A quebra do dólar não é equacionada naquilo que realmente é; pois as pessoas em geral, não sabem que o dólar US teve uma quebra de 78% do seu poder aquisitivo desde 2016. As estatísticas da inflação, em dólares ou noutra divisa, não dão conta, nem de longe, da perda do poder aquisitivo das divisas. A desvalorização constante e silenciosa do dinheiro está entre as causas do empobrecimento da imensa maioria e do enriquecimento dos políticos e dos muito ricos, que sabem e nos escondem a realidade, para seu proveito próprio! icians alike. And because investors like to record their asset values in dollars or their own currencies, they are oblivious to this debasement. And consumers observe merely that prices are rising, not their currency declining which they would do well to understand.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

UM NÃO-MANIFESTO PELO PRESENTE





No presente, existe uma profusão de ruído que impede muita gente de ver o que importa mais. São impedidos, pela gritaria propagandística, de se concentrarem na realidade. Estamos sempre a ser atordoados por ribombantes declarações, brilhantes manifestos, doctíssimas teses...
Por isso mesmo, eu vou apenas dizer o que sinto que este momento da história da Europa e do Mundo parece representar. Vou dizê-lo sem qualquer ilusão de ser detentor da verdade ou de especial lucidez.
Não me importo de repetir o que outros disseram, desde que seja o meu pensamento também; não me importo que outros vão buscar aos meus ditos ou escritos, não tenho «copyright» em relação aos meus textos de análise. Se os meus textos inspiram o pensamento doutros por afinidade ou por oposição, tanto melhor!

A desmontagem do chamado «Estado Social» ou «Wellfare State» está - a partir de agora - na sua etapa terminal.
Com a eleição de Macron, o continente europeu vai alinhar-se cada vez mais com os «valores» do ultra-liberalismo, permitindo que o nível de exploração e de obtenção de lucros atinja valores que satisfaçam os grandes capitalistas. Mas estes nunca estarão contentes, pois o próprio mecanismo da globalização implica a liberdade total de circulação dos capitais e os investimentos continuarão a procurar paragens onde as margens de lucro sejam mais elevadas que as europeias.
Mesmo quando a classe trabalhadora europeia está de rastos, como agora, ela tem um salário médio 5 a 10 vezes superior ao dos países produtores emergentes...

No contexto francês, o efeito paradoxal da vitória de Macron é de uma dupla «vitória de Pirro».
A maioria da esquerda reformista exangue pode clamar vitória, porque o «seu» candidato bateu a candidata da extrema-direita. Mas esta vitória para tal esquerda é o mesmo que um harakiri, o mesmo que tecer a corda que a vai enforcar...
No lado da classe possidente, os muito grandes capitalistas, o 0,01%, TAMBÉM é uma vitória de Pirro, pois nada será resolvido, as crises sobrepostas de decadência da economia, do tecido produtivo, das instituições e da sociedade serão cada vez mais patéticas, criando o «meio de cultura» ideal para rupturas.

O clima será favorável a tentações de regimes ultra-conservadores, de extrema-direita e muito menos favorável para tentações vanguardistas de extrema-esquerda.
Porém, a existirem, estas últimas não virão de Melenchon ou equivalentes, pois o fenómeno Mélenchon, goste-se ou não, é um anacronismo. É uma desesperada tentativa de sobrevivência das esquerdas herdeiras do «Programme Comum» da era Marchais-Miterrand... A esquerda institucional tem sempre uma batalha de atraso sobre a realidade.

A transformação está do lado das pessoas - principalmente jovens - que recusam envolver-se numa lógica partidária mas que, no entanto, não se colocam numa postura de marginalidade egoística. Participam em projectos ao nível local ou global, em redes de afinidade, em conexão múltipla e aberta.
Este tipo de relacionamento vai forjando, pela prática, a sua visão da sociedade. Pelo método, é anarquista na sua essência, mesmo que não tenha uma clara orientação ideológica, teórica, neste campo. Será este o caminho que traz maior fecundidade no longo prazo, não por uma superioridade qualquer ideológica destas experiências, com estes colectivos. Antes, por uma colagem maior ao real.
A esquerda que cola ao real é a que sabe que o parlamentarismo é uma ilusão, que a pugna eleitoral é um terreno nada favorável para fazer prevalecer as posições dos trabalhadores, que existem muitos domínios da vida social que escapam ao controlo do grande capital e dos seus sequazes, sendo portanto possível uma alternativa real.

A luta não violenta continua ... construindo calmamente uma nova sociedade, na concha esvaziada da anterior. Uma maturação orgânica é o que eu vejo como caminho possível e fecundo. A insurreição, as barricadas, mesmo a greve geral, são instrumentos caducos, porque perderam sua eficácia, sua acuidade...
Uma «greve geral» actual - com eficácia - é desinvestir da sociedade da exploração, do consumo, do espectáculo... criando comunidades autónomas, solidárias, plurais, capazes de banhar e difundir a cultura nova, horizontalmente.
Já estão presentes em muitos sítios, nos grandes centros urbanos, nos subúrbios, no campo...Têm demonstrado, em vários casos, serem melhores que a pseudo-cultura da media, das televisões, das escolas...

Por isto tudo, há que ter esperança.

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