O que os bem informados não se apercebem, é que, em contraste com a «Guerra Fria Nº1», os poderes usam os avanços da tecnologia e da I.A. para fabricar uma falsa realidade, uma informação «cientificamente» manipulada. Isso, é uma situação inteiramente nova.
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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SOBRE A GUERRA HÍBRIDA


A guerra híbrida levada a cabo pelos EUA contra a China, com a assistência de seus mais próximos vassalos, Reino Unido, Canadá, Austrália... é um caso bem estabelecido em como uma potência em declínio, está a fazer tudo para travar e - se possível - inverter a ascensão de outra potência a primeiro lugar mundial. 

Embora a China seja uma antiquíssima civilização que já foi, em tempos, o mais poderoso império sobre a Terra, um século de opressão colonial e devastações terríveis antes e durante a IIª Guerra Mundial, deixaram uma pesada herança. 
O estado de pobreza e fraqueza levaram que a República Popular da China (proclamada em 1949) não fosse considerada o principal objectivo estratégico dos EUA e da NATO, durante a guerra fria, mas sim a União Soviética.
Quando se desmoronou a URSS e a Rússia foi transformada em repasto para os apetites das multinacionais (sobretudo do petróleo) durante o governo fraco e corrupto de Yeltsin, parecia efectivamente que - quer se gostasse, ou não - se iria assistir a «um século americano», conforme afirmado num célebre manifesto (PNAS) tornado público por um grupo de «neocons», pouco tempo antes da viragem do milénio. 

A Rússia de Putin encarregou-se de destruir as veleidades de omnipotência das forças mais agressivas do imperialismo americano. 
Mas, igualmente, jogaram dois outros factores:
-A forte resistência encontrada pelos americanos e seus aliados da NATO no Afeganistão e no Iraque, 
-A ascensão da China ao lugar de gigante económico, com a sua iniciativa das Novas Rotas da Seda. Este desenvolvimento é lógico e corresponde a uma filosofia - intrinsecamente liberal - de respeito pelos parceiros comerciais e de vantagens mútuas. 
É preciso não esquecer que isto vem na sequência da tarefa que lhe foi proporcionada e favorecida pelos próprios grandes capitalistas ocidentais: a de tornar-se a «fábrica do mundo». 
É, portanto, particularmente desesperante, numa observação das relações internacionais e políticas no Ocidente, verificar que os ditos dirigentes apenas orientaram a barca ao sabor da corrente maior de dinheiro. 
Assim foi com todos os presidentes dos EUA, desde Bill Clinton, especialmente com Barack Obama, que fez acreditar que haveria uma real viragem da política dos EUA devido à cor de sua pele, mas que foi o instigador da política de «pivot to Asia» /«viragem para a Ásia», o que em claro significa viragem para fazer o cerco à China, unificando contra ela uma coligação de forças (estados vassalos) e aumentando os dispositivos bélicos, desde as bases militares, às frotas que a cercam em permanência.
Assim, os EUA cliente primeiro dos produtos industriais fabricados na China (muitos dos quais sob licença de firmas americanas), começaram a objectar contra a suposta «injustiça» da grande disparidade na balança comercial EUA-China, tendo a administração Trump passado a sancionar alguns bens importados com tarifas, já em 2018. 
Esta política de pressão sobre a China foi subitamente agravada, em Dezembro desse ano, com o aprisionamento da vice-presidente executiva da Huawei - quando ela se encontrava em trânsito em Vancouver, Canadá - sob pretexto desta firma ter «violado as sanções» contra o Irão, sanções ilegais e unilaterais e que não podiam obrigar cidadãos e empresas estrangeiros, comerciando fora das fronteiras dos EUA.
Xi Jin Pin e altos dirigentes chineses levaram a cabo conversações, com vista a minorar e - se possível - eliminar as situações de conflito comercial. Enquanto a administração Trump foi para conversações com outro espírito: insistia em queixas relacionadas com patentes, mas sem de facto chegar a algo concreto, que permitisse uma base negocial. As conversações capotaram e as tarifas decretadas por Trump entraram em vigor. Como retaliação, a China deixou de importar produtos agrícolas dos EUA (sobretudo soja, produzida pelos agricultores do Midwest, sólida base de apoio eleitoral de Trump).
As forças da propaganda, comandadas pela CIA e outras agências, intensificaram a propaganda contra o alegado mau registo de direitos humanos da China, nomeadamente na região mais ocidental do Xinjiang onde existem populações de etnias minoritárias, muçulmanas. Entre eles, a CIA conseguiu infiltrar elementos radicais islâmicos, muitos tendo experiência de combate nas fileiras de grupos djihadistas na Síria. Pelo que, as medidas de contenção - de «contra-guerrilha» - de Pequim, podem ser consideradas demasiado duras, porém têm de ser contextualizadas, coisa que a imprensa ocidental não faz, em 99% dos casos.

