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terça-feira, 14 de julho de 2020

[Manlio Dinucci] SOB A BANDEIRA TRICOLOR QUE ONDULA EM CAMP DARBY


                            
                            FRANÇAIS ITALIANO PORTUGUÊS

Se bem que muitas actividades bloqueadas pelo ‘lockdown’ lutem para recomeçar, após o afrouxamento das restrições, há uma que, nunca tendo parado, está agora a acelerar: a de Camp Darby, o maior arsenal USA no mundo, fora da pátria, localizado entre Pisa e Livorno.
Depois de cortar cerca de 1.000 árvores na área natural “protegida” do Parque Regional de San Rossore, começou a construção de uma secção ferroviária que ligará a linha Pisa-Livorno a um novo terminal de carga e descarga, atravessando o Canale dei Navicelli sobre uma nova ponte metálica giratória. O terminal, com cerca de vinte metros de altura, incluirá quatro trilhos capazes de acolher, cada um deles, nove vagões.
Por meio de carrinhos de movimentação de contentores, as armas recebidas serão transferidas dos vagões para grandes camiões e as que saem dos camiões irão para os vagões. O terminal permitirá o transporte diário de dois comboios ferroviários que, transportando cargas explosivas, ligarão a base ao porto de Livorno através de áreas densamente povoadas. Após o aumento de movimento de armas, já não é suficiente a ligação por canal e por estrada de Camp Darby ao porto de Livorno e ao aeroporto de Pisa. Nos 125 bunkers da base, fornecidos continuamente pelos Estados Unidos, estão armazenados mais de um milhão de projecteis de artilharia, bombas e mísseis (de acordo com estimativas aproximadas), aos quais se juntam milhares de tanques, veículos e outros materiais militares.
Desde 2017, navios de grande porte recentes, capazes de transportar cada um deles, mais de 6.000 veículos e cargas sobre rodas, fazem ligações mensais para Livorno, descarregando e carregando armas que são transportadas para os portos de Aqaba na Jordânia, Jeddah na Arábia Saudita e outros aeroportos do Médio Oriente para serem usadas ​​pelas forças americanas, sauditas e outras, nas guerras na Síria, no Iraque e no Iémen.
No momento em que está em curso a expansão de Camp Darby, o maior arsenal dos EUA no exterior, o título de um jornal online da Toscana, "Era uma vez Camp Darby", explicando que "a base foi redimensionada, devido aos cortes na Defesa, decididos pelo governo USA" e o jornal Il Tirreno anuncia "Camp Darby, ondula sob a bandeira italiana: a bandeira dos EUA foi baixada após quase 70 anos". O Pentágono está a fechar a base, restituindo à Itália, o território na qual ela foi criada? Absolutamente o contrário.
O Exército dos EUA concedeu ao Ministério da Defesa italiano uma porção da base (34 hectares, cerca de 3% de toda a área de 1.000 ha) anteriormente usada como área de lazer, para que fosse transferido o Comando das Forças Especiais do exército italiano (COMFOSE), inicialmente alojado no quartel Gamerra de Pisa, sede do Centro de Treino de Paraquedismo (il manifesto, 5 de Março de 2019).
A transferência ocorreu silenciosamente durante o ‘lockdown’ e agora o COMFOSE anuncia que o seu quartel general está localizado na "nova área militar", de facto, anexada ao Camp Darby, uma base onde o treino conjunto de soldados americanos e italianos está a ocorrer há algum tempo. A transferência do COMFOSE para uma área anexa ao Camp Darby, formalmente sob a bandeira italiana, permite a total integração das forças especiais italianas com as dos EUA, utilizando-as em operações encobertas, sob comando USA. Tudo sob a capa do segredo militar.
Ao visitar o novo quartel general do COMFOSE, o Ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, designou-o como "o centro nervoso" não só das Forças Especiais, mas também das "Unidades de Psyops do Exército". A tarefa dessas unidades é "criar o consenso da população local em relação aos contingentes militares empregados em missões de manutenção da paz no exterior" ou seja, convencê-los de que os invasores são os missionários da paz.
O Ministro Guerini indicou, finalmente, o novo quartel general como sendo o modelo do projecto das "Casernas Verdes". Um modelo de "bem-estar e eco-sustentabilidade", que repousa sobre um milhão de ogivas explosivas.

