quinta-feira, 29 de agosto de 2019

VINÍCIUS DE MORAES, TOM JOBIM, TOQUINHO E MIUCHA

A MÚSICA ESTÁ NAS NOSSAS VEIAS AFRO-BRASIL-PORTUGAL


O primeiro encontro entre o poeta e diplomata Vinicius de Moraes e o jovem - e já afamado - compositor Antonio Carlos Jobim aconteceu em um bar no ventre do Rio de Janeiro, em 1956. Desta parceria nasceram belas composições que se tornaram conhecidas em todo o mundo, tais como "Felicidade", "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", entre tantas outras.
Gravado em 18 de Outubro de 1978, este DVD é um registo inédito e único da apresentação destes dois "monstros sagrados" da música brasileira nos estúdios da RTSI Televisione Svizzera.


Além do próprio Jobim ao piano e de Toquinho no violão, os músicos Azeitona (baixo), Mutinho (bateria), Roberto Sion (flauta e sax) e Georgiana de Moraes (percussão) mostram ao mundo toda a elegância e a beleza da música brasileira.

O show -- que tem participação especial de Toquinho e Miúcha -- reúne grandes sucessos da dupla Vinicius & Jobim, além de parcerias destes com outros autores, entre eles Chico Buarque e Caetano Veloso. 
No repertório, canções como "Tarde em Itapuã", "Desafinado", "Wave", "Águas de Março", "Samba do Avião", "O Que Será" e muito mais.


Um DVD antológico. Para ver, ouvir e se emocionar!


0:20 Samba de Orly 2:50 Tributo a Caymmi 7:37 Tarde em Itapoã 12:03 Desafinado 15:35 Wave 17:55 Samba de uma Nota Só 20:40 Águas de Março 24:35 Samba do Avião 27:04 O que Será (À Flor da Pele) (Chico Buarque) 30:07 Samba para Vinicius 31:46 Vai Levando 35:15 A Felicidade 37:17 Água de Beber 40:52 Garota de Ipanema / Sei Lá 48:30 Berimbau / Canto de Ossanha

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

DOIS GRÁFICOS RESUMEM A SITUAÇÃO FINANCEIRA PRESENTE

 Retirei ambos os gráficos do excelente artigo de Stewart Thomson
No primeiro, vê-se a evolução do índice Dow Jones. 
Está patente uma situação de rebentamento da bolha das acções, a qual já começou, aliás, mas ainda está no princípio duma descida vertiginosa...


                                 


A segunda imagem é um gráfico de um ano, do índice GDX, que permite visualizar a subida espectacular, nos últimos tempos, do ouro.

                                       


Fica clara, como água de nascente, a visão da crise financeira que estava anunciada pelo menos desde 2011, mas que os malabarismos dos bancos centrais e governos ocidentais preveniram que se desenrolasse. 

Não devemos estar-lhes gratos por isso, pois esta crise será cem vezes pior que a de 2008, visto que toda a situação global é pior do que na véspera desse primeiro colapso.

Não pensem que estou muito contente por ter razão: não estou, pois sei que as pessoas modestas, os mais fracos na sociedade é que irão (injustamente) pagar o preço da hiperinflação, da perda completa do poder de compra das pensões e dos salários, do aumento brusco do desemprego e de todas as consequências sociais, incluindo revoltas, que uma tal catástrofe irá trazer, na maior parte do chamado «Ocidente». 

Depois, os loucos e corruptos dirigentes dos nossos países  terão a tentação de desencadear uma guerra (provavelmente contra a Rússia, ou a China, ou ambas as nações). 

Vai ser preciso coragem e sangue frio, das pessoas com capacidade de liderança, mas sem aquela estúpida ganância pelo poder, para «aguentar a situação».

domingo, 25 de agosto de 2019

OS DIRIGENTES DO G7 JÁ NÃO CONSEGUEM ESCONDER SUA IRRELEVÂNCIA

                       

As conversações de Biarritz (País Basco Francês) entre líderes  mundiais, deixam de fora dois factos incómodos:

- primeiro, os países que constituem os BRICS têm agora, em agregado de PIB e de população, a maioria em relação aos países participantes no G7. Porém, as relações de alguns membros do G7 com este bloco têm sido hostis.

- segundo, quer a nível das conversações, quer na preparação de Biarritz, não se vê que as grandes questões estejam a ser tratadas, pelo menos, com um mínimo de seriedade. 
Estes dirigentes vão - com certeza - apresentar grandes declarações de princípio sobre temas que sabem terem eco mediático assegurado como, por exemplo, os grandes incêndios que assolam a Amazónia (... e África, da qual quase não se fala!) mas sobre os quais não irão fazer nada.

