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segunda-feira, 5 de março de 2018

ITÁLIA - O ESPELHO DO FRACASSO DA UE

                      The election results were a triumph for the Five Star Movement, led by 31-year-old Luigi Di Maio




Embora as pessoas tenham sido sujeitas à lavagem ao cérebro, em modalidade intensiva, com a cerimónia dos Óscares, o mais importante acontecimento deste fim-de-semana foi, sem dúvida, a eleição parlamentar italiana, com o movimento «5 estrelas» a obter uma maioria (relativa) face a partidos e coligações à direita e à esquerda. 

Embora eu não tenha nenhuma «fé» na política eleitoral, mesmo quando esta é protagonizada por pessoas muito jovens, desencantadas com as formações políticas tradicionais, que não receiam avançar com aquilo que lhes parece ser a via de salvação para as suas vidas, vejo que existem situações, cuja maturação e desfecho obrigam a que os restantes aspectos da realidade social (e não apenas política) se «alinhem» com elas. 

No caso de Itália, temos um país que vem sendo desgovernado pelas direitas e esquerdas, um país cujo crescimento económico tem sido posto em cheque, que tem de sofrer o embate - quase isolado - de ondas de imigrantes que afluem de África às suas costas, um país onde os jovens têm uma formação de qualidade e onde não encontram emprego correspondente às suas qualificações. 
No plano financeiro, a dívida italiana tem subido constantemente, os bancos italianos estão todos falidos, sendo sustentados «a braços», pelo BCE, que lhes compra a porcaria que detêm como «activos». 
Portanto, devemos encarar Itália como o elo mais fraco da UE, não porque outros não estejam em lençóis tão maus ou piores que os italianos, mas porque a dimensão de Itália faz com que uma crise de confiança que aí desponte, irá transmitir-se automaticamente à UE no seu todo.
Ora, tal como o resultado eleitoral de 04 de Março de 2018 foi traçado, ele desenha um quadro difícil de negociações, de compromissos, tendo no centro um movimento que tem rejeitado coligações e compromissos com partidos «do sistema» e que não estará em condições de formar um governo 100% «5 estrelas». Porém, não se vê que outras forças políticas se disponham a fazer passar um governo «5 estrelas» minoritário, sem que existam compromissos de parte a parte. 
O forjar de tais compromissos não me surpreenderia, pois a conquista do governo foi sempre um factor que atraiu as forças mais radicais a abdicarem da parte mais «intransigente» do seu ideário e programa de governo, para conseguirem alcançar o poder. Seria de admirar que isso não jogasse também no interior do movimento ora vencedor. 
Mas, por outro lado, do lado dos negócios, o que se pode esperar é que - embora não exista uma deliberada campanha de boicote contra o novo poder político que emergiu em Itália - as forças do capital «votem» para sair da «grande bota». 
Uma precipitada saída de capitais significa que a montagem da falsa solvabilidade das finanças públicas de Itália e, por extensão, dos países do Sul, construída pelo BCE, fica a descoberto. 
Se a opinião pública ficar com a noção clara -por fim - de que o papel do BCE tem sido de atirar biliões sobre biliões, para que governos continuem a pedir emprestado e a gastar mais do que as economias respectivas produzem, então a subida destas «5 estrelas», será um sinal mortal para aquelas outras «doze estrelas», que compõem a bandeira da União Europeia.

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Post scriptum: mapa pós eleições de 04-03-018
A azul, as zonas que votaram à direita, a vermelho à esquerda, a amarelo «anti-sistema»

                                          Foto de Pepe Escobar.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

ELEIÇÕES EM FRANÇA - SUÍCIDIO DA ESQUERDA

                          Foto de Pepe Escobar.


O penoso e previsível resultado da primeira volta das legislativas francesas, é que Macron vai dispor de uma maioria absoluta (mas numa eleição onde mais de um eleitor em dois se absteve!) para avançar com decretos que anularão aspetos importantes do direito do trabalho, tornando mais difícil a defesa dos interesses dos trabalhadores. 
O constante deslizar das forças de esquerda (reformista) para satisfazer o capital conduz sempre à derrota. Para agravar o cenário, a esquerda francesa recebe a maior derrota de que há memória, mas ainda assim os seus chefes e chefinhos continuam -hoje mesmo - a luta de galos... 




