Precisamos às vezes de um pouco de bom humor para alegrar o quotidiano. Nada melhor que ouvir o grande Louis.
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
HONG-KONG, O OUTRO LADO DO CENÁRIO
A condição social de uma grande parte da população e o empobrecimento que afecta sobretudo os mais jovens, junto com as desigualdades crescentes, as privatizações de serviços públicos e acima de tudo, a extrema dificuldade para os não-ricos em encontrarem alojamento decente. Vejam:
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
MONARQUIA ENVOLVIDA EM FARSA GROTESCA
Traduzo parte de artigo de Craig Murray ( https://www.globalresearch.ca/the-queens-active-role-in-britains-right-wing-coup/5687746 ):
« A monarquia será sempre uma instituição extremamente útil para promover os objectivos políticos das classes dominantes, tanto mais que o faz com a aprovação ridícula da media, postulando a sua infalibilidade. Quando se tem um ex-primeiro ministro conservador, John Major, e membros destacados do Partido Conservador como Philip Hammond e Michael Heseltine, e o próprio «Speaker» do Parlamento, todos eles a falar de «ultraje constitucional», é plenamente inepto insistir-se que a monarquia não pode, por definição, ter feito qualquer coisa de errado.
A Rainha nomeou como Primeiro Ministro alguém que não possui apoio do Parlamento e depois conspirou para evitar que o Parlamento faça obstrução ao Primeiro Ministro, nomeado por ela. Isto não é o tipo de acção de uma monarquia politicamente neutra. A instituição deveria ter sido abolida há décadas. Eu tenho esperança que aqueles que reconhecem o ultraje constitucional, irão reconhecer o papel da monarquia e que a instituição precisa de ser abolida.»
OS PROGRAMAS DE GUERRA QUÍMICA E BIOLÓGICA DOS EUA
[
Este artigo consiste, essencialmente, numa cronologia. Infelizmente, ela pára
antes do final do século XX. No entanto, os que verdadeiramente quiserem saber
os desenvolvimentos posteriores poderão aqui encontrar um ponto de partida.
Note-se que muitos destes dados são completamente ignorados pelo grande
público. Por outro lado, foram-se acumulando dados sobre infracções e foram
adicionadas mais evidências nos cerca de vinte anos, desde que foi publicada
esta lista*]
Pergunta
-- A operação «Drop Kick» foi uma operação real realizada pelo governo dos
EUA e, assim sendo, será que existem outros exemplos do governo proceder a
experiências com civis?
Eis uma lista,
interessante e assustadora - devo dizer, para minha protecção – de alegadas
acções tomadas pelo governo «Do Povo, Pelo Povo e Para o Povo». Interessante,
duma maneira macabra e assustadora, porque quase todas as experiências, senão
todas, foram completamente legais.
TÍTULO 50 –
GUERRA E DEFESA NACIONAL
CAPÍTULO 32 –
PROGRAMA DE ARMAS QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DOS EUA
Sec. 1520.
Utilização de sujeitos humanos para experimentação de agentes químicos ou
biológicos pelo Departamento da Defesa; reportadas às Comissões do Congresso no
que respeita a experimentações e estudos; notificações dos agentes civis locais
(a) No mais tardar,
trinta dias depois da aprovação final dentro do Departamento da Defesa, dos
planos de qualquer experimentação ou estudo a ser conduzido pelo Departamento
da Defesa, quer directamente, quer sob contrato, envolvendo a utilização de
seres humanos para testar agentes químicos ou biológicos, o Secretário da
Defesa irá fornecer às Comissões dos Serviços Armados do Senado e da Assembleia
dos Representantes, uma relação detalhada de tais planos para experiência ou
estudo e essa mesma experiência ou estudo só poderá ser conduzido depois de passar um prazo de
trinta dias, a começar pela data em que esse relatório é recebido pelas
referidas comissões.
