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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O QUE É DESIGNADO POR «DEMOCRACIA» É SIMPLESMENTE UMA FRAUDE



ALTERNATIVA À FRAUDE ... EXERCÍCIO DIRECTO DO PODER PELAS PESSOAS
                                  

Estamos num período crítico, não porque se avizinham eleições presidenciais nos EUA, o super poder mundial, mas pela existência de uma crise terminal do capitalismo (não há Covid que possa disfarçar!). Ela está aí mesmo, é preciso tomar a realidade como ela é: por isso, a famosa citação de Emma Goldmann - há cerca de um século - é sempre válida, mas agora será mais actual do que nunca.

Os que se auto designam como dirigentes, quais lobos interessados em apaziguar o rebanho de ovelhas, vão dizer-lhes tudo aquilo que elas gostam de ouvir, para as adormecer. Na verdade, não são da «raça» dos lobos, são antes da «raça» dos abutres, que se alimentam de despojos de seres vivos. 

Vão prometer tudo como o costumam fazer, porque o eleitorado sofre de amnésia crónica: esqueceu, com certeza, as promessas solenes que lhe foram feitas, de um extremo ao outro do espectro político, pelos candidatos... nas eleições anteriores.

Além disso, vão exibir ao eleitorado um engodo, um engodo tão grosso que será difícil - do lado dos oprimidos - escapar. Estou a referir-me ao «rendimento básico universal» (ou incondicional), o «maná» caindo, não do céu, mas do banco central, que está/irá imprimir (digitalmente) triliões, para fornecer a qualquer pessoa, sem condições. 

Esta quantia será apenas o suficiente para a pessoa não morrer de fome. É preciso ter em conta que irá de par com o disparar da inflação, que se irá transformar muito depressa, em hiper - inflação. Mas isto, os políticos não o dizem. 

A medida, tida por muitos como um avanço social, não vai aligeirar nada, antes vai sobrecarregar as pessoas que ainda têm trabalho. Estas, terão de trabalhar mais e terão muito mais insegurança no posto de trabalho: logo, não terão reais possibilidades duma vida decente.

O grande capital já compreendeu que o futuro é a robótica: um robot pode escangalhar-se, mas não faz greve; o seu «salário», é apenas um pouco de electricidade. 

A outra face da sociedade robotizada, é a existência de 80% de pessoas redundantes, do ponto de vista do processo produtivo. 

Numa sociedade socialista, a robotização não seria um problema, pois seria ocasião para aligeirar as horas de trabalho dos trabalhadores, repartindo-o por vários, criando novos postos de trabalho, úteis socialmente, mas que hoje em dia têm pouco ou nenhum reconhecimento social e portanto não são remunerados, ou são-no miseravelmente. 

Uma sociedade socialista iria aproveitar para libertar as energias criativas que existem em cada um, permitindo que muitos possam exercer «hobbis» ou aprofundem sua formação, o que irá enriquecer a sociedade no seu conjunto.

Mas, para capitalistas, malthusianos e globalistas do tipo «Davos», isto está fora de questão. Eles têm de manter as rédeas da produção e mesmo, determinar o que deve ser a sociedade do futuro. Aliás, não têm dúvidas acerca da sua própria superioridade: muitos são, de facto, racistas e elitistas, porém espertos o suficiente para não o declararem em público.

A única maneira das pessoas retomarem o controle sobre suas vidas, é abandonarem a ilusão de que esta sociedade é democrática, tanto no sentido etimológico - que significa «poder do povo» - como em qualquer outro sentido. 

Compreender que a propaganda, o «marketing político» - que não é, afinal, diferente dos outros - tem como objectivo fazer as pessoas aceitarem como bom, exactamente aquilo que lhes retira qualquer poder, que os transforma em escravos modernos. 

As pessoas precisam de acordar, deixarem de ser iludidas pela propaganda, pela difusão constante de mensagens assustadoras, causadoras de psicose colectiva. Mas para tal, precisam de falar entre elas, precisam de quebrar barreiras internas e artificiais que impedem que haja uma troca de opiniões entre familiares, amigos, colegas, ou conhecidos...