Um exemplo...a não seguir!


Trata-se de um suicídio lento, um suicídio com participação de vários comparsas, visto que prevaleceu durante decénios: a guerrinha de influências no aparelho de Estado, a negociata de lugares e votos aquando das eleições legislativas, a manutenção do sistema eleitoral da Vª república, quando convinha ao PS francês, para dominar a esquerda e impor a sua hegemonia, etc... Tudo isto, ainda por cima e sobretudo, com o abandono de uma política de classe, que deveria ser aquilo que caracteriza a esquerda enquanto tal e para além de todos os seus particularismos ideológicos, estratégicos ou tácticos... na viragem do século a «esquerda» deixou de assumir-se defensora dos trabalhadores, para ser a esquerda das «causas fracturantes», a esquerda «humanitária» (e das guerras «humanitárias», não esqueçamos...). Agora, recolhe o resultado desse longo suicídio de decénios... 

Espero, ao menos, que as pessoas sinceras tenham a coragem de ver os erros, as ilusões, de se auto-criticarem (mas fraternalmente, sem intuitos de exclusão) e aprendam...

segunda-feira, 17 de abril de 2017

O QUE OCULTA O TEATRO ELEITORAL?


O sistema eleitoral instituído nas chamadas democracias, implica não apenas um voto universal, ou seja, qualquer cidadão/cidadã pode ser eleitor, como também que os candidatos uma vez eleitos tenham apenas de prestar contas aos seus verdadeiros «empregadores». E quem são eles? 
Basicamente são os financiadores das campanhas, entidades que têm obviamente algo a ganhar com a eleição de tal ou tal candidato, não admitindo portanto que este se desvie do verdadeiro programa – aquelas garantias com base nas quais recebeu montões de dinheiro para pagar a sua campanha eleitoral, como monstruosa campanha publicitária. 
É assim que as eleições se transformam em meros despiques para ver que candidato tem a melhor equipa de publicitários por detrás, em geral a mais bem paga… 

As pessoas que votam têm, em geral, uma visão completamente diferente deste cenário. Pensam que são participantes do processo de tomada de decisão no seu país, contribuindo com o seu voto para a escolha dos políticos que irão representá-los. 
Esta ideia totalmente ingénua é matraqueada – vezes sem conta – a todos os níveis, mas ainda assim, as pessoas precisam de algo mais, isto não chega. Então, para as «incentivar» é preciso o medo. 
O medo é que faz votar. Porque as pessoas votam sobretudo «contra». O medo do candidato do outro partido, odiado e temido, esse é o factor decisivo pelo qual uma fracção muito importante do eleitorado se mobiliza para ir votar.

Depois, evidentemente, a realidade impõe-se, após o carnaval eleitoral, seja nos países ricos e poderosos, seja nas «repúblicas bananeiras», não importa. 
Em ambos os casos, a oligarquia ao comando assegura-se que os recém-eleitos vão fazer aquilo para que realmente foram pagos. 
Não o seu programa eleitoral, evidentemente, mas somente o programa de manutenção do «status quo», polvilhado - aqui e acolá - de uma pequena medida inócua, de uma pequena variante sem importância, mas que a media – a prostituta de serviço – irá hipertrofiar, como sendo um sinal de que o governo realmente mudou, de que as coisas agora são diferentes!

Este sistema funciona de maneira mais ou menos eficaz, repetindo-se o ciclo ao longo dos anos, em várias «democracias». 
Mas este sistema deveria ser rejeitado, na medida em que quase todos os eleitores ficam frustrados, mesmo aqueles que votaram nos candidatos maioritários e que vêm o «seu» partido ou candidato subir ao poder, pois - aos poucos - vão percebendo que as suas esperanças eram infundadas e que os novos rostos apenas trouxeram mais do mesmo.

Então, como é que ele subsiste e, mesmo, prospera? 
Trata-se de um paradoxo, tanto mais que as pessoas comuns têm uma visão já não tão ingénua do sistema, todas sabem que há uma enorme dose de representação (teatral) no palco da política?

