Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

sábado, 29 de setembro de 2018

EUROPA UNE-SE À RÚSSIA E À CHINA PARA CONTRARIAR AS SANÇÕES DOS EUA CONTRA O IRÃO



                            



A União Europeia, a Rússia, a China e o Irão anunciaram,  na ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas, que vão criar um Veículo de Propósito Especial, um canal soberano financeiramente independente, para contornar as sanções americanas contra Teerão e permitir que o acordo «JCPOA» (Joint Comprehensive Plan Of Action) possa sustentar-se.
Isto é um marco histórico, na medida em que a aliança dos EUA com a Europa está directamente a ser posta em causa. 
Além disso, pode significar que - noutros aspectos também - a UE estará pronta para (r)estabelecer acordos com o bloco Rússia-China, autonomizando a sua posição, quer no que toca ao comércio, quer no que toca a uma política de sanções, largamente ineficaz e contra-produtiva. 
Há demasiados pontos de divergência objectiva entre os membros da NATO, relativamente a um número crescente de assuntos. Apenas alguns exemplos, do que recentemente tem acontecido:
- A Turquia, estrategicamente importante, firmou acordos com a Rússia, inclusive no plano de fornecimento de armamentos. 
- A China não tem qualquer problema comercial com a UE e seus estados-membros pelo que, nas sanções e guerra comercial  contra a China, os EUA estão à partida isolados; também estão isolados na sabotagem dos acordos firmados no seio da OMC. 
- Quanto à Rússia e as sanções causadas pelo conflito ucraniano e a Crimeia, cada vez mais existem vozes governamentais (Hungria, Itália...) a propor o levantamento das sanções. Igualmente a Alemanha, que precisa do gás natural russo e não cedeu à tentativa de intimidação americana de interromper o gasoduto pelo Báltico, projecto Russo-Alemão de grande significado. 

No entanto, nem tudo são rosas para o regime de Teerão. 
O rial já perdeu dois terços do seu valor desde Maio, quando as primeiras sanções dos EUA foram accionadas. 
Várias grandes empresas ocidentais [Total, Peugeot, Allianz, Renault, Siemens, Daimler, Volvo...], apesar de terem negócios chorudos no Irão, foram obrigadas - pela pressão das sanções americanas - a retirar-se. Ficariam proibidas de actuar no mercado dos EUA se continuassem neste país.  
No fundo, trata-se de uma corrida de velocidade, para as autoridades iranianas: quanto mais depressa cortarem os laços de dependência em relação ao Ocidente, mais as sanções dos EUA e eventuais outros países serão ineficientes.
Nestes últimos anos temos visto o Irão aproximar-se da Organização de Cooperação de Xangai (uma espécie de embrião de «NATO euro-asiática»), tem participado na formação da zona de comércio livre euro-asiática e promovido a utilização das moedas respectivas dos países, nas trocas comerciais bilaterais (por exemplo, entre o Irão e a Índia). 

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