As pessoas irão acordar e perceber que as estiveram a iludir, a meter-lhes medo, para as levarem a aceitar algo que, na véspera, pura e simplesmente consideravam inconcebível.

Acredito que existe saída para a FRAUDE que infesta as sociedades ... Chama-se EXERCÍCIO DIRECTO DO PODER PELAS PESSOAS (ou Democracia Directa).

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

ANARCO-CAPITALISMO?

Para se abordar este assunto sem demagogia, num ou noutro sentido, temos de nos despir de todos os preconceitos. Isto é normalmente muito difícil, se não impossível, para o comum dos mortais. 

Porém, os conceitos relativos ao anarquismo ou ao socialismo libertário são fundamentais e ajudam a esclarecer o fundo da questão. E este, resume-se à resposta simultânea às duas questões: «será o anarquismo viável?»; «será o anarquismo desejável?».

Para compreender as propostas dos que defendem um «anarco-capitalismo», temos de cavar um bocado na História e perceber como evoluiu este complexo de ideias, teorias, organizações e movimentos sociais. 
Sobretudo, devemos compreender que na origem (pelo menos enquanto teoria política e social), o anarquismo é visto como uma modalidade do socialismo. E o socialismo, por sua vez, é a utopia que mobiliza os sectores despojados pelo desenvolvimento capitalista dos séculos XVIII-XIX. No início, não se distinguia, nem em termos de projeto, nem em termos de teoria​,​ do comunismo. A palavra comunismo vem de comuna, que é o equivalente à nossa «freguesia»​. O comunismo foi, inicialmente​, um projeto de auto-gestão e auto-apoderamento​,​ ​n​um​ espaço territorial definido, que se pode considerar gerível e controlável pelo povo da comuna. 
Portanto, teria mais a ver com a gestão horizontal dos recursos, nos espaços geográficos ​duma área que ​podia ser atravessada de lés a lés, numa única jornada​,​ a cavalo. 
Porém, a luta de classes, na primeira metade do século XIX, nos países europeus, esteve imiscuída ​n​a luta pela libertação nacional contra o domínio das​ diversas monarquias e impérios. 
Es​t​es impérios, para usar uma expressão​​ conhecida, eram «a prisão dos povos». A eclosão de um movimento insurrecional em 1848, foi a primeira «prova de fogo»​:​ não apenas dos que ainda estavam imbuídos do ideário liberal, na sua versão genuína e original de liberdade de opinião, de associação e não somente liberdade de comércio, mas também dos proletários​,​ que entravam, pela primeira vez com a sua agenda própria, contra as monarquias instaladas. Havia a ilusão de que a república, o sufrágio universal, a liberdade, o direito de organização de sindicatos e a consagração do direito à greve, seriam a etapa necessária para a «república social», no confronto geral com a burguesia e ​restantes classes​ opressoras.​ Infelizmente, tal esperança não se concretizou​,​ pois os regimes constitucionais monárquicos ou republicanos - ​instalados entre a ​2ª​ metade do século XIX e início​s​ do século XX​ -​ logo se viraram contra a classe ​operária, ​que os pusera no poder, com repressão e com restrições de toda a ordem, p​ara «desarmar» o perigo de revolução. Quando se falava de revolução, era - naturalmente - a​ revolução​ que apregoavam os socialistas, comunistas e anarquistas​ ​e suas respectivas organizações e órgãos de propaganda.
Porém, a vertente não insurrecional do movimento operário e socialista (no sentido lato do termo) esteve sempre presente, desde os grandes movimentos Cartistas para conseguir uma lei (Charter) consagrando a existência legal de  sindicatos,  ​«trade-unions» nas ilhas britânicas. 
Outra vertente não insurrecional, era formada pelo nascente movimento​ ​de cooperativas operárias, implicados em produzir mercadorias e serviços de maneira autónoma​,​ gerindo​ ​suas empresas cooperativas de modo democrático e horizontal. 
Um grande apologista desta​ ​abordagem evolucionista​,​ em direcção a um socialismo futuro, ​foi​ Pierre-Joseph Proudhon, ele próprio um operário. A sua crítica radical do capitalismo inspirou o jovem Marx e​ ​outros socialistas​ e ​comunistas​. Devido a uma polémica azeda entre Marx e Proudhon, eles divergiram e detestaram-se. 
Porém​,​ é um facto que, na Iª Internacional, ​a corrente proudhoniana era nitidamente mais importante que ​o marxismo ou que outras, como a corrente de Bakunin.
A corrente prouhoniana, apesar de derrotada e expulsa da IIª Internacional, juntamente com os que seguiam Bakunin, acabou por ser o esteio sobre o qual se ​re​construiu o movimento sindical ​no final do século XIX, princípio d​o século XX. Com o acordo entre socialistas marxistas e sindicalistas ​libertários, estabeleceu-se ​como regra, nas «organizações de classe» (os sindicatos), terem estas autonomia em relação a todos os partidos e correntes políticas, sendo então os sindicatos capazes de unir os trabalhadores com base nas suas reivindicações e não com base na​s​ suas ideologia​s​.
No seu desenvolvimento histórico, o anarquismo é tudo menos uma teoria monolítica, pelo que excluir​ de antemão e sem análise o «anarco-capitalismo», ou todas as ideias​ análogas​ que se apresentam, é contraditório com o espírito aberto e tolerante, que também faz parte da herança multissecular das correntes libertárias. Ser intolerante, ser sectário,​ é a negação dos princípios anarquistas​; as pessoas que assim se comportam, em vez de revolucionárias, estão (sem o saberem?) a preparar a «cama» para uma aventura autoritária.