Aqui entram dois factores de psicologia das massas que interessa analisar.

1-    O factor desresponsabilização: a maneira como o eleitor anonimamente coloca o voto na urna, faz com que esteja completamente «impune», seja qual for o resultado, sejam quais forem as consequências do seu acto. A impunidade significa que poucas pessoas proclamam aos quatro ventos em quem votaram (e, mesmo neste número, até pode acontecer que algumas não sejam sinceras). Portanto, a grande maioria das pessoas sente-se psicologicamente «irresponsável», sempre que participou activamente na subida ao poder de um dado candidato, de uma dada facção, de um dado partido e esta escolha se revela como desastrosa.  Muitas pessoas «consolam-se» prometendo a si próprias votar noutro candidato, noutro partido, aquando das eleições seguintes.

O mecanismo de retirada da responsabilidade é completamente previsto e acarinhado pelo sistema em vigor. Não é um acaso, não é uma «falha» do sistema. É condição essencial. Logicamente as pessoas – ao votarem dentro deste contexto – nunca são praticamente tornadas responsáveis ou coniventes pelos crimes, grandes ou pequenos, daqueles que eles ajudaram a colocar no poder. Quando nos dizem que as nossas «democracias» são promotoras da responsabilidade e do sentido cívico dos cidadãos, não podiam dizer mentira mais descarada!

2-    O constrangimento do grupo. Dentro de um determinado grupo, é muito difícil de se ter uma visão diferente, uma forma diferente de se estar, de se comportar e de se ser aceite. A maior parte dos grupos humanos, sejam eles «naturais», como a família, sejam eles colegas de profissão, amigos, etc… não aceitam muito bem alguém que contradiz aspectos essenciais da sua coesão. A ideologia é um deles, não dos menos fortes. Por isso, os que não se conformam com a norma imperante dentro de determinado grupo serão relegados para as margens, tolerados no limite. Para muitas pessoas, o medo de serem expulsas e serem consideradas traidoras, de serem ostracizadas… causa um medo maior do que a aceitação de toda a irracionalidade inerente às escolhas do grupo.

Então, muitas pessoas, apenas manifestarão da forma mais ténue os seus pensamentos de dissidência, ou mesmo não irão sequer exprimir essa divergência com a norma dominante dentro do seu grupo.
Por outro lado, as pessoas sentem-se «fortes» quando estão no seio de uma multidão que clama pelo mesmo que elas, seja num comício partidário, seja num jogo desportivo… ou, como antigamente, nas batalhas - precedidas por cânticos e gritos guerreiros ritualizados.

São, portanto, estes dois factores que têm a ver com a manutenção das pessoas num estado de infantilismo, por um lado, e de medo de exclusão, pelo outro, os factores decisivos na manutenção do mito de serem os presentes sistemas de governo considerados como democracias.
Portanto, as pessoas teriam de ser capazes de individual e colectivamente perderem o medo: o medo de serem apontadas a dedo, o medo de serem excluídos da «tribo». Assim, haveria hipótese de se comportarem como adultas e responsáveis, pelos seus actos, incluindo a escolha de seus mandatários ou representantes.

Penso, contrariamente às teorias pessimistas e antidemocráticas, que há lugar para uma verdadeira pedagogia cívica. Um grande objectivo de tal pedagogia seria as pessoas assumirem os seus actos, não terem medo. Deve-se aceitar que somos todos falíveis, que - muitas vezes - cometemos erros com as melhores das intenções, além de que por vezes, somos impulsionados por forças psicológicas nada reluzentes, como a inveja, a vingança, o desejo de poder…

Mas uma pedagogia partindo do princípio da realidade «tal como ela é», não se conforma com esta, não se «adapta» a ela, mas está apostada em transformá-la.

Como? Através da modificação das condições em que as pessoas evoluem, desde os anos mais precoces, passando pela escolaridade, pela actividade profissional, etc. Se as condições forem favoráveis, as pessoas tomam uma postura mais aberta e mais amadurecida, pois elas ficarão mais felizes (alguns dirão que produzirão mais «hormonas do prazer») se estimadas por aquilo que são e pela sua contribuição livre e voluntária à comunidade, com toda a reciprocidade e estímulo que isso implicará.