(b)
(1) O Secretário
da Defesa não poderá coordenar quaisquer testes ou experiências envolvendo a
utilização de qualquer agente químico ou biológico em populações civis, a não
ser que as autoridades civis da área onde o teste ou experiência vai ser
conduzida sejam notificadas de antemão de tal teste ou experiência, e esta
apenas poderá ser levada a cabo depois de expirado o período de trinta dias,
começando pela data da notificação respectiva.
(2) O parágrafo
(1) aplica-se a testes e experiências conduzidos por pessoal do Departamento de
Defesa e a experiências conduzidas em nome do Departamento da Defesa, por
contratantes.
Note-se que não
é requerida uma autorização, apenas a aprovação do Departamento de
Defesa. Note-se, também que, “a não ser que as autoridades civis da área
onde o teste ou experiência vai ser conduzida sejam notificadas de
antemão"... não dá definição do que constitui «autoridades civis» ou
«da área». Governador, presidente do município, amigos do Departamento da
Defesa?
1931 O Dr.
Cornelius Rhoads, sob a protecção do Instituto Rockefeller para a Investigação
Médica, infecta seres humanos com células cancerígenas. Mais tarde, estará
na origem da criação dos laboratórios para a Guerra Biológica do Exército dos
EUA em Maryland, no Utah e no Panamá e é nomeado para a Comissão de Energia
Atómica dos EUA. Enquanto permanece neste posto, inicia uma série de
experiências com exposição a radiação em soldados e pacientes hospitalares
civis.
1932 Inicia-se o
Estudo Tuskegee sobre sífilis. 200 homens negros diagnosticados com sífilis,
não lhes é nunca revelado o diagnóstico da doença, sendo-lhes negado tratamento
da mesma, são usados como cobaias humanas para seguir a progressão dos sintomas
da doença. Eles acabam todos por morrer de sífilis e as suas famílias nunca
foram informadas de que poderiam ter sido tratados.
1935 O Incidente
da Pelagra. Após milhões de mortes de pelagra, no intervalo de duas décadas, o
Serviço de Saúde Pública dos EUA, FINALMENTE, ACTIVA-SE para enfrentar a
doença. O Director deste serviço admite que tinha conhecimento, pelo menos há
vinte anos, de que esta doença, a pelagra, é causada por uma
deficiência em niacina. Mas não agiu, visto que a maior parte das
mortes ocorria em populações negras afectadas pela pobreza.
1940 Quatrocentos
presos em Chicago são infectados com malária para estudar os efeitos de novas
drogas em experiência para combate à doença. Mais tarde, médicos nazis, durante
o julgamento de Nuremberga, citam este estudo americano para defender as suas
próprias acções durante o Holocausto.
1942 Os Serviços
de Guerra Química iniciam experiências com gás mostarda sobre cerca de 4
mil soldados. As experiências continuam até 1945 e utilizaram membros da
Igreja Adventista do Sétimo Dia que escolheram servir de cobaias humanas, em
vez de prestar serviço militar como combatentes.
1943 Em
resposta ao programa em pleno desenvolvimento de guerra com micróbios,
efectuado pelos japoneses, os EUA iniciam investigações com armas
biológicas em Fort Detrick, MD.
1944 A Marinha
dos EUA utiliza seres humanos para testar máscaras de gás e roupa. Os
indivíduos eram trancados numa câmara com gás e expostos ao gás mostarda e
a lewisita (gás tóxico).
1945 Inicia-se o
Projecto «Paperclip». O Departamento de Estado dos EUA, os serviços de
espionagem militares e a CIA recrutam cientistas nazis, oferecendo-lhe
imunidade e identidades forjadas, em troca de trabalho para programas secretos
do governo dos EUA.
1945 O
"Programa F": é empreendido este programa, pela Comissão da Energia
Atómica (AEC). O mesmo consiste num estudo muito extenso sobre os efeitos do
fluoreto na saúde, um componente químico chave na produção da bomba nuclear.
Sendo um dos químicos mais tóxicos para o Homem, causa efeitos marcados no
sistema nervoso central, mas grande parte da informação é suprimida em nome da
segurança nacional, porque se temiam processos que viessem comprometer a produção
das bombas atómicas.
