Muitas pessoas pensam que «imperialismo» implica uma colonização, uma ocupação após guerra de conquista, etc. Isso foi assim no passado: os imperialismos de Espanha e Portugal, por exemplo, invadiram, conquistaram e escravizaram os povos, tanto do continente Americano, como de África e da Ásia, onde se instalaram.
Porém, hoje em dia, o imperialismo Anglo-Americano é sobretudo baseado em redes de conivências no chamado mundo ocidental e faz uso da ameaça da força mais do que da força bruta directa.
Por vezes, não hesita em usar esta mesma força de coerção, em caso de não haver outro meio.
O seu comportamento é o de um constante assédio («bullying») aos países que tentam sair da sua órbita.
Isto tudo vem a propósito das sanções económicas, levadas a cabo pelo Império, contra todos os regimes que fazem obstáculo às suas ambições hegemónicas.
Porém, as sanções económicas, pretendendo castigar um regime, apenas castigam os que já sofrem bastante com esse regime. As vítimas das sanções são as populações, tanto os elementos que apoiam activamente o tal regime sancionado, como os que não apoiam de todo o regime em causa.
Caso a situação se mantenha, é sinal de que os regimes foram talvez isolados mas, em simultâneo, foram consolidados, pois as suas populações identificaram essas sanções como um ataque directo aos seus direitos e muitas delas se alinharam com o referido regime em consequência disso, ou pelo menos, não se rebelaram contra ele.
Aquilo que a propaganda dos falcões promove, é afinal a utilização de sanções económicas como arma de subjugação de inimigos e aliados em simultâneo e como forma de afirmar de que são eles os «donos do mundo».
Não existem nunca motivos legítimos para as sanções económicas, pois são tipicamente sanções colectivas, que têm efeitos devastadores na sociedade civil dos países sancionados. São populações indefesas, as principais vítimas, trata-se de uma punição colectiva, indiscriminada.
Trata-se de um crime de guerra, de uma forma odiosa de impor a sua vontade, destruindo as condições - quantas vezes já precárias - de sobrevivência das populações.
Não há portanto justificação nenhuma para impor sanções económicas, sejam elas traduzidas no concreto por embargo de alimentos, medicamentos, ou tecnologias.
Uma forma de anular o potencial de resistência dos povos, incluindo os povos dos países ditos desenvolvidos do Império (EUA, Grã Bretanha, Austrália, Canadá e os países da União Europeia) é sonegar informação relevante, mesmo aquela que é originada pelas instituições dos mesmos países.
Coisas irrelevantes são abundantemente noticiadas, mas a notícia abaixo* por exemplo, não é veiculada, ou seja, aquilo que é sujeito a «black out» informativo não «existe», no universo dos media.
É a ditadura nos media um meio objectivo de manter a ditadura mais geral do Império anglo-americano.
Se tivermos atenção, vemos que há muitas notícias relevantes que são ocultadas deste modo ao público. Entretanto, as chamadas notícias são - cada vez mais- outra forma de «entretenimento» para as massas, onde as intrigas e escândalos com estrelas do cinema, da canção ou do desporto enchem os noticiários de abertura dos jornais tele-visionados e do resto.
A guerra, hoje em dia, é de natureza económica, mas também de «infoprop» (neologismo derivado da contracção de informação+propaganda). Note-se que outra característica peculiar é que ambos estes meios bélicos - sanções económicas e infoprop - se dirigem tanto a potências inimigas como amigas.
A guerra suja contra a Rússia, pelos EUA, é também uma guerra suja contra os seus concorrentes da UE, formalmente seus aliados (em 3 anos, a UE perdeu 30 biliões de €, por causa das sanções à Rússia!*).
Note-se que a infoprop tem sido servida em quantidades ilimitadas nos próprios países que a fabricam, pelo simples motivo de que as suas populações têm de ser convencidas de que os seus governos trabalham para o «bem» e que os outros são os «maus».
Nesta era de comunicações globais e de grandes desafios verdadeiros à humanidade no seu todo, os meios desprezíveis ou criminosos dos imperialistas causam cada vez maior repúdio, não apenas nas populações que são vítimas das agressões, como às próprias pessoas dos países que executam estes actos de agressão.
Esperemos que estas formas insidiosas e cobardes de fazer a guerra sejam cada vez mais desmascaradas e que tal seja reconhecido pelas pessoas decentes e racionais, a imensa maioria em todos os países, mesmo nos que são esteio das políticas imperialistas.
*A new research by the Austrian Institute of Economic Research (WIFO) suggests the EU’s economic sanctions against Russia introduced three years ago have cost European countries billions of euros. The survey, which was conducted at the request of the European Parliament, and published on October 6, showed that the EU has lost €30bn due to sanctions.
Citação de: https://www.strategic-culture.org/news/2017/10/22/us-gets-increasingly-isolated-internationally.html
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