Agora, a pretexto de uma lei de extradição que estava em discussão na Assembleia Legislativa de Hong-Kong, elementos radicalizados procuram desencadear a repressão do exército, sendo que Pequim não irá permitir que a violência e o caos sejam semeados impunemente no território de Hong-Kong. 
Este território sempre fez parte da China; esteve sob ocupação britânica desde as guerras do ópio e foi restaurada a soberania chinesa em 1997, através do processo de devolução, negociado com o Reino Unido. Este processo reconhece a soberania chinesa ao mesmo tempo que institui uma zona administrativa especial. A situação económica do território de Hong-Kong é especial, na medida em que as leis socialistas não se aplicam nele; ou seja, a propriedade dos meios de produção continua a ser privada até 2047. 
A revolta estudantil, apesar de ter inicialmente uma relativa legitimidade, está a tomar uma feição cada vez mais violenta e não se compreende quais as motivações políticas concretas, pois o território de Hong-Kong está firmemente na China. As bandeiras do Reino Unido ou dos EUA, agitadas por alguns manifestantes - mais do que exprimirem uma influência directa destes países na revolta - é apenas uma maneira de fazer valer uma adesão primária ao Ocidente, no desespero de causarem simpatia na opinião pública e nos poderes ocidentais. É escusado dizer que eles estão completamente equivocados a esse respeito.
O «Ocidente», que está sempre pronto a criticar a China, ou outros, na ONU e noutros aéropagos, tem feito muito mais e muito pior, em relação a manifestações semelhantes, nos seus próprios países. Mas, sobretudo, a China é demasiado importante para o comércio e as relações económicas mundiais para ser decretado um embargo comercial. Os EUA e seus aliados bem gostariam de o fazer, mas simplesmente não podem, devido à dependência estrutural do seu aparelho produtivo e de aprovisionamento em produtos de consumo, das importações chinesas. 
Um mundo em que os produtos chineses deixassem de fluir, simplesmente parava, num espaço de tempo relativamente curto. Imagino que bastariam semanas, não meses... pois tudo rapidamente começaria a falhar, ao não haver peças intermédias no fabrico, como micro-processadores, e outras. 

Talvez, a única coisa positiva que nos trouxe a globalização capitalista, seja a impossibilidade de uma guerra total, apenas possibilitando uma série de provocações bélicas, desestabilizações, subversões ... tudo o que cabe dentro do conceito de «guerra híbrida». 

segunda-feira, 8 de julho de 2019

COMO SE TEM INSTALADO A DITADURA GLOBAL TOTALITÁRIA?


ARTIGO DE MANUEL BAPTISTA, PARA O «Observatório da Guerra e Militarismo»



Como Se Tem Instalado A Ditadura Global Totalitária?
Com efeito, estamos a caminho de uma ditadura global totalitária, que não se assume como tal. Os EUA continuam a ter o poder supremo de decidir quem tem o direito de comprar o quê a quem; quem tem o direito à vida, com os inúmeros (e quase nunca noticiados), ataques com drones assassinos; com o uso sistemático de exércitos mercenários; de grupos terroristas como ISIS, criados pelos serviços secretos americanos e israelitas; com a apreensão de dinheiro que pertence a outros Estados soberanos (caso mais recente: Venezuela); captura de navios, como o petroleiro iraniano, tomado numa operação de piratagem ao largo de Gibraltar, pelos cães de guarda dos EUA que são os britânicos, etc, etc.

É impossível – para qualquer observador imparcial – não ficar com a forte convicção de que os EUA criaram a chamada «Guerra ao Terror», essa guerra sem fim, para poderem melhor subjugar tudo e todos.
Os regimes amigos não são poupados, veja-se o golpe de Estado que tentaram contra Erdogan e que abortou, causando a aproximação deste com a Rússia, que teve o sentido de oportunidade de fornecer auxílio, decisivo para o falhanço do referido golpe.
Na política actual, os media têm um poder enorme, maior do que no passado. Os grandes grupos económicos e os Estados sabem-no bem. Não podem ser considerados desperdício, despesas de ostentação ou mecenato benévolo, os biliões gastos nos media, incluindo as redes sociais, que desempenham cada vez mais um papel de fonte exclusiva de «notícias» para milhões de utilizadores. Evidentemente, desempenham tais aquisições e participações,- um papel estratégico, como todo o investimento feito nestas áreas.
A Terceira Guerra Mundial, a meu ver, está em curso e já há um certo tempo, só que quase ninguém ou muito poucos vêm a panorâmica mundial assim. De facto a guerra híbrida tem sido abundantemente usada, numa panóplia que vai de sanções unilaterais até a ciber-ataques às redes eléctricas de poderes inimigos e sobretudo, com o condicionamento das massas, através duma media mainstream, inteiramente ao serviço dos grandes poderes da finança e do complexo militar-securitário-industrial do Ocidente. Como nas guerras passadas, uma guerra de propaganda antecede as operações militares propriamente ditas. Mas, diferentemente das guerras mundiais passadas, isto ocorre na apatia, na anomia, das populações mesmo as mais «cultivadas», «civilizadas». Elas foram adormecidas com o ópio da procura do prazer imediato, com a adição às redes sociais e à comunicação com zero conteúdo informativo. Assim, grande parte das pessoas foi transformada em «socio-zombies», isto é, pessoas sem qualquer participação cívica. Muitas delas, estão em estado de «denegação» pois se lhes mostrarmos que a realidade não é nada parecida com a imagem que lhes é vendida nos media, elas «preferem» descartar uma tal evidência, como não tendo cabimento dentro no seu mundo digital, virtual.
Julian Assange é um prisioneiro político, sujeito a prisão arbitrária, tortura e tentativa de assassínio, por um poder globalista que se foi afirmando – até conseguir o controlo quase absoluto – nos países ditos de «democracia liberal». Isto é característico duma ditadura totalitária.