A democracia directa é possível e já é realizada em pequena escala, de forma mais ou menos formalizada, em pequenos ou médios agrupamentos humanos. A transformação dessa forma de democracia à escala de conjuntos maiores, de muitos milhares de cidadãos ou mesmo de um país inteiro, será possível, não será uma utopia pois o engenho das pessoas, da espécie humana, permitiu muitas formas diferentes de organização social e política no passado e, no presente, existem muitas diferenças entre os povos, no que toca aos seus regimes políticos. Portanto, o argumento de que, intrinsecamente, pela natureza da espécie humana, seria impossível uma democracia directa, participada, em larga escala, é falho de lógica, de fundamento e parece-me ser um argumento para encobrir uma atitude conformista.

Afinal, o teatro eleitoral, esse sim, impede a democracia verdadeira de se manifestar, pois oculta e confunde os cidadãos sobre o que seria uma verdadeira democracia ou seja, a tomada colectiva de decisões, a deliberação livre depois de discussão livre e bem informada sobre quaisquer assuntos que digam respeito às mesmas pessoas que deliberam.





sexta-feira, 31 de março de 2017

O OCASO DO EURO

É atribuída a Hemingway a frase seguinte: perguntaram-lhe como se entrava em bancarrota, ao que ele respondeu... «Primeiro suavemente, depois bruscamente».
É, de facto, num momento destes que se encontra a totalidade da «União» Europeia e o Euro. 
A possibilidade de - nas próximas eleições em França e Itália - triunfarem partidos defensores da saída do Euro é muito mais elevada do que se possa julgar. A média, ao serviço dos poderes, tende a minimizar os sinais por demais visíveis de que a maioria de eleitores rejeita a continuação de seus respectivos países na zona Euro. Porém, em todos os países do Sul e na França, já existe uma maioria que tem uma visão negativa do Euro nas suas economias. 
Resultados eleitorais conferindo um mandato de saída do Euro, como será o caso na eventualidade de triunfar Marine Le Pen, ou o Movimento Cinco Estrelas em Itália, serão o equivalente de uma condenação à morte do Euro, na sua totalidade. 
A implosão do sistema da moeda única será inevitável e pode mesmo contribuir para graves conflitos entre países europeus. Com efeito, no sistema do Euro, têm-se acumulado desequilíbrios de pagamentos entre os bancos centrais dos países do Sul e o banco central alemão. 
Quando um português compra um Mercedes, por exemplo, esse valor vai ser creditado como activo, no banco central da Alemanha e como dívida pendente no banco central português. Se houver um regresso às moedas nacionais, o que acontece de imediato é que as dívidas comerciais são convertidas nas novas moedas. 
As dívidas que permanecem em Euros, que não são convertíveis, serão apenas as que resultam dos empréstimos feitos ao abrigo de legislação exterior e em contratos estabelecendo que a dívida terá de ser paga em Euros. Tal será o caso de obrigações soberanas emitidas pelos vários países, que são muitas vezes colocadas no mercado ao abrigo de legislação exterior à zona Euro, por exemplo, na praça de Londres.  
Se um país importante economicamente, como a França ou a Itália, com dívidas acumuladas em Euros, sair da zona Euro, o resultado será a crise imediata nos restantes países e, mesmo, ao nível mundial. O Euro é, ao nível global, a segunda moeda de reserva, a seguir ao dólar. Além disso, uma parte importante de comércio internacional é efectuada em Euros. 
Face a esta situação, Portugal, como pequeno país, não poderá fazer uma grande diferença, quer os seus dirigentes decidam - ou não - abandonar o Euro. Porém,  ao nível interno, seria muito mais inteligente terem as pessoas, as organizações, as empresas e o próprio governo, planos de contingência realistas para uma tal eventualidade. 
Estou convencido de que - independentemente do resultado das eleições francesas e italianas - a «União» Europeia se encaminha para um aprofundar das contradições e um afundamento.
 Durante quinze anos, aproximadamente, a Alemanha tem acumulado excedentes, graças a um Euro demasiado fraco, por comparação ao Marco Alemão, o que veio fazer com que, no Sul, as economias absorvessem uma enorme quantidade de produtos alemães. Por outras palavras, o valor do Euro tornou competitiva a economia alemã, face aos seus parceiros comerciais do Sul.
Por outro lado, devido a uma política de contenção salarial, acordada por governo, patronato e sindicatos alemães, em troca de um quase pleno emprego, os produtos do Sul - essencialmente alimentares e outros, de consumo individual - não conseguiram ser absorvidos pelo mercado alemão num volume que compensasse a importação, pelo Sul, de máquinas-ferramentas, automóveis e outros produtos da indústria alemã. 
O desequilíbrio das balanças de pagamentos, que se foi aprofundando com o tempo, gerou enormes tensões e levou ao sobre-endividamento dos países menos industrializados. 
Não é por «preguiça» ou «consumo sumptuário» que os povos grego, italiano, espanhol ou português foram ficando cada vez mais pobres. Foi em resultado duma política económica em que, por um lado as trocas eram em circuito fechado, cerca de 80% das trocas comerciais eram internas à zona Euro, por outro era impossível competir com os países do Terceiro Mundo, usando o instrumento tradicional da desvalorização da moeda, restando uma desvalorização severa - em todos estes países - do valor-trabalho. 
Obviamente, o mercado interno destes países ressentiu-se cada vez mais com as políticas austeritárias impostas, havendo um efeito de círculo vicioso: menos capacidade de compra da população ---> menos escoamento de produtos destinados ao mercado interno ----> falências e despedimentos nas indústrias ---> empobrecimento da população.
Por isso, Portugal não teve, não tem e não terá, qualquer vantagem em permanecer dentro do Euro. Porém, pior seria estarmos «distraídos», não percebendo que as circunstâncias mudaram. Deverá fazer-se um debate ,abrangendo todos os sectores nacionais, sobre o que se deve fazer. 
É evidente que a zona Euro já está em crise, pelo menos, desde o rebentar da crise da dívida da Grécia em 2010. 
Não saberei vaticinar durante quanto tempo, nem como, esta construção artificial irá perdurar. O fim do Euro, porém, poderá estar muito mais próximo do que se imagina. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