Manlio Dinucci
il manifesto, 13 de Julho de 2020

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Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 7 de julho de 2020

[Manlio Dinucci] Torpedo bipartidário contra o Acordo para o Afganistão

                           


Centenas de milhares de vítimas civis, mais de 2.400 soldados americanos mortos (e mais um número desconhecido de feridos), cerca de 1 trilião de dólares gastos: este é, em síntese, o orçamento dos 19 anos da guerra USA no Afeganistão, ao qual se acrescenta o custo para os aliados NATO (incluindo a Itália) e outros que se juntaram aos EUA na guerra.
O orçamento de falências para os EUA também do ponto de vista político-militar: a maior parte do território está agora controlada pelos talibã ou disputada entre eles e as forças do governo apoiadas pela NATO.
Neste contexto, após longas negociações, a Administração Trump concluiu um acordo com os talibã, em Fevereiro passado, que prevê em troca de garantias, a redução do número de tropas USA no Afeganistão de 8.600 para 4.500. O mesmo não significa o fim da intervenção militar dos EUA no Afeganistão, que continua com forças especiais, drones e bombardeiros. No entanto, o acordo abriria o caminho para uma diminuição do conflito armado.
No entanto, foi revogado alguns meses após a assinatura - não pelos talibãs afegãos, mas pelos democratas dos EUA. Aprovaram no Congresso uma emenda à Lei de Permissão, que destina 740,5 biliões de dólares para o orçamento do Pentágono no ano fiscal de 2021. A emenda, aprovada em 2 de Julho pela Comissão de Serviços Armados pela grande maioria com o voto dos Democratas, estabelece “limitar o uso de fundos para reduzir o número de forças armadas estacionadas no Afeganistão”.
Proíbe o Pentágono de gastar os fundos na sua posse para qualquer actividade que reduza o número de soldados dos EUA no Afeganistão, abaixo de 8.000: o acordo, que envolve a redução de tropas dos EUA no Afeganistão, está efectivamente bloqueado. É significativo que a emenda tenha sido apresentada não só pelo democrata Jason Crow, mas também pela republicana Liz Cheney, que fornece o seu aval em perfeito estilo bipartidário. Liz é filha de Dick Cheney, Vice Presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009, durante a Administração de George W. Bush, que decidiu a favor da invasão e da ocupação do Afeganistão (oficialmente para dar caça a Osama bin Laden).
A emenda condena explicitamente o acordo, argumentando que prejudica “os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, “não representa uma solução diplomática realista” e “não fornece protecção às populações vulneráveis”. Para ser autorizado a reduzir as tropas no Afeganistão, o Pentágono deverá certificar que essa medida “não comprometerá a missão antiterrorista dos Estados Unidos”.
Não é por acaso que o ‘New York Times’ publicou um artigo, em 26 de Junho que, de acordo com as informações fornecidas (sem apresentar nenhuma prova) dos agentes de inteligência USA, acusa “uma unidade de inteligência militar russa de oferecer aos militantes talibã um engenho militar para matar soldados da Coligação no Afeganistão, visando principalmente os americanos”. As notícias foram divulgadas pela grande media americana, sem que nenhum caçador de fake news questionasse a sua veracidade.
Após uma semana, foi aprovada a emenda que impede a redução de tropas USA no Afeganistão. O que confirma o verdadeiro objectivo da intervenção militar USA/NATO no Afeganistão - o controlo dessa área de importância estratégica da maior importância. O Afeganistão está na encruzilhada do Médio Oriente, do centro, sul e leste da Ásia.
Nesta área (no Golfo e no Cáspio) existem grandes reservas de petróleo. Existem a Rússia e a China, cuja força está a crescer e afectar as estruturas globais. Como o Pentágono alertou num relatório de 30 de Setembro de 2001, uma semana antes da invasão americana do Afeganistão, “existe a possibilidade de surgir na Ásia, um rival com uma formidável base de recursos”. Possibilidade que agora se está a materializar. 
Os “interesses da segurança nacional dos Estados Unidos” impõem que fiquemos no Afeganistão, custe o que custar.


