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segunda-feira, 24 de junho de 2024

Fantasia Cromática (Bach): duas abordagens na interpretação (Segundas-f. musicais nº6)


Chloe é excelente no seu fraseado, adaptado ao piano. O seu andamento é relativamente moderado, face a outras gravações que tenho ouvido.
Com efeito, esta peça é meditativa; ainda hoje nos faz vibrar de emoção. Porém, o virtuosismo, para alguns transformou-se em sinônimo de corrida de velocidade.
Para mim, o clavicórdio continua sendo um excelente instrumento de tecla. Não só para interpretar Bach e outros autores barrocos, mas também para uma dinâmica diferente da do cravo. Isto, porque o cravo tem um tempo de vibração e de ressonância dos harmónicos mais curto que  no clavicórdio.

Quanto aos conceitos de rápido e lento, um musicólogo meu conhecido gostava de referir o facto de que a experiência sensível da velocidade nas pessoas do século XVIII (portanto, antes do caminho de ferro, do automóvel e do avião...) tinha como limite um cavalo a grande galope. Este andamento do equídeo não podia ser sustentado por muito tempo, aliás: ele ficaria rapidamente exausto. Pode-se argumentar que os dedos correndo no teclado do cravo (ou outro instrumento), tinham outro tipo de limitações: Mãos hábeis podem tocar rapidíssimo sem «esborrachar» as notas. No entanto, a vida não era pautada pela velocidade, nem pela performance extravagante. Antes pelo contrário: As pessoas apreciavam muito mais o virtuosismo que consegue traduzir sentimentos, "conversando" através dos instrumentos. Este era o verdadeiro desafio do artista-intérprete do Século XVIII. Bach era um excelente intérprete, vários testemunhos diretos atestam-no. 
Escolher instrumentos antigos ou suas cópias, mesmo aqueles que hoje raramente são executados, não é um preciosismo, nem um passadismo: Trata-se de apreciar a música o mais próximo de como o autor quis que ela soasse.


 https://www.youtube.com/watch?v=vvJ_jX9axmI

quinta-feira, 9 de maio de 2024

INTEGRAL DOS «IMPROMPTUS» DE FRANZ SCHUBERT ( Chloe Jiyeong Mun)

AS BELEZAS HARMÓNICAS E MELÓDICAS DESTAS DUAS SÉRIES DE «IMPROMPTUS» (SIGNIFICA IMPROVISOS) SÃO PARA SER OUVIDAS NA ÍNTEGRA, OU UMA PEÇA DE CADA VEZ, MAS SEMPRE COM O MÁXIMO DE CONCENTRAÇÃO.

São peças de música transcendente - não se comparam com nada que tenha sido composto anteriormente. Não por o estilo ou  sua construção serem  impossíveis de classificar. Na realidade, podem servir como exemplo do piano romântico no seu auge. Aquilo que é único, é o seu discurso íntimo e sincero que convida a uma interiorização. 
Aconselho-vos portanto, se não tiverem tempo ou paciência, a não ouvir estas peças! 
Caso contrário, dediquem a vossa atenção totalmente. Não é tempo perdido, mas inteiramente ganho!


Chloe Jiyeong Mun atinge - de chofre - o «top» das interpretes, pela sensibilidade e perfeição técnica conjugadas. 

Ela oferece as condições para usufruímos da plena sensualidade auditiva e da beleza suprema: O que não é de pouca monta, pois estas peças, ditas «de improviso», são de uma elaboração subtil e de muita exigência técnica. A sua interpretação é, pelo menos, tão excelente como a de outros grandes interpretes que tenho ouvido. 

Um prodígio de maestria, para o prodígio da composição de Schubert!  



F. Schubert 
4 Impromptus, D.899 (1827) 
No.1 in C minor 
No.2 in E flat Major
No.3 in G flat Major 
No.4 in A flat Major

4 Impromptus, D.935 (1827) 
No.1 in F minor 
No.2 in A flat Major 
No.3 in B flat Major 
No.4 in F minor