As conversações de Biarritz (País Basco Francês) entre líderes mundiais, deixam de fora dois factos incómodos:
- primeiro, os países que constituem os BRICS têm agora, em agregado de PIB e de população, a maioria em relação aos países participantes no G7. Porém, as relações de alguns membros do G7 com este bloco têm sido hostis.
- segundo, quer a nível das conversações, quer na preparação de Biarritz, não se vê que as grandes questões estejam a ser tratadas, pelo menos, com um mínimo de seriedade.
Estes dirigentes vão - com certeza - apresentar grandes declarações de princípio sobre temas que sabem terem eco mediático assegurado como, por exemplo, os grandes incêndios que assolam a Amazónia (... e África, da qual quase não se fala!) mas sobre os quais não irão fazer nada.
Quanto às economias do Ocidente, lideradas por bancos centrais: a sua linha é a da política de juros zero ou negativos, associada a injecção de triliões, no que designo como economia fictícia - os mercados de obrigações e acções e ainda os derivados - para «estímulo», supostamente, da economia global, sem que estimulem nada... senão bolhas especulativas.
Já expliquei que a motivação real é salvarem bancos e grandes instituições corporativas da falência, usando os Estados como fiadores e promovendo a espiral inflacionista.
A desvalorização das moedas ocidentais vai continuar e acelerar-se; é a única coisa que sabem fazer. Eles nunca foram vistos, desde a criação do G7 (1973), a enfrentar uma crise com políticas de desenvolvimento industrial, em seus respectivos países.
Não espero que ocorra qualquer mudança de rumo quanto à guerra comercial iniciada e estimulada pela administração Trump contra a China, assim como as tarifas que ameaçam amigos e inimigos.
Os EUA irão continuar, arrastando os outros, com as sanções económicas. São actos de guerra, são ilegais face ao direito internacional... Mas, é como se tal fosse absolutamente normal!
A ironia disto tudo sobressai, se nos referirmos ao entusiasmo com que os mesmos países ocidentais criaram a OMC, há pouco mais de 25 anos e, rapidamente, admitiram nela a China.
Agora - sobretudo os EUA, país que pretende ser o «líder» no mundo - querem inverter tudo, ao se depararem com as demasiado visíveis consequências.
Com efeito, a catástrofe da globalização capitalista (mercados laborais desregulados, transferências de tecnologia, economia de «serviços», dependência às indústrias situadas noutros países e continentes, etc.) foi fabricada totalmente pela «elite» no poder no Ocidente.
Aliás, os que tentaram destruir a Rússia nos anos 90 e quase conseguiram, submetendo a sua população a ataque severo, na época de Yeltsin, pilotaram políticas económicas em tudo análogas, no sul da Europa e noutros pontos, incluindo países do G-7.
Dificilmente se poderá usar a expressão «políticas liberais» para estas situações, se as palavras guardam um significado com relação à História:
- Os liberais, historicamente, defendiam uma ordem mundial onde os mercados não eram confinados, limitados, por barreiras alfandegárias, por tarifas e impostos ao comércio entre países. Ao nível interno, eram pela liberdade do indivíduo face ao Estado, etc.
Podemos ver agora o exemplo dos «campeões» da «democracia liberal» - os EUA, Reino Unido, seus aliados dentro e fora do G7 que afinam pelo mesmo diapasão - só que é o exacto oposto do «liberalismo clássico».
O liberalismo político, como o económico, são explicitamente contrariados, em ambos os casos:
O liberalismo político, como o económico, são explicitamente contrariados, em ambos os casos:
- Protagonizam uma política agressiva, imperialista, belicista, fora das regras do direito internacional, no campo externo.
- No campo interno, há cada vez maior repressão, retirada sistemática de direitos aos mais pobres, desprezo pela legalidade, produção de leis limitadoras e mesmo anuladoras das liberdades individuais, perseguição de jornalistas e de quaisquer pessoas por exprimirem sua opinião, etc, etc.
A resposta ao G-7 não foi, infelizmente, dada adequadamente pelos anti-globalistas, impedidos de se manifestar, sob o pretexto falacioso de que «poderiam» adoptar posturas violentas, ilegais, etc. Assim, a polícia e o Estado francês, não apenas estão a negar os direitos constitucionais dos manifestantes, como o fazem com o claro objectivo de dar campo de manobra e, discretamente, promover quem lá for com intuito violento... é assim que infundem a desinformação e o medo perante a dissidência, nos espíritos das pessoas comuns.
Na minha modesta opinião, o G7 é somente um «show» caro e vazio de propaganda dos dirigentes globalistas.
A forma de os desmascarar será mostrar o seu ridículo, arrogância e autoritarismo...
Não interessam para nada! Vão para vossas respectivas mansões e deixem as pessoas comuns se auto-governarem; estas sabem o que é necessário para começar a consertar a «porcaria» que vocês têm feito!!!