O que os bem informados não se apercebem, é que, em contraste com a «Guerra Fria Nº1», os poderes usam os avanços da tecnologia e da I.A. para fabricar uma falsa realidade, uma informação «cientificamente» manipulada. Isso, é uma situação inteiramente nova.
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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

SEGUNDA-FEIRA NEGRA 28 OUTUBRO 1929

                       

Hoje passam noventa anos sobre a «Black Monday», ou Segunda-feira Negra, em que os valores da bolsa de Nova Iorque sofreram um colapso, gerando o início da Grande Depressão mundial. 
Esta grande depressão não foi apenas uma destruição de capital em grande escala; foi também uma destruição de vidas. Milhões de vidas. Esteve na origem da ascensão de Hitler e do partido Nazi ao poder na Alemanha,  e portanto da IIª Guerra Mundial. 

                                        Image result for black monday stocks Dow 1929

               


Simon Black, sovereignman.com - dá-nos alguns factos sobre as cotações bolsistas de algumas companhias, que são deveras instrutivos. Aqui traduzo um pedaço do seu mais recente artigo:
« [...] Noventa anos depois, pensei que seria prudente olhar para três aspectos cruciais do colapso histórico da bolsa, a começar por:
1) As acções estão hoje mais sobre-cotadas do que estavam em 1929
Em 1929, a razão [preço da acção/rendimentos] média de uma companhia cotada na Bolsa de Nova Iorque era cerca de 15.
Por outras palavras, os investidores estavam disponíveis para pagar 15 dólares por acção, por cada dólar de lucro de uma companhia, em média.
Isto não é de todo elevado. De facto, a razão Preço/Rendimento de 15, está em linha com as médias históricas.
A razão Preço/Rendimento da Coca Cola, em 1929, variava entre 15 e 18. Hoje, essa razão é de 30... isto quer dizer que os investidores, hoje, estão de acordo em pagar o dobro para cada dólar de lucro anual da «Coke».
A Coca Cola é realmente um caso interessante para se estudar.
Se recuarmos alguns anos, até 2010, o rendimento anual da Coca Cola era de $35 mil milhões de dólares. Em 2018, o rendimento anual caiu para menos de $32 mil milhões.
Em 2010, a Coca Cola deu um lucro de $5,06 (rendimento) por acção. Em 2018, só $1,50.
E a totalidade das acções da Coca Cola, ou seja, o valor líquido da empresa, era de 31 milhares de milhões em 2010. Em 2018, este valor tinha descido para 19 mil milhões de dólares.
Nos passados oito anos, a Coca Cola perdeu quase 40% do seu valor em bolsa, as vendas estão em queda e o rendimento por acção desceu de 70%.
É claro que a companhia está, hoje, em muito pior saúde do que oito anos atrás. 
No entanto, o preço das acções da Coke quase duplicaram neste intervalo.
Loucura?
Também não é só o caso da Coca Cola; a razão do{preço por acção/rendimentos} de uma companhia típica de hoje, é cerca de 50% acima das médias históricas. 
(Isto significa que o mercado de acções deveria descer 50%, para que estas razões regressassem às suas médias históricas)
É evidente que os investidores simplesmente estão dispostos a pagar muito mais, por cada dólar de rendimentos e de activos duma companhia, do que jamais estiveram antes, incluindo no período imediatamente antes do crash de 1929.
2) As acções desceram cerca de 90% em 1929… e demorou décadas a recuperar.
O crash não se limitou à Segunda-feira Negra.
A partir do pico em Setembro de 1929, as acções acabaram por descer quase 90%, ao longo dos três anos seguintes. O índice de acções industriais «Dow Jones» atingiu um mínimo em 1932, com apenas 42 pontos.
O valor de 42 é abaixo do valor médio da cotação do Dow em 1885… portanto o crash eliminou DÉCADAS de crescimento. Foi somente em Novembro de 1954 que o Dow ultrapassou o máximo de 1929. 
Se isso ocorresse hoje, significaria que o Dow desceria para apenas 2.700... um nível que não tinha desde o princípio dos anos 1990. E apenas iria regressar aos valores máximos de hoje, nos meados dos anos 2040.
[...]
... Mas, apenas porque não conseguimos imaginar que algo possa acontecer, não significa que isso seja impossível de ocorrer. De facto, tal verifica-se agora, no Japão:
O mercado japonês de acções atingiu um máximo em finais de 1989, com o índice Nikkei a alcançar os 39.000 pontos.
Nos poucos anos seguintes, o Nikkei tinha perdido metade do seu valor, e acabaria por cair de 80%
Mesmo  hoje, após trinta anos, o índice Nikkei continua a estar 40% abaixo do seu máximo de sempre. 
[...]
3) Com ajustamento à inflação, as acções subiram apenas 1,7% por ano desde 1929.
[...]
 Cada ano, o seu dinheiro perde cerca de 2% do seu valor. Mas, ao longo de muitos anos, estas pequenas dentadas  traduzem-se numa fatia importante a menos nos retornos sobre investimento.
Considere-se que, mesmo nas contas falseadas do governo, o dólar US perdeu 94% do seu valor desde 1929.
Portanto, mesmo estando o Dow a 70 vezes o valor de meados de 1929, quando se consideram os efeitos da inflação, as acções estão apenas 5 vezes mais altas, neste intervalo de 90 anos.
Este valor dá um retorno anual médio de apenas 1,7%.
Mesmo nos últimos 20 anos - recuando aos finais de 1999 - a bolsa só deu um retorno de 2,2% por ano, quando ajustado à inflação. 
Pense em todos os altos e baixos que os investidores tiveram de suportar nestes 20 anos passados, tudo por uns míseros 2,2%.
Note-se que - quando ajustado ao valor da inflação, O OURO excedeu as acções no longo prazo. 
Após ajustamento à inflação, o ouro deu um retorno anual de 1,8% desde 1929 (ligeiramente acima das acções) e um retorno de 6,7% desde 1999-- mais de 3 vezes o retorno das acções.
[...]»

