano, supostamente de brandos costumes, em Portugal. 
A criminalização da dissidência vai de par com a interdição de órgãos da comunicação social que dão voz aos pontos de vista dos dissidentes. 

Figura 1 (retirada do artigo de Thierry Meyssan)                                        
A polícia federal alemã lançou em julho de 2024, buscas com grande aparato, para reprimir um crime imaginário e apreendeu uma quantidade de documentos. O tribunal administrativo acabou por anular todo o processo.

Leiam o artigo de Meyssan, em francês e noutras línguas .

O terceiro autor é Jonathan Cook, um britânico radicado em Nazareth, na Cisjordânia. Ele é testemunho direto das brutalidades a que estão sujeitos os palestinianos nos territórios ocupados. Além de Gaza, também a população civil da Margem Ocidental tem sido sujeita a massacres por colonos judeus, que ficam impunes.  
Na reportagem seguinte, Jonathan Cook relata não apenas um crime de guerra* por soldados israelitas, como também o tratamento noticioso mais que benévolo, de absolvição, pelo repórter da AP , sobre a ocorrência. 
Assim, crimes quotidianos, perpetrados contra palestinianos são «banalizados», «normalizados». É assim que se inocenta, junto da opinião pública de Israel e internacional, o racismo e suprematismo de uma parte da população judaica.

Leia: Mídia cúmplice dos crimes de Israel

No vídeo* vêm-se corpos de palestinianos a serem atirados do alto de um prédio, por soldados de Israel.

Se contabilizarmos as brutalidades, humilhações e crimes a que estão sujeitos - todos os dias - os palestinianos dos Territórios, temos de concordar que «a banalidade do mal» não se limitou aos criminosos de guerra alemães, julgados em Nuremberga, no final da IIª Guerra Mundial.

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(*)
https://x.com/MustafaBarghou1/status/1836805570403180728?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1836805570403180728%7Ctwgr%5E6e2ead4a152ec6d37fbffea65e98793bc40dfabf%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fconsortiumnews.com%2Fpt%2F2024%2F09%2F25%2FmC3ADdia-cC3BAmplice-dos-crimes-de-israel%2F



Posted by Manuel Baptista at 26.9.24 3 comentários:
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Labels: agências de notícias, Ariane Bilheran, Crimes de Guerra, fascismo, Israel, Jonathan Cook, média corporativa, palestinianos, Thierry Meyssan, totalitarismo
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