sábado, 16 de abril de 2022

UNIVERSAL PÁSCOA [OBRAS DE MANUEL BANET]

 





Na sepultura jaz

Corpo em cristal encerrado

De todos escondido, ignorado

Por amnésicos sacerdotes


Está encerrado no seu tempo

Que é afinal o presente eterno

Não se move, não sente

Está presente em ausência


Irradia na escuridão total

Ergueram-lhe templos 

Inventaram preces e laudas

Entoaram coros e hinos


Mas nada disso faz diferença

Nem sequer os homens bons

Saberão, pois são afinal

Todos falsamente sapientes


A conjunção orgânica

Da Natureza inteira

Cria o eterno presente

Em constante mutação


Fonte geratriz de vida

Ela não vem da razão

Mas a razão é reflexo

Dela;  pálido reflexo


Sentimentos de soberba,

Orgulho, ou vaidade

São como vendas

Nos olhos, ilusões


Em recôndito sepulcro

Guarda, regista sempre

A sua imobilidade

É somente aparente


Amorosamente

Conduz a Natureza

A cumprir o destino

Que lhe foi incumbido


Através dela e no Todo

Sua obra vai brotando

É este o significado 

Universal da Páscoa

 

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  (Murtal, 16 de Abril, 2022)

   




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