Quanto às economias do Ocidente, lideradas por bancos centrais: a sua linha é a da política de juros zero ou negativos, associada a injecção de triliões, no que designo como economia fictícia - os mercados de obrigações e acções e ainda os derivados - para «estímulo», supostamente, da economia global, sem que estimulem nada... senão bolhas especulativas. 
Já expliquei que a motivação real é salvarem bancos e grandes instituições corporativas da falência, usando os Estados como fiadores e promovendo a espiral inflacionista. 
A desvalorização das moedas ocidentais vai continuar e acelerar-se; é a única coisa que sabem fazer. Eles nunca foram vistos, desde a criação do G7 (1973), a enfrentar uma crise com políticas de desenvolvimento industrial, em seus respectivos países. 
Não espero que ocorra qualquer mudança de rumo quanto à guerra comercial iniciada e estimulada pela administração Trump contra a China, assim como as tarifas que ameaçam amigos e inimigos
Os EUA irão continuar, arrastando os outros, com as sanções económicas. São actos de guerra, são ilegais face ao direito internacional... Mas, é como se tal fosse absolutamente normal! 

A ironia disto tudo sobressai, se nos referirmos ao entusiasmo com que os mesmos países ocidentais criaram a OMC, há pouco mais de 25 anos e, rapidamente, admitiram nela a China. 
Agora - sobretudo os EUA, país que pretende ser o «líder» no mundo - querem inverter tudo, ao se depararem com as demasiado visíveis consequências. 
Com efeito, a catástrofe da globalização capitalista (mercados laborais desregulados, transferências de tecnologia, economia de «serviços», dependência às indústrias situadas noutros países e continentes, etc.) foi fabricada totalmente pela «elite» no poder no Ocidente. 
Aliás, os que tentaram destruir a Rússia nos anos 90 e quase conseguiram, submetendo a sua população a ataque severo, na época de Yeltsin, pilotaram políticas económicas em tudo análogas, no sul da Europa e noutros pontos, incluindo países do G-7.

Dificilmente se poderá usar a expressão «políticas liberais» para estas situações, se as palavras guardam um significado com relação à História:
- Os liberais, historicamente, defendiam uma ordem mundial onde os mercados não eram confinados, limitados, por barreiras alfandegárias, por tarifas e impostos ao comércio entre países. Ao nível interno, eram pela liberdade do indivíduo face ao Estado, etc. 
Podemos ver agora o exemplo dos «campeões» da «democracia liberal» - os EUA, Reino Unido, seus aliados  dentro e fora do G7 que afinam pelo mesmo diapasão - só que é o exacto oposto do «liberalismo clássico». 
O liberalismo político, como o económico, são explicitamente contrariados, em ambos os casos: 
- Protagonizam uma política agressiva, imperialista, belicista, fora das regras do direito internacional, no campo externo.
- No campo interno, há cada vez maior repressão, retirada sistemática de direitos aos mais pobres, desprezo pela legalidade, produção de leis limitadoras e mesmo anuladoras das liberdades individuais, perseguição de jornalistas e de quaisquer pessoas por exprimirem sua opinião, etc, etc.

A resposta ao G-7 não foi, infelizmente, dada adequadamente pelos anti-globalistas, impedidos de se manifestar, sob o pretexto falacioso de que «poderiam» adoptar posturas violentas, ilegais, etc. Assim, a polícia e o Estado francês, não apenas estão a negar os direitos constitucionais dos manifestantes, como o fazem com o claro objectivo de dar campo de manobra e, discretamente, promover quem lá for com intuito violento... é assim que infundem a desinformação e o medo perante a dissidência, nos espíritos das pessoas comuns.

Na minha modesta opinião, o G7 é somente um «show» caro e vazio de propaganda dos dirigentes globalistas. 
A forma de os desmascarar será mostrar o seu ridículo, arrogância e autoritarismo... 
Não interessam para nada! Vão para vossas respectivas mansões e deixem as pessoas comuns se auto-governarem; estas sabem o que é necessário para começar a consertar a «porcaria» que vocês têm feito!!!   

SAM COOKE- «BRING IT ON HOME TO ME» AO VIVO NO HARLEM SQUARE CLUB (1963)

Nesta versão, extraída do álbum Live at Harlem Square Club (1963) vibra aquela atmosfera de festa, o «acto de consagração da música Soul» ... Foi Sam Cooke o criador desta canção, retomada pelos mais célebres cantores e grupos, sobretudo nos anos sessenta (Otis Redding, The Animals, etc, etc...).