1946 Nos
hospitais de Veteranos do Exército, os pacientes são usados como cobaias para
experiências médicas. A fim de eliminar suspeitas, foi dada a ordem de
substituir a palavra «experiências» por «investigações» ou «observações»,
sempre que sejam comunicados estudos médicos realizados num desses hospitais de
veteranos.
1947 O Coronel
E.E. Kirkpatrick, da Comissão de Energia Atómica dos EUA, produz um documento
secreto (Documento 07075001, de 8 de Janeiro 1947 https://ahrp.org/1947-u-s-atomic-energy-commission-begins-radioactive-experiments-on-human-subjects/) que afirma
que a agência irá começar a administrar doses intravenosas de substâncias
radioactivas em seres humanos.
1947 A CIA
inicia o estudo do LSD enquanto arma potencial para ser usada pela espionagem
americana. Nele, são usados seres humanos (tanto civis, como militares)
com e sem o seu conhecimento.
1950
O Departamento da Defesa começa a fazer detonar armas nucleares em áreas
desérticas e a controlar as pessoas que residem no trajecto dos ventos, em
relação a problemas médicos e a taxas de mortalidade.
1950 Numa
experiência destinada a determinar em que grau uma cidade americana seria
susceptível a um ataque biológico, a Marinha dos EUA lança uma nuvem de
bactérias sobre San Francisco a partir de um navio. Aparelhos de detecção
estão distribuídos pela cidade, para testar a extensão da infecção. Muitos residentes
adoecem com sintomas de doença semelhantes a pneumonia.
1951 O
Departamento da Defesa inicia testes ao ar livre, usando bactérias e vírus
patogénicos. Os testes duram até 1969 e existe o receio de que as pessoas a
residir nas zonas limítrofes possam ter ficado expostas.
1953 Os
militares dos EUA espalham nuvens de gás de sulfureto de cádmio e zinco sobre
Winnipeg, St. Louis, Minneapolis, Fort Wayne, Monocacy River Valley no
Maryland, e Leesburg, Virginia. O seu propósito é determinar a eficiência
com que poderão dispersar agentes químicos.
1953 São
efectuadas experiências conjuntas do Exército, da Marinha e da CIA, pelas quais
dezenas de milhares de pessoas, em Nova Iorque e San Francisco, são
expostas a micróbios Serratia marcescens e Bacillus
glogigii lançados na atmosfera.
1953 A CIA
inicia o Projecto MKULTRA. É um programa de investigação desenvolvido
durante onze anos e concebido para produzir e testar drogas e agentes
biológicos que pudessem ser usados no controlo da mente e na modificação do
comportamento humano. Seis dos projetos subordinados implicavam testar estas substâncias
em seres humanos, sem o seu conhecimento.
1955 Numa
experiência para testar a capacidade de infectar populações humanas com agentes
biológicos, a CIA liberta bactérias na baía de Tampa (Florida),
retiradas do arsenal de armas biológicas.
1955 O Army Chemical
Corps continua a investigação com LSD, estudando o seu uso potencial como
agente incapacitante. Mais de 1.000 americanos participam nos testes que
continuam até 1958.
1956 Os
militares dos EUA libertam mosquitos infectados com o agente da febre amarela
em zonas por cima de Savannah, Ga e Avon Park, Fl. Após cada teste,
agentes do exército disfarçados de funcionários de saúde pública estudam os
efeitos nas vítimas.
1958 O LSD
é testado em 95 voluntários, nos Laboratórios da Guerra Química do
Exército, para estudo dos seus efeitos sobre a inteligência.
1960 O Chefe
Adjunto do Estado-Maior autoriza testes de campo com LSD, na Europa e no
Extremo Oriente. Na Europa, os testes têm o nome de código THIRD CHANCE;
os destinados à população asiática, têm o nome de código de DERBY HAT.