ADENDA PÓS-ELEITORAL


Como eu estava consciente desde há vários meses, que a vitória de Trump seria inevitável (*), caso não houvesse uma e descarada manipulação dos votos eletrónicos por parte do establishment pró-Hillary, não me espantei com a vitória do Donald. 
Mas fiquei bastante entristecido por verificar a «cegueira voluntária» de pessoas, geralmente de esquerda, ou mesmo da esquerda radical, que pintaram esse acontecimento como sendo o «fim do mundo» quando, na verdade, apenas é uma derrota de uma fação da oligarquia, que aceitou que a outra fação, mais capaz de mobilizar a «turba», os eleitores-carneiros, fosse render a guarda, para garantir a perenidade do reino do grande capital. 
Estranho a cegueira seletiva das pessoas, que logo esqueceram os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, perpetrados pela administração Obama, sobretudo quando a Hillary foi secretária de Estado: como é possível terem esquecido isso, sobretudo os europeus? 
- A única resposta que encontro é que são realmente muito manipulados por uma média sem escrúpulos, que consegue perversamente «vender» seja o que for, desde que isso seja, ao fim e ao cabo, a «narrativa» de que os seus patrões precisam para continuar o seu jogo mortífero e lucrativo. 

Mas eu não os inocento, pois se eles – os que se dizem de esquerda, os anticapitalistas, antifascistas, etc. – tivessem um mínimo de coerência, perceberiam desde o princípio da administração de Obama, que estávamos perante o «reino do Big Brother», onde guerra é paz, onde liberdade é escravidão, etc…  
Perante esta falência, não apenas intelectual como também moral, eu penso que as pessoas de esquerda sinceras, deveriam fazer uma grande autocrítica e compreender como têm sido instrumentalizadas pelos sequiosos de poder a qualquer preço. 
Com efeito, as Hillarys e os Obamas, mas também os seus «ídolos» locais, fazem sempre o mesmo jogo: dizer às massas aquilo que elas querem ouvir, para depois de eleitas fazerem aquilo que é o seu verdadeiro e único programa: servir a oligarquia para assegurar os fundos para a reeleição!