Manlio Dinucci
il manifesto, 07 de Julho de 2020

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

quarta-feira, 17 de junho de 2020

[Manlio Dinucci] O FACEBOOK CIRCUNDA A ÁFRICA

                        
ITALIANO PORTUGUÊS

Muitas indústrias e empresas de serviços estão a falhar ou a redimensionar-se devido ao ‘lockdown’ e à crise consequente. Ao contrário, existe quem ganhou com tudo isto. O Facebook, Google (proprietário do YouTube), Microsoft, Apple e Amazon - escreve o New York Times – “estão a fazer agressivamente novas apostas, visto que a pandemia do coronavírus os tornou serviços quase essenciais”.
Todos estes “Tech Giants” (Gigantes da Tecnologia) são dos Estados Unidos. O Facebook - não mais definido como rede social, mas como “ecossistema”, do qual fazem parte o WhatsApp, Instagram e Messenger - ultrapassou os 3 biliões de utilizadores mensais. Portanto, não é de admirar que, em plena crise do coronavírus, o Facebook lance o projecto de uma das maiores redes de cabos submarinos, a 2Africa: com 37.000 km de comprimento (quase a circunferência máxima da Terra), que rodeará todo o continente africano, ligando-o a norte à Europa e a leste ao Médio Oriente.
Os países interligados serão, inicialmente, 23. Partindo da Grã-Bretanha, a rede ligará Portugal antes de iniciar o seu círculo em volta de África através do Senegal, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Gabão, República do Congo, República Democrática do Congo, África do Sul, Moçambique, Madagascar, Tanzânia, Quénia, Somália, Djibuti, Sudão, Egipto. Nesta última secção, a rede será ligada a Omã e à Arábia Saudita. Então, através do Mediterrâneo, chegará a Itália e daqui a França e a Espanha.
Esta rede de grande capacidade - explica o Facebook - será “o pilar de uma enorme expansão da Internet em África: as economias florescerão quando houver uma Internet amplamente acessível para as empresas. A rede permitirá que centenas de milhões de pessoas acedam a banda larga até à 5G”. Esta é, em resumo, a motivação oficial do projecto. Para pô-la em dúvida, basta um facto: na África subsariana, cerca de 600 milhões de pessoas não têm acesso à electricidade, o equivalente a mais da metade da população. Então, para que servirá a rede de banda larga?
Para ligar mais estreitamente às empresas-mãe das multinacionais, as elites africanas que representam os seus interesses nos países mais ricos em matérias-primas, enquanto aumenta o confronto com a China, que está a reforçar a sua presença económica em África. A rede também serve outros propósitos.
Há dois anos, em Maio de 2018, o Facebook estabeleceu uma parceria com o Atlantic Council (Conselho Atlântico), uma influente “organização não partidária”, com sede em Washington, que “promove a liderança e o compromisso USA no mundo, juntamente com os aliados”. O objectivo específico da parceria é garantir “o uso correto do Facebook nas eleições em todo o mundo, monitorando a desinformação e a interferência estrangeira, ajudando a educar os cidadãos e a sociedade civil”.
Qual é a honestidade do Conselho Atlântico, particularmente activo em África, pode ser deduzido da lista oficial de doadores que o financiam: Pentágono e NATO, Lockheed Martin e outras indústrias de guerra (incluindo a italiana Leonardo), ExxonMobil e outras empresas multinacionais, o Bank of America e outros grupos financeiros, as Fundações de Rockefeller e Soros.

Ø A rede, que ligará 16 países africanos a 5 aliados europeus da NATO, sob comando USA e a 2 aliados USA no Médio Oriente, poderá desempenhar um papel não só económico, mas político e estratégico.

Ø O “Laboratório de Pesquisa Digital Forense” do Conselho Atlântico, através do Facebook, poderá comunicar diariamente à comunicação mediática e aos políticos africanos quais as notícias que são “falsas” e quais as “verdadeiras”.

Ø As informações pessoais e os sistemas de rastreio do Facebook podem ser usados ​​para controlar e atingir os movimentos da oposição.

Ø A banda larga, mesmo em 5G, pode ser usada pelas forças especiais USA e por outras, nas suas operações em África.

Ao anunciar o projecto, o Facebook sublinha que África é “o continente menos ligado” e que o problema será resolvido pelos seus 37.000 km de cabos. No entanto, podem ser usados como uma versão moderna das antigas correntes coloniais.
Manlio Dinucci
il manifesto, 16 de Junho de 2020

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Webpage: NO GUERRA NO NATO
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

sexta-feira, 12 de junho de 2020

[Manlio Dinucci] NÃO HÁ SOBERANIA ECONÓMICA SE NÃO EXISTIR SOBERANIA POLÍTICA


                             
                      Conte e Profumo com o novo Falco Xplorer, o maior drone que a empresa Leonardo construiu


Actualmente, discute-se quanto e que financiamento a Itália receberá da União Europeia e sob que condições. Chegam mensagens tranquilizadoras de Bruxelas. Mas como tais financiamentos serão concedidos em grande parte, sob a forma de empréstimos, vários economistas alertam que existe o perigo de forte endividamento e de uma perda posterior de soberania económica. Assim sendo, a atenção política-mediática concentra-se nas relações entre a Itália e a União Europeia. 

Tema importante, que não pode ser separado das relações entre a Itália e os Estados Unidos, que ninguém discute no Parlamento e nos meios de comunicação mediática. Assim, continuam a ignorar-se as implicações do plano de “assistência” à Itália, lançado pelo Presidente Trump em 10 de Abril (il manifesto, 14 de Abril de 2020). 

No entanto, o Embaixador dos EUA em Itália, Lewis Eisenberg, define-o como “a maior ajuda financeira que os Estados Unidos já deram a um país da Europa Ocidental desde 1948, desde a época do Plano Marshall”. Em apoio às actividades de saúde anti-Covid, “dezenas de milhões de dólares já foram e irão para a Cruz Vermelha e algumas organizações não-governamentais” (não perfeitamente identificadas). Além disso, o plano prevê uma série de intervenções para “apoiar a recuperação da economia italiana”.

Para este fim, o Presidente Trump ordenou aos Secretários do Tesouro e do Comércio, ao Presidente do Banco de Exportação e Importação, ao Administrador da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, ao Director da Corporação Internacional de Financiamento ao Desenvolvimento dos Estados Unidos (agência governamental que financia projectos de desenvolvimento privado) para usarem os seus instrumentos para “as empresas italianas”. Não está dito que empresas são e quais serão financiadas por este plano, nem a que condições estão vinculados estes empréstimos.

