A algazarra da media no Ocidente, lacaia do poderio americano, não impede que o desenvolvimento pacífico entre nações (incluindo Portugal) ocorra, através das «Novas Rotas da Seda» (ou BRI = Belt and Road Initiative).
No momento da segunda cimeira da BRI, assiste-se a uma grande berraria, da parte dos que se consideram árbitros do mundo, sobre uma suposta armadilha da dívida, em que a China teria encerrado várias economias em desenvolvimento. Esta suposta «armadilha» da dívida, é apenas a fantasia maquiavélica, a projecção do que, realmente, o Ocidente fez. As suas políticas neo-coloniais, implementadas em grande escala durante décadas, com a colaboração do FMI e Banco Mundial, têm levado a situações onde muitos países mais frágeis são vítimas de extorsão.
Agora, países que têm estado sujeitos à exploração neo-colonial, passam a ter oportunidades de desenvolvimento, através de acordos mutuamente vantajosos, com projectos de infra-estrutura que - por sua vez - permitirão o alargamento e diversificação do comércio e produção.
Se mais de 120 países, com os mais diversos níveis económicos e regimes políticos, apostam nestas oportunidades, qual é a base real desta campanha de «think-tanks» neo-conservadores dos EUA ou nestes inspirados, que apenas se especializam em «análises» destituídas de objectividade?
- A China não está a fazer «ajuda», ao firmar acordos com os outros países; está a fazer algo que corresponde ao seu interesse também, obviamente. É de todo o interesse para ambas as partes, que tais projectos sejam bem dimensionados, para que não existam situações de incumprimento, de falta de pagamento, dos projectos acordados. Isto é normal em qualquer acordo equilibrado.
Não existem cláusulas, mais ou menos ocultas, de submissão a um dado modelo como, aliás, era vulgar nos acordos produzidos durante a era neo-colonial, entre as ex-colónias e as respectivas ex-potências coloniais, principalmente em África.
Os «críticos» da BRI nem sequer o são pois, para se criticar, tem de se avaliar com objectividade, os pontos fortes e os fracos. É realmente estranho «que não vejam» que existe uma grande diversidade de países a colaborar nos projectos da BRI, desde a muito avançada e rica Suiça, até países que sofreram séculos de rapina colonial e neo-colonial.
Para mim e para qualquer pessoa com realismo, a dimensão e o alargamento contínuo dos acordos firmados, no âmbito da BRI, é um sinal de sucesso. É evidente que os países e seus dirigentes sabem perfeitamente defender seus interesses e aproveitam oportunidades.
Por contraste, como dizia em crónica anterior, os EUA apenas sabem ameaçar, coagir e, sobretudo, intervir militarmente, destruindo vidas e infra-estruturas, deixando países em ruptura, no rescaldo das suas aventuras bélicas. Que esse tal país, que se auto-classifica de «indispensável», se arrogue o papel de «avaliador» de projectos económicos de desenvolvimento... seria cómico, se não fosse acompanhado com o trágico espectáculo de caos que deixa por onde passa.