1965 A CIA
e o Departamento da Defesa iniciam o Projecto MKSEARCH, um programa para
desenvolver a capacidade de manipulação do comportamento humano, através de
drogas psicotrópicas.
1965 Os
prisoneiros detidos na Holmesburg State Prison, em Filadélfia,
são sujeitos à dioxina, uma substância química muito tóxica, que faz parte do
Agente Laranja usado no Vietname. Os homens são depois estudados em relação ao
desenvolvimento de cancros, o que indica que se suspeitava que o Agente Laranja
era tido como agente carcinogénico, desde essa época.
1966 A CIA
inicia o projecto MKOFTEN, um programa para testar o efeito toxicológico de
certas drogas nos seres humanos e nos animais.
1966 O exército
dos EUA distribui por toda a rede de metro da cidade de Nova Iorque o Bacillus
subtilis, variante niger. Mais de um milhão de civis
ficam expostos, quando os cientistas militares deixam cair lâmpadas com
bactérias, dentro dos sistemas de ventilação.
1967 A CIA
e o Departamento de Defesa iniciam o projecto MKNAOMI, sucessor do
MKULTRA e destinado a manter, armazenar e testar armas biológicas e
químicas.
1968
A CIA faz experiências sobre a possibilidade de envenenar a água potável, injectando
substâncias químicas no abastecimento de água do FDA [Food and Drug
Administration] em Washington, D.C.
1969 O Dr.
Robert MacMahan, do Departamento da Defesa requer ao Congresso 10 milhões de
dólares para desenvolver, no prazo de 5 a 10 anos, um agente biológico
sintético para o qual não exista imunidade.
1970 O
financiamento para o agente biológico sintético é obtido sob a
referência H.R. 15090. O projecto, sob supervisão da CIA é levado a
cabo pela Divisão de Operações Especiais em Fort Detrick, o laboratório
«top secret» do exército para as armas biológicas. Especula-se que teriam sido
usadas técnicas de biologia molecular para produzir um retro-vírus do tipo
HIV.
1970 Os Estados
Unidos intensificam o seu desenvolvimento de «armas étnicas» (Military Review,
Nov., 1970), concebidas para atingir de modo selectivo e eliminar determinados
grupos étnicos que sejam susceptíveis devido a diferenças genéticas e variações
no seu ADN.
1975 A
secção de vírus do Centro de Fort Detrick para a Guerra Biológica é rebaptizada
como Centro Fredrick de Investigação em Cancro e colocada sob a supervisão
do National Cancer Institute (NCI) . É aqui que o programa especial de
vírus cancerígenos é iniciado pela Marinha dos EUA, com a intenção de
desenvolver vírus causadores de cancro. É também aqui que os virologistas
isolam um vírus para o qual não existe imunidade. Ele será posteriormente
designado por HTLV (Human T-cell Leukemia Virus).
1977 A audições
do Senado sobre Saúde e Investigação Científica confirmam que 239 áreas
povoadas tinham sido contaminadas com agentes biológicos entre 1949 e 1969. Estas
incluem San Francisco, Washington, D.C., Key
West, Panama City, Minneapolis, e St. Louis.
1978 Ensaios
experimentais sobre a vacina contra a Hepatite B, iniciam-se em Nova Iorque,
Los Angeles e San Francisco. Os cartazes para procurar pessoas para se
submeterem a essas experiências especificam que se pede indivíduos sexualmente
promíscuos, homossexuais.
1981 Os
primeiros casos de SIDA em homens homossexuais são confirmados em Nova Iorque,
Los Angeles e San Francisco, desencadeando a especulação de que a SIDA possa
ter sido introduzida aquando da introdução da vacina da hepatite B.
1985 Segundo o
jornal Science (227:173-177), os vírus HTLV e VISNA, este um vírus fatal
para as ovelhas, são muito semelhantes, indicando uma relação próxima, do ponto
de vista taxonómico e evolutivo.