O Embaixador Eisenberg fala, em geral, das óptimas relações entre os Estados Unidos e Itália, demonstradas por “importantes indicadores económicos e estratégicos”, incluindo “um dos maiores acordos militares com a empresa Fincantieri”, que ganhou um contrato em Maio passado de cerca de 6 biliões de dólares para a construção de dez fragatas multifuncionais da Marinha dos EUA. O grupo italiano, 70% controlado pelo Ministério da Economia e Finanças, possui três estaleiros nos EUA, onde também estão em construção quatro navios de guerra semelhantes para a Arábia Saudita.

Outro indicador económico e estratégico importante é a integração crescente da Leonardo, a maior indústria militar italiana, no complexo industrial militar dos EUA, sobretudo através da Lockheed Martin, a maior indústria militar dos EUA. A Leonardo, da qual o Ministério da Economia e Finanças é o principal accionista, fornece aos EUA produtos e serviços para as forças armadas e para as agências de serviços secretos e administra em Itália, as instalações fabris de Cameri, dos caças F-35 da Lockheed Martin.

São estes e outros interesses poderosos - especialmente os dos grandes grupos financeiros - que ligam a Itália aos Estados Unidos. Não só a política externa e militar da Itália, mas também a política económica, subordinada à estratégia dos Estados Unidos, baseada num confronto político, económico e militar cada vez mais agudo com a Rússia e com a China. O plano de Washington é claro: explorar a crise e as fracturas na União Europeia para fortalecer a influência dos EUA em Itália.

As consequências são evidentes. Embora, por exemplo, seja do nosso interesse nacional suspender as sanções a Moscovo, a fim de relançar as exportações italianas para a Rússia para restaurar o oxigénio, especialmente às pequenas e médias empresas, tal alternativa foi impossibilitada pela dependência das escolhas de Washington e de Bruxelas.

Ao mesmo tempo, estão em perigo os acordos da Itália com a China no âmbito da Nova Rota da Seda, que não são bem aceites por Washington. A falta de soberania política real impede estas e outras escolhas económicas de importância vital para sair da crise. Mas, no ‘talk show’ político, não se fala de toda esta conjuntura.

Manlio Dinucci


il manifesto, 9 de Maio de 2020



Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

terça-feira, 19 de maio de 2020

[Manlio Dinucci] PLANO USA: Controlo Militarizado da População

Rockefeller Foundation Lays Out Massive COVID-19 Testing Action ...



A Fundação Rockefeller apresentou o “Plano de Acção Nacional Covid-19”, indicando os “passos pragmáticos para reabrir os nossos locais de trabalho e a nossa comunidade”. No entanto, como aparece no título, não se trata apenas de medidas de saúde.

O Plano - para o qual contribuíram algumas das universidades de maior prestígio (Harvard, Yale, Johns Hopkins e outros) - prefigura um verdadeiro modelo social hierárquico e militarizado.

No topo, o “Conselho de Controlo da Pandemia, análogo ao Conselho de Produção de Guerra que os Estados Unidos criaram na Segunda Guerra Mundial”. Seria composto pelos “‘leaders’ do mundo dos negócios, do governo e do mundo académico” (assim enumerados por ordem de importância, em primeiro lugar, não os representantes do governo, mas os das finanças e da economia).

Este Conselho Supremo teria o poder de decidir produções e serviços, com uma autoridade semelhante à conferida ao Presidente dos Estados Unidos em tempo de guerra pela Lei de Produção de Defesa.

O plano prevê que sejam submetidos semanalmente ao teste Covid-19,  3 milhões de cidadãos dos EUA e que esse número deve ser elevado a 30 milhões de testes por semana, dentro de seis meses. O objectivo, a ser alcançado dentro de um ano, é atingir a capacidade de testar Covid-19 em 30 milhões de pessoas por dia. Para cada teste, prevê-se “um reembolso adequado, ao preço do mercado, de 100 doláres”. Assim, serão necessários, em dinheiro do erário público, “biliões de dólares por mês”.

A Fundação Rockefeller e os seus parceiros financeiros ajudarão a criar uma rede para o fornecimento de garantias de crédito e a assinatura de contratos com fornecedores, ou seja, com grandes empresas produtoras de medicamentos e equipamentos médicos.

  De acordo com o Plano, o “Conselho de Controlo de Pandemia” também está autorizado a criar um

“Corpo de Resposta à Pandemia”: uma força especial (não é por acaso que é denominada “Corpo” como o dos Marines/Fuzileiros Navais) com uma equipa de 100 a 300 mil componentes. Seriam recrutados entre os voluntários do Peace Corps e  dos Americacorps (oficialmente criados pelo Governo dos EUA para “ajudar os países em desenvolvimento”) e entre os militares da Guarda Nacional.(1)

Os membros do “Pandemic Response Corps” receberiam um salário bruto médio de 40.000 dólares/ano, para o qual está prevista uma despesa estatal de  4 a12 biliões de dólares por ano.