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

AS PSEUDO-POLÉMICAS SOBRE O SALAZARISMO

                                       
                  [imagem: a «sopa do Sidónio» ou sopa dos pobres, nos anos 40 em Portugal]

A discussão sobre o fascismo (48 anos da nossa história!) não deve cingir-se a como foi mau, cruel, etc... foi! Isso é um facto, mas o problema de se voltar sempre À QUESTÃO DA BRUTALIDADE DO REGIME, é que a discussão mais importante para o presente e para o futuro não é feita. É iludida!
Os que se dizem patriotas ou nacionalistas e têm veneração saudosista pela época salazarista, têm uma enorme desinformação, pelo menos alguns terão. 
Por outro lado, as pessoas ditas anti-fascistas, são-no sobretudo com «as tripas». Muito bem, mas não chega, é preciso pensar este regime. 

Em primeiro lugar, Salazar não foi nacionalista, em nenhum sentido real do termo. Porque foi nacionalista, só no discurso. Ele queria agradar a um republicanismo de direita, nacionalista, que aceitou o regime, sem no entanto abraçar o seu «corporativismo».  O «nacionalismo»


de Salazar consistiu em obter concessões políticas, diplomáticas e outras da Grã-Bretanha (então o império dominante, não esqueçamos) para consolidar o seu regime, a troco de oferecer as empresas mais rentáveis (na altura) a Carris, os Telefones, etc... à exploração por empresas britânicas. 
Depois, com a IIª  Guerra mundial, inicialmente a sorte das armas parecendo estar do lado das potências do Eixo (Alemanha, Itália, Japão e outros) foi entregar o melhor que tinha aos alemães nazis, mantendo este país numa falsa neutralidade. 
Quando os ventos mudaram de novo, foi entregar as bases dos Açores aos ingleses e americanos... Assim, conseguiu que Portugal entrasse na OTAN (NATO) etc, etc... 
Reparem: todas estas reviravoltas e importantes concessões, foram de grande significado, na época, para os imperialismos dominantes. Salazar e toda a «elite» fascista, sabiam-no perfeitamente. 
Sabiam que estavam a oferecer os melhores «bocados» de Portugal, a troco da sua impunidade pessoal e do regime, que estivera completamente alinhado com o fascismo de Franco e também, desde sua ascensão ao poder, até pouco antes do final da Guerra, com os regimes fascista italiano e nazista alemão. 
Tudo isso foi feito em nome duma suposta «luta contra o comunismo», em defesa da democracia (sic!). A fantochada sangrenta continuou até ao 25 de Abril de 74.
Nas colónias, o sangue dos soldados portugueses foi derramado totalmente em vão e foi uma traição directa também a eles, pois os chefes sabiam a impossibilidade de ser ganha uma guerra destas, do lado português. 
Os portugueses estiveram em África como lacaios dos anglo-americanos e outros (franceses, belgas, etc) que exploraram o que havia de melhor no império colonial português africano (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe), sem os custos associados, de seus respectivos países terem de «manter a ordem» e «combater os terroristas»... 
 Isto são factos, não são opiniões. Isso é que deveria ser realmente debatido, para desfazer o mito do fascismo e salazarismo, como expoentes de «nacionalismo»!

Que pena os anti-fascistas não verem que este ângulo de crítica é aquele que pode ter maior eficácia! É preciso conhecer (e debater) as questões económicas, políticas, geo-estratégicas, etc. subjacentes. 
As torturas da PIDE não se tornariam menos monstruosas; nem, tão-pouco, o atraso em que as populações foram mantidas. 
Mas, se o discurso polémico fosse centrado no interesse global do país, ao longo destas décadas, compreendia-se que o fascismo foi apenas uma capa para a oligarquia, que nunca houve nesta um autêntico sentido de defesa nacional. 
Ao ser confrontado com os dados concretos, desde a história económica à diplomática, passando pela história social... nenhum investigador sério poderá passar ao lado da óbvia questão: será que o regime instaurado por Salazar e seus defensores merece o adjectivo de «nacionalista»?