1986 Segundo a
revista Proceedings of the National Academy of Sciences (83:4007-4011), HIV e
VISNA são muito semelhantes e partilham todos os elementos estruturais, excepto
um pequeno segmento que é quase idêntico ao HTLV. Isto tem levado a que se
especule que HTLV e VISNA possam ter sido ligados para produzir um novo
retro-vírus para o qual não existe imunidade natural.
1986 Um
relatório ao Congresso revela que a presente geração de agentes biológicos
inclui: vírus modificados, toxinas ocorrendo naturalmente e agentes que foram
alterados por engenharia genética, para mudar o seu carácter imunológico e
impedir toda a prevenção com as vacinas existentes.
1987 O
Departamento da Defesa admite que, apesar do tratado que baniu a investigação e
desenvolvimento de agentes biológicos, continua a operar laboratórios de
investigação em 127 locais e universidades, nos EUA.
1990 Mais
de 1500 bébés de seis meses, de raça negra ou hispânicos, em Los Angeles,
receberam uma vacina «experimental» da papeira, que nunca foi licenciada para
utilização nos EUA. O CDC, mais tarde, admitiu que os progenitores nunca foram
informados de que a vacina - usada nos seus filhos - era experimental.
1994 Usando a
técnica de «despiste de genes» o dr. Nicolson do MD Anderson
Cancer Center em Houston, TX descobriu que muitos soldados que voltavam da
operação «Desert Storm» estavam infectados com uma estirpe modificada de Mycoplasma
incognitus, um micróbio que tem sido usado para produzir armas biológicas.
Estavam incorporados, na sua estrutura molecular, uns 40 por cento da proteína
de invólucro do HIV, o que indicava que tinha sido fabricado por manipulação
genética.
1994
O senador John D. Rockefeller publica um relatório revelando que, pelo
menos nos últimos 50 anos, o Departamento de Defesa usou centenas de milhares
de militares em experiências, com seres
humanos e com exposição a substâncias perigosas. Os materiais incluem gás
mostarda e gás nervoso, radiação ionizante, substâncias psicotrópicas e
alucinogénicas, bem como drogas usadas durante a Guerra do Golfo.
1995 O governo
dos EUA admite que ofereceu aos criminosos de guerra japoneses e a cientistas
que tinham efectuado experiências médicas em seres humanos, salários e
imunidade em serem processados, em troca de dados sobre a investigação com
armas biológicas.
1995 O Dr.
Garth Nicolson descobre provas de que os agentes biológicos usados na Guerra do
Golfo tinham sido manufacturados em Houston, TX e em Boca Raton, Fl e testados
nos presos do Departamento Correccional do Texas.
1996 O
Departamento da Defesa admite que os soldados de Desert Storm estiveram
expostos a agentes químicos.
1997 Oitenta e
oito membros do Congresso assinam uma carta exigindo a investigação sobre as
bio-armas usadas e sobre o síndrome da Guerra do Golfo.
Traduzido por
Manuel Banet a partir do original seguinte:
(*) Penso que a origem desta lista é esta:
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
ENTREVISTA DO EX-EMBAIXADOR DE ITÁLIA EM PEQUIM
Comentário: estamos realmente numa época fascinante e perigosa. O ex-embaixador é muito preciso e rigoroso, claro nas suas análises, directo nas respostas. Em suma, não se retrai de dizer o que pensa. De facto, muito do que diz parece-me uma evidência, já o tinha pensado antes, em várias ocasiões. Porém, parece que as chancelarias / ministérios de negócios estrangeiros dos países ocidentais estão recheadas de senhores /senhoras que têm todos os preconceitos da classe dominante, nenhuma prudência em relação às políticas que ajudam a moldar, ou será que são pessoas como este ex-embaixador, mas que têm medo de falar, de dizer o que pensam, sabendo que a sua submissão ao império USA é condição sine qua non para avanço na carreira?
terça-feira, 3 de setembro de 2019
Importante declaração no acto a favor da liberdade de Assange e da nossa
[NOTA: Iremos procurar o texto da declaração e colocaremos a sua tradução neste local, assim que a tivermos]
Amazónia: os incendiários gritam «há fogo!»