O “Corpo de Resposta à Pandemia” teria, sobretudo, a tarefa de controlar a população com técnicas do tipo militar, através de sistemas de rastreio e identificação digital, nos locais de trabalho e estudo, nos bairros residenciais, nos locais públicos e de deslocação. Sistemas deste tipo - recorda a Rockefeller Foundation - são fabricados pela Apple, Google e Facebook.

De acordo com o Plano, as informações sobre os indivíduos, relacionadas com o seu estado de saúde e com as suas actividades, permaneceriam confidenciais “na medida do possível”. No entanto, todas seriam centralizadas numa plataforma digital co-gerenciada pelo Estado Federal e por empresas privadas. Com base nos dados fornecidos pelo “Conselho do Controlo da Pandemia”, seria decidido, periodicamente, quais as áreas que estariam sujeitas a ‘lockdown’ e por quanto tempo. Este é, em resumo, o plano que a Fundação Rockefeller deseja concretizar nos Estados Unidos e não só.

Se fosse efectivado, ainda que parcialmente, haveria uma maior concentração do poder económico e político nas mãos de elites ainda mais reduzidas, em prejuízo de uma maioria crescente que seria privada dos direitos democráticos fundamentais. Operação realizada em nome do “controlo Covid-19”, cuja taxa de mortalidade, segundo dados oficiais, até agora tem sido inferior a 0,03% da população dos EUA.

No Plano da Fundação Rockefeller, o vírus é usado como uma arma real, mais perigosa do que o próprio Covid-19.

Manlio Dinucci


(1) Mencionado na pag. 17 do PDF da 'The Rockefeller Foundation'.  
     


il manifesto, 19 de Maio de 2020

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO




quarta-feira, 15 de abril de 2020

[Manlio Dinucci] TRUMP ORDENA A «ASSISTÊNCIA» À ITÁLIA

RETIRADO DE:
                  

ITALIANO PORTUGUÊS

O Primeiro Ministro Conte anunciou aos italianos, em directo na televisão, em 10 de Abril, que a Itália não assinou nenhum compromisso com o MES (1), o fundo europeu “salva-Estados”, e que o seu Governo discutirá apenas "um MES não condicionado”, ou seja, que não imponha condições que sejam prejudiciais aos interesses nacionais e à soberania do país. Posição correcta.
No entanto, o Primeiro Ministro não anunciou aos italianos que, em 10 de Abril, o Presidente Trump emitiu, a pedido do governo Conte, um “Memorando sobre a Prestação de Assistência ao Covid-19 à República Italiana” (2) que contém, de facto, fortes restrições para o nosso país.
Trump anuncia que “o Governo da Itália solicitou a assistência dos Estados Unidos”. Assim, com base na autoridade que lhe foi conferida pela Constituição e pelas leis, “ordena o seguinte” para ajudar “um dos nossos aliados mais antigos e mais próximos”.
As ordens, emitidas aos Secretários dos Departamentos e às Agências dos Estados Unidos, estabelecem dois tipos de intervenção:
Ø A primeira, de natureza médica, para ajudar a Itália a combater o Covid-19, “demonstrando ao mesmo tempo a liderança dos Estados Unidos diante das campanhas de desinformação da China e da Rússia”. Ao Secretário da Defesa, o Presidente ordena que disponibilize, para assistência, “os mais de 30.000 militares e funcionários dos EUA, em Itália” com as suas “estruturas”.
Ø A segunda e mais consistente intervenção consiste em “apoiar a recuperação da economia italiana”, que corre o risco de acabar “numa profunda recessão”. O Presidente Trump ordena aos Secretários do Tesouro e do Comércio, ao Presidente do Banco de Exportação e Importação, ao Administrador da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, ao Director da Corporação Internacional Americana de Finanças para o Desenvolvimento (agência governamental que financia projectos de desenvolvimento privados) para usarem as suas ferramentas, a fim de “apoiar as empresas italianas”.
Ainda não se sabe quais ferramentas serão usadas pelos Estados Unidos para “apoiar a recuperação da economia italiana”, nem quais serão as condições concedidas para a “ajuda”. Mas o plano de Washington é claro:
Ø explorar a crise e as fracturas na União Europeia para reforçar a influência USA em Itália, enfraquecendo, ao mesmo tempo, as relações da Itália com a China e com a Rússia.
Confirma-o, a autoridade com que foi lançado o plano de “Assistência à República Italiana”:
Ø uma série de ordens presidenciais dadas não apenas aos Secretários dos Departamentos acima mencionados, mas ao Secretário de Estado (3) e ao Assistente do Presidente para Assuntos de Segurança Nacional. (4
Um dos objetivos do plano certamente enquadra-se no que o New York Times define como “uma corrida armamentista global para obter uma vacina contra o coronavírus, que está a desenvolver-se entre os Estados Unidos, China e Europa”. (5) Os primeiros que forem capazes de produzir a vacina - escreve o NYT – “podem ter a oportunidade não só de favorecer a sua população, mas de ter vantagem ao enfrentar as repercussões económicas e geoestratégicas da crise”.
A companhia farmacêutica americana Johnson & Johnson (6) anunciou, em 30 de Março, que havia seleccionado uma possível vacina contra o Covid-19, na qual trabalha desde Janeiro, em conjunto com o Departamento da Saúde, com um investimento conjunto de mais de um bilião de dólares. A empresa anuncia que, após os ensaios clínicos programados para Setembro, a produção de vacinas poderá começar nos primeiros meses de 2021 em “tempos substancialmente mais acelerados do que o normal”, atingindo rapidamente a capacidade de produção de mais de um bilião de doses.
O plano de “assistência” à Itália, ordenado pelo Presidente Trump, também poderá incluir o fornecimento da vacina que, provavelmente, será usada (talvez tornando-a obrigatória) sem se preocupar com os tempos de teste e produção “substancialmente mais acelerados do que o normal”, nem o custo económico e político dessa generosa “assistência”.

