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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

REPÚBLICA DOS POETAS Nº8: SEBASTIÃO DA GAMA

Sua originalidade faz dele, a meu ver, o poeta eternamente jovem, eternamente atual. É um fervoroso católico, mas sua religião é (também) a do amor à sua esposa e à sua terra, Arrábida. 

É o que mais transparece da leitura da sua obra poética, que - em grande parte - foi publicada postumamente. 

Assinale-se o facto de também ter sido um apaixonado professor de Português; os seus escritos pedagógicos têm valor  próprio, são reflexões do transmissor da paixão pela literatura e pela poesia, às jovens gerações.  

Morreu cedo (Vila Nogueira de Azeitão10 de abril de 1924 — Lisboa7 de fevereiro de 1952)de tuberculose. Porém, para sempre, o poeta vive nas palavras vibrantes e radiosas de vida nos seus poemas. E sua palavra soa através das paisagens maravilhosas da Serra da Arrábida, que ele soube amar e dar a conhecer.

Ver:  SEBASTIÃO DA GAMA, O POETA DA ARRÁBIDA: documentário da RTP






SERRA-MÃE

O agoiro do bufo, nos penhascos,...
foi o sinal da Paz.
O Silêncio baixou do Céu,
mesclou as cores todas o negrume,
o folhado calou o seu perfume,
e a Serra adormeceu.

Depois, apenas uma linha escura
e a nódoa branca de uma fonte antiga :
a fazer-me sedento, de a ouvir,
a água, num murmúrio de cantiga,
ajuda a Serra a dormir.

O murmúrio é a alma de um Poeta que se finou
e anda agora à procura, pela Serra,
da verdade dos sonhos que na Terra,
nunca alcançou.

E outros murmúrios de água escuto, mais além :
os Poetas embalam sua Mãe,
que um dia os embalou .

Na noite calma,
a poesia da Serra adormecida
vem recolher-se em mim.
E o combate magnífico da Cor,
que eu vi de dia :
e o casamento do cheiro a maresia
com o perfume agreste do alecrim ;
e os gritos mudos das rochas sequiosas que o Sol castiga
--passam a dar-se em mim .

E todo eu me alevanto e todo eu ardo.
Chego a julgar a Arrábida por Mãe,
quando não serei mais que seu bastardo.

A minha alma sente-se beijada
pela poalha da hora do Sol-pôr ;
sente-se a vida das seivas e a alegria
que faz cantar as aves na quebrada ;
e a solidão augusta que me fala
pela mata cerrada,
aonde o ar no peito se me cala,
descem da Serra e concentrou-se em mim.

E eu pressinto que a Noite, nesse instante,
se vai ajoelhar ...

.....................................................................

Ai não te cales , água murmurante !
Ai não te cales , voz do Poeta errante !

-- se não a Serra pode despertar .

                                                 ....#.....



Pelo sonho é que vamos


Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.

 

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

ORWELL (ERIC BLAIR), CONTADO PELO FILHO (RICHARD BLAIR)


Um documento excepcional. São entrevistados neste programa matinal de rádio:
- o filho adoptivo, Richard Blair, que fala de seu Pai e das recordações que possui,
 - o filósofo francês, Jean-Jacques Roza, que fala sobre George Orwell escritor e político.

Ele foi considerado o maior escritor político do século XX. 
A distopia de «1984» deixou de ser ficção, veja:

               
https://www.zerohedge.com/geopolitical/chinese-citizens-will-be-required-scan-their-faces-use-internet

Alguns textos meus, em que evoco Orwell ou retomo conceitos orwellianos:

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/05/a-media-e-construcao-do-poder-globalista.html


http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/07/a-nova-droga-social.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/09/o-publico-esta-ser-macicamente.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2016/06/a-grande-ilusao.html

quarta-feira, 4 de abril de 2018

HEITOR VILLA-LOBOS «SUITE POPULAR BRASILEIRA»

                                         https://www.youtube.com/watch?v=Z2_LDC-WQQ0

                                                    NO VIOLÃO: PABLO DE GIUSTO

Extraído del disco "Música de cámara latinoamericana" (DRA22- 1996) 1) Mazurka-Choro 00:00 2) Schottish-Choro 03:30 3) Valsa-Choro 07:20 4) Gavotta-Choro 12:08 5) Chorinho 17:50

Uma música impossível de classificar, será popular, será erudita? Afinal é música que agrada a todos os ouvidos e, no entanto, não é «fácil», no sentido de ir atrás de estereótipos. 
As composições de Villa-Lobos são pouco conhecidas do público internacional, com excepção das famosas «Bachanias brasileiras».  
Porém, a produção deste compositor brasileiro da primeira metade do século XX tem muitas páginas de um grande nível.
A sua música é afectivamente muito mais próxima do público português, que a música do Norte da Europa dessa mesma época. 
Apesar destas qualidades e do afecto, que naturalmente o público português tem em relação à produção de qualidade vinda do Brasil, poucas vezes se ouvem, em salas de concerto de Portugal, obras deste grande compositor lusófono.