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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

ALESSANDRO MARCELLO - CONCERTO EM RÉ MENOR PARA OBOÉ E ORQUESTRA


Este universo barroco, sensual e erudito, foi tempo de ilustres amadores e de impulsivos génios. 

Desta época, inícios do século XVIII,  sobressai a dupla dos irmãos Marcello, Alessandro e Benedetto, ricos patrícios venezianos. 
Tal como Tomaso Albinoni, escreviam peças e faziam-nas executar por músicos ao seu serviço, sem necessitar de ganhar o pão quotidiano à custa da sua arte, ao contrário de António Vivaldi ou outros compositores venezianos.

Esta peça de Alessandro Marcello, muitas vezes atribuída erroneamente ao seu irmão Benedetto, é um exemplo claro da arte barroca. 
Exprime uma retórica dos afectos - a paixão, a ternura, o ódio, a tristeza, a alegria, o encanto... - com as suas equivalências musicais precisamente codificadas. Estes afectos estão expostos ao longo do discurso retórico musical, que os contemporâneos sabiam «ler». 
Para ilustrar este conceito, o célebre adágio deste concerto em ré menor para oboé, do qual J. S. Bach efectuou uma transcrição para teclado... A nostalgia e sentimento melancólico, que se desprendem do adágio, são perfeitamente perceptíveis, sendo notável a sua intensidade expressiva obtida com meios minimalistas. 

O Cantor de Leipzig gostava de homenagear os italianos, transcrevendo os seus concertos em versões para cravo, para órgão ou ainda, cravo(s) e orquestra. Foi a partir das obras mais inspiradas de Vivaldi, Albinoni, Marcello ou Torelli....que Bach construiu algumas obras suas e se apropriou do estilo italiano, que ele tanto admirava.

sábado, 30 de novembro de 2019

ATACAR A FONTE E NÃO O CONTEÚDO: A FALÁCIA MAIS COMUM

                            


No  recente artigo da jornalista independente Caitlin Johnstone,  é dissecada aquela que -porventura- será a falácia mais comum, ou seja, um argumento que, não sendo válido, é apresentado como sendo, numa discussão. Se eu digo que «determinada informação ou opinião é inválida porque foi proferida por X (sendo X uma pessoa, ou uma entidade)» estou, na realidade a fugir a analisar e discutir o conteúdo dessa mesma informação ou opinião, estou desviando a atenção para um julgamento de valor sobre o emissor da mesma: neste exemplo, descreveria X como alguém 'com interesse em fazer a propaganda de um dado ponto de vista', ou X como alguém 'sem qualificações para emitir juízos sobre a matéria em causa', etc...
Este tipo de falácia chama-se «ad hominem», porque vai argumentar contra o emissor da opinião ou argumento, não contra o seu conteúdo. Não precisa ser um insulto, propriamente, pode ser uma recusa simples de discutir algo, só porque vem de determinada pessoa, de determinada fonte, de certo jornal, de certa corrente partidária, etc.
Na realidade, os políticos e as pessoas que passam por opinadores, especialmente neste Portugalzinho de «brandos» costumes,  estão constantemente a fazer esse erro, a cometer esta falácia. Assim, costumam «argumentar», perante a opinião contrária, simplesmente emitindo um juízo de valor sobre quem (a pessoa ou a instituição) a emite: um apontar a dedo, que eles esperam fazer passar por argumento junto dum público apressado e pouco esclarecido nestes «truques». Assim, eles dão, a um certo número na audiência, a ilusão de que estão a debater a sério, seja que assunto for. 
Como aconselha Caitlin Johnstone, a réplica a este tipo de ataques, não consiste em fazer como quem nos ataca desta forma, mas antes desmontar a falácia. 
Mas é necessário que o público, não só os protagonistas, esteja consciente do seguinte: 
Certas pessoas ou entidades, ao fazer passar por argumento, aquilo que na realidade é um ataque «ad hominem» estão a ser extremamente autoritárias, estão a desprezar o outro (como se alguém não tivesse direito a ter seus próprios pontos de vista) e a desprezar a audiência, o público. Com efeito, quem faz esse tipo de falácia nos debates, julga que o público é tão ignorante ou estúpido que engole estas acrobacias verbais, como se fossem argumentos reais e com interesse para o tema em debate.
Nota-se este comportamento em todo o espectro político e ideológico. Nota-se nos canais de media «mainstream» e também, em canais de media «alternativos». 
O facto de ser tão banal, torna esta falácia ainda mais perigosa, pois ela surge como «natural», como «pecadilho». 
Na verdade, não o é: porque, como refiro acima, é autoritária; exclui o debate; torna impossível qualquer diálogo; impossibilita que se vá ao cerne de um assunto; transforma um debate de ideias, num juízo sobre pessoas e virtudes ou pecados das mesmas. No fundo, é uma recusa em dialogar, não explicitamente assumida, uma hipócrita forma de rebaixar eventuais opositores.
 Revela uma grande instabilidade e insegurança por parte de quem assim procede pois, quem está seguro dos argumentos que defende, não teme discuti-los. 
Pelo contrário, quem teme o debate, esconde-se atrás de falácias. A mais corriqueira destas falácias consiste em «por em causa» o portador do argumento e não o argumento em si mesmo.