Manlio Dinucci
il manifesto, 14 de Abril de 2020

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terça-feira, 7 de abril de 2020

[ Manlio Dinucci] A NATO PEGA EM ARMAS PARA «COMBATER O CORONAVÍRUS»


                                


Os 30 Ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO (Luigi Di Maio, em representação da Itália), que se reuniram, em 2 de Abril, por videoconferência (1) encarregaram o General norte-americano Tod Wolters, Comandante Supremo Aliado na Europa, de “coordenar o apoio militar necessário para combater a crise do coronavírus”.
É o mesmo general que, no Senado dos Estados Unidos, em 25 de Fevereiro passado, declarou que “as forças nucleares apoiam todas as operações militares USA, na Europa” e que ele é “um defensor de uma política flexível do primeiro uso” de armas nucleares, ou seja do, ataque nuclear de surpresa. (2) (“ O Doutor Strangelove cuida da nossa saúde", il manifesto, 24 de Março). (3)
O General Wolters é o Comandante Supremo da NATO, na qualidade de Chefe do Comando Europeu dos Estados Unidos, portanto, faz parte da cadeia de comando do Pentágono, que tem prioridade absoluta. Quais são as suas regras rígidas, confirma-o um episódio recente: o Capitão do porta-aviões Roosevelt, Brett Crozier, foi afastado do comando porque, perante a propagação do coronavírus a bordo, violou o segredo militar ao solicitar o envio de ajuda. (4)
Para “combater a crise do coronavírus”, o General Wolters tem “corredores preferenciais para vôos militares através do espaço aéreo europeu”, onde os vôos civis quase desapareceram. Os corredores preferenciais também são usados pelos bombardeiros americanos do ataque nuclear B2-Spirit: em 20 de Março, decolaram de Fairford, em Inglaterra, juntamente com caças noruegueses F-16, rumo ao Árctico, em direcção ao território russo (5). Deste modo - explica o General Basham, da Força Aérea dos EUA na Europa – “podemos responder, rápida e eficazmente, às ameaças na região, demonstrando a nossa determinação em levar o nosso poder de combate para qualquer lugar do mundo”. (6
Enquanto a NATO está comprometida em “combater o coronavírus” na Europa, dois dos principais aliados europeus, a França e a Grã-Bretanha, enviam os seus navios de guerra para as Caraíbas. O navio de ataque anfíbio Dixmund partiu de Toulon para a Guiana Francesa, em 3 de Abril, para o que o Presidente Macron define como “uma operação militar sem precedentes”, denominada «Resiliência» no contexto da «guerra ao coronavírus». (7) O Dixmund pode desempenhar a função secundária de navio hospitalar com 69 camas, 7 das quais para terapia intensiva. O papel principal deste navio enorme, de 200 m de comprimento e com uma ponte de voo de 5000 m2, é o de ataque anfíbio: ao aproximar-se da costa inimiga, ataca com dezenas de helicópteros e meios de desembarque que transportam tropas e veículos blindados. Características semelhantes, embora em menor escala, tem o navio britânico RFA Argus, que zarpou, em 2 de Abril, para a Guiana Britânica (8
Os dois navios europeus posicionar-se-ão, nas mesmas águas das Caraíbas, perto da Venezuela, onde está a chegar a frota de guerra - com os mais modernos navios de combate costeiro (construídos, também, pela Leonardo italiana, para a Marinha dos EUA) e milhares de fuzileiros navais - enviados oficialmente pelo Presidente Trump para impedir o tráfico de drogas. Ele acusa o Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, “de se aproveitar da crise do coronavírus para aumentar o narcotráfico com o qual ele financia o seu narco-Estado". (9)
O objectivo da operação, apoiada pela NATO, é fortalecer o aperto do embargo para estrangular economicamente a Venezuela (um país com as maiores reservas de petróleo do mundo), cuja situação é agravada pelo coronavírus que começou a espalhar-se. O objectivo é depor o Presidente Maduro, eleito regularmente (sobre cuja cabeça os USA colocaram uma recompensa de 15 milhões de dólares) (10) e instaurar um governo que conduza o país para a esfera de domínio USA. Não se pode excluir que possa ser provocado um incidente que sirva de pretexto para a invasão da Venezuela.
A crise do coronavírus cria condições internacionais favoráveis a uma operação deste tipo, talvez apresentada como “humanitária”.
Manlio Dinuci

