Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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sábado, 11 de novembro de 2023

ESTADOS UNIDOS EM FALÊNCIA TENTAM OCULTAR A REALIDADE

 

                              Foto: águia na fachada do edifício da Federal Reserve em Washington

O futuro dos EUA e do seu governo, está fortemente ligado à capacidade do dólar em manter-se como divisa de reserva principal ao nível mundial. Mas, esta situação, se não oferecia dúvidas até aos anos 60, quando a balança de pagamentos era positiva e quando os EUA eram a maior potência, não apenas militar, mas também industrial, mudou já há muito tempo e a situação só pode ir de mal para pior.

Não existe saída para a situação de sobre-endividamento, tal como se apresenta, em termos de dívida pública (obrigações do Tesouro), assim como do défice crónico na receita de impostos, resultantes da debilidade das atividades económicas e da necessidade de importar cada vez mais.  A economia dos EUA seria considerada como de um país do «Terceiro Mundo», se os parâmetros económicos fossem analisados objetivamente. Mas, como se trata (ainda) da maior potência económica e militar, muitas pessoas têm dificuldade em ver assim os EUA. 

Com a economia tão desequilibrada, não há possibilidade de se manter - durante muito tempo - a hegemonia do dólar. Quando (e não «se») os ativos em dólares forem rejeitados mundialmente  e regressarem ao seu país emissor, o Banco Central (a FED) não terá outra hipótese - na prática - senão comprar os referidos ativos em dólares, com mais dólares. A partir de certo ponto, o orçamento Federal, demasiado sobrecarregado, não poderá suportar o pagamento dos juros da dívida pública. 

Figura 1: observa-se a progressão da despesa com juros em função do PIB. Constata-se a projeção para a presente década, de 3.0 a 4.0 % do PIB. Isto significa que o Estado Federal não poderá fazer despesas essenciais (escolas, estruturas de saúde, infraestruturas, serviços...), nem assegurar as suas obrigações (ordenados de funcionários, pensões, etc) porque tem de pagar os juros da dívida através do orçamento Federal. 



Figura 2: Não existe moderação no endividamento, ele sobe exponencialmente e também os juros da dívida acompanham esta subida. Os investidores e peritos do Mundo veem a deriva e o descontrolo das contas públicas nos EUA. Nenhum ator, privado ou institucional, quererá fazer investimentos em dólares, comprar ações cotadas nos EUA, ou títulos de dívida do governo, porque a incerteza na obtenção de lucros é muita e - o mais certo - é a perda de valor do dólar. 




Figura 3: A dívida pública total é, neste momento, de quase 34 triliões de dólares. Este nível é incomportável para as finanças públicas. Estas entraram - há muito tempo - no ciclo vicioso de emitir mais dólares, para pagar a dívida. Como, de cada vez, os novos empréstimos fazem-se com juros maiores, caminha-se a grande velocidade para a bancarrota. 
Os EUA não têm real possibilidade de fazer descer os juros. Se o fizessem, haveria a saída em massa de capitais estrangeiros, investidos nos EUA, para outras paragens. Os juros, mais altos nos EUA em relação a outros países ocidentais, é que têm mantido os mercados «a flutuar». Se houver diminuição de juros, os mercados  sofrerão uma derrocada. 
 As políticas económicas e financeiras dos EUA, assim como sua pesada máquina de guerra, estão na origem do dilema seguinte: 
- Se mantêm ou aumentam os juros, continuarão a atrair capitais externos mas, o peso excessivo dos juros no Orçamento Federal, provocará a quebra do Estado. Esta política também se traduz numa elevada inflação e no empobrecimento da maioria. Além disso, a competitividade que alguns setores pudessem ter, perde-se. 
Se travam ou se diminuem os juros, haverá saída em massa de capitais estrangeiros («hedge funds» investidos na ordem de 65%, nos mercados bolsistas). Haverá um «crack» bolsista, desencadeando ruturas no sistema bancário, nas pensões e nos seguros.


Como refere o artigo «Endgame: Interest On US Debt Skyrockets Above $1 Trillion For The First Time Ever» , trata-se de um «final de jogo». Os dados deste artigo e os gráficos vêm reforçar a minha convicção prévia sobre a debilidade estrutural do «reino do dólar», conforme já tenho analisado em vários momentos, e mais recentemente, no meu artigo: O DÓLAR PODERÁ SOBREVIVER; MAS O SISTEMA QUE O SUSTENTA ESTÁ CONDENADO.
O poder nos EUA tem exibido uma estratégia cada vez mais agressiva. Isso explica-se -  meu ver - pelo desespero de verem que o sistema de dominação mundial através do dólar lhes está a escapar.