0:00 Introduction 0:46 ( Don't Fight It ) Feel It 3:45 Chain Gang 6:57 Cupid 9:43 It's All Right/For Sentimental Reasons 14:55 Twistin' The Night Away 19:14 Somebody Have Mercy 24:00 Bring It On Home to Me 29:38 Nothin' Can Change This Love 33:23 Having A Party

Ele também sabe recriar as canções dos outros, com um estilo, uma qualidade  ... oiçam!



sábado, 24 de agosto de 2019

CHINA RETALIA FACE ÀS TARIFAS DOS EUA - MAS AFIRMA QUE ÚNICO CAMINHO É COOPERAÇÃO


Trump anunciou a imposição de tarifas de 10% sobre uma série de bens chineses. 
A notícia do canal acima - a posição oficial de Pequim -apareceu pouco tempo depois do anúncio de Trump, o que mostra que não hesitam em responder, embora continuem a afirmar que para um futuro melhor, o único caminho é o do diálogo.
Esta situação está a piorar a economia dos países ocidentais e dos EUA, numa escala maior que o prejuízo causado à China. Com efeito, todos os índices económicos estão em descida: as bolsas de valores, a produção industrial, o consumo privado, o crédito... todos estão a apontar para uma crise muito próxima, incluindo a inversão das taxas de juro (os juros dos treasuries a 2 anos acima dos a 10 anos).
Há consenso de que haverá uma grande crise no ocidente e que será exacerbada pela guerra comercial com a China.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

PAUL CRAIG ROBERTS ANALISA SITUAÇÃO DA ECONOMIA DOS EUA

                              


No artigo acima («o que o globalismo fez foi transferir a economia dos EUA para a China»), de uma clareza e precisão notáveis, Paul Craig Roberts destrói o mito de uma economia americana em crescimento e em condições de enfrentar a guerra comercial com a China (eu já tinha feito uma análise semelhante há alguns meses atrás; ver aqui )

Este autor, economista e ex-membro da equipa de Reagan, não é «esquerdista»: arruma-se no campo «conservador». Porém, faz análises implacáveis e justas da economia globalista, dos dogmas neo-liberais, da estupidez da governação, tanto pelos seus políticos como pela classe empresarial. Por isso, eu considero as suas análises muito mais significativas, pela sua lucidez e pelo bom-senso fundamental. 
Camões inventou a figura de «Velho do Restelo» e os gregos, muito antes disso, a de Cassandra: 
O Velho do Restelo é a personificação das vozes que se erguiam contra a expansão ultramarina, desguarnecendo o país, a causa profunda da decadência que iria custar a independência ao reino de Portugal. 
Cassandra era dotada pelos deuses do dom da profecia, mas esse dom era acompanhado pela maldição de ninguém acreditar naquilo que ela dizia. 
Paul Craig Roberts possui características de ambas as personagens lendárias; digo isto, sem desprezo ou ironia.

A conclusão lógica da sua demonstração rigorosa: é impossível imaginar outro resultado para a economia e o poderio dos EUA, que não seja o acelerar da sua queda. No final, os EUA cairão num estado semelhante ao dos países do chamado «Terceiro Mundo», nos anos 60 do século passado. 
Eu diria também que ao procurar desestabilizar e semear o caos por todo o lado, também está a contribuir para um cada vez maior isolamento: os EUA são o maior «Estado-pária» («Rogue state»), do qual todos os outros, amigos e inimigos, têm de se precaver.

É realmente impressionante acompanhar, como tenho feito, as crónicas deste eminente economista e político, há vários anos: a justeza das suas análises é muito superior à de quaisquer neo-liberais revestidos de mantos de «esquerda» que se pavoneiam no mundo mediático.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O QUE ESTÁ EM JOGO NA CRISE DE HONG-KONG?

                                 
                              Hong Kong’s days as global financial hub may be numbered – Jim Rogers

Ela pode ter sido fortemente impulsionada pela comunidade de negócios, aliada com os serviços de «inteligência» dos EUA e britânicos. Mas, o facto permanece que os problemas de Hong-Kong são os mesmos que os da China continental, mas sob outra perspectiva. 


Vou tentar explicitar o meu ponto de vista da forma mais simples possível.

A estrutura do poder na China é a dum capitalismo de Estado (designada «socialismo com características chinesas»). 
Neste capitalismo de Estado, contam sobretudo as ligações orgânicas ao poder político e à hierarquia militar. Os que estão próximos do poder, beneficiam de uma situação de enorme privilégio que lhes permitiu amassar - durante menos de vinte anos - fortunas. A China é um paraíso para bilionários... 
A China reveste-se portanto das roupagens do «socialismo», para levar a cabo um desenvolvimento que efectivamente arranca milhões da pobreza, mas também projecta a desigualdade e a estratificação de classes para níveis do século XIX. 
Os marxistas auto-iludem-se ao ver a China como a grande esperança de um socialismo brotar - como que por encanto - do mais vigoroso desenvolvimento capitalista deste século.  