il manifesto, 7 de Abril de 2020



(9) https://nypost.com/2020/04/02/us-to-deploy-navy-near-venezuela-to-stop-drug-trade 



COMMUNIQUÉ ON THE CONFERENCE OF 25 APRIL









DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 31 de março de 2020

[Manlio Dinucci ]Manobras estratégicas por trás da crise do Coronavírus

                        home-header-2


À medida que a crise do Coronavírus paralisa sociedades inteiras, forças poderosas movem-se para tirar a máxima vantagem da situação.
· No dia seguinte - enquanto o exercício USA “Defensor da Europa 2020” prosseguia, com menos soldados, mas com mais bombardeiros nucleares - iniciou na Escócia, o exercício aeronaval NATO Joint Warrior com forças USA, britânicas, alemãs e outras, que durará até 10 de Abril, também com operações terrestres.
Entretanto, os países europeus da NATO são advertidos por Washington de que, apesar das perdas económicas provocadas pelo Coronavírus, devem continuar a aumentar os seus orçamentos militares para “manter a capacidade de se defender”, obviamente, da “agressão russa”.
Na conferência de Munique, em 15 de Fevereiro, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, anunciou que os Estados Unidos solicitaram aos aliados para reservar outros 400 biliões de dólares para aumentar as despesas militares da NATO, que já ultrapassam bem mais de 1 trilião de dólares, anualmente.
A Itália deve, portanto, aumentar as suas despesas militares, que já subiram para mais de 26 biliões de euros por ano, ou mais do que o que o Parlamento autorizou destinar, precisamente, para a emergência Coronavírus (25 biliões). Assim, a NATO ganha terreno numa Europa largamente paralisada pelo vírus, onde os USA, hoje mais do que nunca, podem fazer o que querem.
Na conferência de Munique, Mike Pompeo, atacou violentamente não só a Rússia, mas também a China, acusando-a de usar a Huawei e outras empresas como “cavalo de Tróia dos serviços secretos”, ou seja, como ferramentas de espionagem. Deste modo, os Estados Unidos aumentam a sua pressão sobre os países europeus para que também quebrem os acordos económicos com a Rússia e com a China e fortaleçam as sanções contra a Rússia.

O que é que a Itália deveria fazer, se tivesse um governo que quisesse defender os nossos verdadeiros interesses nacionais?
Ø Antes de tudo, deveria recusar-se a aumentar a nossa despesa militar, avolumada artificialmente com a fake news da “agressão russa”, e submetê-la a uma revisão radical para reduzir o desperdício de dinheiro público em sistemas de armas como o caça americano F-35.
Ø Deveria suspender imediatamente as sanções contra a Rússia, desenvolvendo o intercâmbio ao máximo.
Ø Deveria aderir ao pedido - apresentado em 26 de Março à ONU, pela China, Rússia, Irão, Síria, Venezuela, Nicarágua, Cuba e Coreia do Norte - que as Nações Unidas pressionem Washington para abolir todas as sanções, particularmente prejudiciais no momento em que os países que sofrem com elas, estão afectados pelo coronavírus.

Da abolição das sanções ao Irão também resultariam vantagens económicas para a Itália, cuja troca com este país foi praticamente bloqueada pelas sanções USA. Estas e outras medidas dariam oxigénio, sobretudo, às pequenas e médias empresas sufocadas pelo encerramento forçado, disponibilizariam fundos para a emergência, especialmente, a favor das camadas mais desfavorecidas, sem, por isso, se endividarem.
O maior risco é sair da crise com o nó corrediço no pescoço de uma dívida externa, que poderia reduzir a Itália às condições da Grécia.
Mais poderosas do que as forças militares, aquelas que mantêm as alavancas das tomadas de decisão, mesmo no complexo industrial-militar, são as forças da grande finança internacional, que estão a usar a crise do Coronavírus para uma ofensiva global, com as armas de especulação mais sofisticadas. São elas que podem arruinar milhões de pequenos poupadores e que podem usar a dívida para se apoderarem de sectores económicos inteiros.
Decisivo nesta situação, é o exercício da soberania nacional, não a da retórica política, mas a que está consagrada na nossa Constituição, a verdadeira soberania que pertence ao povo.

