No artigo da Science cuja ilustração reproduzimos abaixo, dá-se conta dos resultados da análise de 64 exemplares de ADN antigo, extraído de ossadas de habitantes do continente americano, desde cerca de 14 500 anos a 500 anos atrás.
Estes resultam de sítios arqueológicos, datados conforme se pode ver no mapa abaixo, desde o Alasca, no extremo norte, à Patagónia no sul do continente.
Uma das mais interessantes descobertas é a de múltiplas migrações cujo registo ficou inscrito no ADN dos indivíduos e outra, a existência de uma misteriosa população de origem austral-asiática:
Primeiro Reich tinha descoberto sinais dela em pessoas vivas do Brasil; agora, Willerslev, fornece mais evidências graças ao ADN de uma pessoa que viveu em Lagoa Santa (Brasil) há cerca de 10 mil e 400 anos.
Pergunta-se como é que uma tal marca genética foi mantida isolada, durante dezenas de milhares de anos, em todo um enorme percurso de migração desde a Beríngia, até ao Brasil? A alternativa seria uma «invasão» por mar o que - à primeira vista- parece demasiado improvável.
Com efeito, a Beríngia, durante a última idade do gelo, era uma ponte natural entre o continente euro-asiático e o continente americano. Verificou-se que sepulturas na estepe siberiana de cerca de 15 mil anos revelaram indivíduos cujo ADN estava mais próximo de ADN nativo americano, tendo também parentesco com o ADN antigo europeu.
Quanto à origem austral-asiática de tais marcadores, não se pode excluir que estes resultem duma distribuição muito mais larga, tendo depois ficado confinado apenas a populações austral-asiáticas, analogamente ao que se passou com o ADN de origem «denisovano», cuja maior percentagem na população actual, se encontra precisamente nessa região (aborígenes australianos e nativos da Papuásia-Nova Guiné)
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