Um artigo de Zero Hedge refere as conclusões de um relatório de «Oxford economics» sobre a automatização, a armazenagem de energia, a inteligência artificial e a capacidade de aprendizagem das máquinas, transformações que têm o potencial de modificar profundamente a sociedade, nas décadas de 20 e de 30 deste século.
Vejam-se algumas tabelas tiradas do estudo, abaixo.
- Perdas de emprego devidas à introdução de robots, desde o ano 2000:
- Instalação de novos robots por país:
- Efeito da introdução de robots em economias em desenvolvimento / desenvolvidas:
Vemos, por estes exemplos que a situação social poderá tornar-se explosiva, caso não se desenvolvam rapidamente esquemas de apoio social aos desempregados de longa duração.
Mas, é muito pouco provável que aconteça o tal apoio social, sobretudo nos países pobres. Estes baseiam sua economia numa mão-de-obra barata, que lhes permite colocar - a preços imbatíveis - os seus produtos no mercado, para exportação.
Nos próprios países «ricos», a protecção dos trabalhadores vem diminuindo acentuadamente, a par com o aumento dum modelo de emprego precário, sem interesse, sem perspectivas, que sofre - já agora -uma competição com robots (veja-se o caso dos robots ao serviço em «MacDonalds»).
Quem aqui estiver nessas décadas de 20 e 30, verá o que vai acontecer ...
Cabe a todos os que cá estejam, encontrar remédio verdadeiro para esta situação: Eu constato apenas que, no afã de aumentar as suas margens de lucro, as empresas estão a sabotar as próprias bases do contrato social implícito, das sociedades em que operam.
É o velho esquema de «lucros privatizados, prejuízos públicos».
Com efeito, quem irá apoiar os muitos milhares de desempregados de longa duração ou de jovens que não arranjam qualquer emprego, mesmo medíocre, senão os serviços sociais (pagos pelos impostos)? Por outro lado, é sabido que as empresas e ricaços têm esquemas que lhes permitem legalmente pagar ao fisco, muito menos, proporcionalmente, que uma família média (sem possibilidade de fuga ao imposto), terá de pagar.
A introdução de um rendimento mínimo incondicional, vista por alguns como a panaceia, será, no melhor dos casos, uma «esmola social» que é dada para que os excluídos do mercado de trabalho não se revoltem.
A contradição evidente entre o processo social do trabalho (que se acentua no século XXI) e a apropriação privada dos frutos deste trabalho, tem de ter resolução... chame-se socialismo, ou outra coisa qualquer.
- Há o aspecto da apropriação privada do trabalho, essencialmente colectivo, feito pelos trabalhadores assalariados na empresa, mas também por todos os que participaram na produção dos instrumentos de produção utilizados, incluindo robots.
- Mais: sendo os valores - reais ou fictícios - da sociedade baseados na «ética do trabalho», como é que esta sociedade vai «justificar» uma situação crónica e estrutural de desemprego altíssimo, em especial dos jovens?
- Como é que os mecanismos sociais se poderão manter, sem demasiado atrito, ou conflitualidade que originem rupturas?
Para que seja adoptada a solução da distribuição do trabalho restante igualmente por todos, ficando os robots com os trabalhos penosos ou menos interessantes, a propriedade privada dos meios de produção, o capitalismo, não poderá continuar a ser a norma predominante, social e económica.
Mas como é que se chegará até lá?
- Parece que a humanidade tem muito maior capacidade de invenção tecnológica, do que sociológica, porém é esta última que mais nos faz falta, no presente!