Manlio Dinucci
il manifesto, 31 de Março de 2020

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COMMUNIQUÉ ON THE CONFERENCE OF 25 APRIL








DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO


terça-feira, 17 de março de 2020

[Manlio Dinucci] Chegam à Europa do vírus os bombardeiros USA de ataque nuclear


                   


Devido ao Coronavírus, a American Airlines e outras companhias aéreas dos EUA cancelaram muitos voos para a Europa. No entanto, existe uma “companhia” USA que, vice-versa, os aumentou: a US Air Force.
Há poucos dias, “instalou, na Europa, uma task force de bombardeiros furtivos B-2 Spirit” Anuncia-o de Estugarda, o US European Command, o Comando Europeu dos Estados Unidos. Está, actualmente, sob as ordens do General Tod D. Wolters, da US Air Force, que é, ao mesmo tempo, o Chefe das Forças Armadas da NATO, como Comandante Supremo Aliado na Europa. O US European Command afirma que a task force, composta por um número desconhecido de bombardeiros provenientes da base de Whiteman, no Missouri, “chegou, em 9 de Março, ao Campo das Lajes nos Açores, em Portugal”.
O bombardeiro estratégico B-2 Spirit, o avião mais caro do mundo, cujo custo ultrapassa os 2 biliões de dolares, é o avião USA de ataque nuclear mais avançado. Cada um pode transportar 16 bombas termonucleares B-61 ou B-83, com uma potência máxima total equivalente a mais de 1.200 bombas de Hiroshima. Devido à conformação, revestimento e contramedidas electrónicas, o B-2 Spirit é difícil de detectar por radar (por esse motivo, é designado como “avião invisível”). Embora já tenha sido usado na guerra, por exemplo, contra a Líbia em 2011, com bombas não nucleares de alta potência, orientadas por satélite (pode transportar 80), foi projectado para penetrar nas defesas inimigas e efectuar um ataque nuclear de surpresa.
Estes bombardeiros, especifica o US European Command, “operarão a partir de várias instalações militares na área de responsabilidade do Comando Europeu dos Estados Unidos”. Esta área inclui toda a região europeia e toda a Rússia (incluindo a parte asiática). Isto significa que os bombardeiros USA mais avançados de ataque nuclear, operarão a partir das bases na Europa, perto da Rússia. Invertendo o cenário, é como se os bombardeiros russos mais avançados de ataque nuclear da Rússia, estivessem a manobrar a partir de bases em Cuba, perto dos Estados Unidos.
Torna-se claro o objectivo almejado por Washington: aumentar a tensão com a Rússia, usando a Europa como primeira linha do confronto. Isto permite a Washington fortalecer a sua liderança sobre os aliados europeus e orientar a política externa e militar da União Europeia, da qual 22 dos 27 membros pertencem à NATO, sob comando USA.
Isso é confirmado pelo facto de que eles transferem os seus bombardeiros mais avançados de ataque nuclear com o consentimento de todos os governos e parlamentos europeus e da própria União Europeia e com o silêncio cúmplice de todos os principais meios de comunicação europeus.
O mesmo silêncio caiu sobre o Defender Europe 20, o maior destacamento de forças USA na Europa desde o final da Guerra Fria, sobre os quais a comunicação mediática só falou, quando o US European Command anunciou que, devido ao Coronavírus, reduzirá os soldados USA que participam no exercício de 30.000 para um número impreciso, mantendo, no entanto, os “nossos objectivos de maior prioridade”.
No âmbito de uma verdadeira psy-op (operação psicológica militar), vários órgãos de “informação”, também em Itália, lançaram-se imediatamente contra “as mentiras sobre o exercício Defender Europe” (La Repubblica, 13 de Março) e, através das redes sociais, espalhou-se o boato de que o exercício foi praticamente cancelado. Notícias tranquilizadoras, reforçadas pela garantia, dada pelo US European Command, de que “a nossa preocupação primordial é proteger a saúde das nossas forças e a das forças dos nossos aliados”.
Apenas substituindo, na Europa, um número indeterminado de soldados USA por um número desconhecido de bombardeiros americanos de ataque nuclear, cada um com uma potência destruidora igual a mais de 1.200 bombas de Hiroshima.

il manifesto, 17 de Março de 2020

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DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio Dinucci Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

PS1: Zero Hedge, sobre a reestruturação do mega-exercício «Defender 2020», diz que o mesmo era precedido de «jogos de guerra» simulando um ataque nuclear. O comando da NATO anunciou uma modificação da movimentação de tropas no terreno, com o pretexto de prevenir espalhar a epidemia, mas... «NATO could've been on the verge of an armed conflict with Russia, positioning troops and armored vehicles, under the guise of an exercise.»

PS2: Segundo RT.com, «the Atlantic Council – the alliance’s massive think-tank and lobbying arm – had just called for an increased US troop presence in Europe under the pretext of fighting the coronavirus, same as they’ve done with anything from terrorism to climate change and women’s rights over the years.»