QUANTO AO IMEDIATO PÓS-ELEIÇÕES: Toda a indignação de uns, que se aproveitam da confusão para fazer motins – atiçados pelos zelotas da média corporativa – a que assistimos no presente, nestes dias que sucederam ao histórico 8 de Novembro, para que serve isso?
- Permite reforçar a convicção de que as eleições, de que este processo é realmente a coluna vertebral da democracia. Como dizia uma manifestante anti-Trump: «tem de haver mortos», ou seja, esta situação merece que haja violência extrema, guerra civil.

É assim que a oligarquia vai aproveitando a divisão entre o povo «miúdo», enquanto eles já se posicionaram há muito para as mudanças que vão chegar. 

A vitória de Trump não será nunca uma vitória do povo miúdo, indignado pelas elites que lhes roubaram tudo, desde a crise de 2008, da qual elas – as elites – são claramente culpadas! 

A ascensão de Trump, vai permitir que essa mesma elite deixe cair a encenação que mantinha dos mercados a «pairar» na estratosfera. Como prova disso, apenas uma série de indicações: 
- Primeiro, não houve nenhum «Armagedão» nos mercados, face à vitória do candidato republicano
- Segundo, houve uma deslocação estratégica do capital para o que serão os setores da indústria mais favorecidos pelas medidas económicas anunciadas no programa do Trump. O facto é que o índice «Dow Jones», sofreu apenas uma breve quebra, seguida de recuperação espetacular: explica-se o fenómeno por ser uma redistribuição do capital, não uma retirada.
- Terceiro, a subida de taxas de juro, programada para Dezembro, irá desencadear uma quebra brutal nos mercados, pois a economia não está em recuperação, mas sim em depressão. A narrativa de uma economia em «ligeira recuperação» já se tornara insustentável. 
Agora, com a programada subida das taxas de juro, ela vai agravar-se e vão atribuir isso ao Trump, claro. 
Tanto pior para as pessoas da classe média, que pensavam que podiam «jogar» com os mercados, mas que -na realidade - vão ser jogados «debaixo do camião»!

Tudo o que eu sei sobre a atualidade da economia e finanças, de política internacional, etc. decorre de uma leitura atenta a sites, vídeos e blogs. Simplesmente, eles não são homogéneos, são fontes geralmente credíveis, mas com perspetivas contrastantes, que me permitem ler várias versões, ponderando sobre cada uma delas: fujo ao «pensamento único» e mesmo ao chamado «alternativo». Que estes veículos de informação apresentem as suas versões dos factos, claro, é inevitável, mas não ocultam montanhas de factos importantes, não seguem aquilo que a grande média ao serviço da oligarquia globalista diz sobre determinadas coisas.
Tenho feito desde há uns anos este exercício, tanto por curiosidade como para ficar alertado, com alguma antecedência e com um certo rigor, sobre coisas importantes, que apenas chegam à superfície (quando chegam) muitos dias ou meses depois…
Sigo o método científico: emito uma hipótese explicativa do fenómeno e vou seguindo os desenvolvimentos: se eles reforçam a hipótese, eu irei ter maior confiança na minha hipótese, mas nunca 100%; serei sempre o maior crítico de meu próprio pensamento.



(*) The bottom line is, Trump is on the way to the White House because the elites WANT HIM THERE.  Now, many liberty proponents, currently in a state of elation, will either ignore or dismiss the primary reason why I was able to predict the Brexit and a Trump win.  These will probably be some of the same people that were arguing with me only weeks ago that the elites would NEVER allow Trump in office.

So, to clarify:

Trump may or may not be aware that he and his conservative followers have been positioned into a a trap.  We will have to wait and see how he behaves in office (and he WILL be in office, despite the claims of some that the elites will try to “stop him” before January).  My primary point is THAT IT DOES NOT MATTER, at least not at this stage.  The elites will initiate a final collapse of the global economy under Trump’s watch (this will probably escalate over the course of the next six months), and they WILL blame him and conservatives in general.  This IS going to happen.  The elites play the long game, and so must we.