Manlio Dinucci – A Arte da Guerra
Para ver os incêndios em todo o planeta, via satélite, clicar em https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/map/#z:3;c:0.0,0.0;d:2019-09-01..2019-09-02
Perante a propagação dos incêndios na Amazónia, a Cimeira do G7 mudou a sua agenda para ‘enfrentar a emergência’. Os Sete – França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos – assumiram, juntamente com a União Europeia, o papel de Corpo de Bombeiros planetário.
O Presidente Macron, como bombeiro chefe, lançou o alarme “a nossa casa está a arder”. O Presidente Trump prometeu o máximo empenho dos EUA no trabalho de extinção.
Os holofotes da comunicação mediática concentram-se nos incêndios no Brasil, deixando todo o resto na sombra. Primeiro de tudo, o facto de que está a ser destruída não só a floresta amazónica (dois terços da área são do Brasil), reduzida quase 10 mil km2 por ano em 2010-2015, mas também a floresta tropical da África equatorial e a floresta meridional e oriental da Ásia. As florestas tropicais perderam, em média, a cada ano, uma área equivalente à área total do Piemonte, Lombardia e Veneto.
Embora as condições sejam diferentes de área para área, a causa fundamental é a mesma: a exploração intensiva e destrutiva dos recursos naturais para obter o máximo lucro.
Na Amazónia, abatem-se árvores para obter madeira valiosa destinada à exportação. A floresta residual é queimada para usar essas áreas para culturas e agricultura intensiva também destinadas à exportação. Esses terrenos muito frágeis, uma vez degradados, são abandonados e, portanto, são desarborizadas novas áreas. O mesmo método destrutivo é adoptado, provocando graves danos ambientais, para explorar os depósitos amazónicos de ouro, diamantes, bauxite, zinco, manganês, ferro, petróleo e carvão. Também contribui para a destruição da floresta amazónica, a construção de enormes bacias hidroeléctricas, destinadas a fornecer energia para as actividades industriais.
A exploração intensiva e destrutiva da Amazónia é praticada por empresas brasileiras, fundamentalmente controladas – por meio de participações, mecanismos financeiros e redes comerciais – pelos principais grupos multinacionais e financeiros do G7 e de outros países.
Ø Por exemplo, a JBS, proprietária de 35 fábricas de processamento de carne no Brasil, onde 80 mil bovinos são abatidos por dia, possui filiais importantes nos EUA, Canadá e Austrália e é amplamente controlada através de parcelas de dívida dos credores: JP Morgan (EUA), Barclays (GB) e os grupos financeiros da Volkswagen e da Daimler (Alemanha).
Ø A Marfrig, em segundo lugar depois da JBS, pertence 93% a investidores americanos, franceses, italianos e outros investidores europeus e norte-americanos.
Ø A Noruega, que hoje ameaça retaliação económica contra o Brasil pela destruição da Amazónia, provoca na mesma Amazónia, graves danos ambientais e sanitários através do seu grupo multinacional Hydro (metade do qual é propriedade do Estado norueguês), que explora as jazidas de bauxite para a produção de alumínio, tanto que foi colocado sob investigação no Brasil.
Os governos do G7 e outros, que hoje criticam formalmente o Presidente brasileiro Bolsonaro, para limpar a consciência perante a reacção do público, são os mesmos que favoreceram a sua ascensão ao poder, para que as suas multinacionais e os seus grupos financeiros tivessem as mãos ainda mais livres, na exploração da Amazónia.
A ser atacadas estão, sobretudo, as comunidades indígenas, em cujos territórios se concentram as actividades de desflorestação ilegal. Sob os olhos de Tereza Cristina, Ministra da Agricultura de Bolsonaro, cuja família de latifundiários tem uma longa história de ocupação fraudulenta e violenta, das terras das comunidades indígenas.
il manifesto, 3 de Setembro de 2019
Manlio Dinucci Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017;Diario di guerra Asterios Editores2018; Premio internazionale per l’analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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