Quando Hong-Kong entra em revolta dá-se uma coligação frágil de interesses entre defensores de uma visão radical da democracia (essencialmente estudantes) e  uma burguesia, que vive numa bolha artificial de negócios, centro internacional da Ásia como há poucos, com toda a espécie de negócios, o capitalismo sem máscara, glorificado pelos mais fundamentalistas religiosos dos mercados. 
Do outro lado, a burocracia do partido comunista está interessada em Hong-Kong enquanto porta de entrada de capitais frescos para alimentar a economia de exportação - embora esta esteja em desaceleração - na China continental. Este facto é suficiente para esperar que a situação se acalme, em vez de usar a violência da repressão, conquanto não a descarte totalmente, como se pode verificar com o amassar de forças militares na cidade próxima de Hong-Kong, em  Shenzhen.

Com certeza que Hong-Kong, na sua natureza capitalista não disfarçada, contradiz a doutrina socialista com características chinesas oficial. Porém, o facto de ter regressado à soberania chinesa foi um êxito do regime pós-Mao. 
Com efeito, o regime chinês mascara-se de socialista, mas a sua essência é a de  um capitalismo de Estado, de características orientais, evocando o «Modo de Produção Asiático» que Marx inventou para arrumar aquilo que não se conformava nem com o modelo feudal, nem com o capitalista. 
É igualmente importante, sobretudo pela coesão das massas com a elite dirigente, o nacionalismo nesse dito «socialismo com características chinesas». 
A aceitação passiva pelo povo do PCCh, tem a ver com a cultura nacionalista arreigada, nomeadamente, com a atribuição aos imperialistas de todos os males que sofreu o povo chinês no «século de humilhação»(entre 1840 e 1949). 
Mas também tem a ver, por outro lado, com a rápida ascensão do nível de vida de milhões de pessoas, devido ao «milagre» económico das últimas décadas. As pessoas renunciam à esfera política, porque ocupando-se apenas dos assuntos do quotidiano, das suas vidas pessoais, conseguem alcançar uma relativa felicidade, avaliada em termos da construção de uma carreira, de uma família etc. 
Apenas os estudantes, com o seu modo de vida incerto, enquanto grupo social em transição, sem segurança, sem fortes amarras ao mundo da produção, têm atracção pela militância política; em geral ela traduz-se pela defesa de mais democracia, mais liberdade, maior justiça social. As suas posturas tornam-se facilmente extremas e as formas, radicais. 
Isto verificou-se também, ironicamente, nos movimentos radicais na origem do Partido Comunista da China e de outros partidos comunistas da Ásia, na década de 1920.

Em termos gerais, a situação encontra-se num impasse. Mas ela terá uma resolução, seja ela qual for, mais ou menos repressiva. Tal, porém, dificilmente será no sentido de satisfazer os anseios da população autóctone pela conservação da sua democracia e auto-governo, sentimentos generalizados dos que se manifestam pacificamente em Hong-Kong. 

A razão deste meu pessimismo, é que as forças que têm conduzido a contestação não estão interessadas na conciliação com o poder comunista, não querem a negociação: querem prolongar o braço-de-ferro, porque a sua táctica, inspirada e encorajada pelas agências da ex-potência colonial (Grã-Bretanha) e dos EUA, é a de expor o poder de Pequim, como sendo de natureza totalitária. 

As potências ocidentais esperam assim desautorizar a ascensão da China à liderança do Terceiro Mundo, como no tempo do Movimento dos Não-Alinhados dos anos 60 do século passado. Mas agora, esta liderança já não seria sob a bandeira internacionalista (incluindo nela o nacionalismo revolucionário dos movimentos de libertação), mas teria as roupagens dum mundo multipolar, através das «Novas Rotas da Seda».

No ponto de vista geo-estratégico, esta agitação em Hong-Kong é um episódio da guerra híbrida levada a cabo pelos poderes ocidentais e os EUA contra a China. Não existe solidariedade verdadeira com a população de Hong-Kong da parte destes governos, nem da media ocidental; não estão realmente interessados na liberdade dos cidadãos de Hong-Kong. 
Eles tentarão tudo para desencadear uma situação de repressão, com Pequim no papel de «mau da fita».

O jogo das potências ocidentais é triplo: trata-se de 
(1) afundar a sedução das Novas Rotas da Seda junto de governos dos países do «Terceiro Mundo», 
(2) desestabilizar por dentro o regime chinês e
(3) «justificar» perante a sua opinião pública ocidental a agressividade, o cerco militar que têm levado a cabo, iniciado com o «Pivot to China» de Obama e continuado por Trump. 

Se houver um banho de sangue em Hong-Kong, tanto melhor! É assim que eles raciocinam...

PS: uma outra perspectiva sobre HK, no vídeo abaixo. 
https://www.youtube.com/watch?v=a38bOtUEXcc