Vou, por isso, tentar esclarecer o que compreendi da leitura de autores anarco-acapitalistas contemporâneos. 
O que noto​ -​ desde logo​ -​ é que o movimento dito «libertariano» ou «anarco-capitalista», es​tá ​ancorado na sociedade ​norte-​americana e é parte de uma franja descontente com os partidos do establishment. 
Mas​,​ ​n​a abordagem prática da ação política, têm decidido, ou formar uma ala no seio do partido republicano, ou intervir com candidatos próprios (apoiados pelo partido libertariano) nas eleições ao nível estadual (ou a níveis inferiores) para conquistar uma parte do eleitorado do partido republicano (​a origem de​ muitos deles). Compreende-se que isto tudo tenha pouco​ ou nada​ que ver com o verdadeiro anarquismo, como organização horizontal, com a rejeição d​e​ eleições, vistas como um logro​​ que permite perpetuar​ ​a opressão​ do Estado e da classe dominante​, sob o pretexto (falso) de uma igualdade política, etc. 
A generalidade dos anarco-capitalistas aceita como ideal a constituição​ dos EUA, redigida e aprovada pelos revolucionários americanos: revolucionários... em relação à sede  da colónia (a Grã​-Bretanha), mas - eles próprios - grandes proprietários, muitos dos quais (​incluindo​ Washington ​e​ Jackson) proprietários de escravos negros. Os «libertarianos» pensam que o Estado deveria retornar à «pureza» da constituição aprovada pelos «pais fundadores»​ nos finais do século XVIII​. Neste ponto fundamental, divergem dos anarquistas, pois não preconizam (mesmo a longo prazo) a abolição do Estado, mas somente a sua reforma profunda.
No p​lano​ económico​,​ defendem a desregulamentação total, o que se traduziria por uma extrema força de coação económica dos detentores dos meios de produção e do capital​,​ sobre os que não possuem outra escolha senão vender sua força de trabalho​,​ para seu sustento e da sua família. 
A favor desta tese extremada​,​ argumentam que o Estado é essencialmente parasitário e que o mercado «libertado de entraves» será originador de tal multiplicação de riqueza, de oportunidades, que todos poderão construir o seu negócio, que todos beneficiarão. Esta projecção, n​o​ futuro, do «paraíso capitalista" faz-nos sorrir, porque ouvimos - no passado - o mesmo estribilho, mas ​aplicado ao​ «paraíso comunista​»​
O anarco-capitalismo é a ideologia ​à qual se agarram algumas pessoas da pequena e média burguesia, ao verem suas vidas devastadas pelas sucessivas crises do capitalismo, mas ​sem terem​ (ainda?) equaciona​do​ que pudesse existir algo melhor do que este sistema. 
Convenceram-se que o capitalismo presente é um capitalismo degenerado​ (crony capitalism)​, que a restauração da «pureza» do mercado - divinizado, como um «Deus ex machina» - iria repor a sociedade e as instituições do Estado n​o​ caminho d​o​ progresso, ​com ​um bem-estar generalizado e em plena ​liberdade.
Eu caracterizaria as várias vertentes do movimento libertariano ou anarco-capitalista, como um agregado de nostálgicos do capitalismo passado, porventura de um capitalismo que nunca existiu, realmente. Só diferem concretamente uns dos outros, na forma como analisam alguns fenómenos e na ênfase que colocam nas suas críticas (parciais) ao Estado.
No entanto, pode-se encontrar argumentos muito pertinentes nos autores desta corrente, sobre o processo pelo qual o Estado passou a controlar cada vez mais as vidas das pessoas, a suprimir as liberdades fundamentais e a arregimentá-la​s​ para a guerra. 
Pode-se encontrar ​neles ​uma crítica do «crony-capitalism», ou seja, da forma como ​o​ capitalismo de hoje está dominado por monopólios, por grupos tão poderosos, que a concorrência ​real ​não existe. Não havendo mais mercado digno desse nome​, ​em múltiplos sectores da economia​, caminha-se para um totalitarismo corporativo. 
Também verberam contra o capitalismo financeiro e contra a gestão dos movimentos financeiros e monetários, pelos bancos centrais para benefício da finança e desastrosa​​ para os pequenos, sejam eles trabalhadores ou pequenos patrões.

Porém, nem as metas globais que apontam, nem as formas concretas adoptadas (partidos, eleições), para se organizarem e fazer valer as suas ideias... nos permitem reconhecer os princípios fundamentais dos libertários ou anarquistas. Estão longe de quaisquer das formas em que estas tradições se afirmaram, desde o século XIX e séculos seguintes, até hoje. 
​Penso que estão relacionados antes com uma vertente extremada do liberalismo. Na origem, o liberalismo lutou também pelas liberdades individuais e não apenas pela liberdade de comerciar, confrontando-se com os poderes estatais. O liberalismo foi a ideologia adoptada pela burguesia ascendente. ​
Quem conhece a história do movimento operário nos EUA, sabe que houve uma intervenção vigorosa dos sindicalistas de ideologia anarquista​,​ ou de inspiração libertária. Destacam-se os​ sindicatos da confederação​ Industrial Workers of the World (IWW ou wo​o​blies), que permanecem activos hoje, em certos sectores da sociedade dos EUA, apesar da repressão feroz​,​ tanto do Estado, como do patronato. 
Existem muitas organizações e pensadores, ao longo da História dos EUA,​ que se filiam na corrente libertária​. Muitas pessoas conhecem os nomes de Emma Goldman, ou de Noam Chomsky, mas existem muitos mais com contribuições práticas e teóricas notáveis.  
Existe, no presente, um grande movimento de simpatia pelo socialismo, onde predominam correntes de socialismo anti-autoritário, não-hierárquico. Este, embora não sendo​ sempre​ explicitamente anarquista no seu enunciado​, fez suas várias teses​ e adoptou métodos de organização do movimento anarquista.
Nesta situação de agudização da crise​,​ há um fosso crescente entre classes sócio-económicas, com o divórcio da classe trabalhadora em relação à ideologia dominante, apesar das catadupas de mentiras e deturpações que os media - vendidos aos poderes do dinheiro - despejam diariamente, sobre o soci​alismo

Creio que muitas pessoas vão compreender ​pela prática  social, ​que o movimento dito «libertariano» ou ​«​anarco-capitalista​»​ não oferece resposta para ultrapassar o sistema concreto em ​que ​nos encontramos. 
Destas pessoas, algumas poderão vir a reforçar os movimentos anti-autoritários e anti-capitalistas, que se têm multiplicado nos últimos decénios.​

sábado, 30 de dezembro de 2017

SE EU NÃO PUDER DANÇAR...

Emma Goldman disse, com um vertiginoso sentido de humor, que...«se eu não puder dançar... não quero ser parte da vossa revolução»!







As revoluções passam e a música fica; entreguemos corpo e alma, com gosto, à dança..
Até para o ano de 2018!